PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA Controladoria-Geral da União Ouvidoria-Geral da União DESPACHO

Transcrição

1 DESPACHO Referência: Protocolo SIC Petrobras n 01438/2013, Recurso de Terceira Instância e- SIC nº / Assunto: Recurso contra decisão proferida pela Petróleo Brasileiro S.A. - Petrobras, que negou provimento ao pedido de acesso à informação formulado Senhor Ministro de Estado Chefe da, O presente Despacho se refere a pedido de acesso à informação formulado em 04/04/2013 a Petróleo Brasileiro Petrobras. Na ocasião, o cidadão citou os acórdãos do TCU n 2132/2010 e 2303/2012 que apontou para irregularidades em terceirizações da empresa e estipulou prazo para a apresentação de plano consolidado de substituição de terceirizados irregulares, respectivamente. Diante do contexto, requereu o seguinte: Solicito que seja informada em formato digital a relação de todos os trabalhadores terceirizados que constam dos registros de acesso às instalações da Petrobrás (Petróleo Brasileiro S.A) ou de outros sistemas informatizados da empresa. Solicito ainda que essa relação seja fornecida no mínimo com os seguintes campos: Número do Contrato, Razão Social do empregador, CNPJ do empregador, Nome completo do empregado (sem abreviações), Escolaridade, Jornada de Trabalho (Semanal), Unidade da prestação do serviço, Escolaridade exigida pelo cargo, Data de início de trabalho na Petrobrás e/ou Data de primeiro acesso às instalações da Petrobrás. 2. Aos 25/04/2013, o SIC da Petrobras comunicou a prorrogação de prazo para resposta, ante a complexidade do pedido. A resposta foi apresentada em 29/04/2013, entende a Gerência de Recursos Humanos da demandada que a solicitação versa sobre informações referentes a uma relação jurídica de que não faz parte a Petrobras. Alegou que promove a contratação de empresas prestadoras de serviço, de modo que não possui vínculo com a mão de obra contratada por elas. Entende que o fornecimento da informação é de competência das referidas empresas uma vez que elas ostentam a condição de empregador. Por fim, esclareceu que o controle de acesso em suas instalações se dá para não fragilizar a segurança da Petrobras e recai em empregados, visitantes e prestadores de serviço. 3. Insatisfeito, o cidadão interpôs recurso de primeira instância em 08/05/2013. Reiterou o pedido de informação por entender não ser razoável a alegação de que a Petrobras não é responsável pelo fornecimento de registros de acesso as suas instalações. 4. Aos 14/05/2013, colaborador lotado na Coordenação de Articulação e Recursos da

2 Ouvidoria Geral da Petrobras não conheceu o recurso por entender que não houve negativa de acesso. Pontuou que a informação solicitada não é de propriedade da Petrobras e se valeu do artigo 13, inciso III do Decreto 7.724/2012 que disciplina o não atendimento a pedido de acesso à informação que exija tratamento de dados que não sejam da competência do órgão ou entidade demandada. Esclareceu que a Petrobras possui vínculo com as empresas prestadoras de serviço, e não com os empregados. Assim, as informações requeridas são de terceiros e a demandada não tem competência para repassá-las. 5. Mantida a insatisfação, em 15/05/2013 o cidadão apresentou novo recurso. Reiterou a solicitação tendo em vista o Acórdão 2132/2010-Plenário TCU, que apontou para a quase totalidade de trabalhadores terceirizados que constam do registro de acesso às instalações da Petrobras, bem como para declaração da empresa que atesta o controle de acesso em resposta anterior. 6. Tendo em vista o não conhecimento do recurso anterior, aos 20/05/2013 colaborador da Coordenação de Articulação e Recursos declarou afastada a possibilidade de recurso de segunda instância, por não ser caso de negativa de acesso à informação visto que a Petrobras não pode entregar informações que não são de sua competência. Reforçou que não se trata de postura para dificultar o acesso à informação e nem de informação inexistente; mas sim de incompetência da demandada para dispor de algo que não lhe pertence. 7. O caso chegou à CGU na mesma data em que o cidadão se cientificou da decisão de segunda instância. De modo distinto das demais etapas, o recurso de terceira instância foi encaminhado via e-sic. Na oportunidade, o cidadão apresentou inconformismo com o fato da empresa não disponibilizar informação que consta em seus sistemas por entender que elas não são de sua competência e propriedade. Reiterou os pedidos iniciais, com fundamento no artigo 16 da Lei / Na fase instrutória, a - OGU entrou em contato com o Comando para solicitar informações adicionais, no intuito de viabilizar o julgamento do caso pelo Sr. Ministro da CGU. É o relatório. Análise 9. Antes de adentrar na análise de mérito, pontua-se que o recurso merece ser conhecido, uma vez que: a) O recurso de terceira instância foi interposto de forma tempestiva. Observou-se o prazo de dez dias contido no artigo 23 do Decreto 7.724/2012 uma vez que o recurso foi interposto na mesma data em que o cidadão se cientificou da decisão proferida em segunda instância, ambos em 20/05/2013.

