De Kepler a Newton. (através da algebra geométrica) 2008 DEEC IST Prof. Carlos R. Paiva



Documentos relacionados
Interbits SuperPro Web

PARTE IV COORDENADAS POLARES

ARITMÉTICA DE PONTO FLUTUANTE/ERROS EM OPERAÇÕES NUMÉRICAS

Sejam todos bem-vindos! Física II. Prof. Dr. Cesar Vanderlei Deimling

Física Geral I - F 128 Aula 8: Energia Potencial e Conservação de Energia. 2 o Semestre 2012

LISTA de GRAVITAÇÃO PROFESSOR ANDRÉ

Movimentos de satélites geoestacionários: características e aplicações destes satélites

TEORIA DA GRAVITAÇÃO UNIVERSAL

Capítulo 12. Gravitação. Recursos com copyright incluídos nesta apresentação:

- B - - Esse ponto fica à esquerda das cargas nos esquemas a) I e II b) I e III c) I e IV d) II e III e) III e IV. b. F. a. F

PRINCÍPIOS DA DINÂMICA LEIS DE NEWTON

MESTRADO EM MACROECONOMIA e FINANÇAS Disciplina de Computação. Aula 05. Prof. Dr. Marco Antonio Leonel Caetano

Caro cursista, Todas as dúvidas deste curso podem ser esclarecidas através do nosso plantão de atendimento ao cursista.

SEGUNDA LEI DE NEWTON PARA FORÇA GRAVITACIONAL, PESO E NORMAL

ELETRÔNICA II. Engenharia Elétrica Campus Pelotas. Revisão Modelo CA dos transistores BJT e MOSFET

3. Elementos de Sistemas Elétricos de Potência

GEOMETRIA ESPACIAL. a) Encher a leiteira até a metade, pois ela tem um volume 20 vezes maior que o volume do copo.

Unidade 13 Noções de Matemática Financeira. Taxas equivalentes Descontos simples e compostos Desconto racional ou real Desconto comercial ou bancário

75$%$/+2(327(1&,$/ (/(75267È7,&2

Mecânica Clássica (Licenciaturas em Física Ed., Química Ed.) Folha de problemas 4 Movimentos de corpos sob acção de forças centrais

Aplicação da Lei Gauss: Algumas distribuições simétricas de cargas

UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ FACULDADE DE ENGENHARIA CIVIL CÁLCULO VETORIAL

Série II - Resoluções sucintas Energia

EXPERIÊNCIA 5 - RESPOSTA EM FREQUENCIA EM UM CIRCUITO RLC - RESSONÂNCIA

Campo Gravítico da Terra

Objetivo Estudo do efeito de sistemas de forças não concorrentes.

I~~~~~~~~~~~~~~-~-~ krrrrrrrrrrrrrrrrrr. \fy --~--.. Ação de Flexão

CAMPOS MAGNETOSTÁTICOS PRODUZIDOS POR CORRENTE ELÉTRICA

Questão 1. Questão 2. Questão 3. alternativa C. alternativa E

Departamento de Física - Universidade do Algarve FORÇA CENTRÍFUGA

Engenharia Electrotécnica e de Computadores Exercícios de Electromagnetismo Ficha 1

Transformações geométricas

PR I. Teoria das Linhas de Transmissão. Carlos Alberto Barreiro Mendes Henrique José da Silva

Capítulo III Lei de Gauss

2.6 RETRODISPERSÃO DE RUTHERFORD Introdução

FACULDADE DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL SECÇÃO DE ESTRUTURAS MECÂNICA DOS SÓLIDOS.

CONCURSO DE ADMISSÃO AO CURSO DE GRADUAÇÃO FÍSICA

física eletrodinâmica GERADORES

APÊNDICE. Revisão de Trigonometria

Prof. Dirceu Pereira

/(,'(%,276$9$57()/8;2 0$*1e7,&2

)25d$0$*1e7,&$62%5( &21'8725(6

Fig Essas linhas partem do pólo norte para o pólo sul na parte externa do material, e do pólo sul para o pólo norte na região do material.

