Controladoria-Geral da União Ouvidoria-Geral da União PARECER. Recurso contra decisão ao pedido de acesso à informação. Informações sigilosas

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1 Controladoria-Geral da União Ouvidoria-Geral da União PARECER Referência: /201-2 Assunto: Restrição de acesso: Ementa: Órgão ou entidade recorrido (a): Recorrente: Recurso contra decisão ao pedido de acesso à informação. Informações sigilosas Cidadão requer cópias de processo administrativo disciplinar na qual figura como parte Interesse pessoal Informação Sigilosa Recurso conhecido e desprovido. ECT Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos V.F.S.C Senhor Ouvidor-Geral da União, 1. O presente parecer trata de solicitação de acesso à informação pública, com base na Lei nº /2011, conforme resumo descritivo abaixo apresentado: RELATÓRIO Data Teor Pedido Solicito obter cópias digitalizadas do processo NUP 10/02/ /2013, na qual figuro como parte, instaurado no âmbito da Administração Central, por meio do Departamento de Controle Disciplinar - DECOD. Resposta Inicial 25/02/201 Com relação a presente solicitação, a seguir apresentamos as informações pertinentes ao assunto: Informamos que o NUP / , autuado com a finalidade de apurar denúncia de suposta ocorrência de nepotismo na Diretoria Regional do Amazonas, trata de processo administrativo de natureza disciplinar, que se encontra em fase de apuração (início dos trabalhos), não havendo juízo de valor formado sobre eventual responsabilização. 21

2 Diante disso, esclarece-se que o princípio da publicidade deve se coadunar com as garantias individuais de possíveis envolvidos, como a da intimidade, honra e dignidade humana. A disponibilização de informações não conclusivas poderá expor indevidamente os possíveis envolvidos no processo, podendo resultar, dessa exposição, risco à intimidade, vida privada ou imagem das pessoas, submetendo a ECT a eventuais pleitos indenizatórios. A própria LAI (Lei de Acesso à informação - Lei nº /2011) protege as informações de caráter pessoal e estratégicas para a investigação durante o processo apuratório, que serão divulgadas somente aos envolvidos, buscando preservar as garantias individuais como a da intimidade, honra e dignidade humana: a saber: Lei nº /2011: Art. 7o - O acesso à informação de que trata esta Lei compreende, entre outros, os direitos de obter: 3o O direito de acesso aos documentos ou às informações neles contidas utilizados como fundamento da tomada de decisão e do ato administrativo será assegurado com a edição do ato decisório respectivo. Art. 31 O tratamento das informações pessoais deve ser feito de forma transparente e com respeito à intimidade, vida privada, honra e imagem das pessoas, bem como às liberdades e garantias individuais. 1º - As informações pessoais, a que se refere este artigo, relativas à intimidade, vida privada, honra e imagem: I terão seu acesso restrito, independentemente de classificação de sigilo e pelo prazo máximo de 100 (cem) anos a contar de sua data de produção, a agentes públicos legalmente autorizados e à pessoa a que elas se referem; Decreto nº 7.72/2012: Art. 20. O acesso a documento preparatório ou informação nele contida, utilizados como fundamento de tomada de decisão ou de ato administrativo, será assegurado a partir da edição do ato ou decisão. Ainda esclarecemos que, caso seja identificada pela 22

