EFEITOS CRÔNICOS DO TREINAMENTO CONTRA- RESISTÊNCIA SOBRE A FLEXIBILIDADE DE INDIVÍDUOS NÃO-ATLETAS
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- Carlos Cortês Capistrano
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1 ARTIGO EFEITOS CRÔNICOS DO TREINAMENTO CONTRA- RESISTÊNCIA SOBRE A FLEXIBILIDADE DE INDIVÍDUOS NÃO-ATLETAS Alexandre Thomaz F. Barros* Paulo Roberto S. Amorim ** RESUMO Considerando a flexibilidade como importante componente da aptidão física relacionada à saúde, objetivou-se neste estudo verificar as alterações ocorridas na flexibilidade com a prática de exercícios contra-resistência (ECR). A amostra foi composta por 25 indivíduos não-atletas de ambos os sexos. Para mensurar a flexibilidade foi utilizado o Flexiteste (FT) (PAVEL e ARAÚJO, 1980). Os sujeitos realizaram 24 sessões de ECR. A série foi padronizada quanto a exercícios, repetições, forma de execução e intervalos. Não foi feito nenhum exercício de alongamento durante o tratamento. Após a 24 a sessão, foi novamente aplicado o FT. Na análise dos resultados utilizou-se o teste T de Student (p 0,05). Os resultados evidenciaram diferença significativa em relação ao sexo feminino (p=0,03) e não-significativa para o sexo masculino (p=0,06) quanto ao flexíndice. As diferenças entre os sexos foram significativas antes (p=0,03) e após (p=0,01) o ECR. Os resultados para homens e mulheres, respectivamente, foram: joelho+tornozelo - 0,17 e 0,03; quadril - 0,14 e 0,02; tronco - 0,14 e 0,01; punho+cotovelo - 0,37 e 0,22; e ombro - 0,04 e 0,05. Esses resultados permitem concluir que os ECRs afetam a flexibilidade de maneira diferenciada entre as articulações, influenciam o comportamento da flexibilidade entre os sexos diferenciadamente e alteram os níveis de mobilidade articular quando não precedidos ou sucedidos de alongamentos. Palavras-chave: flexibilidade, alongamento, treinamento contra-resistência, nãoatletas. Introdução A força, a potência, a agilidade e outras valências têm sido alvo de grande número de estudos; entretanto, a flexibilidade não tem sido * Universidade Castelo Branco. ** Universidade Federal de Viçosa. R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 9, n. 2, p ,
2 adequadamente explorada, fato este responsável pelas poucas informações sobre o nível de treinabilidade e a intensidade ideal de trabalho (ARAÚJO, 1987). Essa premissa, formulada há 13 anos, continua verdadeira, pois no que diz respeito à mobilidade articular e às atividade fisico-desportivas, bem como à maneira com que se influenciam mutuamente, existe certa carência na literatura, deixando espaço para algumas indagações, como, por exemplo: será que a prática de determinadas atividades pode alterar os padrões de flexibilidade? A mobilidade que certas atividades proporcionam é capaz de provocar alterações nessa qualidade física a partir de qual intensidade? Segundo o posicionamento padrão do American College of Sports Medicine - ACSM (1998), a inclusão dos exercícios de flexibilidade entre as variáveis fundamentais para uma boa aptidão física em adultos saudáveis baseiase nas evidências de múltiplos benefícios, como a manutenção dos padrões de movimento e o incremento do desempenho muscular, além dos aspectos relacionados a prevenção e tratamento de lesões músculo-esqueléticas. Em geral, no treinamento de não-atletas aconselha-se que, após as sessões de treinamento de sobrecarga, os praticantes executem séries de flexibilidade; esse procedimento advém de estudos, como os de MÖLLER et al. (1985), por verificarem que em alguns desportos, onde o uso de força é acentuado, existe diferença nos níveis de flexibilidade entre grupos de atletas. Nesse sentido, podemos também nos reportar a DANTAS (1995) e ACHOUR JÚNIOR (1998), os quais sugerem que exercícios de alongamento e musculação sejam feitos em conjunto, pois atividades que exigem grande utilização de força requerem o complementar trabalho de flexibilidade. Os trabalhos, em sua maioria, não retratam a flexibilidade para a maior parte da população e sim para um público específico, geralmente atletas de determinadas modalidades desportivas (FARINATTI, 1994). Efeitos acentuados dos exercícios de flexibilidade