DEFINIÇÃO DO PROFESSOR AMAURI MASCARO NASCIMENTO

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1 DIREITO DO TRABALHO CONCEITO E CARACTERISTICAS Encontra-se na doutrina várias definições e conceitos de Direito do Trabalho, alguns doutrinadores partem do critério subjetivista na formulação do conceito de Direito do Trabalho, isto é analisam a disciplina levando em conta os sujeitos a que se aplica o Direito do Trabalho. Para os subjetivistas, o Direito Positivista do Trabalho de regra só se aplica aos empregados, ou seja, aqueles que trabalham com subordinação ao poder diretivo do empregador mediante remuneração. Outros partem de uma definição mais objetiva, e definem o Direito do Trabalho a partir da matéria de que ele se ocupa (seu objeto) e não das pessoas sobre as quais o Direito do Trabalho se aplica (sujeitos). Há também definições mistas, assim entendidas aquelas que misturam critérios objetivos e subjetivos na definição, ou seja, referem-se simultaneamente às pessoas atingidas e à matéria regulada pelo Direito do Trabalho, e por essa razão é mais aceita para o atendimento da meta científica estabelecida para uma definição. DEFINIÇÃO DO PROFESSOR AMAURI MASCARO NASCIMENTO Direito do Trabalho é o ramo da ciência do direito que tem por objeto as normas, as instituições jurídicas e os princípios que disciplinam as relações de trabalho subordinado, determinam os seus sujeitos e as organizações destinadas à proteção desse trabalho em sua estrutura e atividade. Da análise do referido conceito podemos afirmar que o referido autor adota uma definição mista, e exclui do âmbito do direito do trabalho outras relações de trabalho não subordinado, como por exemplo, o trabalho autônomo. Ressalte-se também que as instituições jurídicas referidas no conceito são: sindicatos, comissões de fábrica, organismos públicos nacionais e internacionais etc. DEFINIÇÃO DE SERGIO PINTO MARTINS Direito do Trabalho é o conjunto de princípios, normas e instituições atinentes à relação de trabalho subordinado e situações análogas, visando assegurar melhores condições de trabalho e sociais ao trabalhador, de acordo com as medidas de proteção que lhe são destinadas. Evaristo Moraes Filho adota uma definição mista ao formular o conceito de Direito do Trabalho, como o conjunto de princípios e normas que regulam as relações de empregadores e trabalhadores e de ambos com o estado, para os efeitos de proteção e tutela do trabalho. Da análise dessas três definições podemos conceituar O Direito do trabalho como o ramo da ciência do direito que tem por finalidade o estudo das normas, princípios, e outros instrumentos existentes para proteger e assegurar melhores condições sociais para o trabalhador, considerado a parte mais fraca da relação jurídica de trabalho. DIVISÃO - A Disciplina Direito do Trabalho abrange os seguintes ramos de grupos jurídicos: a) Parte Geral ou Introdução ao Direito do Trabalho: É o estudo dos aspectos gerais do 1

2 estudo da disciplina, Nela são examinadas as noções básicas e normas que compõem o Direito do Trabalho, sua natureza jurídica, as fontes, princípios, etc. b) Direito Individual do Trabalho: Para alguns doutrinadores o Direito Individual se divide em Direito contratual do trabalho e Direito Tutelar do Trabalho, este último para representar a parte de garantias mínimas obrigatórias, estabelecidas em lei, como por exemplo, o salário mínimo, a limitação da jornada de trabalho, as férias de 30 dias, etc., que integram o contrato de emprego sem possibilidade de as partes do contrato sobre elas negociarem e o primeiro para analisar a relação de emprego; c) Direito Coletivo do Trabalho: é ramo do Direito do Trabalho que se dedica ao estudo dos sindicatos, representações de trabalhadores na empresa, conflitos coletivos de trabalho, negociação coletiva, greve etc.; d) Direito Internacional do Trabalho: Parte da disciplina que tem por finalidade a análise das Convenções, Recomendações e Tratados Internacionais sobre o Direito do Trabalho, a Organização Internacional do Trabalho, sua estrutura e funcionamento; e) Direito Processual do Trabalho: Ramo do direito do trabalho que tem por finalidade o estudo da parte instrumental do direito material do trabalho, ou seja, os dissídios individual e coletivo do trabalho, a Organização e a Competência da Justiça do Trabalho, e todos os instrumentos imprescindíveis para a efetiva entrega da prestação jurisdicional. NATUREZA JURÍDICA DO DIREITO DO TRABALHO Levando-se em conta os princípios e fundamentos desta disciplina jurídica, encontramos na doutrina diversas teorias que procuram explicar o ramo do Direito a que pertence o Direito do Trabalho: a) Direito Público: alguns entendem que o Direito do Trabalho integra o Direito Público, porque possui um grande número de normas de caráter cogente, imperativo, fiscalizadas pelo Estado. Neste ramo da ciência do direito a vontade das partes é muitas vezes substituída pela vontade do Estado; b) Direito Privado: Os defensores desta teoria entendem que o Direito do Trabalho pertence ao Direito Privado, pois tem origem no direito civil, através do contrato de locação de serviços. Funda-se ainda, que contrato de trabalho é um ajuste de vontade entre dois particulares (empregado e empregador), portanto, regulando interesses privados, consubstanciados num contrato, de emprego, tácito ou expresso, e por isso integra o Direito Privado. O fenômeno da existência de normas imperativas, a respeito das quais as partes não negociam, não é exclusivo do Direito do Trabalho (também ocorre no próprio Direito Civil, na parte de família e sucessões) e não serve para afastar o Direito do Trabalho do ramo do Direito Privado; c) Direito Social: É a teoria defendida por Cesariano Junior. Para esse autor o Direito do Trabalho não pertenceria nem ao Direito Público, nem ao Direito Privado. Consistiria em um tertium genus, cuja principal característica seria a de proteger o hipossuficiente, que seriam as pessoas economicamente desprotegidas na relação de emprego. E ainda, seus defensores entendem que o Direito do Trabalho está intimamente ligado ao Direito Social, pois o interesse coletivo da sociedade haverá de prevalecer sobre o interesse do trabalhador. Esta teoria recebe muitas críticas dos estudiosos do direito e não é aceita, porque não se justifica atribuir exclusivamente ao Direito do Trabalho o título de Direito Social, pois todo direito é social, e tem por finalidade regular a vida em sociedade; d) Direito Misto: Os que defendem essa teoria alegam que o Direito do Trabalho possui 2

