Robótica Experimental
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- Isabella Fialho
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1 UNVERSDADE FEDERAL DO RO GRANDE DO NORTE Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Tecnologia Dept o de Engenharia de Computação e Automação DCA Robótica Eperimental Material didático Adelardo A. D. de Medeiros Natal, março de 2008.
2 Sumário Sumário Lista de Figuras i ii Calibração de câmeras. Definições básicas Modelagem Modelo pin-hole Parâmetros intrínsecos Parâmetros etrínsecos Transformação de coordenadas Cálculo dos parâmetros Eercícios i
3 Lista de Figuras. Diferentes sistemas de coordenadas: vista lateral Relação entre os sistemas C e Campo do futebol de robôs: vistas superior e lateral ii
4 Capítulo Calibração de câmeras Para que se possa usar uma câmera como sensor de posição em robótica, é preciso que se possa etrair, a partir das coordenadas de um piel na imagem, as coordenadas do ponto correspondente no sistema de coordenadas do mundo. Para isso, é preciso calcular previamente uma série de parâmetros da câmera, em um processo conhecido como calibração.. Definições básicas Parâmetros intrínsecos: conjunto de parâmetros que descrevem as características ópticas da câmera. Estes parâmetros são invariantes, a não ser que sejam feitas modificações ópticas no dispositivo (aumentar zoom, etc.) Parâmetros etrínsecos: parâmetros que descrevem o posicionamento da câmera em relação ao mundo. Devem ser recalculados sempre que a câmera ou o sistema de coordenadas do mundo se moverem..2 Modelagem Na dedução das fórmulas usadas na calibração, serão utilizadas as seguintes convenções de representação: P, Q e B são pontos. Os pontos representados por P e Q têm suas coordenadas (,y e eventualmente z) epressas em unidades métricas, enquanto os pontos representados por B têm coordenadas (u,v) dadas em piels. P representa pontos tridimensionais (3D), enquanto Q e B são bidimensionais (2D). P = y z Q = [ y ] [ u B = v P, Q e B são pontos epressos em coordenadas homogêneas, ou seja, com um adicional. P = y u z Q = y B = v ]
5 CAPÍTULO. CALBRAÇÃO DE CÂMERAS 2 Y F V, Y C Z F f CCD y C y F Figura.: Diferentes sistemas de coordenadas: vista lateral As letras W, F, C e representam diferentes sistemas de coordenadas (figura.). Quando associadas a um ponto, indicam em qual sistema de coordenadas o ponto está representado. Por eemplo, P W indica que o ponto P em questão está representado no sistema W. W: sistema 3D de coordenadas do mundo (métrico). É neste sistema que as coordenadas dos pontos devem ser calculadas para que possam ser utilizadas pelo robô. Pode estar posicionado e orientado de qualquer forma em relação aos outros sistemas. F: sistema 3D (métrico) cuja origem está localizada no ponto focal da câmera e cujo eio Z coincide com o eio óptico da lente. O plano X Y deste sistema é paralelo ao CCD. C: sistema 2D (métrico) que define um plano que coincide com o plano de formação da imagem (ou seja, o CCD). A origem está sobre o eio óptico e os eios X e Y estão alinhados com os eios correspondentes no sistema F. : sistema 2D cujas coordenadas, dadas em piels, correspondem à posição dos pontos na imagem. A origem coincide com a origem da imagem (geralmente no canto superior esquerdo) e os eios U e V são paralelos aos eios X e Y do sistema C..2. Modelo pin-hole Por semelhança de triângulos, a partir da figura. tem-se: F z F = C f y F z F = yc f (.) onde f é a distância focal da lente, em unidades métricas. Epressando em forma matricial: F / f 0 0 C f 0 0 y F = s 0 / f 0 y C s Q C = 0 f 0 P F (.2) z F O termo s é um fator de escala que epressa o fato que, a partir de um ponto 2D, eistem infinitos pontos correspondentes em 3D..2.2 Parâmetros intrínsecos Na figura.2 se representa o posicionamento da origem do sistema C na imagem, ou seja, o piel por onde passa o eio óptico no sistema. Os parâmetros envolvidos são os seguintes: K é o fator de conversão de unidade métrica para piels.
