EJA E CORPOREIDADE-SUBJETIVIDADE E A EDUCAÇÃO FÍSICA
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- Osvaldo Azambuja Sampaio
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1 i RESUMO EJA E CORPOREIDADE-SUBJETIVIDADE E A EDUCAÇÃO FÍSICA Palavras-chave: Corpo; EJA; Educação Física Introdução O presente texto trata-se de uma pesquisa baseada na abordagem dialética que penetra o mundo dos fenômenos por meio de sua ação recíproca, da contradição inerente ao fenômeno e da mudança dialética que ocorre na natureza e na sociedade. Os procedimentos metodológicos compreendem a revisão bibliográfica, análise documental e empírica. O estudo visa discutir a compreensão da corporeidade 1 que se constrói socialmente nos educandos trabalhadores, pertencentes à modalidade de Educação de Adolescentes, Jovens e Adultos EAJA 2 da Rede Municipal de Educação de Goiânia. O propósito é interpretar a apreensão do conhecimento da corporeidade do educando desta modalidade na sociedade dentro do sistema neoliberal. O intuito é estabelecer um diálogo epistemológico com a Educação Física como área de conhecimento, ou seja, integrar à corporeidade, saberes da vida cotidiana, conhecimentos apreendidos no e para o mundo do trabalho e especificamente na escola. A pesquisa encontra-se em andamento a partir dos estudos e discussões acadêmicas sobre a corporeidade do educando nas turmas da modalidade de Educação de Adolescentes, Jovens e Adultos EAJA. O problema delimitado é interpretar que corporeidadesubjetividade os educandos da EAJA apreendem nas aulas de Educação Física na Rede Municipal de Educação de Goiânia. Assim o objetivo geral é analisar o tema da Corporeidade-subjetividade dos educandos trabalhadores na EAJA, com foco nas aulas de Educação Física. Problema de Pesquisa: que corporeidade-subjetividade os educandos da EAJA apreendem nas aulas de Educação Física na Rede Municipal de Educação de Goiânia? 1 O texto a priori irá utilizar o termo corporeidade, entretanto o intuito é aprofundar e diferenciar os conceitos de corporeidade e corporalidade. Conforme o dicionário crítico de Educação Física, os autores González e Fensterseifer (2005, p.103) apontaram um questionamento sobre corporeidade ou corporalidade? As línguas neolatinas Português, Francês e Espanhol -, registram as duas formas aparentemente como sinônimos. Aparecem, entretanto, em algumas línguas, distinções, que definem corporalidade como tendo um sentido mais material do que corporeidade, e corporeidade tendo um sentido menos material do que corporalidade. 2 EJA refere-se à Educação de Jovens e Adultos. EAJA é a sigla adotada pela Divisão de Educação Fundamental de Adolescentes, Jovens e Adultos (DEF-AJA), da Secretaria Municipal de Educação (SME) de Goiânia, para modalidade de Educação de Jovens e Adultos. Portanto, a referida sigla, EAJA, refere-se à Proposta Político-Pedagógica da modalidade da Educação de Jovens e Adultos da Rede Municipal de Educação de Goiânia. Por isso, quando referir-se no texto ao termo EAJA é o título denominado na P.P.P, dentro da modalidade de Educação de Jovens e Adultos.
2 Objetivo geral: Analisar o tema da Corporeidade-subjetividade dos educandos trabalhadores do Mundo do Trabalho na EAJA com foco nas aulas de Educação Física. Objetivos Específicos Analisar a Proposta Político-Pedagógica da Educação de Adolescentes, Jovens e Adultos da Rede Municipal de Ensino de Goiânia (RME) com foco na corporeidadesubjetividade dos educandos trabalhadores; Investigar o contexto histórico, social, cultural da realidade escolar dos educandos trabalhadores da EAJA; Interpretar o Projeto-Político Pedagógico das instituições educacionais pesquisadas em relação a corporeidade-subjetividade dos educandos trabalhadores; Analisar se realmente nas aulas de Educação Física os objetivos de aprendizagem contemplam a corporeidade-subjetividade do educando trabalhador da EJA da RME Goiânia. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Participantes Serão participantes da pesquisa os profissionais das instituições selecionadas, abrangendo: gestores, coordenação, professores de Educação Física, educandos e servidores administrativos. Acredita-se que esses sujeitos poderão atender os objetivos propostos no estudo. O critério de seleção será buscar pessoas que estudam e trabalham, e apresentem uma boa frequência às aulas. Procedimentos Para alcançar os objetivos propostos no estudo, serão utilizados procedimentos escritos e orais, visando ampliar as possibilidades de construção de informações. Assim, serão utilizados questionários para investigação do perfil sócio econômico, cultural e de lazer dos educandos da EAJA; entrevistas semiestruturadas com os profissionais da instituição, visando conhecer o contexto e as características do processo educativo. A elaboração das perguntas para os sujeitos pesquisados terá o mesmo eixo temático como forma de analisar visões, opiniões e conceitos diferenciados dos professores, gestores e educandos envolvidos com a EAJA sobre a corporeidade ou corporalidade. Também será realizada uma análise documental da Proposta - Político Pedagógica da Rede Municipal de Educação de Goiânia, com o objetivo de identificar e analisar as propostas da EAJA para o componente curricular de Educação Física com foco na corporeidade.
