Aula nota REVISTA BEM LEGAL Porto Alegre v. 3 nº
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- Lucca Bayer Cerveira
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1 Aula nota 10 Tendo em vista a necessidade de promover entre alunos e professores uma educação de excelência, percebeu-se a necessidade de fazer uso de uma nova ferramenta em sala de aula; novas técnicas, que se adaptam a variados perfis de grupo de alunos. Lemov (2011), autor do livro Aula Nota 10, apresenta 49 técnicas de forma sistematizada; três delas foram escolhidas para serem utilizadas em sala de aula, numa escola privada da cidade de Bento Gonçalves (RS) na disciplina de Língua Inglesa. Visto que, cada turma/classe apresenta características e necessidades próprias e distintas umas das outras, o presente trabalho tem como foco o uso das técnicas Sem escapatória, Mais uma vez e De surpresa na oitava série do ensino fundamental fase II do presente ano (2013). As técnicas selecionadas foram analisadas a fim de contribuírem de maneira significativa no processo de ensino e aprendizagem. Para isso, fez-se necessária a realização do diagnóstico da turma; contando com vinte e sete (27) alunos, dezesseis (16) meninas e onze (11) meninos. O objetivo principal dessa oitava série do ensino fundamental II é o desenvolvimento e construção do conhecimento de forma efetiva, engajando-os e motivando-os para que possam preparar-se para ingressar no ensino médio e realizar novos desafios. Por meio de observação, e conhecendo o perfil de cada aluno, pôde-se analisar que a turma tem consciência da importância dos estudos, desenvolvimento e construção do conhecimento, mas parte desses alunos vem demonstrando constante desmotivação quanto ao estudo, o que influencia a turma de modo geral. Essa percepção se dá através do baixo índice de participação de alguns estudantes em relação às atividades propostas em sala de aula, bem como a realização do tema de casa. Entre os 27 alunos, 8 (oito) deles demonstram-se sem interesse e distantes da realidade de sala de aula, somente metade da turma vem realizando todos os temas propostos, 14 (treze) alunos participam constantemente das aulas por meio de intervenções e questionamentos, enquanto 4 (quatro) deles negam-se a participar ou REVISTA BEM LEGAL Porto Alegre v. 3 nº
2 mesmo receber orientações da professora ou colegas, não assumindo suas dificuldades, sejam elas cognitivas ou emocionais. Ainda, durante as aulas, 1 (um) dos estudantes reluta em realizar qualquer atividade proposta, preferindo não fazer nada na maioria das aulas. Sendo assim, seguem maiores detalhes de cada técnica apresentada por Lemov (2011): - Técnica 1: Sem escapatória O professor mantém-se vigilante em relação à participação dos alunos e passa a ideia de que não tentar é inaceitável. Sem escapatória não permite respostas do tipo sei lá ou não sei. A técnica auxilia alunos que querem aprender, mas que ao serem perguntados, não sabem as respostas ou então aqueles alunos que simplesmente querem fugir da raia. Conforme o autor, na essência dessa técnica está a crença de que uma sequência que começa com um aluno incapaz de responder (ou sem vontade de responder) deve terminar, sempre que possível, com esse aluno dando a resposta certa, mesmo que ele apenas repita essa resposta; só então a sequência estará completa. Um exemplo aplicável: o professor pergunta ao aluno A qual é o passado simples do verbo go, e então o aluno murmura sei lá e disfarça o olhar; então, o professor questiona o aluno B, fazendo a mesma pergunta, assim que o aluno B der a resposta, went, o professor volta para o aluno A e repete a pergunta; o aluno A fica sem escapatória e acaba respondendo. Nesse primeiro estágio a resposta é copiada, mas isso não é um problema, pois deixa o aluno preparado para próximas perguntas e faz com que todos criem expectativas de serem chamados a responder algo. As perguntas feitas pela professora aos alunos objetivam a verificação quanto à compreensão do que foi ensinado e revisão de conteúdo, estabelecendo um tom de responsabilidade estudantil, honrando e validando os alunos que sabem a resposta, ao permitir que eles ajudem seus colegas de maneira pública e positiva. Essa técnica lembra os alunos que o professor acredita na capacidade deles de aprender. REVISTA BEM LEGAL Porto Alegre v. 3 nº
