Capacidade estatal, concursos e carreiras burocráticas
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1 Capacidade estatal, concursos e carreiras burocráticas Sérgio Praça burocraufabc.wordpress.com (sergiopraca0@gmail.com) Temas da aula 1) Delegação políticos burocratas 2) Componentes da capacidade estatal 3) Carreiras burocráticas no Brasil 4) Construindo capacidade: agências governamentais e salários 1
2 (1) Delegação políticos burocratas Relações de representação e custos informacionais: por que a maioria dos cidadãos são (ou parecem!) apáticos com relação à política? Cadeias de delegação: 1) Cidadãos representantes eleitos; 2) Representantes eleitos burocratas (1) Delegação políticos burocratas Para evitar agency loss (perda por delegação), políticos podem: i) Selecionar composição do agente; ii) Escrever contrato detalhado sobre o que agente poderá fazer; iii) Requerer que agente submeta suas decisões ao chefe; iv) Limitar possibilidade de agente agir de modo independente (outras instâncias organizacionais para observar ação do agente) 2
3 (2) Capacidade Estatal (Bersch, Praça, Taylor 2013) Capacidade Qtde de funcionários na Carreira Fim Qtde de funcionários em Carreiras Generalistas Média do tempo de serviço dos funcionários da agência Autonomia Qtde de funcionários com cargos de confiança 1 3 filiados a partidos Qtde de funcionários com cargos de confiança 1 3 filiados a partidos Qtde de funcionários requisitados de outras agências Qtde de funcionários sem cargos de confiança filiados a partidos Média salarial dos funcionários da agência (2) Capacidade Estatal Delegação e capacidade estatal Variação entre agências burocráticas e áreas de políticas públicas O clássico argumento de Barbara Geddes/Edson Nunes 3
4 (3) Carreiras burocráticas Definição Diagnóstico sobre carreiras no Brasil Carreiras deveriam ser implementadas no Brasil? Bresser Pereira 1996 Concurso; Grande amplitude salarial; Mecanismos de promoção interna; Hierarquia São informais, à exceção de poucas agências (Exército, MRE) Não: reforma gerencial tornaas obsoletas Bersch, Praça e Taylor 2014 Concurso; Relação com atividadefim da agência São formais e variam muito de acordo com a área da política pública (3) Carreiras burocráticas Bresser 1996 As carreiras burocráticas, no Brasil, são antes carreiras pessoais do que carreiras formais. São carreiras extremamente flexíveis, constituída por funcionários que formam a elite do Estado. Estes funcionários circulam intensamente entre os diversos órgãos da administração, e, ao se aposentarem, tendem a ser absorvidos pelo setor privado 4
5 (4) Agências, carreiras e salários Carvalho 2011 As várias leis e decretos que ao longo dos anos de 1980 criaram carreiras, assim procederam de modo casuístico, para proporcionar melhorias remuneratórias discricionárias e dispersas, geralmente à base de gratificações incorporadas aos salários, o que resultou na criação de pseudocarreiras e na ampliação do leque remuneratório no Executivo federal. Os cargos/carreiras resultam de circunstâncias diversas, notadamente associadas a capacidade e poder de barganha das categorias, sem vínculo maior com uma política mais consistente de gestão de pessoal. (4) Agências, carreiras e salários Há uma hierarquia entre as organizações e funções públicas. Há órgãos públicos e carreiras de Estado mais ou menos influentes na definição da política salarial, a depender da sua importância no funcionamento da máquina estatal. O núcleo duro do sistema administrativo federal, no âmbito da administração direta, referente às funções de Defesa Jurídica do Estado, Tributária e Polícia Federal aufere níveis de vencimento mais elevados. (...) 5
6 (4) Agências, carreiras e salários A tendência é da política de reajuste de vencimento de determinados cargos e carreiras em um determinado órgão atingir os demais cargos no âmbito desse órgão. Como num efeito transbordamento, reajustes tendem a se disseminar pelo conjunto de servidores do órgão público em questão. Como exemplo, o reajuste de vencimento dos cargos de nível auxiliar das carreiras de pesquisa, ciência e tecnologia, do DPF, e dos cargos de nível intermediário do Ipea e das agências reguladoras, acompanha de perto os reajustes concedidos aos cargos chave desses órgãos (4) O poder da Polícia Federal No DPF a maioria dos cargos de nível auxiliar teve acentuado reajuste de vencimentos e que os reajustes foram bastante variáveis entre si. Dois fatores podem explicar essas diferenças: a implantação da política remuneratória à base do princípio da justiça social. (...) O segundo fator correspondeu ao maior prestígio e poder de barganha de certos órgãos e instituições, a exemplo do Departamento de Polícia Federal (DPF). Seu PEC concedeu a maior taxa de reajuste dos vencimentos (172,8%) no período
7 (4) A desigualdade no DNIT Há também aquelas situações em que um mesmo cargo possui vencimentos muito diferenciados, a depender do órgão de lotação e do plano de cargos/carreiras em que se insira. Assim ocorre com o cargo de analista administrativo. O seu vencimento nas carreiras de regulação, em dezembro de 2008, era de R$ 9.552,00. No DNIT, o valor do seu vencimento é de R$ 3.822,00, que corresponde a 40% do vencimento mais alto. Referências Bersch, Katherine; Praça, Sérgio; Taylor, Matthew. State capacity and bureaucratic autonomy within national states: mapping the archipelago of excellence in Brazil. Texto apresentado no congresso da Latin American Studies Association, Washington DC, Bresser Pereira, Luiz Carlos. Da administração pública burocrática à gerencial, Revista do Serviço Público, v. 47, n. 1, 1996, p Carvalho, Eneuton Dornellas Pessoa. Salários e política de vencimentos no poder Executivo federal na primeira década de 2000, in Cardoso Jr., José Celso. (org). Burocracia e Ocupação no Setor Público Brasileiro. Brasília, IPEA, 2011, p
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