História da Filosofia Antiga

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1 História da Filosofia Antiga

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3 Material Teórico Introdução à Filosofia de Platão Responsável pelo Conteúdo: Prof. Ms. Anderson Luis Venâncio Revisão Textual: Prof. Ms. Luciene Oliveira da Costa Santos

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5 Introdução à Filosofia de Platão A Vida A Obra O Mito da Caverna Percepção e Conhecimento em Platão Nesta unidade, vamos conhecer a vida e a obra de uma das maiores referências da Filosofia na Antiguidade: Platão. Tal filósofo trouxe temáticas novas para se pensar a forma de interação com o mundo, além de fornecer importantes reflexões sobre ideia, percepção, conhecimento e alma. Cremos que vocês irão gostar muito do que vão aprender. Atenção Para um bom aproveitamento do curso, leia o material teórico atentamente antes de realizar as atividades. É importante também respeitar os prazos estabelecidos no cronograma. 5

6 Unidade: Introdução à Filosofia de Platão Contextualização Para iniciarmos esta unidade, sugerimos que você leia um texto explicativo sobre o Método Socrático, mais tarde também usado por Platão. Disponível em: Acesso em 20/11/

7 A Vida Platão, filho de Aristo e de Perictona de Atenas, de linhagem aristocrática, nasceu em 427 a.c. e faleceu em 347 a.c. Era descendente de Sólon, por parte de mãe, e descendente do rei Codro, fundador de Atenas, por parte de pai. Como todo jovem aristocrático de Atenas, Platão recebeu a educação tradicional: primeiramente, o ginásio, que forma um guerreiro belo e viçoso e, em seguida, o estudo da música e dos poetas, que forma o bom caráter do guerreiro. Você Sabia? Platão participou da política de sua época e, segundo alguns, teve aulas de Retórica com o sofista Crátilo, discípulo de Heráclito. Aos 20 anos, tornou-se discípulo de Sócrates. Ao viajar para Siracusa, conhece os pensamentos dos pitagóricos e, muito provavelmente, através deles, o pensamento de Parmênides. Desse modo, em linhas gerais, podemos dizer que Platão construiu sua filosofia fazendo uso da Dialética socrática para resolver o conflito entre as teses de Heráclito e de Parmênides, além de atacar a Retórica e o Relativismo dos sofistas. Fundou, em Atenas, uma escola denomina Academia, escrevendo em seu pórtico: Aqui só entram os que amam a Matemática, muito provavelmente por influência da filosofia pitagórica. O local em que se encontrava a Academia era arborizado, repleto de fontes, jardins. Além desse local situado no Noroeste de Atenas, Platão adquiriu outro, no qual construiu os alojamentos dos estudantes. A Academia perdurou até o século I a.c., e era composta de salas de aulas, biblioteca e Musion, ou seja, um local reservado às musas, deusas protetoras do pensamento, da linguagem e da poesia, onde eram ensinadas as ciências e as técnicas. Formaram-se, pela Academia, importantes matemáticos, astrônomos e políticos; além disso, nela, estudou Aristóteles por vinte anos. O ensino consistia basicamente em não transmitir doutrinas simplesmente, mas ensinar a pensar, estimulando o espírito livre, como necessita a especulação filosófica, o empenho na busca da verdade e formação ética e política. As viagens à Siracusa, narradas na chamada Carta sétima ou Viagema Siracusa, foram feitas em situações distintas. Na primeira, desgostoso com a morte de Sócrates, vai à Siracusa simplesmente para se afastar de Atenas; nas outras duas, para formar Dião e os dois Dionísios na ciência da virtude, isto é, na Filosofia ética e política. Viaja para fazer de um rei, filósofo, mas sem êxito. Desse modo, como dizem alguns historiadores de Filosofia, não tendo podido fazer do rei um filósofo, escreverá para fazer do filósofo, rei. Vejamos um trecho da Carta sétima sobre a decadência política das Cidades-Estados gregas: Finalmente, compreendi que todos os Estados atuais são mal governados, pois sua legislação é quase irremediável sem enérgicas providências unidas a felizes circunstâncias. Fui então levado a louvar a verdadeira filosofia e a proclamar que, somente à sua luz, se pode reconhecer onde está a justiça na vida públicae na vida privada. Portanto, os males não cessarão para os homens antes que a estirpe dos puros filósofos chegue ao poder ou que os governantes das Cidades, por uma graça divina, se ponham verdadeiramente a filosofar. 7