DISCIPLINA ELETRICIDADE E MAGNETISMO LEI DE AMPÈRE

Densidade de Fluxo Elétrico. Prof Daniel Silveira

ASPECTOS GERAIS E AS LEIS DE KEPLER

Resistência dos Materiais IV Lista de Exercícios Capítulo 2 Critérios de Resistência

Licenciatura em Engenharia Civil MECÂNICA II

Análise de Correlação e medidas de associação

Modelo quântico do átomo de hidrogénio

Mecânica. Teoria geocêntrica Gravitação 1ª Parte Prof. Luís Perna 2010/11

3. Estática dos Corpos Rígidos. Sistemas de vectores

F º Semestre de 2013 Coordenador. José Antonio Roversi IFGW-DEQ-Sala 216

digitar cuidados computador internet contas Assistir vídeos. Digitar trabalhos escolares. Brincar com jogos. Entre outras... ATIVIDADES - CAPÍTULO 1

DA TERRA À LUA. Uma interação entre dois corpos significa uma ação recíproca entre os mesmos.

Relatório Interno. Método de Calibração de Câmaras Proposto por Zhang

Equações Básicas na Forma Integral - I. Prof. M. Sc. Lúcio P. Patrocínio

Podemos considerar a elipse como uma circunferência achatada. Para indicar o maior ou menor achatamento, definimos a excentricidade:

RESOLUÇÃO DA AVALIAÇÃO DE MATEMÁTICA 2 o ANO DO ENSINO MÉDIO DATA: 10/08/13 PROFESSOR: MALTEZ

Alinhamento de Três Pontos

Prova Teórica. Terça-feira, 5 de Julho de 2005

CAPÍTULO III- DESCRIÇÃO DE UM FLUIDO EM MOVIMENTO. 1. Leis Físicas Fundamentais. 3 leis escoamentos independentes da natureza do fluido

Termodinâmica 1 - FMT 159 Noturno, segundo semestre de 2009

Escola Secundária com 3º Ciclo do E. B. de Pinhal Novo Física e Química A 10ºAno MEDIÇÃO EM QUÍMICA

Cap.2 - Mecanica do Sistema Solar II: Leis de Kepler do movimento planetário

Prof. Dr. Oscar Rodrigues dos Santos

. Essa força é a soma vectorial das forças individuais exercidas em q 0 pelas várias cargas que produzem o campo E r. Segue que a força q E

MOVIMENTO DE SÓLIDOS EM CONTACTO PERMANENTE

Os Fundamentos da Física

Material Teórico - Sistemas Lineares e Geometria Anaĺıtica. Sistemas com Três Variáveis - Parte 2. Terceiro Ano do Ensino Médio

Antenas. Antena = transição entre propagação guiada (circuitos) e propagação não-guiada (espaço). Antena Isotrópica

Movimentos: Variações e Conservações

Figura 14.0(inicio do capítulo)

FORÇA ENTRE CARGAS ELÉTRICAS E O CAMPO ELETROSTÁTICO

Professor: Newton Sure Soeiro, Dr. Eng.

Movimento unidimensional com aceleração constante

FÍSICA 3 Fontes de Campo Magnético. Prof. Alexandre A. P. Pohl, DAELN, Câmpus Curitiba

Capítulo 4 A FORMA DA TERRA

Exercícios Resolvidos Astronomia (Gravitação Universal)

Dinâmica Trabalho e Energia

Somatórias e produtórias

UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE

Capítulo VII Campo Magnético e suas fontes

GAAL /1 - Simulado - 1 Vetores e Produto Escalar

UFSCar Cálculo 2. Quinta lista de exercícios. Prof. João C.V. Sampaio e Yolanda K. S. Furuya

A dinâmica estuda as relações entre as forças que actuam na partícula e os movimentos por ela adquiridos.