3 Comissão de Sindicância a necessidade de convocação de empregado para prestar esclarecimento ou em possível citação de empregado para defesa e havendo pedido de cópia do processo nesse momento, tal situação poderá ser analisada pela Comissão de Sindicância quanto ao fornecimento de cópia integral dos autos, bastando apenas o requerimento ou comparecimento do empregado ou procurador legalmente habilitado. Nesse esteio, informamos sobre o indeferimento do pedido de cópias digitalizadas do Processo NUP / considerando os esclarecimentos ora apresentados. Recurso à Autoridade Superior Resposta do Recurso à Autoridade Superior Recurso à Autoridade Máxima Resposta do Recurso à Autoridade Máxima 25/02/201 10/03/201 1/03/201 Sou parte no processo ora em comento, portanto persiste o meu direito de obter cópias do mesmo. Não respondido Reitero o meu pedido, vez que sou parte neste processo. Ademais, foi instaurado um processo administrativo de maneira graciosa que veio a me prejudicar, pois fui dispensado da função que havia sido nomeado sob pretexto de questões éticas, sendo que o MANPES, módulo 6, capítulo 2, 5.1, permitia tal nomeação, in litteris, "5.1 Não é permitido que empregados mantenham sob a sua chefia imediata, cônjuge ou companheiro(a), bem como parentes até o segundo grau, consanguíneos ou civis;". Logo, por intenções mesquinhas fui prejudicado sem decisão administrativa e oportunidade de defesa. Por questões éticas o MANPES só será aplicado quando acharem que ele deve ser aplicado? Pode-se questionar os manuais da ECT para deixar de cumpri-los? Sendo assim, representarei contra todos os envolvidos, vez que o tal prática constitui crime de denunciação caluniosa, conforme o art.339 do Código Penal, "Art Dar causa à instauração de investigação policial, de processo judicial, instauração de investigação administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade administrativa contra alguém, imputando-lhe crime de que o sabe inocente". Considerando que: O processo informado (NUP / ) autuado com a finalidade de apurar denúncia de suposta ocorrência de nepotismo na Diretoria Regional do Amazonas, trata de processo administrativo de natureza disciplinar. 23

4 Recurso à CGU Informações Adicionais e Negociações É o relatório. Análise 17/03/201 1/05/201 Que o referido processo se encontra em fase de investigação preliminar (início dos trabalhos), não havendo ainda acusados, sem juízo de valor formado sobre eventual responsabilização. E ainda, Que o Decreto nº 7.72/2012, estabelece em seu artigo 20: Art. 20. O acesso a documento preparatório ou informação nele contida, utilizados como fundamento de tomada de decisão ou de ato administrativo, será assegurado a partir da edição do ato ou decisão. Portanto, como ainda não houve a prolação de decisão sobre o referido processo, INDEFIRO seu pedido de fornecimento de cópia. Solicito a cópia dos autos, na qual figuro como parte, pelas mesma razões de fato e de direito anteriormente expostas. Contatos telefônicos e via com a Ouvidora dos Correios, visando o esclarecimento da participação do cidadão no processo, e a possibilidade de fornecimento das cópias solicitadas em caso de ser o mesmo o denunciante e de neste contexto ter o cidadão conhecimento de todos os dados dos demais envolvidos e situação investigadas pelo PAD. 2. Registre-se que o Recurso foi apresentado perante à CGU de forma tempestiva e recebido na esteira do disposto no caput e 1º do art. 16 da Lei nº /2011, bem como em respeito ao prazo de 10 (dez) dias previsto no art. 23 do Decreto nº 7.72/2012, in verbis: Lei nº /2011 Art. 16. Negado o acesso a informação pelos órgãos ou entidades do Poder Executivo Federal, o requerente poderá recorrer à Controladoria-Geral da União, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias se: 1o O recurso previsto neste artigo somente poderá ser dirigido à Controladoria Geral da União depois de submetido à apreciação de pelo menos uma autoridade hierarquicamente superior àquela que exarou a decisão impugnada, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias. Decreto nº 7.72/2012 Art. 23. Desprovido o recurso de que trata o parágrafo único do art. 21 ou infrutífera a reclamação de que trata o art. 22, poderá o requerente apresentar recurso no prazo de dez dias, contado da ciência da decisão, à Controladoria-Geral da União, que deverá se manifestar no prazo de cinco dias, contado do recebimento do recurso. 2

