VARIEDADES LINGUÍSTICAS I. CONTEÚDOS As Variedades Linguísticas Linguagem formal e informal AMPLIANDO SEUS CONHECIMENTOS

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1 VARIEDADES LINGUÍSTICAS I CONTEÚDOS As Variedades Linguísticas Linguagem formal e informal AMPLIANDO SEUS CONHECIMENTOS São chamadas de Variedades Linguísticas as diferentes maneiras de se expressar em uma mesma língua falada ou escrita pelos usuários de um mesmo idioma. Isso quer dizer que o modo de falar dos usuários da Língua Portuguesa não é absoluto, idêntico para todos, mas admite alterações expressivas, regionais, socioeconômicas, culturais, profissionais ou etárias. Conhecer as variedades linguísticas é importante tanto para melhor usar a língua, de acordo com suas necessidades, quanto para entender e respeitar os diferentes falares. Linguagem Formal Pode-se dizer que a linguagem formal é a utilizada a partir das convenções da língua, o que se pode chamar de norma padrão ou variedade de prestígio, um modelo de língua certa que aparece nos livros, nas revistas, nos noticiários, é utilizada em situações formais e conhecida também como língua culta. Fique atento! Empregar a língua culta não significa, necessariamente, falar difícil, usando palavras e expressões raras. Usar a língua culta, significa falar (ou escrever) obedecendo às regras da gramática normativa. Linguagem informal É a linguagem do cotidiano, que pode fugir às regras gramaticais, o que não significa tratar-se do uso incorreto da língua, mas sim da utilização da linguagem em situações de interação de menos formalidade.

2 São comuns as variações da linguagem em determinados grupos sociais, que trazem marcas que caracterizam diferentes falares como de estudantes, jogadores de futebol, surfistas, usuários da tecnologia, profissionais de uma determinada área como juristas, entre outros, na fala ou na escrita. Uma forma comum de variação linguística é o uso de gírias, uma linguagem comumente informal com vocabulário rico em expressões metafóricas, às vezes engraçada, própria de determinados grupos sociais ou daqueles que desempenham a mesma profissão. Dependendo da sua utilização, a linguagem grupal será formal como a linguagem jurídica, ou informal como a gíria dos adolescentes. Oxente! know how SUSTANÇA Porrrrta!!! NETWORKING :-( VC aipim trampo bichim!!!! Zureta :D petição Kd? Véi! :-) beleza! munganga Macaxeira impetrado Tô :P Figura 1 Palavras e expressões usadas na Língua Portuguesa Fonte: Fundação Bradesco

3 ATIVIDADES Dica Aproveite o momento para encontrar no dicionário aquelas palavras que você desconhece o significado, isso o ajudará a compreender melhor os exercícios! 1. Leia a tirinha em que o personagem Calvin discute com sua mãe: Figura 2 Tirinha Calvin. Fonte: Os dez anos de Calvin e Haroldo Para melhor visualizar a tirinha, leia sua transcrição: (1º quadrinho) Mãe: Onde vais, jovem desgarrado? Pode ainda restar alguma vilania que não cometestes? (2º quadrinho) Calvin: Tu difamas-me! Juro, não sei para onde erro. Creio que o mais caprichoso zéfiro tem mais intenções do que eu. Mas vede: não me detenhais. Pois estou decidido a deixar este lugar sem demora. (3º quadrinho) Mãe: Sim, mas ouves isto, em breve conhecerei teus assuntos. Vá-te. Mandrião! (3º quadrinho) Calvin: Pelos deuses. Estou a ir. (4º quadrinho) Calvin: Puxa vida. Não tá passando algum seriado policial, onde eles falem que nem gente de verdade? (4º quadrinho) Mãe: Shhh! O diálogo entre Calvin e sua mãe revela que