3 - Técnica 19: Mais uma vez Esta técnica é extremamente simples, se resume em prática e mais prática. De acordo com Lemov (idem) Mais uma vez permite desenvolver e refinar uma habilidade, e assim poder aplicá-la de maneira precisa em quaisquer circunstâncias. O professor ensina até a parte onde os alunos parecem ter compreendido como desenvolver determinada atividade, fazendo trabalhos independentes, e então pedese que façam mais uma vez - outra atividade, mas com o mesmo foco. Exemplo: O professor proporciona exercícios extras para os alunos, a fim de que possam praticar o que aprenderam. Essa técnica vai além do tema, retrata inclusive a prática em sala de aula com a supervisão da professora. Lemov (p.123) compara o uso desta técnica em sala de aula com a reputação de um cirurgião plástico, a qual não se dá pela faculdade onde se formou, nem mesmo pelo quão inteligente é, mas pela quantidade de cirurgias de um determinado tipo na qual já realizou, prevendo assim a qualidade do serviço. Entretanto, o autor Daniel Coyle, em seu livro O Código do Talento (2010, p.27-28), apresenta como gerador de sucesso o treinamento profundo, o que diferencia-se da quantificação do treinamento e enfatiza o esforço direcionado a certo objetivo, do qual é necessário para realizar determinada atividade, oportunizando a reflexão sobre os erros já cometidos e idealizando sua correção, o que produz resultados grandes e duradouros. Dessa forma, cabe à professora dosar a quantidade adequada de exercícios e tempo de prática em relação ao aproveitamento e concentração que se dá a realização de cada atividade. A prática gera a perfeição, mas ela precisa ser aliada a motivação, concentração, dedicação, reflexão, etc. - Técnica 22: De surpresa Essa técnica aumenta a atenção dos estudantes no decorrer das aulas, pois eles acreditam que possam ser chamados a responder algo a qualquer momento. O professor diz o nome do aluno que quer que responda a uma questão e, a mesma, REVISTA BEM LEGAL Porto Alegre v. 3 nº
4 auxilia o educador a verificar a aprendizagem de maneira eficaz e sistemática. De acordo com o autor, o uso constante desta técnica acostuma os alunos a serem convocados pelo professor a participar e, no decorrer das aulas, eles reagem como se fosse um evento normal. O professor(a) obtém respostas honestas e focadas no que se pede, além de poder verificar a aprendizagem de maneira confiável. De surpresa estimula os alunos a trabalharem em sala e sinaliza para a participação dos mesmos a qualquer momento, além de mostrar aos estudantes que o professor se importa com o que eles têm a dizer. Exemplo aplicável: integrar essa técnica à Sem escapatória, mantendo os alunos motivados com questionamentos sobre o conteúdo ensinado o professor explica e logo em seguida questiona os alunos para obter um resultado quanto à compreensão do conteúdo abordado. Dessa forma, desde a utilização das três técnicas, que teve início a partir de fevereiro, pôde-se perceber maior interesse e motivação dos estudantes em relação às atividades orais ou escritas, assim como a interação e engajamento dos estudantes quanto aos questionamentos feitos pela professora. De modo geral, os alunos tornaram-se mais participativos e interessados a compartilhar suas ideias e respostas quando questionados publicamente em sala de aula. A participação e envolvimento dos estudantes têm repercutido de forma positiva quanto ao desenvolvimento e construção do conhecimento, ao mesmo tempo eles apresentam-se motivados ao novo estilo de aula, uma vez que, conforme um aluno, sentem-se desafiados nesse processo do aprender. Dos 8 (oito) alunos que demonstravam grande desinteresse em aula, 6 (seis) deles levantam a mão para que possam ter suas respostas ouvidas, o que vem aproximando professor/aluno e facilitando o ensino e aprendizado. Dos 4 (quatro) alunos que se negavam a participar, todos tiveram progresso, mesmo que em níveis diferentes um gosta mais de ler textos, outros dois de interagir no momento de uma explicação e um deles já se sente preparado para qualquer intervenção. Entretanto, o aluno que relutava em realizar qualquer atividade proposta, não apresentou evolução. Ensinar e aprender vai muito além de simples técnicas ou vontade própria de querer algo. É um processo amplo, no qual envolve muitos fatores, sejam eles REVISTA BEM LEGAL Porto Alegre v. 3 nº
5 emocionais ou cognitivos. No entanto, a inovação em sala de aula, dada por meio de técnicas tem desfiado esses alunos e direcionando-os à concretização do conhecimento. O uso das técnicas de ensino, aliado a outras ferramentas pedagógicas, tem sido bem sucedido no que tange essa oitava série. Bibliografia LEMOV, Doug. Aula Nota 10: 49 técnicas para ser um professor campeão de audiência. 2ª ed. São Paulo: Livros de Safra, COYLE, Daniel. O Código do Talento. Rio de Janeiro: Agir, Samanta Kélly Menoncin Pierozan - Especialista em Ensino e Aprendizagem de Língua Estrangeira Inglês (UCS). Graduada em Administração/ Comércio Exterior pela Universidade de Caxias do Sul/CARVI (2009), graduando Letras/Inglês (UCS/CARVI). Atualmente é professora de inglês - Professora Particular e professora do Colégio Scalabriniano Nossa Senhora Medianeira, ensino fundamental II. REVISTA BEM LEGAL Porto Alegre v. 3 nº
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