PN ; Ap.: TC VN Gaia, 3 J ( I- Introdução:

Documentos relacionados
Em Conferência, no Tribunal da Relação do Porto. I. Introdução. (a) Os recorrentes não se conformam por não terem feito vencimento quanto

estrada municipal; insc. mat. art (VP Aguiar).

Acordam no Tribunal da Relação do Porto

1. O Ag.e discorda do indeferimento liminar3 da providência cautelar comum

Acordam no Tribunal da Relação do Porto

Acordam no Tribunal da Relação do Porto.

PN 1834/06/5; Ap: TC Tabuaço ( Acordam no Tribunal da Relação do Porto. Introdução:

PN ; Ap.: Tc. Gondomar, 1º J. (); Acordam no Tribunal da Relação do Porto. I. Introdução:

PN ; Ap.: Tc. Lamego, 1º J. ); Acordam no Tribunal da Relação do Porto. I. Introdução:

Ap.e:. Ap.os: Acordam do Tribunal da Relação de Évora

PN ; Ag: TC Chaves 1º J ( ) Ap.e: Apª: Em Conferência no Tribunal da Relação do Porto I. INTRODUÇÃO:

PN ; Ag: TC Porto (1ª Vara, ) Em Conferência no Tribunal da Relação do Porto I. INTRODUÇÃO:

Acordam no Tribunal da Relação do Porto. I Introdução:

PN ; Ap.: Tc. Porto, 2ª V. (); Em Conferência no Tribunal da Relação do Porto. I. Introdução:

PN ; Ap: TC Porto, 4ª Vara, 2ª. Sec. ( Ap.e: ] Apºs: Em Conferência no Tribunal da Relação do Porto I. INTRODUÇÃO:

Acordam no Tribunal da Relação do Porto

Em Conferência, no Tribunal da Relação do Porto. I. Introdução:

Acordam no Tribunal da Relação do Porto

PN ; Ag: TC Ponte de. Acordam no Tribunal da Relação do Porto

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Acordam no Tribunal da Relação do Porto.

Em Conferência, no Tribunal da Relação do Porto. I. Introdução:

Acordam no Tribunal da Relação do Porto. 1. A sentença recorrida absolveu da instância, por litispendência, arts. 288/1e., 493/2, 494i.

ACTA DA AUDIÊNCIA PRELIMINAR

Acordam no Tribunal da Relação do Porto

Acordam no Tribunal da Relação do Porto. I. Introdução:

ECLI:PT:TRC:2007: TBFIG.C1

PN ; Ag.: TC Porto, 3º J (1684A. 02) Acordam no Tribunal da Relação do Porto. I. Introdução:

PN ; Ap: Tc. Paredes, 2ª J.( ) Em Conferência no Tribunal da Relação do Porto I INTRODUÇÃO:

urbana da Freguesia de Salvador, Beja, sob o Artº 627º. 2. Alegou em síntese:

senhoria operou-se no fim do prazo estabelecido (caducidade do contrato); do estabelecimento comercial em causa outro se extinguiu;

PN: Acordam no Tribunal da Relação de Évora

PN ; Ap.: Tc. VN Gaia, 2ª VM ( ); Ap.a. Acordam no Tribunal da Relação do Porto I.INTRODUÇÃO:

PN ; Ap: Tc. Resende (7.96); Em Conferência no Tribunal da Relação do Porto. I. Introdução:

Acordam no Tribunal da Relação de Évora

PN ; Ap.: TCParedes 2.º J ( ) Acórdão no Tribunal da Relação do Porto I. INTRODUÇÃO:

Acordam no Tribunal da Relação do Porto. I. Introdução:

PN ; Ap: TC Lousada, 2.ºJ ( I- Introdução

Em Conferência no Tribunal da Relação do Porto. I. Introdução:

Ap.es: Ap.os:. Acordam no Tribunal da Relação de Évora

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Em Conferência no Tribunal da Relação do Porto I. INTRODUÇÃO:

Em Conferência, no Tribunal da Relação do Porto I.INTRODUÇÃO

Acordam no Tribunal da Relação do Porto I. INTRODUÇÃO:

(a) Os Ag.es impugnam a decisão que homologou a desistência do pedido que declarou extinto o direito que o exequente fazia valer contra os Ag.os.

