PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA Controladoria-Geral da União Ouvidoria-Geral da União NOTA TÉCNICA /2012/OGU/CGU-PR

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1 NOTA TÉCNICA /2012/OGU/CGU-PR Referência: Assunto: Recurso contra decisão denegatória ao pedido de acesso à informação requerido ao Comando do Exército/Ministério da Defesa pelo Sr. Senhor Ouvidor-Geral da União, 1. Trata-se de recurso interposto com base no art.23 do Decreto no 7.724/2012, em relação ao pedido de acesso à informação protocolizado sob o número pelo Sr. junto ao Comando do Exército/Ministério da Defesa em 21/09/12. Por meio do pedido, o requerente solicita o seguinte: De acordo com a Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais [...], foi considerada no cálculo das despesas com pessoal de ensino a remuneração do Comandante do Curso de Ensino a Distância, rateado pelos 46 alunos integrantes do curso CAM QEM. b) Entretanto, conforme consta no próprio sítio da Escola, o Curso de Ensino a Distância é destinado aos oficiais do Quadro Complementar de Oficiais (QCO), Quadro de Engenheiros Militares (QEM) e Serviço de Saúde (S Sau). Isso posto, o rateio deverá ser realizado entre todos os alunos do Curso de Ensino a Distância, e não apenas pelos alunos do Quadro de Engenheiros Militares. Assim, se todos os alunos do curso do QEM, QCO e S Sau indenizarem a remuneração do Comandante do Curso, a União receberá o triplo do valor gasto, incorrendo um enriquecimento ilícito. Gostaria de saber o motivo dessa forma de cobrança e porque não dividir a remuneração do Comandante pelo número total de alunos do Curso a Distância, o que seria o correto. Além disso, gostaria de saber se os valores referentes a RESSARC DESP MED, a ADICIONAL FÉRIAS, a SALARIO FAMILIA, a AUX NATALIDADE, a DEV DESP MED - DAP, a RESTIT FUNDO EX, a ASSIST PRE-ESC, a AUX FARD 1 SOLDO, a GRAT REP 2% AT e a G LOC ESP TP B (valores listados nas fichas financeiras em anexo) foram considerados no cálculo obtido como despesas com pessoal de ensino. Para finalizar, gostaria de saber como realmente foi realizado o cálculo, pois conforme consta no anexo, a remuneração deveria ser dividida por 30 e multiplicada pelo número de dias de funcionamento do curso. Porém esse cálculo somente é coerente para cursos com duração menor de 30 dias. 2. Em resposta datada de 15/10/2012, o SIC do Exército informa, em relação à primeira pergunta, que o cálculo atendeu à Lei Complementar nº 97/1999, à Estrutura Regimental do Comando do Exército, àquilo que propõe o Estado-Maior do Exército, ouvidos o Departamento de Educação e Cultura, e ao artigo 19 da Portaria nº 694/2010, a qual estabelece que

2 1º [...] Os Cálculos deverão ser executados dividindo a remuneração dos militares e civis da área de ensino por trinta e multiplicando o resultado pelo número de dias de funcionamento do curso/estágio realizado. 2º Se houver mais de um curso/estágio na OM/Ens, funcionando ou não simultaneamente, este deverá proceder de acordo com o 1º deste artigo para cada curso/estágio. Quanto ao segundo questionamento, informa-se que foi levado em consideração a remuneração (incluindo direitos remuneratórios, à exceção do auxílio fardamento) dos militares recebida nos meses de funcionamento do curso, na forma da legislação vigente. O SIC ressaltou que essa informação já havia sido prestada em 03/08/12 em resposta ao pedido de número Em relação à terceira pergunta, a resposta informa que a remuneração foi dividida por 30 (trinta) e multiplicada pelo número mensal dos militares do curso do mês, tudo referente ao período de sua realização (25 de maio a 13 de novembro 2009), conforme legislação positivada. 3. No mesmo dia 15/10, o requerente interpõe recurso de 1ª instância, alegando que havia solicitado explicações das razões de não se dividir a remuneração do Comandante do Curso de Ensino à Distância por todos os integrantes do Curso a Distância e não somente dos Oficiais do QEM. Apresenta os mesmos argumentos do pedido, de que o custo deveria ser dividido por todos os alunos do curso à distância. 4. Em 22/10, o órgão responde o seguinte: Em relação às novas observações e questionamentos apresentados, informamos que o cálculo relativo às despesas com pessoal do ensino seguiu fielmente o previsto na Portaria nº 694, de 10 de agosto de 2010, nos parágrafos 1º e 2º de seu artigo 19, conforme já explicado em nossa resposta anterior. 5. Não satisfeito, o requerente recorre em 2ª instância no mesmo dia 22/10, solicitando o embasamento dessa cobrança. Reitera que havia perguntado o motivo de considerar no cálculo da indenização os valores do Comandante do Curso de Ensino a Distância rateado apenas pelos alunos do Quadro de Engenheiros Militares. Argumenta que, de acordo com o site da Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO), o Curso de Ensino a Distância contempla os oficiais do Quadro de Saúde (QSau), do Quadro de Engenheiros Militares (QEM), do Quadro Complementar de Oficiais (QCO). Se houvesse a cobrança separadamente, por quadro, a União incorreria em enriquecimento ilícito. A União recebe a indenização do triplo do valor gasto com o salário do referido Instrutor. 6. Em 29/10, o órgão responde o seguinte: [...] 1. As respostas anteriormente encaminhadas a V. Sa. contemplaram as dúvidas encaminhadas, considerando a fiel interpretação da legislação com a situaçãoproblema apresentada. A leitura atenta à legislação especificada é, no nosso entendimento, suficiente ao esclarecimento da informação. 2. O e-sic-eb, em consonância com a lei que regula seu funcionamento, informa ao cidadão a partir de dados existentes na instituição a que pertence. Entendemos, portanto, não ser o canal adequado à contestação quanto às ações efetivadas pelo