podem ser observados mesmo após uma única sessão, como resultado do aquecimento (ARAÚJO e HADDAD, 1985). Efeitos a longo prazo são prováveis após três ou quatro semanas de treino regular (CORBIN e LINDSEY, 1988). Até onde pudemos verificar, encontramos na literatura uma lacuna no que diz respeito ao efeito a longo prazo do trabalho contra-resistência sobre a flexibilidade de indivíduos não-atletas. Um interessante estudo sobre os efeitos agudos do treinamento de força sobre a flexibilidade em não-atletas foi conduzido por MONTEIRO e FARINATTI (1996), os quais verificaram que o treinamento de força pode não afetar a flexibilidade em todos os movimentos articulares, além de se manifestar diferentemente entre os sexos. Contudo, a maior limitação observada neste 24 R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 9, n. 2, p , 2001
3 estudo consistiu no fato de os autores não terem tido a oportunidade de gerenciar variáveis fundamentais ao treinamento de força, como o tipo de série, o número de exercícios, a forma de condução e as intensidades dos exercícios. Considerando as recomendações de MONTEIRO e FARINATTI (1996), neste estudo objetivou-se verificar os possíveis efeitos crônicos sobre a mobilidade articular da prática de atividades contra-resistência em um grupo de indivíduos não-atletas de ambos os sexos. Metodologia A amostra foi composta, inicialmente, por 25 indivíduos, 15 do sexo masculino e 10 do sexo feminino; contudo, de acordo com o critério estabelecido para eliminação de sujeitos da amostra, que foi exceder a 12,5% de faltas, o que representou um total de 3 faltas, houve a eliminação de 10 sujeitos. A amostra considerada, ao término do estudo, foi de 15 indivíduos - 8 do sexo feminino com idades entre 16 e 26 anos (X=19,8±3,4) e 7 do sexo masculino com idades entre 18 e 25 anos (X=21±3,0) - não-praticantes de atividades físicas regulares. Após a realização da primeira avaliação da flexibilidade, através do flexiteste, foram iniciadas as sessões de exercícios. Todos os sujeitos realizaram 24 sessões de exercícios contra-resistência, durante oito semanas, com periodicidade semanal de três vezes em dias alternados. A série foi padronizada quanto a tipos de exercícios, número de repetições, forma de execução e intervalos de recuperação. Os sujeitos participantes da amostra não realizaram nenhuma espécie de exercício de alongamento ou qualquer outro tipo de atividade física regular durante o tempo de duração da pesquisa; no entanto, não foi possível controlar as atividades diárias que proporcionassem trabalho físico, ou mesmo aquelas que requisitassem alongamentos dos segmentos corporais, bem como a participação individual em atividades recreativo-desportivas. Por se tratar de indivíduos que não praticavam atividades físicas regularmente, optou-se por não realizar testes para verificar a força máxima, em função da possibilidade de lesões e desconfortos possivelmente advindos de testes de carga com caraterísticas máximas. Foram realizados 13 exercícios, a saber: voador invertido, abdominal supra, leg-press alto, puxada por trás no pulley alto, cadeira extensora, supino reto, abdominal infra, mesa flexora, desenvolvimento com halteres, cadeira adutora, rosca bíceps no robô, panturrilha no leg-press e rosca tríceps no robô. Todos os exercícios eram executados de forma alternada por segmento corporal, R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 9, n. 2, p ,
4 em três séries. O número de repetições foi de oito para a musculatura do tronco, com exceção do abdome, onde foram realizadas 20 repetições; 10 repetições para os membros inferiores; e seis repetições para os membros superiores. Vale ressaltar que os indivíduos não realizaram nenhum exercício de alongamento. Após a 24ª sessão de treinamento contra-resistência, foi novamente testada a flexibilidade através do Flexiteste. Para medir a flexibilidade, foi utilizado o Flexiteste (PAVEL e ARAÚJO, 1980; ARAÚJO, 1987), que consiste na medida e avaliação da mobilidade passiva máxima de 20 movimentos articulares. O método mede a flexibilidade nas articulações do tornozelo, joelho, quadril, tronco, punho, cotovelo e ombro. Oito movimentos são feitos nos membros