5 3. Quanto ao cumprimento do art. 21 do Decreto n.º 7.72/2012, resta prejudicada a avaliação, uma vez que não consta resposta em primeira instância, embora conste que a autoridade que proferiu a decisão, em segunda instância, tenha sido o dirigente máximo do órgão/entidade.. Quanto à análise de mérito, observa-se que o centro do pedido consiste no acesso a cópias do processo administrativo disciplinar em que o cidadão em questão afirma ser parte. Na respostas fornecidas, os Correios negam o pedido de acesso informando que o PAD em questão encontra-se em fase de apuração (início dos trabalhos), não havendo juízo de valor formado sobre eventual responsabilização. Ainda informa-se que a disponibilização de informações não conclusivas poderá expor indevidamente os possíveis envolvidos no processo, podendo resultar, dessa exposição, risco à intimidade, vida privada ou imagem das pessoas, submetendo a ECT a eventuais pleitos indenizatórios. 5. A justificativa legal apontada pelos Correios reside no artigo 7º Lei de Acesso à informação - Lei nº /2011- que protege as informações de caráter pessoal e estratégicas para a investigação durante o processo apuratório, que serão divulgadas somente aos envolvidos, buscando preservar as garantias individuais como a da intimidade, honra e dignidade humana. Também é mencionado o artigo 20º do Decreto que regulamenta a LAI - Decreto nº 7.72/ que prevê que o acesso a documento preparatório ou informação nele contida, utilizados como fundamento de tomada de decisão ou de ato administrativo, será assegurado a partir da edição do ato ou decisão. 6. Nas demais instâncias recursais o requerente contesta a decisão proferida, afirmando seu direito por ser parte do processo. Em recurso a CGU o cidadão apresenta uma denúncia, afirmando que o PAD instaurado possui relação com sua dispensa de função. 7. Apresentado todo o panorama do processo, a CGU buscou esclarecimentos adicionais, intentado auferir a participação do cidadão no PAD em se o mesmo poderia ter conhecimento de todas as informações contidas nesta fase de início dos trabalhos, no caso de ser o denunciante. Em resposta aos questionamentos realizados, os Correios informaram que: O cidadão não é o denunciante. A denúncia foi feita por outra pessoa. O processo disciplinar foi deflagrado pelos Correios para apurar eventual nepotismo na Diretoria Regional do Amazonas e se encontra na fase de citação de (...) que não é o cidadão que registrou o pedido de informação no sistema e-sic... 25

6 8. De todo o exposto resta claro que a entidade recorrida devidamente negou o acesso. Primeiramente porque os dados existentes envolvem a participação de terceiros, e a proteção destes dados encontra abrigo no artigo 7º Lei nº /2011. Em segundo lugar porque o estágio do processo é inicial, e até a finalização do procedimento, os documentos preparatórios ou informações nele contidas estão de fato protegidos sob amparo do mencionado o artigo 20º do Decreto que regulamenta a LAI - Decreto nº 7.72/2012, e, terceiro, o envolvimento do cidadão como parte no processo em questão não restou comprovado. Cabe também ressaltar que houve inovação no pedido em instância recursal à CGU, onde houve a apresentação de denúncia, e que o e-sic não constitui canal adequado para o tratamento de denúncias. Conclusão 9. De todo o exposto, opina-se pelo conhecimento e desprovimento do recurso, uma vez que há justificativa legal para o não fornecimento dos dados solicitados. Fabiola Flor Machado Analista de Finanças e Controle D E C I S Ã O No exercício das atribuições a mim conferidas pela Portaria n da Controladoria-Geral da União, de 22 de agosto de 2013, adoto, como fundamento deste ato, o parecer acima, para decidir pelo conhecimento e desprovimento do recurso interposto, nos termos do art. 23 do referido Decreto, no âmbito do pedido de informação nº /201-2, direcionado à ECT Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. JOSÉ EDUARDO ROMÃO Ouvidor-Geral da União 26

7 PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA Controladoria-Geral da União Folha de Assinaturas Documento: PARECER nº 1919 de 29/05/201 Referência: PROCESSO nº /201-2 Assunto: Recurso contra decisão ao pedido de acesso à informação. Signatário(s): JOSE EDUARDO ELIAS ROMAO Ouvidor Assinado Digitalmente em 29/05/201 Este despacho foi expedido eletronicamente pelo SGI. O código para verificação da autenticidade deste documento é: 889ab36d_8d1988ac76a5bb