8 Unidade: Introdução à Filosofia de Platão Ressaltemos aqui três das principais ideias platônicas que percorreram a tradição do pensamento político: (i) a relação entre virtude moral do governante equalidade do regime político; (ii) a relação entre ciência política e direito de governar, sendo a política a prática da justiça por aqueles que governam; (iii) a ideia de que a saúde pública depende do feliz encontro entre o bom governante e a ocasião oportuna. A Obra A obra escrita por Platão é composta de treze cartas, a Apologia, o Menexeno e um longo trecho expositivo no Timeu, e seus vinte e três diálogos. As cartas deviam ser lidas em público para um grupo de amigos. O estilo presente nos diálogos revela toda dramaticidade própria de uma rica e incomparável literatura, além de conter toda a profundidade de seu pensamento filosófico. A escolha do diálogo para expressar suas ideias filosóficas se explica por três razões: (i) preserva a forma socrática de fazer filosofia, pois no diálogo o pensamento filosófico vai se constituindo no decorrer da discussão, cada qual expondo livremente suas opiniões e percorrendo por si mesmo o caminho do conhecimento; (ii) é a maneira mais adequada para que as ideias sejam elaboradas conforme o método dialético, que parte de opiniões reputadas como verdadeiras, procurando encontrar nelas contradições, depurando-as desse modo; e, por fim, (iii) é propriamente uma criação literária de cunho dramático, que preserva algumas características da tragédia grega, tais quais as caracterizações do local onde se desenvolve a ação, dos participantes do diálogo, da ação (seu desenvolvimento, conflitos e desenlace). Os diálogos são divididos em três períodos: (i) de juventude, aqueles que ainda sofrem forte influência do pensamento Socrático; (ii) da maturidade, aqueles que não são aporéticos como os da primeira fase; e (iii) os da velhice, aqueles que possuem um estilo mais discursivo do que dialogal. De acordo com essa ordem de períodos, vejamos como os diálogos estão distribuídos: (i) Os diálogos de juventude: Apologia: defesa de Sócrates e refutações das acusações que lhe foram feitas pelo tribunal ateniense. Críton: sobre a virtude e elogio da moral socrática; a filosofia como missão. Cármides: sobre a prudência ou a sabedoria. Crátilo: sobre a linguagem e contra o verbalismo. Eutidemo: contra a erística, isto é, o discurso estéril e sem busca da verdade. Eutifron: sobre a piedade. Górgias: sobre a Retórica como discurso mentiroso, de adulação e enganador. Hípias menor: sobre a beleza; retrato crítico do sofista como aquele que ilude. Hípias maior: sobre a beleza. Laquês: sobre a coragem. Ion: sobre a Ilíada ou os rapsodos. Lisis: sobre a amizade. 8

9 Menexeno: sátira contra a Retórica. Mênon: sobre a virtude e o saber (trata da reminiscência). Protágoras: sobre o ensino da virtude. (ii) Os diálogos da maturidade: Fédon: sobre a imortalidade da alma. Fedro: sobre a linguagem e a Retórica. República: sobre a justiça e a cidade ideal. Parmênides: sobre o ser. Banquete: sobre o amor. Teeteto: sobre as ciências e as artes. (iii) Os diálogos da velhice: Crítias (inacabado): o Estado agrário como ideal em contraste com o imperialismo comercial. Leis: o ideal político conforme a prática legislativa. Filebo: sobre os fundamentos da ética. Político: sobre o político. Sofista: sobre o sofista. Timeu (inacabado): sobre a cosmologia. O Mito da Caverna Para fazermos uma breve síntese da teoria do conhecimento em Platão, devemos atentar para o Mito da Caverna, formulado em seu livro VII de A República. O Mito, alegoria da teoria do conhecimento, pode ser descrito da seguinte maneira: em uma caverna, estão acorrentados alguns homens, desde o nascimento, que não conseguem voltar suas cabeças para a entrada da caverna. No fundo da caverna, são projetadas as sombras das coisas que passam às suas costas, onde há uma fogueira. Se um dos homens pudesse se soltar e contemplar, à luz do dia, as próprias coisas e voltasse para convencer os outros de que a verdade está lá fora e não nas projeções das sombras na parede da caverna, seria considerado um louco, de tão acostumados que estão os homens em acreditar que as sombras é que são os objetos reais. A confusão consiste em considerar as sombras como a realidade verdadeira. Porém, um dos prisioneiros consegue escapar e, ao sair da caverna, fica cego com toda a luminosidade com a qual não está acostumado. Diante da dor que sente, seu primeiro impulso é retornar para a caverna. Agora, precisará aprender a ver; tal aprendizado é doloroso. Romper com a escuridão, com a ignorância e passar a ver, a conhecer: eis o parto da alma para o mundo real. Ao se dar conta de 9