inferiores, três no tronco e nove nos membros superiores. A descrição cinesiológica dos movimentos pode ser observada na Tabela 1. Tabela 1 - Descrição cinesiológica dos 20 movimentos do Flexiteste I flexão do tornozelo II extensão do tornozelo III flexão do joelho IV extensão do joelho V flexão do quadril VI extensão do quadril VII adução do quadril VIII abdução do quadril IX flexão do tronco X extensão do tronco XI flexão lateral do tronco XII flexão do punho XIII extensão do punho XIV flexão do cotovelo XV extensão do cotovelo XVI adução posterior do ombro com 180 graus de abdução XVII extensão com adução posterior do ombro XVIII extensão posterior do ombro XIX rotação lateral do ombro com 90 graus de abdução * XX rotação medial do ombro com 90 graus de abdução * * com cotovelo flexionado a 90 graus 26 R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 9, n. 2, p , 2001
5 Cada movimento é medido em uma escala crescente de números inteiros de 0 a 4, perfazendo um total de cinco valores possíveis, em que 0 = muito fraco, 1 = fraco, 2 = médio, 3 = bom e 4 = excelente. A medida é feita através da comparação entre a amplitude de movimentos articulares obtidas e os mapas de avaliação, tornando-se as amplitudes intermediárias pelo valor imediatamente inferior exibido nos mapas. Muito embora a análise do Flexiteste deva ser feita para cada um dos movimentos em separado, é possível somar os resultados, obtendo-se um índice geral de flexibilidade, denominado Flexíndice, variando de 0 a 80. Apesar dos cuidados a serem considerados quando de sua utilização, esse índice pode ser útil em estudos comparativos em geral (ARAÚJO, 1987). A descrição do Flexíndice é a seguinte: < 20 = muito fraco; 20 a 30 = fraco; 31 a 40 = médio (- ); 41 a 50 = médio (+); 51 a 60 = boa; e ³ a 60 = excelente. Durante a execução do teste, recomenda-se que os movimentos sejam conduzidos de forma lenta, a partir da posição demonstrada na figura - base (valor 0), indo até o ponto de surgimento de desconforto ou restrição mecânica. Finalmente, deve-se ressaltar que o método é aplicado sem qualquer aquecimento prévio e os movimentos, por padronização, são realizados no lado direito do avaliado (ARAÚJO, 1987). Para a aplicação do trabalho contra-resistência, utilizaram-se aparelhos do tipo aglomerado, da marca Riguetto. Os testes de flexibilidade e a aplicação do tratamento foram realizados na sala de musculação do Clube Petropolitano, na cidade de Petrópolis-RJ. Os dados foram coletados no período da manhã, entre 10h30 e 12 horas. O procedimento estatístico utilizado foi o teste T de Student, para verificar diferenças entre duas médias de amostras pareadas. Os indivíduos foram testados quanto aos níveis de flexibilidade, no início do período de treinamento contraresistência e no término deste, o que ocorreu 60 dias após. Foram verificadas as diferenças entre o flexíndice e as cinco articulações, ou grupo de articulações, a saber: joelho+tornozelo, quadril, tronco, punho+cotovelo e ombro, além das diferenças entre os sexos tanto no início do programa de atividades contraresistência como no término deste. Apresentação e discussão dos resultados A identificação de condições de hipermobilidade ou hipomobilidade em um indivíduo é de interesse tanto de estudos clínicos como na aplicação R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 9, n. 2, p ,
6 desportiva. Para isso, é necessário que o teste ofereça um índice global de flexibilidade. Os testes angulares tipicamente não oferecem essa possibilidade, ao contrário dos testes adimensionais e lineares, em que isto é normalmente possível. Por outro lado, é verdade que a idéia de um índice global contradiz o principio da especificidade da flexibilidade. Parece desejável, portanto, que um teste de flexibilidade concilie a característica de estimar a mobilidade articular global sem perder de vista o conceito da especificidade. Nesse sentido, o Flexiteste é o único teste capaz de considerar um número muito grande de movimentos (atendendo a questão da especificidade) e, ainda assim, possuir um índice global, o Flexíndice (somatório dos resultados individuais dos 20 movimentos), conjugando assim favoravelmente as