LÍNGUA PORTUGUESA As questões de Língua Portuguesa deverão ser respondidas com base no texto A publicidade sempre está um passo além

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1 LÍNGUA PORTUGUESA As questões de Língua Portuguesa deverão ser respondidas com base no texto A publicidade sempre está um passo além, de Bia Abramo, extraído da Folha de São Paulo, de 3 de abril de Não são poucas as vezes que, diante da televisão, dá vontade de gritar, à maneira de Raul Seixas, "pare o mundo que eu quero descer". Nos últimos tempos, parece que a publicidade tem se esmerado em produzir, a cada intervalo comercial, muitos momentos desse tipo. Por pior que seja a televisão em termos de programação, a publicidade sempre consegue ser um pouco pior, sempre está alguns passos além na direção da barbárie. E não estamos aqui falando da cafajestagem malandra dos comerciais de cerveja. Aliás, as propagandas de cerveja não são exatamente violentas, ainda que sejam, de fato, machistas, etc. Mas há um tipo de mensagem publicitária que só se pode classificar como violenta, mesmo que não haja nenhuma cena que explore situações de violência. Ao contrário, são propagandas em tom "científico" ou "bem-humoradas", mas cujas mensagens representam ataques graves a valores que ainda deveriam se sobrepor ao consumo. A educação das crianças é um dos alvos prediletos das idéias geniais dos publicitários. Eles sabem que a maioria dos pais não sabe e não tem tempo nem vontade de assumir a parte árdua da educação dos filhos. É exatamente aí que eles entram. Uma propaganda recente da marca mais conhecida de iogurte infantil, por exemplo, começa avisando que a falta de nutrientes essenciais nos primeiros estágios do crescimento pode causar sérios danos estruturais. Em seguida, um pediatra aparece em meio aos seus filhos. Com a dupla autoridade de pai e de médico, informa que o produto em questão supre perfeitamente as necessidades nutricionais de uma criança em fase de crescimento. A imagem final é uma construção de blocos de madeira, cuja base é substituída por uma embalagem vazia do produto. Logo, pais, desistam da batalha árdua de fazer as crianças comerem arroz, feijão, bife e verdura. Podem dar logo um desses e ir malhar. Em outra, mais engraçadinha, uma professora avisa que, antes de sair, os alunos devem entregar o trabalho "de" Pitágoras. Os alunos vão deixando sobre a mesa os trabalhos, todos impecavelmente impressos, com ilustrações coloridas, até que um deposita uma pedra chata e lisa com um diagrama do triângulo retângulo. A professora olha com espanto para o menino, que está vestido como o personagem Bambam, dos "Flinstones", clava ao ombro, cabelos desgrenhados, rosto sujo. "Não deixe seu filho na Idade da Pedra", conclui o comercial de um provedor de conexão rápida com a internet. E, depois, relaxe: ele vai ter um jeito fácil e cômodo de dar conta de seus trabalhos escolares copiando da internet, é claro. Vocês não vão brigar mais por causa disso, e você vai poder ir ver tranqüilo a sua série predileta de TV. Jogando duplamente com a infantilidade das crianças, mas também dos pais que resistem a assumir a parte "chata" e difícil da educação, a publicidade mostra sua face mais brutal. O autor inicia o texto descrevendo uma reação negativa nele provocada diante da televisão. Ao associá-la diretamente às mensagens publicitárias veiculadas nos intervalos comerciais, o emprego do segmento parece que a publicidade tem se esmerado em produzir, a cada intervalo comercial, muitos momentos desse tipo (linhas 02 a 04) evidencia a) a boa qualidade das peças publicitárias. b) a dúvida do autor em relação ao esmero com que as peças publicitárias são produzidas. c) que a reação referida pelo autor é intencionalmente gerada pelos publicitários. d) a freqüência com que os comerciais que desencadeiam a reação referida pelo autor têm sido produzidos. e) o esforço dos publicitários para produzir peças de boa qualidade, a despeito do efeito negativo que elas parecem suscitar em alguns telespectadores. 2

2 02 Considerando que, no segundo e no terceiro parágrafos, a idéia de violência, em forma adjetivada ou substantivada, assume diferentes acepções, analise a veracidade ou falsidade das proposições abaixo. O sentido do adjetivo violentas, na linha 08, retoma o sentido de barbárie (linha 06). O adjetivo violenta, na linha 10, contempla a idéia de "astúcia", "ardilosidade" e "coação". O substantivo violência, na linha 11, remete à idéia de "ação ou efeito do emprego da força física, com fins destrutivos". 03 No terceiro parágrafo, o autor se vale das idéias veiculadas pelas quatro asserções abaixo para caracterizar um conjunto de mensagens publicitárias: (1) devem ser consideradas violentas; (2) não exploram cenas contendo situações de violência; (3) investem no tom científico e no bom humor; (4) representam ataques graves a valores que ainda deveriam se sobrepor ao consumo. Considerando as relações de sentido que se estabelecem no texto entre essas idéias, analise a veracidade (V) ou falsidade (F) das seguintes proposições. A relação de concessão entre as asserções (1) e (2) revela o sentido que o autor atribui ao substantivo barbárie (linha 06). A asserção (3) esclarece a asserção (2). A asserção (4) justifica a asserção (1). 3

