Economia comportamental: de volta à filosofia, sociologia e psicologia
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- Marcelo Branco Caldeira
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1 Economia comportamental: de volta à filosofia, sociologia e psicologia Aula de Fernando Nogueira da Costa Professor do IE- UNICAMP h5p://fernandonogueiracosta.wordpress.com/
2 Economistas: filósofos e psicólogos Nos primórdios da ciência, havia apenas a filosofia para tratar dos fenômenos sociais e do comportamento individual. Os primeiros economistas, por terem se formado no debate filosófico, acabaram sendo os psicólogos de seu tempo. Seu espectro de estudos entendia- se desde a interpretação do ego e do alter- ego individuais até a influência da divisão do trabalho no bem- estar cole@vo. 2
3 Teoria dos Morais (1759) de Adam Smith Sub9tulo: Ensaio para uma análise dos princípios pelos quais os homens naturalmente julgam a conduta e o caráter, primeiro de seus próximos, depois de si mesmos, (...). Os objetos primários de nossas percepções morais são as ações de outros homens; além disso, nossos juízos morais sobre nossa própria conduta são apenas aplicações, sobre nós mesmos, de avaliações já proferidas a respeito da conduta do nosso próximo. 3
4 EmpaWa e felicidade Empa@a: designa a capacidade de saber como o outro se sente. Todo relacionamento, raiz do envolvimento, vem da sintonia emocional, da capacidade de empa@a. Quando não se trata de inveja, nossa tendência a simpa@zar com a alegria é muito maior do que a tendência a simpa@zar com a dor; por isso mesmo, é mais fácil obter aprovação dos homens na felicidade do que na adversidade. 4
5 Carência de reconhecimento É porque os homens estão dispostos a simpa@zar mais completamente com nossa alegria do que com nossa dor, que exibimos nossa riqueza e escondemos nossa pobreza. Smith examina a mais profunda mo@vação pela qual o homem rico gaba- se de sua riqueza e o homem pobre, ao contrário, envergonha- se de sua pobreza: sen@r que não é notado decepciona o mais ardente desejo da natureza humana. 5
6 Emulação: senwmento que leva o indivíduo tentar igualar- se ou superar outro Muito homem pobre coloca sua glória em ser julgado rico. Para alcançar essa invejada situação, os candidatos à fortuna abandonam, com excessiva freqüência, as trilhas da virtude. Não é ócio ou prazer, mas sempre honra de um Wpo ou outro, embora seguidamente uma honra mal compreendida, o que o homem ambicioso realmente persegue. 6
7 Princípio da de Bentham (1789) Ele o define: por Princípio de U@lidade entende- se aquele princípio que aprova ou desaprova qualquer ação, segundo a tendência que tem a aumentar ou a diminuir a felicidade da pessoa cujo interesse está em jogo, ou, o que é a mesma coisa em outros termos, segundo a tendência a promover ou comprometer a referida felicidade. Digo qualquer ação de um indivíduo par@cular, mas também de qualquer ato ou medida de governo. 7
8 Teoria da UWlidade X Teoria dos Jogos Na Teoria da U@lidade, o indivíduo opta, isoladamente, ignorando o que os outros possam estar fazendo. Na Teoria dos Jogos, duas ou mais pessoas tentam decidir, simultaneamente, cada uma consciente do que as outras estão fazendo. Esta úlwma teoria traz novo senwdo à incerteza ao afirmar que a verdadeira fonte de incerteza reside nas intenções dos outros. Ela trata da previsão do comportamento alheio. 8
9 Empirismo e Psicologismo: Sistema de Lógica Dedu@va e Indu@va de Stuart Mill (1843) A indução seria o único método adequado para a descoberta da verdade em todos os campos, pois inclusive as próprias generalidades ideais, supostas aprioríswcas pelas filosofias idealistas, são também, segundo Mill, produtos de generalizações a par@r de dados fornecidos pela experiência sensível. Para Stuart Mill, os dados com os quais se formam os conhecimentos não são conceitos, mas acúmulo de impressões. 9
10 Escola InsWtucionalista Thorstein Bunde Veblen ( ) é considerado o precursor da Escola Ins@tucionalista, conjuntamente com John Rogers Commons ( ) e Weley C. Mitchell ( ). Os ins@tucionalistas se opunham à psicologia subjacente aos postulados da economia liberal clássica e às explicações neoclássicas, que pressupunham a natureza humana hedonista. Negavam que o comportamento econômico pudesse ser entendido com a ação racional de indivíduos guiados pela disposição de obter prazer e evitar a dor. 10
11 Teoria da Classe Ociosa de Veblen (1899) Segundo Veblen, o comportamento humano revelava tendências definidas que terminavam por configurar padrão de ação cole@va, que com o tempo tornava- se uma ins@tuição. Ins@tuição era, pois, conjunto de hábitos, costumes e modos de pensar cristalizados em prá@cas aceitas e incorporadas pela comunidade. A permanência das inswtuições expressava a existência de modos de pensar e agir arraigados em grupos determinados ou em toda a sociedade. 11
12 Ócio O termo ócio, na conotação que tem nesse estudo de Veblen, não implica indolência. Significa, simplesmente, tempo gasto em a@vidade não produ@va. Gasta- se o tempo de modo não produ@vo, primeiramente, por um sen@mento da indignidade do trabalho produ@vo e, em segundo lugar, para demonstrar a capacidade pecuniária de viver uma vida ina@va. 12