PN: ;Ap:Tc Póvoa de Varzim, 3J ( Ap.es: Ap.os. Acordam no Tribunal da Relação do Porto I.INTRODUÇÃO:

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Em Conferencia no Tribunal da Relação do Porto

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Comercial de M. d e Can aveses, frente à pretensão da A. no sentido de r ectificar o

PN ; Ap.: Tc. Paredes, 2º J. Acordam no Tribunal da Relação do Porto I. INTRODUÇÃO:

Processo n.º 429/2015 Data do acórdão:

Em Conferencia no Tribunal da Relação do Porto. I. Introdução:

PN ; Ap: TC Porto, 4ª Vara () Em Conferência no Tribunal da Relação do Porto I. INTRODUÇÃO:

PN ; Ap: Tc Bragança, 1º J ( Ap.e: Ap.os: Em Conferência no Tribunal da Relação do Porto. I Introdução

Acordam no Tribunal da Relação do Porto. I. Introdução

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Constituição do direito de superfície Aos dias do mês de.. do ano dois mil e cinco, nesta cidade de

Pº R.P. 241/2008 SJC-CT-

APROVA OS MODELOS DE AVISO A FIXAR PELO TITULAR DE ALVARÁ DE LICENCIAMENTO. (Portaria n.º 1108/2001, de 18 de Setembro)

Exmo. Senhor Dr. Juiz de Direito do Tribunal Administrativo e Fiscal de [ ] Execução fiscal Serviço de finanças de [ ] Processo n.º : [ ] e aps.

PN ; Ap.: TC Chaves; Acordam no Tribunal da Relação do Porto. 1. Introdução

Famalicão. J2 Processo 155/14.7T8VNF Insolvência de Bento de Sousa Gomes e Rosa Maria Pereira Caridade

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Resumo para efeitos do artigo 6.º, da Lei 144/2015, de 8 de Setembro:

PN ; Ag. TCEspinho, 2.º J ( ) Acordam, em Conferência, no Tribunal da Relação do Porto. I- Introdução:

PROCEDIMENTO DE HASTA PÚBLICA PARA ALIENAÇÃO DE UM IMÓVEL SITO NA RUA 4 Nº 656 E 660, ESPINHO CONSIDERANDOS

Acordam no Tribunal da Relação do Porto

I. Introdução: Da decisão recorrida:

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

PROVA ESCRITA NACIONAL DO EXAME FINAL DE AVALIAÇÃO E AGREGAÇÃO

PN ; Ag.: Tc. Ovar; I. Introdução:

PN ; Ag: TC Resende ( Ago.: MP. Acordam no Tribunal da Relação do Porto I- INTRODUÇÃO:

S. R. TRIBUNAL DA RELAÇÃO DE GUIMARÃES

PN ; Ap: TC VN Gaia, 3º J ( Apºs: Em Conferência no Tribunal da Relação do Porto I. INTRODUÇÃO:

PN ;-5 Ap: TC Lousada 2º J ( ) Apª: Em Conferência, no Tribunal da Relação do Porto I. INTRODUÇÃO:

Nuno Rodolfo da Nova Oliveira da Silva, Economista com escritório na. Quinta do Agrelo, Rua do Agrelo, nº 236, Castelões, em Vila Nova de Famalicão,

PN ; Ap.: Tc. Vila Flor ( Acordam no Tribunal da Relação do Porto. I. Introdução:

RELATÓRIO. O presente RELATÓRIO é elaborado nos termos do disposto no artigo 155º do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas CIRE.

