O QUE SERÁ DO BRASIL?
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- Júlio César Martins Affonso
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1 O QUE SERÁ DO BRASIL? André Nassif Departamento de Economia Universidade Federal Fluminense Palestra na FITMETAL, São Paulo, 26 de maio de 2017
2 O longo prazo: para onde foi o Brasil?
3 Por que o setor industrial é importante para o desenvolvimento econômico? Indústria industrialização Indústria: um setor da atividade produtiva Industrialização: processo mediante o qual o desenvolvimento econômico é capitaneado pela indústria
4 O que torna o setor industrial tão especial? Fonte principal das inovações e do progresso tecnológico Disseminador de externalidades tecnológicas positivas Fonte de economias de escala estáticas e dinâmicas
5 Estados Unidos: desindustrialização se manifestou apenas como perda de participação do emprego no emprego total Fonte: Baily e Bosworth, 2014,p.4
6 Brasil: perda significativa da indústria geral (inclui extrativa mineral) no PIB pior dos BRICS Source: World Development Indicators/The World Bank 6
7 Desindustrialização prematura é dramática: regressão do setor manufatureiro se intensificou nos governos Lula e Dilma (política industrial do período parece ter sido much money for nothing ) Desindustrialização prematura no sentido Kaldor 7
8 Por que houve desindustrialização? Boom de commodities intensificou a realocação de recursos para agricultura e indústria intensiva em recursos naturais; Problema cambial: moeda brasileira tem mostrado tendência de apreciação real por causa do excesso de entrada de capitais especulativos
9 Jan-99 Feb-00 Mar-01 Apr-02 May-03 Jun-04 Jul-05 Aug-06 Sep-07 Oct-08 Nov-09 Dec-10 Jan-12 Feb-13 Mar-14 Apr-15 May-16 Real em tendência de apreciação a longo prazo deflator: IPCA deflator: IPA-DI
10 Agenda: como reindustrializar? Política industrial Regime macroeconômico - Instrumentos horizontais: infraestrutura e incentivos a P & D - Solidez fiscal ( responsabilidade fiscal ) - Instrumentos verticais (setores): tarifas, subsídios permitidos pela OMC, etc. - Taxas de juros reais abaixo da taxa de retorno real média sobre o capital; - Taxas de câmbio reais competitivas (moeda não sobrevalorizada)
11 O curto prazo: o drama brasileiro frente à Grande Recessão
12 Por que a recessão em curso é uma das mais graves da história econômica brasileira? Brasil: Indicadores macroeconômicos básicos * Real GDP growth - in % Consumer inflation rate (IPCA) - in % Primary fiscal balance - in % of GDP Nominal fiscal balance (including interest expenditures) - in % of GDP Gross debt of public sector - in % of GDP Net debt of public sector - in % of GDP Current account balance - in % of GDP n.a Gross fixed capital formation - in % of GDP n.a. Notes: i) * means that indicators for 2017 are estimated by markets. ii) n.a.: not available Source: Elaborated by the author based on database of Brazil's Central Bank, Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE) and the Independent Fiscal Institution of Brazil's Federal Senate Acumulado: 7,5% Redução da renda per capita em 2 anos: 9,2%!
13 Taxa de desemprego alcança nível dramático Source: IBGE Taxa de desemprego Jan-14 Feb-14 Mar-14 Apr-14 May-14 Jun-14 Jul-14 Aug-14 Sep-14 Oct-14 Nov-14 Dec-14 Jan-15 Feb-15 Mar-15 Apr-15 May-15 Jun-15 Jul-15 Aug-15 Sep-15 Oct-15 Nov-15 Dec-15 Jan-16 Feb-16 Mar-16 Apr-16 May-16 Jun-16 Jul-16 Aug-16 Sep-16 Oct-16 Nov-16 Dec-16 Jan-17 Feb-17 Fonte: IBGE 13.2
14 Causas: A visão convencional: - Política monetária pouco comprometida com o regime de metas na gestão Tombini (juros básicos caíram de 12,50% para 7,25% entre set.2011 e mar.2013) teria afetado a credibilidade do Banco Central. - Política fiscal frouxa, com elevação demasiada de gastos primários, teria elevado demasiadamente a dívida bruta do governo, afetando negativamente as expectativas.
15 Minha interpretação: Causas estruturais (longo prazo): Desindustrialização reduz a produtividade média da economia brasileira (afeta adversamente o lado da oferta potencial)
16 Minha interpretação: Causas conjunturais (curto prazo): Erros de política econômica do governo Dilma Rousseff: insistência na manutenção de estímulos creditícios ao consumo e fiscais (ao consumo e às empresas) como tentativa de reativar a economia fez explodir a demanda agregada, sem ter estimulado a oferta agregada na mesma magnitude; Efeito: inflação.
17 Efeitos esperados de cortes de impostos sobre consumo e lucros no curto e longo prazos: P 1 P P 0 OA 0 OA FINAL DA 1 Dilma fez política supply-side, geralmente recomendada pelos ultra-ortodoxos americanos (como nas eras Reagan, Bush pai, e agora, Trump), sem saber. DA 0 Y 0 Y FINAL Y 1 Y O corte de impostos (sobre consumo) provoca um forte deslocamento inicial da demanda agregada para DA 1. No entanto, há, de fato, estímulo à oferta agregada, mas muito pequeno (apenas para OA FINAL ), se comparado à demanda agregada (isso deve ocorrer porque o corte de impostos sobre lucros não tem o mesmo potencial de aumentar a oferta, comparado ao efeito que o corte de impostos sobre o consumo tem de expandir a demanda agregada). Ao final, teremos mais inflação, com efeitos pequenos sobre a expansão do PIB real e a renda agregada (o que reduz as receitas tributárias e aumenta o déficit governamental).