3 normas em que prevalece tanto o interesse público, quanto o interesse particular, sendo, portanto de natureza híbrida; e) Direito Unitário: É a teoria defendida por Evaristo de Moraes Filho, para quem o Direito do Trabalho é um Direito Unitário, derivado da fusão dos conceitos público e privado. No entanto, hoje a teoria mais aceita é que sustenta que o Direito do Trabalho pertence ao ramo do Direito do Privado, pois tem por finalidade regulamentar as relações individuais de trabalho e o contrato de trabalho, que tem como sujeitos dois particulares. Importante mencionar que quando o poder público decide contratar trabalhador pelo regime da CLT, ele se equipara ao empregador comum e nesta relação jurídica não existe autoridade. FUNÇÃO DO DIREITO DO TRABALHO Será feita a análise da função do Direito do Trabalho, ou seja, quais os valores que pretender realizar, objetivos, propósitos, qual o papel que desempenha na sociedade. Encontra-se na doutrina várias respostas, independentes, mas harmônicas quanto a seu conteúdo, a saber: Função Tutelar: Para alguns o Direito do Trabalho tem como função principal proteger o trabalhador em face do poder econômico, evitando que aquele seja absorvido por este, tutela que se faz mediante a elaboração de normas assegurando um mínimo de proteção que deve ser sempre observada na relação de emprego; Função conservadora ou opressora: De acordo com esta teoria o Direito do Trabalho tem como função cercear a expressão da autonomia privada coletiva e a atividade de reivindicação dos trabalhadores. As leis trabalhistas existem com a finalidade de aparentar a manutenção de algumas prerrogativas que oferecessem aos trabalhadores uma idéia de igualdade e segurança na relação de emprego, impedindo as iniciativas que embora legítimas possam manifestar um poder de organização; Função econômica: Outros ainda advogam a tese de que a função do Direito do Trabalho é econômica, e tem por finalidade a realização dos valores econômicos, de forma que qualquer vantagem ou proteção legal somente poderia ser concedida aos empregados na medida em que não representasse prejuízo econômico. Por esse prisma da prevalência do valor econômico (lucro) sobre o valor social (proteção das condições de vida do trabalhador), o chamado processo de flexibilização, desde que justificado por necessidades econômicas, não deveria sofrer nenhum tipo de limitação pelo Estado, nem para que fossem garantidas condições mínimas capazes de proporcionar o exercício do trabalho em condições de dignidade; Função social: Outros, no entanto, afirmam a função social do Direito do Trabalho, como forma de realização de valores sociais e não de valores econômicos, valorizando a dignidade do ser humano que trabalha; Função Coordenadora: Os adeptos desta teoria defendem que a função do direito do trabalho é coordenar o capital e o trabalho, ainda que por meio de medidas negociadas que não tenham caráter único de proteger o trabalhador. CONCLUSÃO Analisando todas as teorias não se pode negar que o Direito do Trabalho tem uma função 3