3 A fim de maximizar a confiabilidade dos resultados obtidos nessa pesquisa, tem-se, como procedimento, a realização de um instrumento de registro das observações, onde serão feitas as anotações de fatos relevantes ao estudo. Para análise das informações construídas no processo de investigação, será utilizada a Análise de Conteúdo, fundamentada nos estudos de Bardin (1977) e do livro Análise de Conteúdo da autora Maria Laura B. Franco. Os cuidados éticos da pesquisa constituirão com um termo de consentimento livre e esclarecido para instituição escolar pesquisada ressaltando que sua identidade é de caráter sigiloso e jamais será revelada, bem como os participantes da pesquisa tem o direito de retirar o seu consentimento a qualquer tempo. Análise e Discussão O corpo constitui objeto de estudo e pesquisa de diferentes áreas de conhecimentos. Compreendê-lo é um exercício intelectual complexo na sociologia, antropologia, filosofia, psicologia, biologia, na área da Educação e principalmente do corpo em movimento na Educação Física. Então o foco dessa pesquisa é considerar o corpo humano na dimensão social que transforma a natureza e a si próprio. Ao mesmo tempo que o corpo é concreto, é, também, carregado de subjetividades que influenciam no comportamento das pessoas, seu modo de interagir com o mundo e com o outro. Possui a inteligência, a comunicação por meio da linguagem, o trabalho, a consciência, a criatividade e a capacidade de transformar a natureza, são essas características inerentes ao ser humano que o diferem dos demais animais no planeta terra. Vale ressaltar que a compreensão do contexto histórico e político da Educação de Jovens e Adultos no Brasil contribui para discutir a relação do corpo do educando trabalhador com as transformações do modo de produção capitalista, conforme o sistema liberal e neoliberal. Nas nossas histórias parcelares, esquecemos amiúde que uma história da educação do corpo na escola pressupõe múltiplas histórias concorrentes e complementares: história do corpo/da medicina, história da educação/da escola/ do currículo, história dos processos sociais de formação, história das cidades/da urbanização, história da cultura/das sociedades, além de várias outras histórias. São histórias embutidas nos nossos trabalhos sobre a história da educação do corpo. (OLIVEIRA, 2007, p.122). Esta pesquisa irá abordar o contexto histórico da Educação de Adultos e mostrar como os interesses mercadológicos e de produtividade da classe burguesa e dos políticos influenciam o corpo dos educandos trabalhadores brasileiros, pois produtividade e alfabetização neste cenário estão ligadas historicamente com direito do voto.