duas características. Assim, com um único teste pode-se estudar a hipo ou hipermobilidade e, ainda, analisar cada movimento individualmente (ARAÚJO, 1987), o que possibilita melhor aplicabilidade dos resultados para a prescrição individualizada de série de exercícios de flexibilidade (ARAÚJO e PEREIRA, 1997). No que diz respeito às variações inter-sexo, verificaram-se dois estudos populacionais clássicos (ALLANDER et al., 1974; BEIGHTON et al., 1973), que encontraram uma tendência uniforme para uma maior flexibilidade no sexo feminino, que é observada em todas as faixas etárias. A respeito das diferenças sexuais em função da idade, COON et al. (1975) não observaram diferenças sexuais até os seis meses. WALKER (1981) relata uma maior flexão plantar e de quadril em meninas de 1 a 9 anos de idade, quando comparadas aos meninos de mesma idade. É possível que as diferenças sejam exacerbadas após a puberdade, em função de padrões distintos de atividades físicas e hormonais (DUTIL, 1980; AMIS e MILLER, 1982). É também possível que aspectos culturais possam estar associados a essas diferenças encontradas; normalmente espera-se um padrão de movimentação mais gracioso e, portanto, maior flexibilidade nos indivíduos do sexo feminino. Existe um consenso de que a flexibilidade é maior nas mulheres do que nos homens, independentemente da idade, e de modo praticamente uniforme nos diversos movimentos articulares estudados. As pequenas discordâncias verificadas em relação a alguns movimentos de coluna parecem estar relacionadas a deficiências da técnica linear, que não considera as diferenças em dimensões corporais e de postura nos dois sexos (ARAÚJO, 1987). Os resultados encontrados neste estudo, no que diz respeito às variações inter-sexo, foram similares aos de MONTEIRO e FARINATTI (1996) e aos de PEREIRA e ARAÚJO (1997), os quais indicam que a flexibilidade nas mulheres é maior do que nos homens para a mesma faixa etária. 28 R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 9, n. 2, p , 2001
7 Na análise dos resultados foi aplicado o teste T de Student, para verificar as diferenças entre o Flexíndice e as cinco articulações, ou grupo de articulações, a saber: joelho+tornozelo, quadril, tronco, punho+cotovelo e ombro, além das diferenças entre os sexos tanto no início do programa de atividades contraresistência como no término deste. Os resultados relativos aos cinco grupos articulares testados são apresentados na Tabela 2. No que diz respeito ao Flexíndice, os resultados evidenciaram diferença estatisticamente significativa em relação ao sexo feminino (p=0,03) e nãosignificativa para o sexo masculino (p=0,06). Tabela 2 - Resultados do teste T de Student nos grupos articulares testados Articulação Masculino Feminino Joelho + tornozelo 0,17 0,03* Quadril 0,14 0,02* Tronco 0,14 0,01* Punho + cotovelo 0,37 0,22 Ombro 0,04* 0,05* (significativo para p < 0,05) Pode-se observar também que, quando comparados os sexos entre si, o comportamento do flexíndice antes do treinamento contra-resistência (1 a avaliação) e após o treinamento (2 a avaliação) apresentou diferenças significativas, sendo p=0,03 e p=0,01, respectivamente. Vale ressaltar que, ao se observar o percentual da diferença nos valores do flexíndice entre os sexos, este manteve-se quase inalterado após o treinamento, sendo a diferença na primeira avaliação de 14,8% e, na segunda, de 14,6%. A observação dos resultados nos permite verificar que, quando comparados os gêneros, as diferenças foram estatisticamente significativas para o sexo feminino em quatro grupos articulares (joelho+tornozelo, quadril, punho+ cotovelo e ombro), enquanto para o sexo masculino esse fato ocorreu apenas para a articulação do ombro. Verificando os 13 exercícios realizados, observa-se que quatro envolviam a articulação do ombro (voador invertido, puxada por trás no pulley alto, supino reto e desenvolvimento com halter); três, a articulação do quadril (leg-press alto, mesa flexora e cadeira adutora); dois, as articulações de joelho+tornozelo (cadeira extensora e panturrilha no leg-press); dois,o tronco (abdominal supra e R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 9, n. 2, p ,