3 Exército, limitando-se aos objetivos estabelecidos pela legislação de acesso à informação. 7. No mesmo dia 29, o requerente recorre à CGU, reiterando o desejo de conhecer o motivo da cobrança e apresentando os mesmos argumentos anteriores. 8. É o relatório. ANÁLISE Quanto aos critérios de admissibilidade 9. Primeiramente, constata-se que o recorrente interpôs recurso à CGU em até 10 dias contados da ciência da decisão do órgão em 2ª instância. Portanto, o recurso atende ao disposto no Art. 23 do Decreto nº 7.724/2012. Quanto ao mérito 10. Conforme já apresentado nos parágrafos anteriores, o recurso centra-se no motivo de a cobrança não ter sido rateada por todos os alunos, mas somente por aqueles do Quadro de Engenheiros Militares. Nas respostas, o Exército informa que foi atendido o disposto na Portaria nº 694/2010, a qual determina que o cálculo deverá ser feito para cada curso/estágio. 11. Após consulta aos instrumentos legais que regem os Cursos de Aperfeiçoamento Militar (CAM) Guia do Curso de Aperfeiçoamento Militar (CAM), Portaria nº 111-DECEx, de 30/10/09 e Portarias nº174, 177, 178, 179 e 185 EME, de 28/09/06 verificou-se que o Exército considera os cursos de cada quadro como sendo cursos distintos. Há, então, cinco Cursos de Aperfeiçoamento Militar, quais sejam: a. Curso de Aperfeiçoamento Militar para Oficiais de Carreira do Quadro do Serviço de Saúde Médicos; b. Curso de Aperfeiçoamento Militar para Oficiais de Carreira do Quadro do Serviço de Saúde Dentistas; c. Curso de Aperfeiçoamento Militar para Oficiais de Carreira do Quadro do Serviço de Saúde Farmacêuticos; d. Curso de Aperfeiçoamento Militar para Oficiais de Carreira do Quadro Complementar de Oficiais e e. Curso de Aperfeiçoamento Militar para Oficiais de Carreira do Quadro de Engenheiros Militares. 12. Ao longo do pedido e dos recursos, o requerente discorda da fórmula de cálculo do rateio. Diferentemente do Exército, entende que os cursos para cada quadro são, na verdade, um mesmo curso à distância. Esse entendimento talvez tenha sido construído a partir da composição das turmas do curso, disponível no site da EsAO. Por meio das informações publicadas, é possível interpretar que cada uma das atuais quatro turmas do curso contemplam alunos de todos os cinco quadros de oficiais.

4 13. Ao longo dos recursos, o recorrente não busca resposta a uma pergunta formulada no pedido que não tenha sido respondida, mas contesta o procedimento aplicado pelo Exército e a interpretação da legislação adotada pelo órgão. A informação solicitada motivo da cobrança de não ratear o custo por todos os alunos, foi fornecida a partir do momento em que o Exército citou a Portaria nº 694/2010 e informou que o cálculo seguiu fielmente a norma. 14. De posse dessa informação, o requerente, se desejar, pode tomar as medidas cabíveis na esfera administrativa ou judicial, a fim de questionar o possível descumprimento da norma por parte da Administração. Não é intuito da Lei de Acesso à Informação (Lei nº /11) resolver disputas dessa natureza. CONCLUSÃO 15. Diante do exposto, opina-se pelo conhecimento e desprovimento do recurso, tendo em vista que a informação requerida foi prestada pelo Comando do Exército. Brasília (DF), 22 de novembro de FERNANDA MONTENEGRO CALADO Analista de Finanças e Controle

5 Folha de Assinaturas Documento: NOTA TÉCNICA nº 40 de 08/01/2013 Referência: PROCESSO nº / Assunto: Recurso contra decisão denegatória ao pedido de acesso à informação requerido ao Comando do Exército/Ministério da Defesa pelo Sr.. Signatário(s): FERNANDA MONTENEGRO CALADO ANALISTA DE FINANCAS E CONTROLE Assinado Digitalmente em 08/01/2013 Relação de Despachos: Registre-se a aprovação integral da Nota Técnica em questão, nos termos da qual o Exmo. Sr. Ministro Chefe desta, Dr. Jorge Hage Sobrinho, deu fundamento e motivação a sua decisão. Desta forma, considerando que o recorrente teve ciência da mencionada decisão no prazo legal (sem qualquer prejuízo das garantias fixadas na Lei nº /11), ficam convalidados todos os atos praticados no curso deste procedimento cujas datas de registro eletrônico não correspondam às de sua real produção. JOSE EDUARDO ELIAS ROMAO Ouvidor-Geral da União Assinado Digitalmente em 08/01/2013 Este despacho foi expedido eletronicamente pelo SGI. O código para verificação da autenticidade deste documento é: 2b8f809f_8cfbbe