4 finalística que é a melhoria das condições de pactuação da força de trabalho na ordem socioeconômica. Essa função central ainda, não pode ser vista sob uma ótica meramente individualista, focando o trabalhador isolado, mas sim levando em conta a categoria, o ser coletivo obreiro. O Direito do Trabalho, em verdade, cumpre uma função tutelar do trabalhador subordinado e, também, função coordenadora das relações individuais e coletivas de trabalho, procura conjugar o máximo de justiça social possível com a garantia da eficácia e do desenvolvimento econômico. AUTONOMIA Diz-se que um ramo do Direito é autônomo quando ele possui princípios próprios, fundamentos próprios, institutos e legislação específicos etc. A autonomia do Direito do Trabalho é reconhecida pelas seguintes razões fundamentais: Possui princípios próprios, institutos próprios, legislação própria, possuindo ainda autonomia didática e científica e jurisdicional. FUNDAMENTOS E FORMAÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO DO TRABALHO O Direito do Trabalho é um fenômeno típico da sociedade industrial, uma vez que na sociedade pré-industrial inexistia um sistema de normas jurídicas de proteção ao trabalhador. A doutrina aponta que na sociedade pré-industrial as principais formas de trabalho: a) escravidão: No regime de escravidão, o escravo não era considerado sujeito de direito, mas objeto (coisa) do direito de propriedade de outrem (dominus) por essa razão não tinha assegurado nenhum direito trabalhista. b) servidão: Num segundo momento da história, mais precisamente na Idade Média, surge o sistema de trabalho denominado servidão; que não diferia muito da escravidão. Em troca de certa proteção militar e política prestada pelo senhor feudal, era imposto um sistema de trabalho em que o indivíduo (sem ter a condição jurídica de escravo, na realidade não dispunha de sua liberdade) era sujeito a severas restrições em troca de uma parcela ínfima da produção capaz de garantir-lhe subsistência. A servidão foi um regime de trabalho que predominou até o final da Idade Média; c) corporações de ofício: Com as corporações de ofício o sistema de trabalho ainda não permitia uma normatização em favor do trabalhador. Nas corporações de ofício ou também denominadas Associações de Artes e Misteres, a identidade de profissão era utilizada como forma de aproximação entre os trabalhadores que, para exercerem a profissão eram obrigados a se unirem em corporações ou associações, que possuíam suas próprias leis profissionais. Nessas organizações, as figuras que concentravam o poder eram os mestres, proprietários das oficinas. Os mestres tinham sob suas ordens, em rígido sistema de disciplina, os aprendizes e os companheiros, os primeiros menores que eram entregues aos mestres em troca de ensino metódico do ofício ou profissão, e os segundos trabalhadores que produziam em troca de salário, proteção em caso de doença e possibilidade participação do monopólio da profissão. As corporações de ofício foram suprimidas na Europa, a partir da Revolução Francesa, vez que a igualdade, inclusive de ofício, era incompatível com o monopólio e o rigor disciplinar dessas corporações. d) Locação: A locação de serviço também era uma das formas de trabalho, verificadas na sociedade pré-industrial. Desdobrava-se em locatio operarum e locatio operis faciendi, a primeira configurando um contrato através do qual uma pessoa se obriga a prestar serviços (promessa de atividade) durante certo tempo à outra mediante remuneração e a segunda em um contrato pelo 4

5 qual alguém se obriga a executar determinada obra (promessa de resultado) à outra pessoa mediante remuneração. A locatio operarum é apontada como precedente da relação de emprego moderna, objeto do Direito do Trabalho. O SURGIMENTO DO DIREITO DO TRABALHO NO MUNDO O Direito do Trabalho nasce com o surgimento da sociedade industrial e o trabalho assalariado. A revolução industrial ocorrida no século XVIII, suscitou alterações significativas ocorridas no sistema produtivo, em decorrência do surgimento da máquina a vapor e sua utilização para a produção em larga escala, e por esta razão costuma ser apontada como o momento histórico de maior relevância para o Direito do Trabalho. A introdução da máquina no sistema produtivo deu origem a concentração de trabalhadores, surgindo então, a figura do assalariado e a liberdade de concentração, sem qualquer limite a autonomia da vontade das partes e ainda que o indivíduo continuasse a ser solicitado para o trabalho, não se levava mais em conta sua habilidade pessoal, como existia no trabalho artesanal, o trabalhador precisava apenas ser treinado para operar a máquina, o que era possível igualmente as mulheres e crianças e essa nova forma de produção causou grande desemprego, gerando o aviltamento dos salários e a depreciação das condições de trabalho. O aumento da produção industrial em larga escala fez com que surgissem aglomerados industriais, que reuniam grande número de trabalhadores em péssimas condições de vida; a reunião desses trabalhadores descontentes gerou o surgimento de grandes movimentos de protesto, por melhores condições de vida. Tais protestos geralmente eram feitos com a paralisação das atividades causando grandes transtornos sociais, o que fez com que o Estado, que até então não intervinha nas relações de trabalho tivesse que intervir, garantindo condições mínimas de dignidade nas fábricas. 5

6 PERGUNTAS: 1) O que é direito do trabalho? 2) O que é direito individual do trabalho? 3) O que é direito coletivo do trabalho? 4) O que é direito internacional do trabalho? 5) O que é direito processual do trabalho? 6) O direito do trabalho é público ou privado? 7) Quais as funções do direito do trabalho? 8) Qual a diferença entre servidão e corporações de ofício? 9) Quando surgiu o direito do trabalho? 10) Quais as causas do nascimento do direito do trabalho? 6