3 b) O caso foi julgado pelas instâncias recursais anteriores, conforme preceitua o artigo 16, 1º da Lei /2011 c/c artigo 23 do Decreto 7.724/2012. c) O recurso foi apresentado à CGU por pessoa legitimada a figurar na relação processual,, que não obteve a informação requerida à Petrobras. d) É incontestável que o pleito se configura como um pedido de acesso à informação, ou seja, o cidadão visa se beneficiar da LAI para obter uma informação, e não para rediscutir matéria julgada administrativa ou judicialmente, apresentar denúncias, reclamações ou outras manifestações que se enquadram em típicas demandas de ouvidoria. Salienta-se que o objeto do pedido se mantém, ou seja, não houve inovação de pedidos em fase recursal - prática condenada pelo ordenamento jurídico pátrio por ensejar cerceamento de defesa. e) A Petrobras se ateve aos prazos legais para se manifestar no decorrer do procedimento, porém o recurso de segunda instância não foi julgado pela autoridade prevista no parágrafo único do artigo 21 do Decreto 7.724/2012. Ante a imprecisão, é necessário que a demandada se atente para que nos recursos futuros as decisões de segunda instância sejam proferidas pela autoridade máxima da Petrobras. 10. De um lado, o cidadão almeja receber a relação de todos os trabalhadores terceirizados que constam dos registros de acesso às instalações da Petrobras ou de outros sistemas informatizados da empresa. Do outro, a demandada alega que a prestação da informação requerida não é de sua competência, uma vez que contrata empresas e não possui vinculo com a mão de obra. Esclareceu que em seus sistemas de dados informatizados constam o acesso de empregados, visitantes e prestadores de serviço, com a finalidade de não fragilizar a segurança de suas unidades. 11. Respaldada no princípio da oficialidade, a OGU questionou a empresa demandada na fase de instrução processual e obteve os seguintes esclarecimentos: - A Companhia realiza milhares de contratações anualmente, sendo que a responsabilidade pela alocação e controle de profissionais é da empresa contratada. Nos contratos de prestação de serviços, a Petrobras não faz estipulações quanto ao quantitativo de trabalhadores para a execução do objeto do contrato. O número de empregados contratados não é constante, mas sim flutuante e se adapta às necessidades identificadas pelas empresas. - O Relatório de Sustentabilidade referente ao ano de 2012 foi publicado no sítio eletrônico da Petrobras. Nele consta um número acima de 360 mil empregados de empresas prestadoras de serviço. - Acerca do Plano de Substituição de Terceirizados em Situação Irregular, esclareceu que está em processo de levantamento e análise caso a caso, o que demanda um prazo maior para finalização ante a complexidade e o quantitativo de contratos existentes. Com amparo no artigo 20 do Decreto 7.724/2012, as informações relativas ao Plano são preparatórias e apenas poderão ser disponibilizadas quando da conclusão e apreciação pelo TCU. - A Petrobras não utiliza exclusivamente o sistema e-sic para tratamento de demandas advindas da LAI, pois possui dúvidas sobre a plataforma e as funcionalidades do sistema. Assim, maior parte de suas demandas tramita via PETROSIC. O fechamento repentino de tal porta de entrada dificultaria

4 o atendimento dos pedidos recebidos pela Petrobras. 12. A disponibilização de informação contendo a relação detalhada de todos os trabalhadores terceirizados que constam dos registros de acesso às instalações da Petrobrás não se mostra viável. A terceirização de serviços se dá por meio de contrato, que tem como objeto a prestação de um serviço, e não a contratação de mão de obra. Na terceirização, o vínculo se dá entre o trabalhador e a empresa contratada, e não diretamente com o órgão ou entidade. Logo, a informação pleiteada pertence às empresas contratadas, e não à Petrobras. Ainda que conste nos sistemas da demandada o nome dos terceirizados que nela transitam, a divulgação estaria prejudicada ante a necessidade de tratamento desses dados. Assim, a negativa se ampara no artigo 13 do decreto 7.724/2012: Art. 13. Não serão atendidos pedidos de acesso à informação: I - genéricos; II - desproporcionais ou desarrazoados; ou III - que exijam trabalhos adicionais de análise, interpretação ou consolidação de dados e informações, ou serviço de produção ou tratamento de dados que não seja de competência do órgão ou entidade. 13. Por fim, é recomendável que a Petrobras entre em contato com a Controladoria-Geral da União e exponha suas dúvidas relativas a plataforma e funcionalidades do sistema e-sic. A adoção do plena do sistema facilita o controle de prazos e procedimentos por parte do cidadão e também da Administração Pública. Conclusão 14. Diante do exposto, opina-se pelo conhecimento do recurso; e no mérito, pelo DESPROVIMENTO.

5 Folha de Assinaturas Documento: DESPACHO nº 6829 de 06/09/2013 Referência: PROCESSO nº / Assunto: Despacho contendo Proposta de Julgamento - 3ª Instância Recusal - LAI Signatário(s): JOSE EDUARDO ELIAS ROMAO Ouvidor-Geral Assinado Digitalmente em 06/09/2013 Relação de Despachos: Nos termos do Despacho referente ao presente recurso e com base na PORTARIA CGU Nº , DE 22 DE AGOSTO DE 2013, decido negar provimento ao recurso. JOSE EDUARDO ELIAS ROMAO Ouvidor-Geral Assinado Digitalmente em 06/09/2013 Este despacho foi expedido eletronicamente pelo SGI. O código para verificação da autenticidade deste documento é: 4fcd5831_8d0794a1a1bd308