Aula 9 - Administração Tributária e o processo administrativo e judicial fiscal
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- Herman Carlos de Mendonça
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1 Aula 9 - Administração Tributária e o processo administrativo e judicial fiscal A administração tributária A administração tributária é o sistema administrativo que envolve a política tributária que tem a função e responsabilidade da fiscalização, dívida ativa e expedição de certidões negativas. A administração pública tem a função de fiscalizar e arrecadar os tributos. Outras funções são correlatas, como a ação de emitir auto de infração, proceder a inscrição na dívida ativa, orientar os contribuintes e emitir certidões negativas. A fiscalização A fiscalização verifica o cumprimento das obrigações tributárias do contribuinte ou responsável, pessoa física ou jurídica, sem exceção daquelas que gozem de imunidade ou isenção. Nesses casos, serão fiscalizadas para a verificação do cumprimento das obrigações acessórias. O CTN traz as obrigações daqueles que devem prestar informações ao Fisco com relação aos bens e negócios de terceiros, como tabeliães e escrivães, os inventariantes, os bancos e demais pessoas com exceção daquelas que por força da sua profissão devem guardar segredo em sigilo, como médicos e advogados.
2 Os entes obrigados a prestar informações sobre bens, negócios ou atividades de terceiros Tabeliães, escrivães e serventuários Bancos, CEF e outras instituições financeiras Empresas de administração de bens Corretores, leiloeiros e despachantes oficiais Inventariantes Síndicos, comissários e liquidatários Entidades ou pessoas que a lei designe em razão de seu cargo ou profissão A Fazenda Pública deve manter e respeitar o sigilo fiscal do contribuinte ou responsável seja ele imune, isento ou não, sobre os fatos apurados em sua fiscalização. A dívida ativa Ao formalizar o crédito tributário e não estando sujeito às causas da suspensão, exclusão e extinção da exigibilidade, a Fazenda Pública responsável pelo crédito efetuará atos de sua competência e responsabilidade para o controle, o ato de apuração e de inscrição do débito no livro de registro da dívida ativa". A inscrição da dívida ativa é ato de competência privativa dos Procuradores da Fazenda Pública, momento em que é feita a última verificação da legalidade do ato da inscrição. A inscrição na dívida ativa ocorre por falta de pagamento do tributo dentro do prazo regular ou por decisão final de um processo regular.
3 A certidão da inscrição da dívida ativa é o único documento hábil para que a Fazenda Pública possa ingressar com a ação de execução fiscal contra o devedor com a finalidade de expropriar bens do mesmo, para que seja satisfeito o débito. Requisitos para inscrição do termo na dívida ativa Nome, domicílio ou residência Quantia devida e a maneira de cálculo de juros de mora acrescidos Origem e a natureza do crédito A lei que embasa a inscrição do crédito Data da inscrição da dívida Se o caso número do processo administrativo que originou o crédito Indicação do livro e da folha de inscrição Expedição de certidão negativa A administração pública deverá, a pedido do interessado, emitir certidão negativa, a qual declarará a inexistência de débitos tributários contra o sujeito passivo, isto é, afirmará que ele não é devedor do Fisco. Na eventualidade do sujeito passivo ser devedor do Fisco a Certidão será positiva. Ainda, a administração pública emitirá uma certidão positiva com força de negativa ou certidão de regularização, nos casos em que o crédito tributário esteja suspenso ou em casos de cobrança executiva que tenha sido efetivada a penhora. Cabe salientar a responsabilidade do funcionário sobre eventuais erros ou fraude na expedição de certidões. A certidão negativa expedida com dolo ou fraude, que