10 Unidade: Introdução à Filosofia de Platão que vivia na ilusão, que o mundo das sombras é irreal, sente-se feliz e decide retornar à caverna para convencer os outros prisioneiros do que viu. Na caverna, a escuridão agora o cega, é muito mais difícil acostumar-se com a escuridão do que com a luz. Você Sabia? Uma das passagens mais conhecidas por leigos e, muitas vezes, parafraseada na literatura mundial é justamente o Mito da Caverna de Platão. Ao falar do que viu fora da caverna, os outros não o compreendem e muito menos acreditam no que diz. Sócrates inicia o Mito fazendo uma analogia entre conhecer e ver. Todos os nossos sentidos são capazes de perceber os objetos sensíveis, mas a visão necessita da luz como condição para que ocorra, ou seja, não bastam os olhos e as cores, a luz é quem permite que os olhos vejam as cores e que as cores sejam vistas pelos olhos. Portanto, é graças ao Sol que há o mundo visível, que há luz nos olhos e nas coisas visíveis. Analogamente, a ideia suprema, ideia de Bem dá à alma e as outras ideias existência perfeita e, desse modo, graças à ideia de Bem há o mundo inteligível. Assim como na ausência de luz não há visão, mas cegueira, escuridão, na ausência de ideias, não há conhecimento, mas ignorância, ilusão. Para haver conhecimento, é preciso haver libertação e iluminação. As sombras são cópias das coisas sensíveis, portanto, apenas ilusões. A Filosofia, pela Dialética, deve libertar e iluminar a alma que, das sombras, passa para as coisas sensíveis e, das coisas sensíveis, para as ideias. Como a alma possui por natureza a capacidade de conhecer, a educação, a paideia tem como função orientá-la para o conhecimento real e verdadeiro. Da cegueira somos dialeticamente levados à luz, do mundo sensível ao mundo inteligível. Esse é o movimento de ascensão intelectual (Dialética Ascendente) e, por sua vez, o retorno à caverna representa o movimento de descenso (Dialética Descendente), isto é, de levar os outros a percorrer o caminho de ida às ideias. O movimento dialético é duplo e a prática filosófica de libertação da alma é duplamente dolorosa. A ascensão é dolorosa, quase insuportável, e o retorno significa deixar de lado a luz e a felicidade, imposição terrível à alma libertada, para ensinar aos outros o caminho da verdade. A questão que nos resta é sobre a seguinte árdua tarefa do filósofo: como convencer os homens que não veem a ver, os que estão na ignorância a conhecer? Percepção e Conhecimento em Platão 10 O que é perceber e o que é conhecer para Platão? Platão expõe a doutrina parmenidiana da percepção em seu diálogo Teeteto e a toma como sua, contra a doutrina sofística de percepção. A alma, para Platão, vê algumas coisas por si mesma, conhece por si mesma, por exemplo, o ser e a essência, e outras coisas através dos órgãos do sentido; ela percebe o dado sensível próprio de cada órgão sensível não com o órgão mas através do órgão, enfatizando que não é o corpo