1.1. Terminou a alegação de recurso com as seguintes conclusões:

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Código de Processo Penal Disposições relevantes em matéria de Comunicação Social

Tribunal de Contas. ACÓRDÃO N.º 38/ Mar ªS/SS. (Processo n.º 1987/06) SUMÁRIO:

Comarca da Grande Lisboa - Noroeste / Processo n.º 15918/10.4 T2SNT - Juízo do Comércio de Sintra Insolvência de: Construções Ocidental, Lda.

PN ; Ag: TC P. Varzim, 4º J ( Acordam no Tribunal da Relação do Porto I. INTRODUÇÃO:

Acordam no Tribunal da Relação de Évora

Acordam no Tribunal da Relação do Porto. I. Introdução:

Nuno Rodolfo da Nova Oliveira da Silva, Economista com escritório na. Quinta do Agrelo, Rua do Agrelo, nº 236, Castelões, em Vila Nova de Famalicão,

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE PERNAMBUCO JUÍZO DE DIREITO DA 26ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE RECIFE- SEÇÃO B SENTENÇA

Acordam no Tribunal da Relação do Porto. I. Introdução:

Assunto: Habeas corpus. Exequibilidade de sentença condenatória. Recurso. Trânsito

Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

7. Dia e hora limites para a aceitação de propostas: início da diligência de abertura

Direito Processual Civil II Exame de 1.ª Época 3.º ano Turma da noite Regência: Professor Doutor José Luís Ramos 7 de junho de minutos

Acordam nesta Secção do Contencioso Tributário do Supremo Tribunal Administrativo:

Termos e condições da venda a realizar, tendo por objecto bens móveis e imóveis apreendidos a favor da massa insolvente:

RELATÓRIO. O presente RELATÓRIO é elaborado nos termos do disposto no artigo 155º do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas CIRE.

Em Conferência no Tribunal da Relação do Porto I. INTRODUÇÃO:

Prática Processual Civil I 30 de Janeiro de 2009

Insolvência de FRIDOURO REFRIGERAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DO DOURO, LDA.

Transcrição:

PN 7262.04-5; Ap.: TC VN Gaia, 3 J ( Ape.: Apos.: I- Introdução: (a) Os RR não se conformam com a sentença de 1.ª instância que ap enas lhes concedeu vencimento parcial da reconvenção, não condenando os AA a tapar uma janela do prédio que lhes pertence em Canid elo, nem a demolir todo o 1.º andar que lhe acrescentaram. (b) Da sentença recorrida: (1) Considerada a matéria de facto dada como provada... conclui-se que, não havendo, in casu, qualquer violação do direito de propriedade dos AA, existe, antes, porém, uma titularidade de um direito de servidão de passagem por parte dos RR sobre o prédio destes. (2) Quanto à eventual violação do disposto no art. 1360º, do C. Civil [pelos AA], provou-se que, em data indeterminada, no rés-do-chão do prédio deles, designadamente na parede sul que faz empena com o prédio dos RR., abriram uma janela com cerca de 53 cm de comprimento x 49 cm de altura, sendo que as três barras existentes na mesma são de cimento, tendo cerca de 6 cm de largura e distam, entre si, cerca de 9 a 9, 5 cm; mais se provou que o prédio dos AA, concretamente a sua parede sul, faz empena com o prédio dos RR., com uma altura superior a 4 metros; (3) Visto o art. 1360/1, do C. Civil, porque não resultou provado que a janela diste menos de 1,5 metros do prédio vizinho conclui-se que não ocorreu qualquer 1 Adv. Dr. 2 Adv. Dr.ª 1