Electricidade e magnetismo

Prof. Dirceu Pereira

Seção 8: EDO s de 2 a ordem redutíveis à 1 a ordem

APOSTILA. AGA Física da Terra e do Universo 1º semestre de 2014 Profa. Jane Gregorio-Hetem. CAPÍTULO 4 Movimento Circular*

ESCOLA DE ESPECIALISTAS DE AERONÁUTICA CONCURSO DE ADMISSÃO AO CFS B 2/2002 PROVA DE MATEMÁTICA FÍSICA QUÍMICA

Matemática / Física. Figura 1. Figura 2

Unidade temática 1: Energia: Conservação, transformação e degradação

EM423A Resistência dos Materiais

Dimensionamento de uma placa de orifício

RESUMO 2 - FÍSICA III

Geodésicas 151. A.1 Geodésicas radiais nulas

canal 1 canal 2 t t 2 T

NOTAS DE AULA ÁLGEBRA VETORIAL E GEOMETRIA ANALÍTICA RETAS E PLANOS ERON E ISABEL

Aula ONDAS ELETROMAGNÉTICAS

Transcrição:

De Keple a Newton (atavés da algeba geomética) 008 DEEC IST Pof. Calos R. Paiva

De Keple a Newton (atavés da álgeba geomética) 1 De Keple a Newton Vamos aqui mosta como, a pati das tês leis de Keple sobe o movimento planetáio, é possível infei a lei da gavitação univesal de Newton. A demonstação que se segue é mais complicada do que se podeia pensa: deduzi exclusivamente a lei da gavitação univesal de Newton a pati das leis de Keple é mais complicado do que a invesa. No entanto, foi este o caminho seguido po Newton emboa, clao está, seguindo uma via fisicamente mais claa como se elata em: Malcolm Longai, Theoetical Concepts in Physics An Altenative View of Theoetical Reasoning in Physics. Cambidge: Cambidge Univesity Pess, nd ed., 003 (Case Study I: The oigins of Newton s laws of motion and of gavity, pp. 13-76). A ideia pincipal do estudo que a segui se apesenta é a de mosta um exemplo de aplicação da álgeba geomética do espaço. Segue-se de peto a exposição de David Hestenes: David Hestenes, New Foundations fo Classical Mechanics. Dodecht, The Nethelands: Kluwe Academic Publishes, nd ed., 1999 (pp. 195-01). Comecemos po considea uma patícula cujo movimento é descito pelo aio vecto longo do tempo t. Sendo m a massa dessa patícula, vem t ao foça newtoniana f m (1) onde f epesenta a foça que sobe ela se exece. Definição: Uma foça f f x diz-se uma foça cental desde que esteja sempe diigida ao longo de uma linha ecta que passa num dado ponto fixo x 0.

Calos R. Paiva Matematicamente uma foça f f x é cental quando 0 foça cental x x f f 0. () Consideemos que o ponto que desceve a tajectóia da patícula pode se descito atavés de dois vectoes: atavés do vecto x em elação à oigem do sistema de coodenadas escolhido; atavés do vecto x x 0, onde x 0 detemina a oigem da foça cental (e.g., o foco de uma elipse). Define-se então o momento angula L como sendo o bivecto tal que momento angula L m m x x x. (3) 0 Daqui esulta que f m ou, tendo em consideação que d m m m m dt, d m f dt ou, atendendo ainda a (3), d f L. (4) dt Conclusão: Uma foça é cental sse (se e só se) o momento angula fo constante.

De Keple a Newton (atavés da álgeba geomética) 3 Figua 1 A tajectóia t desceve uma óbita em que o aio vecto vai vaendo uma áea oientada da d. A t tal que 1 De acodo com a Fig. 1, o bivecto A t da áea oientada é tal que t t bivecto da 1 1 At d dt áea oientada (5) 0 0 uma vez que d d dt. dt Logo, de acodo com (3), vem t 1 L At dt t m L A. (6) m 0 Conclusão: Numa foça cental o momento angula é constante e, consequentemente, o aio vecto vae áeas iguais em tempos iguais, i.e, o bivecto A é independente do tempo. Uma consequência imediata deste esultado é que a tajectóia da patícula está contida no plano definido pelo bivecto L. Com efeito, sendo momento angula L L Bˆ L B ˆ (7)