6 CAPÍTULO. CALBRAÇÃO DE CÂMERAS 3 Y C U C U VC X C CCD V Figura.2: Relação entre os sistemas C e (Uc,V C ) são as coordenadas da origem do sistema C epressas no sistema (em piels). Epressando-se a conversão sob a forma matricial, tem-se: u K 0 U v c C = 0 K Vc y C B = 0 0 Substituindo-se a equação.3 na equação.2, tem-se: K 0 U s B c f 0 0 = 0 K Vc 0 f 0 P F = K 0 Uc 0 K Vc 0 0 F 0 Uc 0 F Vc 0 0 Q C (.3) P F (.4) onde F = K f é a distância focal epressa em piels. A matriz M int que aparece na equação.4 é a matriz de parâmetros intrínsecos da câmera: F 0 U M int c = 0 F Vc (.5) Parâmetros etrínsecos A relação entre as coordenadas de um ponto nos sistemas de coordenadas do mundo (W) e do ponto focal (F) é dada por uma matriz de transformação que envolve uma componente de rotação (R) e outra de translação (T): P F = R. T [ P W ou P F = R. T ] P W (.6) Substituindo-se a equação.6 na equação.4, tem-se: F 0 U s B c [ ] = 0 F Vc R. T P W = M int M et P W (.7) 0 0 onde as matrizes M int e M et, de dimensões (3 3) e (3 4), contêm os parâmetros intrínsecos e etrínsecos da câmera, respectivamente.
7 CAPÍTULO. CALBRAÇÃO DE CÂMERAS 4.3 Transformação de coordenadas Conhecendo-se a posição de um ponto no mundo, P W, e as matrizes M int e M et, pode-se calcular facilmente a sua posição na imagem, B, usando o modelo da equação.7:. Calcula-se D = [ d d 2 d 3 ] T = M int M et P W 2. Conclui-se que s = d 3, já que o terceiro elemento de B é. 3. Determina-se B = (/s) D Para fazer a transformação inversa, ou seja, obter a posição no mundo a partir da posição na imagem, a equação.7 deve ser reescrita : s B [ = M int (R P W + T) P W = R T s ( M int) ] B T (.8) Neste caso, não há como se calcular o valor de s, já que, a partir de um ponto 2D na imagem, eistem infinitos pontos no mundo que podem corresponder àquela projeção. A profundidade deve ser obtida através de outras informações que complementam a informação da imagem (tamanho de objetos, distância conhecida entre pontos, etc.). É importante lembrar que o parâmetros s tem um valor diferente para cada ponto..4 Cálculo dos parâmetros Vamos nos concentrar em um caso particular onde o mundo que interessa ao robô é planar, ou seja, todos os pontos de interesse estão em um mesmo plano. O sistema de coordenadas do mundo W é fiado neste plano de tal forma que, para todos os pontos: P W = y z = Denominando-se r, r 2 e r 3 as três colunas da matriz R, a equação.7 pode ser reescrita: y 0 s B = M int [ r r 2 r 3 T ] P W = M int [ r r 2 T ] Q W s B = H Q W onde H = M int [ r r 2 T ] (.9) Portanto, a relação entre a posição de um ponto em um mundo planar e a posição de sua representação na imagem é dada por uma homografia H, uma matriz (3 3) constante que engloba os parâmetros intrínsecos e etrínsecos da câmera. Para calibrar a câmera neste tipo de situação, basta calcular a homografia H. Denominando-se h, h 2 e h 3 as três linhas da matriz H, a equação.9 pode ser reescrita: s B = h h 2 h 3 Como a matriz R é ortogonal, R = R T. Q W s = h 3 Q W (h 3 Q W ) B = h h 2 h 3 Q W (.0)
