PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA Controladoria-Geral da União Ouvidoria-Geral da União

Transcrição

1 Referência: / Assunto: Recurso interposto por cidadão à CGU contra decisão denegatória de acesso à informação, com fundamento no art. 23 do Decreto n o 7.724, de 16 de maio de Senhor Ministro de Estado Chefe da, I - RELATÓRIO 1. Trata o presente Despacho do Julgamento do recurso em sede de solicitação de acesso à informação pública, com base na Lei nº /2011, formulada em 11/12/2012 pelo cidadão, em face do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPQ, em que requer informações acerca das apurações das seguintes denúncias, de sua autoria, (1) Possíveis irregularidades na aprovação do processo /2005-3, comunicadas em julho de 2008; (2) Possíveis irregularidades na aprovação dos processos / e /2007-1, comunicadas em maio/2008; (3) Possíveis irregularidades na aprovação dos processos / e /2006-9, comunicadas em maio/2008; (4) Possíveis irregularidades na aprovação do processo /2005-2, comunicadas em junho/2008; (5) Possíveis irregularidades no pagamento do processo /2007-9, comunicadas em maio/ Ao dia 14/01/2013, o órgão manifestou-se tempestivamente, respondendo ao cidadão nos seguintes termos: Venho por meio deste informar que os processos abaixo relacionados, que se encontram nesta Auditoria Interna, encontram-se em estágios de procedimentos, devendo serem encaminhados aos respectivas áreas competentes para reavaliação e manifestação. 3. Irresignado, a requerente interpôs recurso em primeira instância em 22/01/2013, no qual alegava que a resposta estaria incompleta por não apresentar informações tais como os principais andamentos, data do início dos procedimentos e previsão de conclusão. 4. Ao dia 28/01/2013, o órgão manifestou-se para deferir o recurso, complementando a resposta anterior ao informar que: Os processos citados da Demanda SIC Protocolo / encontram-se na Auditoria Interna desde 2008, quando ocorreu análise preliminar, submetidos ao então Auditor-Chefe Interino. Desde de 2008 a Auditoria Interna 1

2 do CNPq passou por vários processos de transição, tanto da chefia quanto do quadro de servidores, dificultando o andamento da conclusão da análise. No exercício de 2011, com a nova gestão do CNPq, foi feito levantamento de todos os processos que encontravam-se no âmbito desta Auditoria, caso a caso, detectando os processos em epígrafe e colocando em ordem de prioridade de análise. No presente momento todos os processos já foram reanalisados, os quais foram levados ao conhecimento da Chefia de Gabinete, que recomendou uma reunião a ser realizada no dia 01/02/2013 para discussão dos mesmos, tendo em vista a relevância dos assuntos e os atores envolvidos. 5. Em 07/02/2013, o recorrente interpôs recurso à autoridade máxima do órgão, alegando que seu pleito não teria sido atendido no que se refere ao resumo dos principais andamentos das denúncias. 6. Em 14/02/2013, o órgão responde ao recurso, deferindo-o e fornecendo ao cidadão as seguintes informações em complemento: I - Casos 1 e 2 verificou-se que os processos mais antigos foram cancelados, ou seja, somente os processos novos tramitaram normalmente. Inclusive o resultado foi publicado na página do CNPq em atendimento ao certame. II Caso 3 a análise da documentação indicou que na fase de pagamento foi detectado o erro e somente um dos auxílios foi pago o de nº / A relação dos auxílios (ARC) aprovados para o primeiro semestre de 2008, disponibilizada à época no site do CNPq, confirma a correção supra citada. III Caso 4 apuração revelou a necessidade de ouvir a área técnica antes de submeter às instâncias superiores. Cabe informar que nesse intervalo o interessado apresentou o relatório técnico. IV Casos 5 e 6 o processo / não guarda nenhuma relação com os processos do caso 6. Quanto à tramitação fora do prazo do caso 6 a apuração não foi concluída, uma vez que ainda necessita do pronunciamento da área técnica. V Casos 7 e 8 os processos citados foram aprovados pelo Diretor da área específica, após solicitação de reconsideração prevista no edital. Para subsidiar a conclusão dos trabalhos da Auditoria consultará a área técnica envolvida. 7. Discordando da resposta do órgão, o recorrente fez uso da faculdade que lhe oferece o art. 23 do Decreto 7.724/2012 para interpor o presente recurso à CGU, informando que não obtivera a informação acerca de quem teria sido o responsável pelo atraso na apuração dos processos de números /2005-3, /2005-2, /2004-1, / e /2009-9, uma vez que a Auditoria não informara as datas dos principais andamentos. 2