4 Calos R. Paiva um bivecto constante, infee-se de (3) que foça cental L 0. (8) Po outo lado, se a óbita é fechada, o movimento é peíódico com um peíodo tal que, de acodo com (6), áea oientada de um peíodo A L. (9) m Designando po ˆ o vecto unitáio do aio vecto, i.e., fazendo, ˆ vem ˆ ˆ. (10) Daqui esulta que 1 ˆ ˆ ˆ ˆ ˆ ˆ ˆ ˆL Lˆ ˆ L ˆ L L ˆ Lˆ ˆ. (11) m m Então, substituindo (11) em (10), obtém-se Lˆ L L ˆ ˆ ˆ. (1) m m m Note-se que L L L L L m m m m m ˆˆ. (13) No caso do movimento plana, é possível esceve ainda

De Keple a Newton (atavés da álgeba geomética) 5 ˆ εˆ exp B ˆ (14) em que ˆε é um vecto constante, ˆB é o bivecto unitáio que caacteiza o movimento obital e t detemina o movimento ao longo do tempo sobe a tajectóia. Deivando (14) em odem ao tempo, vem então ˆ ˆB ˆ. (15) Logo, de (11) e (15), tia-se que ˆ L ˆ ˆ B L m Bˆ L L m. (16) m Vamos agoa segui, usando a nossa linguagem matemática, o caminho teóico pecoido po Newton desde as tês leis de Keple sobe o movimento planetáio até à lei da gavitação univesal. Comecemos, potanto, po ecoda aqui as tês leis de Keple: (1) Os planetas movem-se sobe elipses ocupando o Sol um dos focos. () O aio vecto vae áeas iguais em tempos iguais. (3) O quadado do peíodo de evolução é popocional ao cubo do semi-eixo maio da elipse. F t x 0 O b x t P a Figua O planeta P desceve uma elipse à volta do Sol que ocupa o foco F. Tem-se t t 0 x x. O semi-eixo maio da elipse é a enquanto que o semi-eixo meno é b.

6 Calos R. Paiva De acodo com a pimeia lei de Keple, vem (ve texto sobe cónicas). (17) 1 ε ˆ Deivemos esta expessão em odem ao tempo. Vem ε ˆ 1ε ˆ. (18) De foma a calcula o numeado desta última expessão, vamos multiplica ambos os membos de (11) po ε, vindo então ˆ ˆ ˆ ˆ ε L ε L ε L ε L εˆ εˆ ε ˆ m m m m ε ˆ εˆ ε ˆ L m. (19) ε ˆ L m Agoa, da pimeia equação de (19) e tendo (17) em consideação, obtém-se ˆ 1 ˆ ε ˆ ε L ε. (0) m Logo, substituindo (0) em (18), infee-se que ˆ ε L. (1) m Deivando novamente esta última equação, obtém-se

De Keple a Newton (atavés da álgeba geomética) 7 ε ˆ L ε ˆ L m m ou, como ε ˆ 1, vem finalmente L L L L 1 1 m m L L m 3 m m. Assim, intoduzindo a constante L k 0 () m é possível esceve L k m 3 m. (3) Agoa, da segunda lei de Keple, conclui-se que o momento angula se conseva. Mas então, usando a equação (1), vem L L ˆ ˆ m m ou, atendendo ainda a (11),

8 Calos R. Paiva L Lˆ L L ˆ ˆ 3 m m m m L m m ˆ 3. (4) m Compaando as equações (3) e (4), infee-se então que foça gavitacional f k ˆ (5) e que nos dá a foma da foça gavitacional como sendo cental, atactiva e invesamente popocional ao quadado da distância. Falta-nos detemina a foma exacta da constante k que apaece na lei da gavitação de Newton a nossa equação (5). A tajectóia da patícula (um planeta neste caso) é uma elipse que pode se epesentada na foma paamética (ve texto sobe cónicas) x a cos b sin. (6) Nesta equação o semi-eixo maio da elipse de que fala a teceia lei de Keple é a a sendo o semi-eixo meno b tal que b a. A áea cobeta pela elipse é então dada po 0 0 1 1 1 d x A d d d x x x d 1 cos sin sin cos d a b a b 1 ab cos sin d 0