8 abdominal infra); e dois, as articulações de punho+cotovelo (rosca bíceps e rosca tríceps no robô). O fato de a articulação do ombro ter sido diretamente envolvida em um número maior de exercícios que as demais articulações provavelmente foi o responsável pela maior redução da flexibilidade nesta articulação em ambos os sexos. Nossa experiência prática demonstra que as mulheres, habitualmente, não realizam exercícios contra-resistência para os membros superiores em intensidades elevadas, suportando maiores cargas para os membros inferiores, em razão, principalmente, de preocupações estéticas de ordem cultural. Os indivíduos do sexo masculino, por sua vez, apresentam maior tenacidade em relação à superação das sobrecargas e, habitualmente, privilegiam os exercícios para os membros superiores e ombros. Apesar da padronização da série de exercícios contra-resistência, não foram realizados testes de cargas e, como tal, não foram controlados os percentuais relativos de trabalho. As diferenças na flexibilidade entre os sexos exibidas desde a primeira avaliação permitem tecer elocubrações de ordem cultural que influenciam o comportamento da flexibilidade. Inicialmente, deve-se atentar para o fato de que os sujeitos da amostra não realizavam atividades físicas regulares. No entanto, deve-se considerar que nas atividades realizadas em brincadeiras cotidianas durante todo o processo de crescimento e desenvolvimento, os homens habitualmente realizam atividades que solicitam mais trabalhos de força do que as mulheres, fato este claramente observado em nosso meio, onde, por exemplo, as meninas são matriculadas no balé, enquanto os meninos vão para o judô ou para o futebol. Este último fator, por si só, já pode ser um determinante cultural na diferença da flexibilidade entre os sexos. Considerando as premissas anteriores e acrescentando ainda que, para grande parte da amostra do sexo feminino deste estudo, estes foram os primeiros exercícios contra-resistência realizados sistematicamente, esse fato pode explicar, ao menos parcialmente, a magnitude dos resultados para o sexo feminino em relação à redução da flexibilidade. Conclusões e recomendações Dentro dos propósitos deste estudo, pode-se concluir que os efeitos crônicos do treinamento contra-resistência afetam os níveis de mobilidade articular, quando não precedidos ou sucedidos de exercícios de alongamento, em ambos os sexos. A flexibilidade sofre os efeitos dos exercícios contraresistência de maneira diferenciada entre as distintas articulações ou grupos de 30 R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 9, n. 2, p , 2001
9 articulações; esses efeitos também influenciam o comportamento da flexibilidade entre os sexos de maneira diferenciada, sendo as mulheres mais suscetíveis às reduções dos níveis de mobilidade articular que os homens. Os resultados obtidos apontam para a necessidade de realização de novos estudos sobre a influência dos exercícios contra-resistência sobre a mobilidade articular, em amostras diferentes, com mensurações da flexibilidade em períodos diversos de treinamento e com técnicas distintas, além de um controle efetivo sobre os percentuais de carga aplicados, bem como um levantamento dos níveis de atividades habituais e das atividades físicas pregressas dos praticantes. Dessa forma, mesmo considerando as limitações deste estudo e a lacuna verificada na literatura quanto ao tema abordado, espera-se que essa contribuição possibilite melhor entendimento das alterações ocorridas sobre flexibilidade com a prática de exercícios contra-resistência, permitindo ao profissional de Educação Física a realização de uma praxis que efetivamente venha oferecer atividades que melhorem a qualidade de vida de seus alunos, pelo menos no que diz respeito ao aspecto da aptidão física relacionada à promoção da saúde. ABSTRACT CHRONIC EFFECTS OF THE TRAINING AGAINST- RESISTANCEABOUT INDIVIDUAL NON ATHLETES FLEXIBILITY Considering the flexibility as important component of the fitness related to the health, was objectified in this study to verify the alterations happened in the flexibility with the practice of exercises against-resistance (EAR). The sample was composed by 25 individuals