4 Após a década de 1920, registram-se as primeiras ações para a Educação de Adultos, até então não eram conhecidas como modalidade de Educação de Jovens e Adultos. O esforço após o referido período é analisar dialeticamente como a sociedade foi influenciada pelas transformações industriais, tecnológicas com base no modo de produção capitalista. De um lado, têm-se as mudanças no cenário político e econômico, do outro a exploração do corpo do trabalhador pelo modelo fordista. Assim, é importante nesse estudo comparar as mudanças históricas ocorridas na Educação de Adultos e na Educação Física que interferiram na corporeidade dos trabalhadores e nas dificuldades destes sujeitos na trajetória da escolarização, diante da ausência de políticas educacionais adequadas. De acordo com Oliveira (2007, p.125) é preciso inscrever a história da educação física e da educação do corpo na história da escola, no modelo como a conhecemos hoje. Assim, o foco desse estudo é entender o corpo do educando trabalhador que traz marcas históricas de exploração, alienação, estranhamento, que constantemente luta para sobreviver e adquirir as necessidades básicas do ser humano. Conclusões Este texto levantou uma discussão inicial sobre a relação do corpo, trabalho na modalidade de Educação de Jovens e Adultos da Rede Municipal de Educação de Goiânia. Vale ressaltar, que são os primeiros passos para um estudo desafiador, onde teremos necessidade de aprofundar os conceitos sobre o corpo e educação tendo como base teórica o marxismo. Para Netto (2011, p. 58) articulando estas três categorias nucleares a totalidade, a contradição e a mediação -, Marx descobriu a perspectiva metodológica que lhe proporcionou o erguimento do seu edifício teórico. Ao lado dos interesses de informação ao leitor, foram selecionados referenciais teóricos que, posteriormente, serão o embasamento teórico sobre a relação do corpo, mundo do trabalho e a educação de jovens e adultos EJA. Será realizado o diálogo com os seguintes teóricos, obras e temáticas críticas, a saber: 1) Manuscritos econômico-filosóficos do autor Karl Marx (compreender o conceito de trabalho); 2) autor, Carlos Herold Junior, com o artigo (2012) Corpo no trabalho e corpo pelo trabalho: Perspectivas no Estudo da Corporalidade e da Educação no Capitalismo Contemporâneo; 3) A face oculta da escola, autor Enguita; 4) Newton Duarte (2013) a individualidade para si; 5) Marcus Aurélio Taborda de Oliveira organizador do livro Educação do corpo na escola brasileira ; 6) O livro a Educação do Corpo na sociedade do capital (2013) do autor Tadeu João Ribeiro Baptista; 7) Temáticas de currículo integrado, Marise Ramos, trabalho como princípio educativo nos estudos de Frigotto
5 e Maria Ciavatta 8) A sociologia do corpo, David Le Breton (2012); 9) Obras do autor Paulo Freire. Esta pesquisa está em fase preliminar, mas o propósito é conhecer esse sujeito educando trabalhador na relação do seu corpo com o mundo do trabalho. Assim, é possível elaborar algumas hipóteses, após, o referido aprofundamento para propor um projeto de educação de jovens e adultos na perspectiva do currículo integrado, pois, nosso objetivo é dialogar com a subjetividade desses educandos da EJA que busca a escola para dar continuidade em seus estudos, legitimar uma identidade, ou para atender os estereótipos do mercado de trabalho consumista e da classe hegemônica. Conforme Baptista (2013, p.237) educar para a emancipação implica educar o corpo da consciência e a consciência do corpo. Assim, a corporalidade é a conscientização desse trabalhador em busca de um corpo omnilateral. Dessa forma, na formação omnilateral do ser social surge a constituição do homem em todas as suas capacidades humanas, físicas, intelectuais, ou seja, um ser repleto em sua totalidade ampla. Referências BAPTISTA, Tadeu João Ribeiro. A Educação do corpo na sociedade do capital. Curitiba: Appris, BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Trad. Luís Antero Reto e Augusto Pinheiro. Lisboa: Edições 70, GOIÂNIA. Secretaria Municipal de Educação. Proposta Político Pedagógica para o Ensino Fundamental de Adolescentes, Jovens e Adultos da Rede Municipal de Goiânia, NETTO, José Paulo. Introdução ao estudo do método de Marx. São Paulo: Expressão Popular, p. OLIVEIRA, Marcus Aurélio Taborda de. Renovação historiográfica na educação física brasileira. IN: SOARES, Carmen (Org). Pesquisas sobre o Corpo. Ciência Humanas e Educação. Campinas SP: Autores Associados/ São Paulo: FAPESP, i Autor: Rafael Vieira de Araújo. Especialista em Psicopedagogia UEG (2008); Educação Física Escolar UFG (2008) e Educação de Jovens e Adultos UNB (2010). Servidor público da Rede Estadual de Educação do Estado de Goiás e da Rede Municipal de Educação de Goiânia. Mestrando pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás PUC-GO ( ). rafaelv.araujo@yahoo.com.br. Orientadora: Doutora Teresa Cristina Barbo Siqueira, PUC-GO. teresacbs@terra.com.b
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