11 que percebe com os órgãos, mas a alma através do corpo. Com o conceito de alma, Platão recupera a identidade do sujeito que havia se diluído no eterno vir-a-ser heraclitiano, sendo a alma aquela que unifica diversas sensações, como diz Sócrates, seria bem terrível, meu rapaz, se as diversas percepções estivessem instaladas em nós como em cavalos de madeira, sem que tudo isso não convergisse para uma única forma, quer se lhe chame alma, quer como haja de se chamar, pela qual, por meio dos sentidos, que são como instrumentos, experimentamos as percepções de tudo o que percebemos (Teeteto, 184d).Ou seja, com a alma, podemos dizer que duas qualidades sensíveis pertencem à mesma coisa. O argumento é negativo, a saber: como não é possível discriminar duas qualidades heterogêneas ao mesmo tempo, nem a diferença que existe entre duas qualidades homogêneas ou heterogêneas através de um mesmo órgão, por exemplo, não podemos perceber o que percebemos através do ouvido através da vista, e nem o contrário é possível. Portanto, deve haver uma alma que faça isso. Para Platão, a alma apreende os sensíveis por ter o poder de discernir o que eles têm em comum e de diferente, e esse poder não é a percepção, mas a reflexão ou o raciocínio. Ou seja, o intelecto conhece noções universais como a semelhança e a dessemelhança, a identidade e a diferença, a unidade e a pluralidade que, aplicadas aos dados sensíveis, possibilitam à alma discernir um sensível de outro. Desse modo, pergunta Sócrates a Teeteto: qual é o poder que discerne, não apenas os objetos sensíveis, mas em todas as coisas, noções universais tais como as denominadas ser e não ser e aquelas outras que nós estávamos perguntando (semelhança e dessemelhança, identidade e diferença, unidade e outros números que são aplicados aos sensíveis) quais órgãos você assinalará para as percepções dessas noções? (Teeteto, 185d), e Teeteto responde dizendo que, para as noções universais, não há órgão correspondente, pois são contempladas pelo intelecto por si mesmo. Do mesmo modo em que a sensação de um sensível específico não é feita pelo órgão específico, já que é o intelecto que apreenderá tal objeto sensível, também a sensação comum, isto é, a percepção de mais de um sensível homogêneo ou heterogêneo, ao mesmo tempo, não pode ser feita por um órgão do sentido específico, pois, segundo Platão, é o intelecto que tem essa função de identificar o que é comum e separar o que é diferente. Seguindo a argumentação do diálogo, vemos que há no homem a capacidade natural de receber as impressões sensíveis simples através do corpo, mas que tais impressões são indeterminadas até que a alma lhes dê determinação e que, portanto, a percepção é simplesmente a capacidade natural de receber os sensíveis através dos órgãos do sentido, sendo o intelecto incumbido de retomar tais objetos e compará-los, a fim de lhes atribuir definição, de conhecer as suas essências. Quando Sócrates pergunta: E ela [a alma] não percebe a dureza do que é duro pelo tato, e a moleza do que é mole pelo tato?. Teeteto responde que sim e Sócrates continua: Mas suas essências e o que são, e suas oposições umas às outras, e a essencial natureza dessa oposição, a alma, por si mesma, tenta determinar para nós retomandoos e comparando-os uns com os outros (Teeteto, 186c). Fonte: Wikimedia Commons 11