De Keple a Newton (atavés da álgeba geomética) 9 áea oientada da elipse A ab. (7) Mas então, de acodo com (9), tia-se que L mab ab. m L Depois de eleva ao quadado a última expessão paa o peíodo obtém-se, de acodo com () e notando que b a, 4 m m a L k 4. (8) 3 O que a teceia lei de Keple afima é que esta elação é univesal, i.e., não depende do planeta consideado. Isto significa, potanto, que a contante k tem de se necessaiamente popocional à massa m, i.e., k m (9) em que 0. Ao chega a este ponto, Newton foi mais ambicioso: postulou que todas as massas se ataem de acodo com a lei expessa em (5) uma lei univesal potanto. Po outo lado, afimou o pincípio da acção e da eacção: se o Sol exece a foça cental (acção) sobe cada planeta, cada planeta exece sobe o Sol uma foça (eacção) igual emboa de sentido diametalmente oposto. Isto significa que, intoduzindo uma constante univesal G, deveá te-se (sendo M a massa do Sol) GM k G M m (30) 3 4 a M. (31) G

10 Calos R. Paiva Esta última equação pemite calcula a massa do Sol com base em dois valoes astonómicos: o valo de a e o valo de. Com efeito, G (a constante univesal da gavitação) pode se calculada po medidas locais ente dois gaves quaisque. Conclusão: A lei da gavitação univesal de Newton, apesentada em (5), assume potanto a foma explícita: lei da gavitação univesal de Newton GM m f ˆ. (3) Note-se, po fim, que nem a lei da gavitação univesal de Newton nem as tês leis do movimento planetáio de Keple são exactas. No entanto, a foça de Newton dada po (3) é mais exacta do que as tês leis de Keple: po exemplo, a atacção dos váios planetas ente si é despezada na fomulação das leis de Keple. Quanto à lei de Newton: ela enconta na teoia da elatividade geal uma coecção que, emboa muito pequena, mosta que também ela não passa de uma apoximação. A pati de (5) e (3) é quase imediato veifica que a tajectóia é uma elipse. Vejamos. k m L m ˆ ˆˆ L k ˆ d L k ˆ 0 L k ˆ ε L k ε. (33) dt Po outo lado, esulta de (3) que L L L L L L. (34) m m

De Keple a Newton (atavés da álgeba geomética) 11 Então, de (33) e (34), vem L m L k ε ε k ε k 1 ε ˆ L m L mk 1 ε ˆ (35) o que pova como, efectivamente, a tajectóia é uma elipse. Vamos agoa detemina a enegia total de cada patícula (planeta). Como a enegia potencial V é tal que f V d V ˆ k ˆ d V k d d vem, abitando que V 0, enegia potencial k V. (36) Deste modo a enegia total seá dada po enegia total 1 1 k E. (37) enegia enegia cinética potencial T V m V m Poém, de (33), esulta

1 Calos R. Paiva ˆ 1 ˆ L L L k ε k ε k k ˆ 1 1 ˆ ε ε 1 1 L L k 1. (38) L Logo, substituindo (38) em (37), vem k k E (39) a enegia total 1 uma vez que semi-eixo maio da elipse a. 1 Veifica-se, deste modo, que a enegia total se conseva (campo consevativo). Conclusão: O sinal da enegia total é deteminado pelo valo da excenticidade tal como se indica no quado anexo. Excenticidade Enegia Cónica 1 E 0 Hipébole 1 E 0 Paábola 0 1 E 0 Elipse 0 E k Cicunfeência Note-se que que a paábola que a cicunfeência equeem valoes da enegia muito pecisos. Na pática, poém, esses valoes são difíceis de mante. Assim, em conclusão, podemos afima que:

De Keple a Newton (atavés da álgeba geomética) 13 As tajectóias elípticas coespondem a estados confinados (com enegia negativa). As tajectóias hipebólicas coespondem a estados lives (com enegia positiva). Vejamos, po fim, como é possível deduzi a teceia lei de Keple a pati da lei de Newton. Comecemos po nota que, atendendo a (13), se tem sucessivamente 1 1 E m k m L k (40) m d L mk m m me dt donde se tia que t m t 0 me mk L d. (41) Atendendo então a que mk mk 1 a a me mk L a L a a a mk mk a me mk L a a podemos ainda esceve t ma t d. (4) k 0 a a Intoduzindo então o ângulo tal que (ve texto sobe cónicas)