violação do interstício legal do código substantivo civil e, como tal, o p edido reconvencional deverá improceder. (4) Quanto ao pedido de demolição do 1º piso do prédio dos RR provou-se, tão somente, que a parede sul do prédio dos AA faz empena com o prédio do R., com uma altura superior a 4 metros, e não logrou o R. provar que a referida parede tivesse sido edificada pelos AA sem autorização dele ou que a mesma acarrete uma desvalorização do prédio: nesta parte, o pedido reconvencional deverá improceder também. (5) Importa, ainda, esclarecer se o conhecimento da titularidade do direito de servidão de passagem por parte dos RR sobre o prédio dos AA implicará a demolição eventual dos muros juntos à Rua do Rodeio e do respectivo muro longitudinal desde esta artéria até à entrada da habitação dos AA. (6) Mas conclui-se que não ocorre uma necessidade absoluta (nem relativa) da destruição dos referidos muros, uma vez que nã o há qualquer impedimento ao exercício da servidão de passagem por parte do R., podendo o mesmo ser exercido na sua plenitude e sem obstáculos: nesta parte, o pedido reconvencional deverá improceder. II- Matéria assente: (1) Em 3 de Setembro de 1974, os AA. adquiriram a um prédio rústico de leira de terr a inculta, denominada "Pedra Moura", sita na freguesia de Canidelo, V.N. de Gaia, inscrito na matriz predial rústica, sob o artigo 2976, descrito na Conservatória do Registo Predial de V.N. de Gaia, sob o nº 20035, a fls 13-v, do Livro B-52 ; (2) Em 1 de Outubro de 1981, os AA. adquiriram a Cidade e esposa, o prédio rústico de leira e mato, denominado de "Penas", sito na freguesia de Canidelo. V.N. de Gaia, inscrito na matriz rústica sob o artigo 1321, descrito na Conservatória do Registo Predial de V.N. de Gaia, sob o nº 15668, do Livro 58, a fls 92-v ; (3) Nos termos referidos na alínea (1) e (2), respectivamente, está, actualmente, construído o prédio urbano inscrito na matriz predial urbana do Canidelo, sob o artigo 3627; 2

(4) Os AA são donos e legítimos possuidores do prédio urbano do rés-do-chão com cozinha, sala, casa de banho e três quartos, com a área coberta de 77,4 m2 e logradouro de 807 m2, sito na Rua do Rodeio, 650, freguesia de Canidelo, concelho de Vila Nova de Gaia; (5) Os AA, por si e antepossuidores, estão, há mais de 10, 15, 20 e 30 anos na detenção, uso, fruição e disposição do prédio id. em (1) e das parcelas de terreno em que o mesmo foi construído; (6) Sem violência, resistência ou oposição de qu em quer que seja; ininterruptamente e por forma a tornar o seu exercício susceptível de conhecimento pelos interessados; (7) Os respectivos uso e fruição, que se têm mantido em nome próp rio, foram sempre ex ercidos pelos AA. e eram passados através dos actos materiais que os integram o ex ercício dos direitos de proprietário, tais como o plantio, a colheita de frutos, o pagamento das contribuições e encargos, as obras de construção, beneficiação, reparação e quejandas; (8) Os RR, que são proprietários do prédio que confina a norte com o prédio id. em II (3), têm vindo a utilizar o prédio destes numa faix a de terreno, que a ambos os prédios dá acesso, proveniente da forma perpendicular à Rua do Rodeio, tendo a largura inicial de 2,60 m e de 2,15 m na sua parte mais estreita; (9) E também passa através do prédio a pé; (10) O portão de acesso à casa dos RR. tem cerca de 4,23 m de largura; (11) Para poder aceder ao seu prédio, através do prédio dos AA, com a viatura ligeira; (12) O R.,, construiu em 1981 um prédio urbano destinado à sua habitação, composto por cozinha, sala e três qu artos com entrada pelo nº 650, da Rua do Rodeio, Canidelo, com a área coberta de 101,5 m2 e descoberta de 852,5 m2, inscrito na matriz respectiva sob o nº 4663, descrito na 1ª Conservatória do Registo Predial de V.N. de Gaia, sob o nº 22748, a fls 1 verso, do Livro B-59; (13) Pelo qual é paga a respectiva Contribuição Autárquica; (14) O acesso ao prédio dos RR. é feito pela Rua do Rodeio e através da faixa de terreno id. em (8), que atravessa o prédio rústico propriedad e dos AA; (15) Os RR. utilizam a faixa de terreno id. em II (8) desde que adquirir am o seu prédio; (16) Há mais de 20, 30 ou 50 anos pelos anteriores proprietários desse mesmo prédio, bem como de outros proprietários de prédios confinantes, utilização que sempre foi 3