12 12 Unidade: Introdução à Filosofia de Platão Perceber, portanto, não é senão receber impressões sensíveis indistintas até que a alma, ao rever e comparar tais impressões, decida por meio do raciocínio a questão e a quais outras impressões se opõem. Se, por um lado, a percepção tem a função descrita acima e é uma capacidade que tanto animais como homens possuem desde o nascimento, por outro lado, a reflexão sobre o ser e outras noções universais são adquiridas lentamente pela educação e pela experiência. Se a apreensão da verdade é a apreensão do ser, então (i) não pode alcançar a verdade quem falha na apreensão do ser, e (ii) quem falha na apreensão do ser não encontra a verdade, ou não pode ter conhecimento de algo. Logo, o conhecimento consiste no raciocínio sobre as impressões e não na percepção das impressões, ou seja, o conhecimento não consiste em impressões do sentido, mas no raciocínio sobre elas, apenas neste e não na mera impressão a verdade e o ser podem ser alcançados (Teeteto,186c). O conhecer é um processo absolutamente distinto da percepção, no qual a mente está sozinha e voltada para os seres, enfim, quando ela se aplica por si só ao estudo dos seres. Em suma, para Platão, não é possível ter conhecimento a partir do incognoscível, por isso não é possível conhecer a partir dos dados sensíveis que, tomados em si mesmos, são incognoscíveis. Se e somente se refletirmos sobre os sensíveis, é possível conhecê-los. Por isso, o conhecimento está na ação do intelecto sobre os sensíveis e isto constitui, por assim dizer, a percepção para o filósofo. Enfim, todo conteúdo perceptível, que é em si mesmo incognoscível, deve ter elementos intelectivos para ser conteúdo cognitivo. Podemos concluir, portanto, as seguintes distinções: (i) os conteúdos sensíveis são, em si mesmos, incognoscíveis e não é função da percepção, mas do intelecto conhecê-los; sendo assim, inferimos que os sensíveis só podem ser conhecidos quando governados por elementos intelectuais; (ii) os conteúdos sensíveis tornam-se cognoscíveis pelo intelecto à medida que eles forem determinados pelas noções comuns de existência, similaridade e unidade (ta koina); e (iii) os conteúdos inteligíveis são cognoscíveis em si mesmos e o intelecto os conhece quando a alma se volta para si mesma. Em resumo, temos dois paradigmas: o paradigma sofístico da identidade entre conhecimento e sensação e o paradigma platônico da separação absoluta entre conhecimento e sensação. O paradigma sofístico pode ser resumido em quatro partes, a saber: (i) as sensações são sempre verdadeiras para aquele que percebe; (ii) as sensações ocorrem de acordo com a disposição da alma do paciente; (iii) a qualidade sensível da coisa externa e a capacidade perceptiva do sujeito passam a existir no instante perceptivo e enquanto durar a percepção. Por fim, (iv) aquele que percebe não percebe mais verdadeiramente do que outro, mas melhor ou pior de acordo com a sua disposição de alma. O sábio, portanto, é aquele que tem uma opinião melhor ou mais bem sucedida para si e para os outros e é capaz de convencer de sua opinião. O paradigma platônico pode ser resumido em três partes: (i) perceber é receber na alma os objetos sensíveis através do corpo; (ii) apreendemos as qualidades sensíveis enquanto impressões incognoscíveis que serão conhecidas pelo intelecto somente. Percebemos as qualidades sensíveis, mas não as discriminamos, pois não sabemos o que são, não conhecemos as suas essências apenas ao perceber, senão somente quando refletimos sobre a impressão recebida. Percebemos, por exemplo, pelo tato a dureza ou a moleza, mas sabemos que tal coisa é dura ou mole e, portanto, que tal qualidade sensível percebida pelo tato é uma qualidade de tal tipo (dura), diferentemente de outra qualidade de outro tipo (mole), pelo intelecto apenas. Por fim, (iii) tendo sabido o que é percepção para Platão e em que difere do conhecimento, resta-nos explicitar qual é a sua função, a saber: a função da percepção é fornecer material para estimular o intelecto a encontrar o ser das coisas, e isso ocorre quando o mesmo se depara com sensações contrárias, isto é, com objetos que, ao mesmo tempo, nos conduzem a reflexões contrárias.

13 Na obra República, livro VII, Platão nos diz que há sensíveis que não fazem apelo à reflexão, e outros que nos obrigam a refletir. Os primeiros são aqueles que não nos mostram de modo evidente certa contradição, o que é explícito no segundo caso. Todavia, como vimos, sejam os sensíveis que fazem apelo à reflexão por aparecerem como contraditórios, sejam aqueles que não fazem tal apelo explícito, ambos tornam-se cognoscíveis apenas pelo intelecto à medida que são governados por elementos intelectuais. Platão, em detalhe da Escola de Atenas, de Rafael Sanzio (c. 1510). Satanza della Segnatura. No caso da percepção de sensíveis contraditórios, temos que o mesmo sentido recebe sensações contrárias de uma mesma coisa. Portanto, quando umacoisa se mostra com qualidades contrárias, como dura e mole, leve e pesada, tal impressão contraditória leva o raciocínio a se exercitar e buscar uma definição queelimine a contradição, pois uma mesma coisa não pode ser A e não A ao mesmo tempo. Por exemplo, no caso da percepção dos dedos: cada um deles parecem igualmente um dedo, mesmo o que é visto no meio ou na extremidade, mesmo preto, ou branco, ou grosso, ou fino isto não faz diferença. (República VII: 523d), ou seja, quando vemos os dedos, o intelecto não é compelido ao raciocínio, mas quando percebemos com o tato que o mesmo dedo é mole e duro ao mesmo tempo, então, diante dessa contradição fornecida pelo tato, o intelecto é forçado a pensar e distinguir a dureza da moleza, o que implica buscar pelas ideias de duro e de mole. Diante dessa perplexidade, a alma apela à reflexão (logismos) e à inteligência (noêsis) para saber se se trata de uma mesma coisa ou de duas. Um outro exemplo é quando percebemos pela vista o grande e o pequeno misturados em uma mesma coisa, apesar de serem qualidades separáveis. Ao contrário da visão, que vê duas qualidades misturadas, a inteligência é levada a contemplar as duas qualidades de modo distinto, discriminando-as. Para tanto, devemos saber previamente o que é a grandeza e a pequeneza. Temos, por um lado, os objetos visíveis, que são as qualidades do grande e do pequeno vistas de modo indistinto, e, por outro, os objetos inteligíveis, que é a ideia do que é grande e a do que é pequeno. Desse modo, para percebemos objetos múltiplos e indistintos que correspondem a uma única ideia presente na alma, ela deve reconsiderar e comparar tais objetos sensíveis entre si e com as ideias correspondentes para defini-los. Como havíamos dito, a ideia que corresponde ao ser das coisas (por exemplo, a ideia de grande ou de pequeno), bem como as noções universais de semelhança e dessemelhança, identidade e diferença, unidade e multiplicidade são necessárias para que o intelecto possa discernir os sensíveis e afirmar que uma multiplicidade de qualidades distintas entre si pertence a uma mesma coisa. Como diz Platão, se nós vemos a mesma coisa como unidade e ilimitada multiplicidade ao mesmo tempo (Teeteto, 525a), o filósofo, emergindo do mundo da constante geração e alteração sensível, deve se utilizar da ciência do número, a aritmética, para atingir a essência. Podemos concluir que, para que tenhamos o conteúdo do que é um dedo, este já está sendo governado pela intelecção. Se não fosse governado, nada disso estaria sendo dado ou conhecido. O filósofo, portanto, faz apelo aos elementos intelectuais que governam as sensações e que permitem a elas serem conteúdos cognitivos. Em suma, perceber requer atividade intelectual para Platão. A percepção, portanto, é governada por elementos intelectuais, independentemente de o sujeito notar isso ou não. Ao adentrar na atividade intelectiva, o sujeito dá as costas à percepção. Uma vez no domínio das ideias, não faz sentido voltar à empiria. Ora, uma vez conhecendo o que são os sensíveis com a alma, devemos deixar de lado a transitoriedade dos sensíveis presentes no mundo e nos voltarmos para a ideia que obtivemos na busca de torná-los cognoscíveis. Enfim, uma vez de posse da ousia (a essência) dos sensíveis, os próprios sensíveis não têm qualquer serventia na aquisição do conhecimento. 13