4 I. mãe e filho utilizam a mesma linguagem, porém o vocabulário utilizado não é de fácil compreensão para o garoto. II. a linguagem utilizada nos quadrinhos 1, 2 e 3 é formal, o que pode ser comprovado pelo uso de expressões como onde vais, e Tu difamas-me. III. a linguagem utilizada no quarto quadrinho é informal, o que pode ser comprovada pelo uso de palavras como puxa e tá. IV. Em todo o conteúdo da tirinha é utilizado a linguagem formal. 2. Leia o trecho do conto Diana, de Machado de Assis: Em certo dia do mês de março do ano da graça de 1868 encontravam-se na Rua do Ouvidor, cidade do Rio de Janeiro, dois rapazes, ambos acompanhados de um criado carregando as respectivas malas. Luís! Alberto! Que é isso? A que horas chegas! Não pôde ser mais cedo. Venho do caminho de ferro neste momento. Mas tu, chegas também de Minas, ou partes para lá? Não chego nem vou para lá. Vou para o Rio Grande. Está a sair o vapor. Que volta tão repentina é essa? Assim é preciso. Isto só pelo diabo. Se eu soubesse de semelhante coisa tinha vindo mais cedo. De lá te escreverei. Adeus! Adeus! E os dois amigos, depois de se abraçarem, separaram-se, tomando um para a hospedaria, outro para a Praia dos Mineiros. Alberto foi fazendo consigo as reflexões seguintes: Que diabo leva o Luís ao Rio Grande tão repentinamente? Este rapaz tem o juízo a arder... Tempos depois Alberto recebia a seguinte carta de Porto Alegre, escrita pelo amigo Luís. Luís a Alberto. Prezado amigo. Só agora te escrevo porque só agora me é dado dispensar alguns minutos.

5 Se fosses alguma destas susceptibilidades que tantas vezes encontrei, dava-te outra razão, mentirosa de certo, mas suficiente para acalmar-te o espírito e consolar-te o coração. Mas prefiro a verdade. Eu te conheço, tu me conheces, nós nos conhecemos. Queres então saber que motivo me trouxe ao Rio Grande tão repentinamente? Um motivo simples: receber um legado. Tive notícia de que meu padrinho morrera e me deixara em testamento certa quantia assaz avultada para colocar-me acima das atribulações da vida. Que tal? É ou não uma tigela de maná que me veio do céu? Eu bem te dizia muitas vezes que tinha fé na minha estrela, e que estava certo de que não havia de ganhar fortuna pela simples posição de advogado provinciano. Machado de Assis a) Que linguagem prevalece no texto de Machado de Assis, formal ou informal? Atenção ao uso de palavras e expressões que caíram em desuso e podem ser consideradas variantes históricas. Fique atento ao tipo de pessoas que conversam. b) Quais palavras ou expressões usadas no texto o ajudaram a responder a questão anterior? 3. Leia a tirinha em que o personagem Grump decide pedir ajuda ao sobrinho para aprender as novas regras ortográficas da Língua Portuguesa: Figura 3 Grump Fonte: Uol

6 Para melhor visualizar a tirinha, leia sua transcrição: Fala do tio: Tive uma ideia, Vou pedir ajuda ao meu sobrinho para entender o tal acordo. Para essa molecada é moleza. Estão aprendendo agora. Não tem os vícios da gente, que já usa as antigas regras faz tempo. Digitação do tio: Olá sobrinho. Beleza? Por acaso você está por dentro das regras do acordo ortográfico? Digitação do sobrinho: Falaaaaaa tiunnnmm!! Blz???!!!!:-) Axo q Naumm eh dificium naumm!!!!! Passa aki em Ksaaaaaa Q nois aprendihh juntuuuuu!!!!!!:p hsuahuhuhshauhushuahushuah Fala do tio: Melhor pensar em outra coisa. a) Qual é a justificativa usada por Grump para pedir ajuda ao sobrinho, sobre as novas regras de ortografia da Língua Portuguesa? b) No segundo quadrinho, o tio utiliza uma palavra que mostra o uso da linguagem informal. Qual é essa palavra? c) Para responder a solicitação do tio, o sobrinho utilizou que tipo de linguagem? I. Informal por meio da linguagem falada. II. formal por meio da linguagem acadêmica. III. Informal por meio da linguagem virtual. IV. formal por meio da linguagem de sinais. d) Reescreva o texto do sobrinho, de acordo com a norma padrão da língua portuguesa.