non athletes of both sexes. For measure the flexibility was used the flexiteste (FT) (PAVEL & ARAÚJO, 1980). The subjects accomplished 24 sessions of EAR. The series was standardized with relationship to the exercises, repetitions, execution form and intervals. Any lengthening exercise wasn t realized during the treatment. After to 24 session it was applied the FT again. In the analysis of the results it was used the test T of Student (p 0,05). The results evidenced significant difference in relation to the feminine sex (p=0,03) and not significant for the masculine sex (p=0,06) with relationship to the flexíndice. The differences among the sexes were before significant (p=0,03) and after (p=0,01) the EAR. The results for men and women, respectively, were: knee+ankle 0,17 and 0,03, hip 0,14 and 0,02, trunk 0,14 and 0,01, fist+elbow 0,37 and 0,22 and shoulder 0,04 and 0,05. Such results allow us R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 9, n. 2, p ,
10 to conclude that EAR affects the flexibility in different ways among the articulations; they influence in the behavior of the flexibility among the sexes in different ways and they alter the mobility levels of articulate when not preceded or come after of lengthenings. Key-words: flexibility, lengthening, exercise against-resistance, non athletes. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ACHOUR JÚNIOR, A. Flexibilidade: teoria e prática. Editora Atividade Física & Saúde, ALLANDER, E.; BJORNSSON, O.J OLAFSSON, O.J, et al. Normal range of joint movements in shoulder, hip, wrist and thumb with special reference to side: comparision between two populations. International Journal of Epidemiology. v. 3, p , AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE. Position stand on the recommended quantity and quality of exercise for developing and maintaining cardiorespiratory and muscular fitness, and flexibility in adults. Medicine & Science in Sports & Exercise, v. 30, n. 6, p , AMIS, A. A; MILLER, J. H. The elbow. Clinical Resum. Disordes, v. 8, p , ARAÚJO, C. G. S.; HADDAD, P. C. S. Efeitos do aquecimento muscular ativo sobre a flexibilidade. Comunidade Esportiva, v. 35, p. 12-7, ARAÚJO, C. G. S; PEREIRA, M. I. R Novos índices de avaliação da especificidade inter e intra-articular da flexibilidade. In: Congresso Panamericano de Medicina do Esporte, Gramado, ARAÚJO, C. G. S. Medida e avaliação da flexibilidade: da teoria à prática. Dissertação (Doutorado)-UFRJ, Rio de Janeiro BEIGHTON, P.; SOLOMON, L.; SOSKONE, C. L. Articular mobility in na African population. Annual Rheumatological Disorder, v. 32,p.: , R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 9, n. 2, p , 2001
11 COON, V.; DONATO, G.; HOUSER, C.; BLECK, E. E. Normal range of hip motion in infants six weeks, three months and six months of age. Clinical Orthopedics. n. 110, p , CORBIN, C. B; LINDSAY, R. Concepts of physical fitness. Dubuque: WC Brown, CURETON, T. K. Flexibility as an aspect of physical fitness. Research Quartely, n. 12, p , DANTAS, E. H. M. Flexibilidade: alongamento e flexionamento. 3. ed. Rio de Janeiro: Shape, DUTIL, S. L examen de l extenibilite musculaire chez lénfant; interet, applications psycho-pedagogiques. Les Science de L Education, v. 1, p , FARINATTI, P. T. V. Criança e atividade física. Rio de Janeiro: Sprint, MÖLLER, M. H. L.; OBERG, B. E; GILLQUIST, J. Stretching and soccer - effect of stretching on range of motion in the lower extremity in connection with soccer training. International Journal of Sports Med, v. 6, n. 1, p , MONTEIRO, W. D., FARINATTI, P. T. V. Efeitos agudos do treinamento de força sobre a flexibilidade em praticantes não-atletas em academias. Revista da APEF, v. 11, n. 19, p , PAVEL, R. C., ARAÚJO, C. G. S. Nova proposição para a avaliação da flexibilidade. In: CONGRESSO REGIONAL BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DO ESPORTE. Volta Redonda, WALKER, J. M. Development, maturation and aging of human joints: a review. Physiotherapy, v. 33, p , WEISHOPH, D. Strech to win. The Athletic Journal, Dec., p , R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 9, n. 2, p ,
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