13 Processo de habituação com riqueza O obje@vo da acumulação de riquezas é sempre a auto classificação do indivíduo em comparação com o resto da comunidade no tocante à força pecuniária. Entretanto, o indivíduo normal, enquanto tal comparação lhe é diswntamente desfavorável, vive cronicamente descontente com a própria situação. 13
14 A Evolução do Capitalismo Moderno de Hobson (1894) Hobson compara a massa de inves@dores individuais ao proletariado dos grandes capitalistas. O inves@dor comum, isto é, o pequeno capitalista, precisa alienar o uso de seu capital, da mesma maneira que o trabalhador precisa transferir o uso de sua capacidade osica de trabalhar a um organizador de empreendimento de risco, se quiser auferir alguma vantagem desta. 14
15 nova oligarquia financeira X proletariado do capital Especular na Bolsa de Valores consiste em provocar altas e baixas de preços alternadamente. Qualquer grupo de financistas, armados de recursos suficientemente grandes, pode controlar com firmeza um ]tulo, uwlizando- o seja para esfolar o público inves@dor ingênuo, com movimentos predeterminados de preços que o enganam, levando- o a comprar e vender com prejuízos. 15
16 Expurgo dos pressupostos psicológicos da teoria econômica No final do século XIX, os economistas acreditavam que a economia poderia se tornar ciência natural ou exata. A parwr da revolução marginalista, a ^sica e a matemá@ca começaram a ser usadas como ferramentas na análise econômica. Com a síntese neoclássica, a queda da hipótese hedonista e a crí@ca à mensurabilidade das preferências na teoria da escolha, iniciou- se processo de expurgo dos pressupostos psicológicos da teoria econômica. 16
17 Teoria econômica sem psicologia da sensação A formalização axiomá@ca da teoria da escolha aliada ao desenvolvimento dos métodos econométricos enterraram a tenta@va de agregar os pressupostos psicológicos à economia ainda nas primeiras décadas do século XX. No século passado, a adoção de pressupostos estritamente racionais e do método hipoté@co- dedu@vo- lógico trataram de eliminar qualquer resquício de fundamento psicológico na análise econômica. 17
18 Exclusão dos fatores psicológicos da análise dos inveswmentos Desenvolvimentos efetuados pelo Programa de Pesquisa Cienqfica em Economia modelo de racionais, economia da informação, equilíbrio na teoria dos jogos, precificação de com base no binômio risco e retorno possibilitaram a exclusão dos fatores psicológicos da análise cien9fica dos inves@mentos. Supõem que as diferenças individuais que não estejam de acordo com o comportamento racional são eliminadas no nível agregado, devido à arbitragem realizada no mercado. 18
19 Idéias Capitais das Finanças Racionais 1. Tempo é dinheiro. 2. Não se deve colocar todos os ovos no mesmo cesto. 3. Não se consegue enganar todas as pessoas durante todo o tempo. Esses três temas 1. fluxo de caixa descontado, 2. diversificação do risco e 3. eficiência do mercado formam o cerne da maioria dos cursos de Finanças. 19
20 Economia comportamental A parwr dos anos 1960, a psicologia cogni@va estudou o processo mental que está, hipotewcamente, por detrás do comportamento, tecendo crí@cas ao pressuposto da racionalidade completa e destacando a importância dos fatores emocionais na tomada de decisão dos agentes econômicos. Nos anos 1970, os psicólogos Daniel Kahneman e Amos Tvesky explicaram anomalias devido à racionalidade limitada, contrapondo- se desta forma à axioma@zação da teoria da escolha racional, em linha de pesquisa que se convencionou chamar de Economia Comportamental pelos economistas ou de Psicologia Econômica pelos psicólogos. 20
21 Finanças Comportamentais 1. Vieses os investidores confiam em regras simplificadoras para tomar suas decisões. 2. Dependência da forma: os investidores têm sua percepção sobre o risco e sobre o retorno de investimento bastante influenciada pela forma como o problema é apresentado. 3. Ineficiência do mercado: viés heurís@co e dependência da forma podem fazer com que o mercado se torne ineficiente, ou seja, com preço diferente do valor fundamental de cada a@vo. 21
22 InsWntos humanos Pequenas diferenças no código resultam em comportamentos humanos instáveis e imprevisíveis. As possibilidades de comportamento diárias são infinitas, pois ele está sujeito às ações de muitas forças biológicas, cogni@vas e culturais. Algumas se anulam, outras se reforçam na mesma direção. Possuímos mecanismo adapta@vo ao ambiente natural e social. 22
23 É possível modelar e/ou teorizar? É possível ter modelo para predizer comportamento, desde que há muitos fatores envolvidos? Humanos, aparentemente, têm livre arbítrio. A explicação de grande parte do comportamento humano é processo extraordinariamente complexo. É produto de muitos fatores diferentes inswnwvos, psicológicos, racionais e emocionais e a predição se torna impossível. A aleatoriedade, então, é parte intrínseca de nossas caracterís@cas neurais. 23
24 h]p://fernandonogueiracosta.wordpress.com/
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