4 contenha erro contra a Fazenda Pública, responsabiliza pessoalmente o funcionário que a expedir, pelo crédito tributário e juros de mora acrescidos e não exclui a responsabilidade criminal e funcional que no caso couber. Do processo administrativo fiscal O processo administrativo é constituído por uma sequência de atos iniciados pelo sujeito passivo, por meio do seu direito subjetivo, com a finalidade de impugnar o lançamento tributário. O contribuinte poderá interpor este processo administrativo após a sua comunicação do lançamento tributário, momento em que a Administração Pública aplicará a lei tributária de forma concreta. O processo administrativo fiscal é o instrumento hábil para reconhecer direitos (isenções e imunidades), parcelar débitos, restituir valores, realizar consulta sobre legislação tributária e ou determinar e exigir o crédito tributário. O processo administrativo tem algumas fases que deverão ser percorridas, tais como: 1. Instauração: ingresso com o processo. 2. Instrução: provas com documentos e testemunhas. 3. Defesa: contestação ou impugnação. 4. Relatório: saneamento do processo. 5. Julgamento: decisão. Espécies de processos administrativos a. Procedimento contencioso administrativo
5 O procedimento administrativo tributário contencioso é necessário para resolver conflito entre o sujeito passivo (contribuinte) e o Fisco (administração pública). Este procedimento administrativo pode ser unilateral ou não contenciosa, que se inicia com o termo de abertura da fiscalização (termo inicial) ou por ato de apreensão de mercadoria. Pode ser também contenciosa ou bilateral, que inicia com a impugnação da exigência firmada no auto de infração, isto é, contra a descrição da infração à legislação tributária. b. Procedimento administrativo preventivo Este procedimento abrange duas subespécies: consulta e denúncia espontânea. Consulta é o processo utilizado para dirimir as dúvidas e interpretação da legislação tributária a qual deve ser procedida antes do seu vencimento para que não ocorra a aplicação de multa, juros e correção monetária. A consulta não necessita ser feita somente em caso em concreto, pode ser formulada para casos hipotéticos. A consulta impede a cobrança de juros de mora, a imposição de penalidades e a aplicação de medidas de garantia.
6 Denúncia espontânea A denúncia espontânea é a confissão do contribuinte da infração fiscal cometida ao Fisco (administração pública), antes de qualquer procedimento fiscalização. c. Procedimento administrativo voluntário Este tipo de procedimento administrativo também subdivide-se em repetição do indébito, parcelamento de débito e reconhecimento de direitos. a. Repetição do indébito: meio pelo qual se requer a restituição de pagamento feito indevidamente ou a maior do tributo. b. Parcelamento de débitos fiscais: é o meio utilizado pelo contribuinte em débito com o Fisco para requerimento do parcelamento do débito, com os acréscimos legais. c. Reconhecimento de direitos: é o meio em que o sujeito requer o reconhecimento do seu direito quer quanto à imunidade ou à isenção tributária. Os processos judiciais A Fazenda pode promover ação judicial em face do contribuinte devedor por meio das medidas: execução fiscal; ação cautelar fiscal; arresto e sequestro, etc. O contribuinte ou responsável pode propor contra a Fazenda Pública, as seguintes medidas judiciais: embargos à execução, ação declaratória de obrigação
7 fiscal indevida, ação de consignação em pagamento, ação de repetição do, indébito, ações cautelares, ações anulatórias de débito, mandado de segurança, etc dentre as quais a mais importante é a execução fiscal. Da execução fiscal O poder público, após lavrada a dívida ativa e sua emissão, poderá encaminhar para promover ação de execução fiscal em face do contribuinte ou responsável devedor, contra fiador, o espólio, a massa falida e os sucessores. A ação de execução fiscal tem a finalidade de expropriar os bens do devedor (contribuinte ou responsável) até que seja satisfeito o crédito tributário. Para isso, arrecadará os valores dos ativos financeiros do devedor e outros bens que possam ser leiloados e transformados em espécie (dinheiro) e quitar o débito correspondente acrescido da multa, juros, correção monetária. A execução fiscal tributária deve ser processada junto ao Poder Judiciário da esfera competente: Tributos federais Justiça Federal; Tributos Municipais e Estaduais Justiça Estadual em São Paulo no Foro das Execuções Fiscais. A ação de execução fiscal tributária dá início com a redação de uma petição inicial, em que deverá estar devidamente redigida, com o nome do executado (devedor) e a sua qualificação, bem como o endereço, e a qualificação do exequente - administração pública. Ainda, deverão constar os motivos de fato e de direito que viabiliza a referida ação de execução fiscal. Esta petição inicial deverá estar instruída com a certidão da dívida ativa, que traz todos os requisitos que já aprendemos, e ainda está revestida de liquidez,