3 04 Analise a veracidade (V) ou falsidade (F) das proposições abaixo, considerando a correlação entre o emprego de vocábulos ou expressões entre aspas no texto e o efeito de sentido produzido pelo autor ao se utilizar desse recurso. Ao empregar o adjetivo científico entre aspas (linha 12), qualificando o tom das propagandas a que está se referindo, o autor enfatiza a confiabilidade da mensagem publicitária, conferida pelo seu teor científico. A preposição de foi usada entre aspas na expressão trabalho "de" Pitágoras (linha 26) para chamar atenção sobre a importância desse filósofo e matemático grego. O autor emprega o adjetivo chata entre aspas, na linha 35, para atribuir-lhe um sentido antônimo. e) V F F 05 Analise a veracidade (V) ou falsidade (F) das proposições abaixo, considerando as inferências permitidas pela afirmação ainda deveriam se sobrepor ao consumo (linha 13), que destaca o posicionamento do autor em relação aos valores, segundo ele, atacados pelas mensagens publicitárias. A cientificidade e o bom humor presentes nas mensagens publicitárias são características que não agregam valores que mereçam ser priorizados. Deveria ser possível conciliar valores anteriormente cultivados com novos padrões de consumo ditados pelas mensagens publicitárias. O consumismo deveria ser norteado por princípios lamentavelmente não mais vigentes. 06 O enunciado que encerra o quarto parágrafo É exatamente aí que eles entram (linha 16) se refere ao mote (alavancagem, ponto de partida) utilizado pelos publicitários para a produção das propagandas. Assim sendo, a forma adverbial aí indica, especificamente, a) a importância que os pais atribuem ao seu tempo de lazer. b) o papel educativo da publicidade. c) a segurança que a publicidade garante aos pais em relação à educação dos filhos. d) a superação de lacunas na educação infantil geradas pela televisão. e) a dificuldade e a negligência dos pais em relação à educação dos filhos. 4

4 07 Considerando as estratégias persuasivas descritas no quinto parágrafo, analise a veracidade (V) ou falsidade (F) das proposições abaixo. A construção dos argumentos empregados em favor do produto veiculado pela propaganda se vale da associação de elementos da linguagem verbal e da linguagem não-verbal. A peça publicitária se vale de um argumento de autoridade, representada pela figura do médico. A mensagem publicitária defende a tese de que os pais devem se preocupar somente consigo mesmos, e não com a educação dos seus filhos. c) V F F 08 Assinale a alternativa que contém um argumento utilizado pela peça publicitária descrita no quinto parágrafo para persuadir o consumidor. a) Sérios danos estruturais podem ser ocasionados pela falta de nutrientes essenciais nos primeiros estágios do crescimento, nutrientes estes que podem ser supridos pela ingestão do iogurte. b) Os pais devem parar de forçar os seus filhos a consumir arroz, feijão, bife e verdura. c) Os pais devem melhorar a sua qualidade de vida, através da malhação, por exemplo. d) Além de arroz, feijão, bife e verdura, os pais devem oferecer também iogurte aos seus filhos. e) Está cientificamente provado que o arroz, feijão, bife e verdura não fornecem os nutrientes essenciais às crianças. 09 O emprego da expressão comparativa mais engraçadinha (linha 25) a) indica o caráter menos violento desta peça publicitária, se comparada com a anteriormente descrita. b) anuncia que esta peça publicitária é mais inofensiva do que a anteriormente descrita. c) retoma uma categoria de peças publicitárias classificadas pelo autor como bem-humoradas (linha 12). d) revela que esta peça publicitária não entra na categoria da barbárie. e) qualifica esta peça publicitária como infantilizada e ingênua. 5

5 10 Considerando o caráter exemplificativo das duas peças publicitárias descritas no quinto e no sexto parágrafos, analise a veracidade (V) ou falsidade (F) das proposições abaixo. Ambas ilustram a afirmação do autor de que a educação das crianças é um dos alvos prediletos das idéias dos publicitários. Ambas provam que os pais não assumem a parte árdua da educação dos seus filhos. Ambas evidenciam o tom do discurso científico ou bem-humorado das propagandas a que se refere o autor. 11 A postura dos pais diante da educação das crianças é referida em diferentes pontos do texto e afigura-se, por um lado, a partir das mensagens veiculadas nas peças publicitárias e, por outro, a partir do posicionamento crítico do autor. Classifique as proposições abaixo conforme o código que segue: 1 2 Discurso do autor Discurso da propaganda reproduzido pelo autor a) V V F e) V V V Podem dar logo um desses e ir malhar (linha 24). Não deixe seu filho na Idade da Pedra (linha 30). Vocês não vão mais brigar por causa disso (linhas 32 e 33). a) b) c) d) e) Analise a veracidade (V) ou falsidade (F) das proposições abaixo, referentes a estratégias lingüísticas empregadas no texto. Mesmo que o pronome indefinido todos fosse suprimido da linha 27, ainda assim ele permaneceria subentendido no texto em virtude da presença da expressão qualificativa impecavelmente impressos entre vírgulas. O caráter explicativo da oração está vestido como o personagem Bambam, dos Flinstones, clava ao ombro, cabelos desgrenhados, rosto sujo (linhas 29 e 30), introduzida pelo pronome relativo que, decorre da especificação contida no segmento até que um deposita uma pedra chata e lisa com um diagrama do triângulo retângulo (linhas 27 e 28). Se houvesse uma vírgula antes do pronome relativo que (linha 34), o autor estaria se referindo à totalidade dos pais. 6

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