8 CAPÍTULO. CALBRAÇÃO DE CÂMERAS 5 A matriz H multiplicada por um fator de escala também será uma solução da equação.0. Para que a homografia tenha um valor determinado, fiaremos h 33 =. Tomando-se as equações que representam as duas primeiras linhas da equação vetorial.0, já que a terceira linha é sempre verdade por construção, chega-se a: { u W h 3 + u y W h 32 + u = W h + y W h 2 + h 3 v W h 3 + v y W h 32 + v = W h 2 + y W h 22 + h 23 (.) As duas equações do sistema. foram obtidas a partir de um único ponto na imagem. Havendo n pontos, o conjunto de 2n equações pode ser representado matricialmente por: W y W u W u yw W y W v W v yw W 2 y W u 2 W 2 u 2 yw W 2 y W 2 v 2 W 2 v 2 yw W n y W n u n W n u ny W n W n y W n v n W n v ny W n h h 2 h 3 h 2 h 22 h 23 h 3 h 32 = u v u 2 v 2. u n v n ou A = b (.2) O sistema.2 tem 2n equações e 8 incógnitas. Se há 3 ou menos pontos na imagem para os quais se conhece a posição no mundo, é impossível calcular a homografia. Com eatamente 4 pontos, o vetor com os elementos da matriz H é determinado por: = A b (.3) Com n > 4, o sistema deve ser resolvido de forma a minimizar o erro quadrático médio, através da pseudo-inversa: = (A T A) A T b (.4) Como eistem ruídos no sistema, de maneira geral a qualidade do resultado obtido será tanto melhor quanto maior for o número de pontos utilizados.
9 EXERCíCOS m Camera C 0.05m 0.5m Y 0.70m Camera X.30m 0.40m 2.00m 0.40m D.50m Z A B A B Figura.3: Campo do futebol de robôs: vistas superior e lateral Eercícios A. (pt) Considere um sistema de futebol de robôs conforme a figura.3. O sistema de coordenadas do mundo W e a câmera sobre o centro do campo. A câmera é posicionada a 2m de altura e está orientada de tal forma que seu eio óptico coincide com o eio Z do sistema de coordenadas do mundo. Calcule a matriz de parâmetros etrínsicos M et que relaciona os sistemas W e F. B. (pt) Repita o problema A supondo que a câmera foi movida 5cm para a direita (para o lado B do campo) e 22cm para trás (na direção da metade C do campo). C. (pt) A câmera do futebol de robô está presa a uma barra superior, que por sua vez está apoiada em duas pernas, a perna direita (do lado B do campo) e a perna esquerda (lado A). Repita o problema A supondo que a perna direita foi afastada 0cm (na direção da metade C do campo) e a perna esquerda foi aproimada 0cm (na direção da metade D do campo). O centro óptico da câmera continua posicionado ao longo do eio Z W. D. (pt) Repita o problema A supondo que a perna direita teve seu tamanho aumentado de 0cm e a perna esquerda foi reduzida de 0cm. O centro óptico da câmera continua ao longo do eio Z W. E. (2pt) Considere as duas imagens (grade e grade2) disponíveis em: adelardo/inde.php?corpo=academica.php Estas imagens representam um padrão.colocado no chão de um ambiente onde o robô deve se mover. A origem do sistema de coordenadas do mundo está na origem da grade. O intervalo entre cada linha da grade é de 5cm. Calcule a homografia entre o plano do chão e o plano da imagem. F. (4pt) Considere as duas imagens (futrobot e futrobot2) disponíveis em: adelardo/inde.php?corpo=academica.php Utilizando as dimensões do campo indicadas na figura.3, para cada imagem:. Calcule a homografia entre o campo e a imagem; 2. A partir dos pontos notáveis que delimitam o campo na imagem, utilize a homografia para calcular a posição deles no campo. Plote estes pontos em um gráfico e verifique a compatibilidade entre o gráfico obtido e as dimensões corretas do campo.
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