18 Dinâmica do PIB real e seus componentes pela demanda agregada PIB Consumo das Famílias Consumo do Governo FBKF Exportações líquidas FHC LULA LULA DILMA Fonte: IBGE, Contas Trimestrais, Série encadeada a preços constantes de 1995 Note que em Dilma 1, o crescimento dos investimentos brutos (FBKF) foi tão medíocre quanto em FHC 2.
19 Mas agravamento da recessão em 2016 não pode ser totalmente debitada contra Dilma Rousseff O que agravou? 1) Política monetária muito dura em pleno contexto recessivo (tanto na gestão Tombini como na de Ilan Goldfajn): tx de juros básica subiu de 10,5% para 14,25% entre jan.2014 e ago.2016, e permaneceu elevada mesmo qdo expectativas de inflação já estavam fortemente convergentes para a meta. Consequencias: Além do lado real da economia (agravou recessão, desemprego, etc), contribuiu para agravar as contas públicas.
20 Txs de juros reais ex-post (abril/2017) Txs de juros reais ex-ante (abril/2017) Brasil: a maior taxa de juros do mundo (pelo menos se, por mundo, entendermos todos os países desenvolvidos e emergentes)
21 Brasil: Indicadores macroeconômicos básicos * Real GDP growth - in % Consumer inflation rate (IPCA) - in % Primary fiscal balance - in % of GDP Nominal fiscal balance (including interest expenditures) - in % of GDP Gross debt of public sector - in % of GDP Net debt of public sector - in % of GDP Current account balance - in % of GDP n.a Gross fixed capital formation - in % of GDP n.a. Notes: i) * means that indicators for 2017 are estimated by markets. ii) n.a.: not available Source: Elaborated by the author based on database of Brazil's Central Bank, Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE) and the Independent Fiscal Institution of Brazil's Federal Senate NFSP PRIM: 1,9% PIB NFSP NOM: 8,4% PIB Ou seja, o que fez a dívida pública disparar foi o aumento das despesas com juros
22 O que foi feito (e o que pretendia) Temer? Hipótese básica: restaurar a confiança é condição suficiente para retomar o crescimento Como? - Política de teto de gastos: pela PEC aprovada, gastos primários totais congelados em termos reais por 20 anos (pode ser revisto em 10 anos) - Reforma da previdência: sem ela, teto de gastos não funciona, porque a maior causa do déficit primário é o déficit previdenciário.
23 Questão principal: Recuperação econômica estaria assegurada para 2017, mesmo se não tivesse havido o problema do grampo contra o presidente? Resposta: Não necessariamente, e vejamos por que...
24 Índice de Confiança empresarial: Nível de confiança ainda não totalmente consolidado current conditions future expectations Source: Brazil's National Confederation of Industry (CNI)
25 Dinâmica do PIB pelos componentes da demanda agregada Comportamento depressivo do Investimento; e consumo das famílias estagnado em txs negativas I 2014.II 2014.III 2014.IV 2015.I 2015.II 2015.III 2015.IV 2016.I 2016.II 2016.III 2016.IV Real GDP Household Consumption Government Expenditures Gross Fixed Capital Formation Export Import Source: Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE)
26 Jan-14 Mar-14 May-14 Jul-14 Sep-14 Nov-14 Jan-15 Mar-15 May-15 Jul-15 Sep-15 Nov-15 Jan-16 Mar-16 May-16 Jul-16 Sep-16 Nov-16 Jan-17 Mar-17 Dinâmica do PIB pelos componentes da demanda agregada Capacidade ociosa elevadíssima (26,7%) e só observada em severas recessões no Brasil como as de e Source: Getulio Vargas Foundation (FGV)
27 Dinâmica de crescimento de setores-chave: Indústria de transformação e construção ainda em forte recessão Mineral Extraction Electrical Energy, Gas and Sanitation Manufacturing Sector Construction Source: IBGE
28 Dinâmica de crescimento de setores-chave: Índice de produção industrial Indústria estagnada em txs negativas Ou seja, não havia sinais sólidos de recuperação Fonte: IBGE
29 Conclusões: parte 1 1) Recuperação não estava necessariamente assegurada antes da mais recente crise política. 2) Ela viria SE a indústria de transformação mostrasse maior vigor a partir do 2º trimestre de Mas isso ainda estava por ser revelado. Nada estava claro a esse respeito. 3) Ao restaurar (e, possivelmente, agravar) o quadro de incerteza, a mais recente crise política irá muito provavelmente postergar a recuperação econômica para prazo ainda não claramente estimável no horizonte imediato.
30 Conclusões: parte 2 o que fazer? 1) Agenda de curtíssimo prazo: criar as condições para a estabilidade política preservando as instituições democráticas. 2) Política monetária: acelerar a redução das txs de juros (Banco Central). 3) Política cambial que evite a apreciação da moeda 4) Priorizar agenda de reformas voltadas para retomar o DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO COM REDUÇÃO DA DESIGUALDADE: - reforma da previdência que respeite os desequilíbrios sociais e regionais; - reforma tributária; - uma política fiscal que restaure a capacidade de o governo realizar investimentos em infraestrutura (minha bola de cristal diz que a PEC do teto de gastos, já aprovada, não será factível politicamente por muitos anos); - investimentos em educação e em programas de inserção social.
31 OBRIGADO!
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