14 Calos R. Paiva a1 cos (43) vem sucessivamente sin sin d a d a a a m k t 3 3 0 0 t a 1 cos d a sin 0 m k pelo que, intoduzindo a fequência angula tal que k ma (44) 3 obtém-se finalmente t 1 t sin sin. (45) O peíodo coesponde, então, a 4 m a 3 (46) k de acodo com a teceia lei de Keple q.e.d. Na Fig. 3 epesenta-se gaficamente o ângulo em função do tempo decoido t paa difeentes valoes da excenticidade. Esta figua foi obtida po esolução numéica da equação (45) paa cada valo do paâmeto nomalizado t.

De Keple a Newton (atavés da álgeba geomética) 15 Figua 3 Vaiação de excenticidade da óbita elíptica. em função de t paa difeentes valoes da

16 Calos R. Paiva

De Keple a Newton (atavés da álgeba geomética) 17 Cónicas As cónicas são as cuvas que se obtêm pela intesecção de um plano com um cone duplo paa difeentes inclinações desse plano. Definição: Uma cónica é o conjunto de pontos de um plano em que a distância de cada ponto P a um dado ponto fixo F está numa elação constante com a distância desse ponto P a uma deteminada linha ecta. O ponto fixo F é chamado o foco e a linha ecta designa-se po diectiz da cónica. Na Fig. 1 epesenta-se geometicamente esta definição. O valo da elação é a constante que se chama excenticidade da cónica. Diectiz A E d P ˆε F B d d Figua 1 Definição de cónica. A excenticidade é a constante dada pela elação FP AP em que AB EF d, FP ˆ ε cos. e PB cos. Tem-se d d ε ˆ e Da definição esulta então que d. (47) dcos 1 cos

18 Calos R. Paiva Intoduzindo a distância d, que se designa po semi-latus ectum e que coesponde a paa (Fig. 1), vem ainda 1 cos 1 ˆ ε. (48) O caso em que 0 1 coesponde a uma elipse como iemos ve de seguida. Comecemos po nota que a cónica em questão cota o eixo X paa 0 e paa. 0 cos 1 1 1 cos 1 1 1 1 1 a a 1 1 1. (49) Y E f d,0 b F f,0 O 0,0 P x, y X a Figua Elipse no efeencial OXY em que o semi-eixo maio vale a e o semi-eixo meno vale b. Tem-se ba 1 onde é a excenticidade da elipse, com 0 1. Um dos focos (o epesentado na Fig. ) é F f,0 expessão onde a distância f é dada pela

De Keple a Newton (atavés da álgeba geomética) 19 elipse f a a. (50) 1 1 1 Note-se que, deste modo, se tem f f d. Em elação ao efeencial da Fig., vem então FP x f y AP x f d de modo que, depois de substitui estas expessões na definição FP AP, obtém-se sucessivamente x f y x f d x f f x 1 x y a y x f d f d x elipse x y 1 a b (51) onde se intoduziu a constante elipse 1 b a a (5) pelo que a excenticidade é dada pela expessão elipse 1 b. (53) a

0 Calos R. Paiva Uma cicunfeência coesponde ao caso paticula em que a nula 0. A coespondente equação catesiana seá então b, i.e., a uma excenticidade cicunfeência x y a (54) onde a é o espectivo aio. Passemos agoa ao caso em que 1. Tata-se, como iemos mosta, de uma hipébole. Note-se que b 0 de acodo com (5). Assim, deve-se escolhe hipébole a 1 (55) 1 elipse b a 1 1 hipébole b a 1 (56) de foma a te b 0 também paa o caso de uma hipébole. Potanto, ao faze a substituição b b em (51), a equação da hipébole teá de se hipébole x y 1 a b. (57) Note-se que esta equação não se efee ao efeencial da Fig.. Analogamente, em vez de (53), viá paa a excenticidade da hipébole hipébole 1 b. (58) a