14 Unidade: Introdução à Filosofia de Platão Material Complementar Links:»»

15 Referências ANDRADE, R. G. Platão. O cosmos, o homem e a cidade. Um estudo sobre a alma. Petrópolis: Vozes, CHÂTELET, F. Platão. Lisboa, Rés, s/d.. El pensamiento de Platão. Barcelona: Editorial Labor, s/d. CHAUÍ, M. Introdução à História da Filosofia. Vol. 1, São Paulo, Companhia das Letras, CORNFORD, F. M. The Republic of Plato. Oxford: Oxford University Press, Plato s Cosmology. Oxford: Oxford University Press, FIELD, G. C. The Philosophy of Plato. Oxford: Oxford University Press, GOLDSCHMIDT, V. A religião de Platão. São Paulo: Difusão Européia do Livro, HEIDEGGER, M. A questão platônica da verdade. Lisboa: Rés, s/d. HERÓDOTO. História. 2 vols. Rio de Janeiro: Editora Jackson, KOYRÉ, A. Introdução à leitura de Platão. São Paulo: Martins Fontes, KRAUT, R. H. The Cambridge Companion to Plato. Cambridge: Cambridge University Press, TUCÍDINES. História da Guerra do Peloponeso. Livro I. São Paulo: Martins Fontes, VLASTOS, G. Platonic Studies. Princeton: Princeton University Press, MÊNON. Tradução de Jorge Paleikat. Porto Alegre: Globo BANQUETE. Tradução de José Cavalcante de Souza. In: Platão. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural,1972,. FÉDON. Tradução de Jorge Paleikat. In: Platão. São Paulo: Abril Cultural, GÓRGIAS. Tradução de Jaime Bruna. São Paulo: Difel, PLATÃO. Teeteto. Tradução e comentário de Adriana Manuela Nogueira e Marcelo Boeri. Lisboa: Fundação Calouste, PLATÃO. Diálogos. Tradução e notas de José Calvancante de Souza. São Paulo: Nova Cultural,1991. TEOFRASTO. Sobre las sensaciones. Edição, introdução, tradução e notas de José Solana Dueso. Salto de Pirapora: Ed. Anthropos,

16 Unidade: Introdução à Filosofia de Platão Anotações 16

17 Campus Liberdade Rua Galvão Bueno, 868 CEP São Paulo SP Brasil Tel: (55 11)

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