3 8. Entendendo que subsídios adicionais deveriam ser fornecidos para que se procedesse à análise do caso em apreço, esta fez gestão junto ao órgão, solicitando que o CNPQ informasse acerca da existência de relatório de trâmite na Auditoria Interna, bem como se alguma de tais denúncias tivesse levado a sindicâncias ou procedimentos disciplinares. Em resposta, a Auditora- Chefe informou que as denúncias foram recebidas pela auditoria nas datas informadas, e que receberam todo o tratamento internamente, não tendo levado a diligências internas que implicassem trâmite dos documentos, de forma que inexistia o registro solicitado. Adicionalmente, informou que, de referidas denúncias, após análise preliminar, não resultaram quaisquer sindicâncias investigativas ou procedimentos disciplinares. 9. É o relatório. II - ANÁLISE 10. Observa-se, preliminarmente, que o recurso interposto perante a CGU é tempestivo, visto que foi apresentado dentro do prazo de 10 (dez) dias previsto no art. 23 do Decreto nº 7.724/ Quanto à análise de mérito, sendo evidente que o pedido trata de informação parcialmente existente e específica, cuja obtenção, em tese, não levaria a excessivo prejuízo às atividades regulares da Administração, devemos, de plano, afastar as preliminares excepcionais do art. 13 do Decreto 7.724/ Impõe-se, portanto, a análise da capacidade responsiva do órgão, a qual é questionada pelo recorrente em cada um de seus recursos, todos deferidos mediante complementação de informação. Para o recorrente, o quantum solicitado da informação somente poderia ser atendido mediante a informação de datas dos principais andamentos dos processos mencionados, havendo o órgão se limitado a informar-lhe os andamentos. Aduz o recorrente, ainda, que busca tal informação para que possa definir os responsáveis pelo tratamento, em tese, excessivamente moroso dispensado às suas denúncias. Depreende-se, desse modo, que queira ele informação acerca dos trâmites internos da denúncia, de modo a identificar os servidores por cujas cargas tenham passado. 13. Ao ser questionada por esta CGU, a Auditoria do CNPQ informou acerca da inexistência de tal histórico, em que pese a fragilidade em termos de gestão de informação e gestão documental que este dado represente. Informou, ainda, que, não tendo resultado em processos, inexistentes registros alternativos. 14. Nesse sentido, inexistindo prova em contrário, a presunção relativa de veracidade das declarações da Administração instrui a que acolhamos a alegação de inexistência dos registros solicitados, reconhecendo que tal fato afete de modo substancial a capacidade responsiva do órgão. 15. Impende salientar, outrossim, que o canal de interlocução criado por meio do Serviço de Informação ao Cidadão, bem como o procedimento de acesso à 3

4 informação, ambos criados pela Lei /2011, não são meios idôneos para dar ciência de denúncia ou para cobrar providência do órgão. Em ambos os casos, subsiste à Ouvidoria a competência para recebê-los e dar-lhes tratamento. 16. Desse modo, delimitada a capacidade responsiva pela contingência de fato i.e., a inexistência da informação com o detalhamento solicitado impossível se faz determinar ao órgão que a complemente para além do que já o fez, em que pese a insatisfação legítima do cidadão. 17. Quanto ao procedimento adotado pelo órgão, merece atenção o fato de haver a Autoridade de Monitoramento da lei de Acesso à Informação do órgão, a que faz menção o art. 40 da Lei haver assinado sucessivamente a decisão do Recurso de 1º e 2º instâncias, em flagrante desacordo com os procedimentos previstos no Decreto 7.724/2012. A aparente supressão de instâncias recursais frustra os objetivos da Lei de Acesso à Informação, ao privar o cidadão do direito que lhe é garantido pelo art. 21, único do Decreto 7.724/ Havendo a ciência do representante máximo do órgão, o qual anuiu com a decisão de segunda instância, devemos acolher o presente para não reformarlhe a decisão com base nos motivos consignados no presente e fundamentado no princípio da eficiência na Administração, insculpido no art. 37 da Constituição Federal, bem como no princípio da economia processual. III - CONCLUSÃO 19. Diante do exposto, opina-se pelo conhecimento do presente recurso, para, no mérito, opinar por seu desprovimento. 20. À apreciação do Sr. Ministro de Estado Chefe da Controladoria- Geral da União. 4

5 Folha de Assinaturas Documento: DESPACHO nº 4820 de 24/06/2013 Referência: PROCESSO nº / Assunto: Despacho de Julgamento de Recurso de 3ª instância em LAI Signatário(s): JOSE EDUARDO ELIAS ROMAO Ouvidor-Geral Assinado Digitalmente em 24/06/2013 Relação de Despachos: Encaminhe-se ao Exmo. Sr. Ministro Chefe desta, Dr. Jorge Hage Sobrinho, a fim de subsidiar e, acolhendo-se o presente Despacho, atribuir fundamento a sua decisão. JOSE EDUARDO ELIAS ROMAO Ouvidor-Geral Assinado Digitalmente em 24/06/2013 Este despacho foi expedido eletronicamente pelo SGI. O código para verificação da autenticidade deste documento é: 63432e66_8d03f27880c8c42