7 4. Leia o texto Na escola, de Carlos Drummond de Andrade. Em seguida, atente-se aos parágrafos destacados, em que há o uso da linguagem informal. Democrata é Dona Amarílis, professora na escola pública de uma rua que não vou contar, e mesmo o nome de Dona Amarílis é inventado, mas o caso aconteceu. Ela se virou para os alunos, no começo da aula, e falou assim: Hoje eu preciso que vocês resolvam uma coisa muito importante. Pode ser? Pode - a garotada respondeu em coro. Muito bem. Será uma espécie de plebiscito. A palavra é complicada, mas a coisa é simples. Cada um dá sua opinião, a gente soma as opiniões e a maioria é que decide 1. Na hora de dar opinião, não falem todos de uma vez só, porque senão vai ser muito difícil eu saber o que é que cada um pensa. Está bem? Está - respondeu o coro, interessadíssimo. Ótimo. Então, vamos ao assunto. Surgiu um movimento para as professoras poderem usar calça comprida nas escolas. O governo disse que deixa, a diretora também, mas no meu caso eu não quero decidir por mim. O que se faz na sala de aula deve ser de acordo com os alunos. Para todos ficarem satisfeitos e um não dizer que não gostou. Assim não tem problema. Bem, vou começar pelo Renato Carlos. Renato Carlos, você acha que sua professora deve ou não deve usar calça comprida na escola? Acho que não deve - respondeu, baixando os olhos. Por quê? Porque é melhor não usar. E por que é melhor não usar? Porque minissaia é muito mais bacana. Perfeito. Um voto contra. Marilena, me faz um favor, anote aí no seu caderno os votos contra. E você, Leonardo, por obséquio, anote os votos a favor, se houver. Agora quem vai responder é Inesita. Claro que deve, professora. Lá fora a senhora usa, por que vai deixar de usar aqui dentro? Mas aqui dentro é outro lugar. É a mesma coisa. A senhora tem uma roxo-cardeal que eu vi outro dia na rua, aquela é bárbara. Um a favor. E, você, Aparecida? Posso ser sincera, professora? Pode, não. Deve. Eu, se fosse a senhora, não usava. Por quê?

8 O quadril, sabe? Fica meio saliente... Obrigada, Aparecida. Você anotou, Marilena? Agora você, Edmundo. Eu acho que Aparecida não tem razão, professora. A senhora deve ficar muito bacana de calça comprida. O seu quadril é certinho 2. Meu quadril não está em votação, Edmundo. A calça, sim. Você é contra ou a favor da calça? A favor 100%. Você, Peter? Pra mim tanto faz. Não tem preferência? Sei lá. Negócio de mulher eu não me meto, professora. Uma abstenção. Mônica, você fica encarregada de tomar nota dos votos iguais ao de Peter: nem contra nem a favor, antes pelo contrário. Assim iam todos votando, como se escolhessem o Presidente da República, tarefa que talvez, quem sabe? no futuro sejam chamados a desempenhar. Com a maior circunspeção. A vez de Rinalda: Ah, cada um na sua 3. Na sua, como? Eu na minha, a senhora na sua, cada um na dele, entende? Explique melhor. Negócio seguinte. Se a senhora quer vir de pantalona, venha. Eu quero vir de midi, de máxi, de short, venho. Uniforme é papo furado 4. Você foi além da pergunta, Rinalda. Então é a favor? Evidente. Cada um curtindo à vontade 5. Legal! - exclamou Jorgito. - Uniforme está superado, professora. A senhora vem de calça comprida, e a gente aparecemos de qualquer jeito 6. Não pode - refutou Gilberto. - Vira bagunça. Lá em casa ninguém anda de pijama ou de camisa aberta na sala. A gente tem de respeitar o uniforme. Respeita, não respeita, a discussão esquentou, Dona Amarílis pedia ordem, ordem, assim não é possível, mas os grupos se haviam extremado, falavam todos ao mesmo tempo, ninguém se fazia ouvir, pelo que, com quatro votos a favor de calça comprida, dois contra, e um tanto-faz, e antes que fosse decretada por maioria absoluta a abolição do uniforme escolar, a professora achou prudente declarar encerrado o plebiscito, e passou à lição de História do Brasil. A partir dos trechos destacados no texto, encontre, na cruzadinha, as palavras ou expressões que caracterizam cada fragmento, com informalidade da fala:

9 LEITURA COMPLEMENTAR Leia o poema Pronominais, de Oswald de Andrade, em que o poeta mostra o uso formal e informal da Língua Portuguesa: Pronominais Dê-me um cigarro Diz a gramática Do professor e do aluno E do mulato sabido Mas o bom negro e o bom branco Da Nação Brasileira Dizem todos os dias Deixa disso camarada Me dá um cigarro

10 Sobre o autor José Oswald de Sousa Andrade nasceu em 1890, filho de uma rica família paulista. Foi um dos mais importantes escritores e poetas do Brasil. Era rebelde, desvairado e juntamente com o amigo Mário de Andrade foi um dos fundadores do movimento modernista, iniciado oficialmente na Semana de Arte Moderna, em Para saber mais sobre a vida e a obra de Oswald de Andrade acesse:

11 Referências ANDRADE, Carlos Drummond de. O Poder Ultrajovem. Rio de Janeiro: Record, p ASSIS, Machado de. Diana. Disponível em: < >. Acesso em: 29 jan h. BAGNO, Marcos. Nada na língua é por acaso: por uma pedagogia da variação linguística. São Paulo: Parábola Editorial, DALEFI, Roberto Gomes. Enciclopédia do estudante: gramática e linguística: história, regras e usos da língua portuguesa. 1. Ed. São Paulo: Moderna, HOUAISS, Antônio. Dicionário eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, ORLANDELI. Disponível em: < Acesso em: 29 jan h. WATTERSON, Bill. Os dez anos de Calvin e Haroldo. São Paulo: Best Expressão Social e Editora, p. 75. GABARITO 1. Estão corretas I, II e III. 2. a) Prevalece a linguagem formal, porém também há a presença da linguagem informal. b) Por pertencer a uma língua viva, ao longo dos tempos, algumas palavras deixam de ser usadas, sofrem alterações e outras novas são incorporadas e frequentemente utilizadas. No caso do texto lido, é mais dificultoso identificar se trata-se de uma linguagem formal ou informal. Porém, pode-se orientar-se por pistas textuais como o uso correto de construções gramaticais, concordância verbal e nominal, por exemplo.

12 O diálogo acontece entre dois rapazes, o que permite inferir que as linguagens entre os jovens costumam ser mais informais. Além disso, algumas expressões também revelam o uso da linguagem informal: que diabo, juízo a arder, receber um legado, tigela de maná. Tudo isso mostra que um mesmo texto pode trazer as duas formas de se expressar. 3. a) O tio justifica que pedirá ajuda ao sobrinho porque os jovens, por estarem aprendendo tudo, atualmente, fazem-no com maior facilidade, não possuem os vícios de linguagens dos adultos. b) Beleza? Expressão informal que significa tudo bem?. c) III. d) Digitação do sobrinho Fala tio! Beleza? Acho que não é difícil não! Passe aqui em casa que aprendemos juntos! Risos C 5. A C D 2. U A C R 1. A G E N T E U R I M T N I D N N O A H O 6. A P A R E C E M O S U 4. P A P O F U R A D O