8 certeza e exigibilidade, documento que garante à Fazenda Pública o crédito tributário. Distribuída a presente execução devidamente instruída mediante autoridade judiciária competente, o Juiz dará o seu primeiro despacho inicial para a citação do devedor (executado). Em princípio, a citação de execução fiscal, é procedida pelo correio mediante aviso de recebimento (AR), podendo ser feita pessoalmente por intermédio de oficial de justiça, conforme o requerimento na petição inicial ou na frustração da citação por AR, nos termos da Lei das Execuções Fiscais. A citação pelo correio considerar-se-á efetiva na data da entrega da petição inicial e da cópia da certidão da dívida ativa no endereço do Executado. a. Citação efetivada: executado recebeu a citação Se o executado recebeu a citação pelo correio (AR) ou pelo oficial de justiça, a ele é concedido o prazo de 5 dias a contar da data do recebimento da citação, para: pagamento do débito, garantir a execução por meio do oferecimento de bens para penhora, mediante depósito do valor integral ou garantia bancária para poder discutir a execução. Se o executado Pagar o valor devido e descrito na petição Inicial e na certidão da dívida ativa: o pagamento do valor devido e executado é o meio da extinção do crédito tributário, estudado em aulas anteriores. Neste caso, o juiz determina a extinção da ação. Garantiu a execução oferecendo bens para penhora ou depósito do valor integral ou garantia bancária: Neste caso será lavrado o auto de penhora do bem e declarada garantida a execução. O executado terá 30 (trinta) dias para ingressar com embargos, prazo este contado a partir da intimação da penhora, ou da data do depósito do valor integral ou ainda da juntada da garantia bancária.
9 O executado não toma nenhuma providência: será procedida a pesquisa de bens do executado para ser penhorado e o exequente será intimado das penhoras, quando iniciará o prazo para que ele apresente embargos. Se ele não possuir bens, os autos serão suspensos por 1 ano até que obtenham informações sobre isso (bem imóvel, móveis e direitos, ativos financeiros). b. Citação não efetivada: executado não recebeu a citação Neste caso, a Fazenda deverá pesquisar para encontrar bens do executado e proceder da seguinte forma: pesquisa positiva encontrou bens do executado; pesquisa negativa não encontrou bens do executado. c. Citação não efetivada mas foram encontrados bens Pode ocorrer que a citação não seja efetivada, entretanto, o Poder Público procederá a pesquisa para encontrar bens para garantir a execução. Encontrados bens, o juiz mandará arrestar. Após o arresto, nos 10 dias seguintes, o oficial de justiça procurará o executado para citá-lo da execução e intimá-lo do arresto. Se o oficial de justiça obtiver sucesso na citação e intimação, o juiz convolará o arresto em penhora. Na eventualidade do oficial de justiça, após 3 tentativas em dias distintos, não obter êxito na citação/ intimação, tal ato será suprido por edital, afixado no Fórum em que corre a ação de execução fiscal e publicado no Diário Oficial do Estado DOE, ou da União DOU. Após o prazo do edital, o executado terá 5 (cinco) dias para pagamento, e terá convertido o arresto em penhora.
10 d. Citação não efetivada e não foram encontrado bens Após as tentativas de citação sem êxito e não se encontrar disponíveis na pesquisa os bens passíveis de penhora para garantir o pagamento da execução, o processo será suspenso. A Fazenda terá prazo para manifestar-se sobre a suspensão, ao concordar os autos se manterão em cartório pelo prazo de um ano. Após este prazo, se não houver qualquer movimento quanto à citação (endereço do executado) ou bens passíveis de penhora, os autos serão encaminhados no arquivo provisório. No período de suspensão ou arquivamento dos autos não ocorre a prescrição. ooooooooo
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