De Keple a Newton (atavés da álgeba geomética) 1 O caso limite em que 1 coesponde a te-se b 0 pelo que nem (51) nem (57) são adequadas. Neste caso a cónica degenea numa paábola cuja equação canónica é paábola y p x (59) em que p 0 é o paâmeto da paábola como adiante se veá. Num efeencial catesiano em que o foco é,0 P x, y genéico da cónica é tal que, de acodo com a definição, F c e a diectiz a ecta x h, o ponto x c y x h y c h x 1 x h c. No caso da paábola é 1 pelo que, escolhendo a oigem de foma a que h c, vem paábola y 4 c x (60) o que confima a anteio equação (59). Com efeito basta faze p fazendo h c, obtém-se c. Quando 1, c p c h q 1 y p x q x (61) onde p 0 e q. Neste caso a equação desceve uma elipse se q 0 (exactamente uma cicunfeência se q 1) ou uma hipébole se q 0. Em altenativa, pode-se faze h c, vindo então

Calos R. Paiva x y 1 c c 1 (6) que se eduz a (51) no caso de uma elipse (quando 1) ou a (57) no caso de uma hipébole (quando 1). No quado seguinte apesenta-se então a classificação geal das cónicas em temos da excenticidade. CLASSIFICAÇÃO DAS CÓNICAS Excenticidade Cónica 1 1 Hipébole Paábola 0 1 Elipse 0 Cicunfeência Figua 3 Tês cónicas com o mesmo foco e a mesma diectiz. A distância em elação à diectiz comum é d : (i) 1.6 paa a elipse; (ii) paa a paábola; (iii).5 paa a hipébole.

De Keple a Newton (atavés da álgeba geomética) 3 Na Fig. 3 epesenta-se, em coodenadas polaes, uma família de cónicas (a cicunfeência não está epesentada) com o mesmo foco e a mesma diectiz paa d (em que d ): 0.8, no caso da elipse; 1, no caso da paábola; 1.5, no caso da hipébole. Paa uma elipse é possível defini os vectoes a e b, otogonais ente si (i.e., tem-se ab 0 ), tais que o seu poduto geomético define o bivecto B a b ab que estabelece o plano onde a cónica se enconta. Tem-se, potanto, ˆ 1 1 1 a aεˆ, b bb a B ab εb ˆ a a ab 0 B ab B B Bˆ bˆ εb. ˆ ˆ O b x aε P F a Figua 4 A elipse tanto pode se descita em temos de x x em que cos sin x a b. Note-se que x aε. como em temos de O vecto da Fig. 4 é dado po

4 Calos R. Paiva ˆ ˆ ˆ ˆ, ˆ ε ˆ exp B ε ˆ cos sin ˆ B ε cos b sin (63) onde obedece a (48). Assim, tal como se indica na Fig. 4, 0 ˆ εˆ a 1 1 de foma que OF aε, donde se infee que x aε. (64) Vamos agoa mosta que se pode esceve x a cos b sin (65) e que o ângulo tem a intepetação geomética indicada na Fig. 4. Comecemos po pova que existe o ângulo e qual a elação deste com de tal foma que se veifica a equação (65). De (64) e (65) vem sucessivamente x a ε x a a cos b sin a 1 cos a1 cos (66) se se atende a que b a 1. Logo, igualando (48) a (66), obtém-se cos cos (67) 1 cos

De Keple a Newton (atavés da álgeba geomética) 5 uma vez que d a1. Mas então 1 cos 1 1 cos 1 cos 1 1 cos e, como 1 cos tan 1 cos, conclui-se que 1 tan tan 1. (68) Fica potanto povada a equação (65). Falta intepeta geometicamente o ângulo. Vejamos. De (66) e (67) tia-se que cos a a a cos cos. (69) cos Mas a equação (69) é, pecisamente, a intepetação geomética da Fig. 4 tal como se petendia mosta. Supondo que, em elação à Fig. 4, se tem εˆ e 1 e b ˆ e, viá em paticula x a cos e a 1 sin e x e y e 1 1 x y acos a 1 sin (70)

6 Calos R. Paiva obtendo-se, deste modo, uma epesentação paamética paa as coodenadas catesianas da elipse paa 0 tal como se epesenta na Fig. 5. Figua 5 Difeentes elipses, em coodenadas catesianas, paa a 1 e coespondendo a difeentes valoes da excenticidade.