feita de forma pública, pacífica, de boa fé e sem oposição de ninguém, nomeadamente dos AA. e outros proprietários do seu prédio; (17) A faixa de terreno id. em II (8), há mais de, pelo menos, trinta anos, ocupava todo o espaço existente desde a Rua do Rodeio até à actual zona das habitações dos RR e dos AA, incluindo o espaço utilizado por estes como logradouro da sua habitação; (18) Há cerca de sete anos os AA construíram na referida faixa de terreno id. em II (8) um muro, junto à R. do Rodeio, com cerca de 4,58 m de largura e 1,35 m de altura; (19) Os AA também construíram desde a Rua do Rodeio até à entrada da sua habitação um muro longitudinal com cerca de 50 cm de altura e 35 m de comprimento. (20) A faixa de terreno id. em (8) tem cerca de 2,60 m de largura no seu início e 2,15 m, na sua parte mais estreita, basicamente a meio da sobredita faixa; (21) Feita a ex periência no local com a viatur a automóvel do R., de marca Opel, modelo Corsa, verificou-se que o mesmo consegue circular, de e para o seu prédio, sem3 grande dificuldade; (22) Na sequência da construção de tais muros, o R. insurgiu-se, por várias vezes, contra tal situação, quer perante os AA. quer denunciando publicamente a mesma, nomeadamente num jornal local, quer perante a Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, de entre outras formas através de várias exposições; (23) Em data indeterminada, no rés-do-chão do prédio id. em II (3), designadamente na parede sul que faz empena com o prédio dos RR., os AA abriram uma janela com cerca de 53 cm de comprimento X 49 cm de altura, sendo que as três barras ex istentes na mesma são de cimento, tendo cerca de 6 cm de largura e distam, entre si, cerca de 9 a 9,5 cm; (24) O prédio dos AA, concretamente a sua parede sul, faz empena com o pr édio dos RR., com uma altura superior a 4 metros. III- Cls/alegações [RR]: (a) Ao dar como provada a matéria de facto correspondente a Q 8, Q15, Q15 A e Q164, e depois decidir que o direito de passagem dos RR sobre o prédio dos AA abrange 4

apenas a faixa referida e delimitada em Q8, o tribunal tomou decisão contraditória com a matéria de facto afinal dada como provada. (b) Circunstância que implica a substituição da sentença por outra, com fundamento nessa mesma matéria de facto, mas que decida o direito de passagem do R pelo prédio dos AA através de todo o espaço existente desde a Rua do Rodeio até á actual zona das habitações dos RR e dos AA, incluindo o espaço utilizado por estes como logradouro da sua habitação. (c) E que, com fundamento na mesma matéria de facto, bem como na matéria de facto correspondente a Q 17 e Q185, mande demolir os muros construídos pelos AA devido ao facto de tal construção ser ilegal: viola e restringe o direito de passagem de que os RR são titulares; (d) Por fim, foi incorrectamente julgada a matéria de facto correspondente a Q21 e Q226, porque adquirida apenas e tão só através de um juízo de valor subjectivo da julgadora na sequência da inspecção judicial feita ao local7; 3 Na transcrição dactilografada da sentença foi erradamente escrito com grande dificuldade. 4 Base instrutória... Q8- O R., que é proprietário do prédio que confina a Norte com o prédio II (3), contra a vontade dos AA, tem vindo a utilizar o prédio destes para fazer passar o seu automóvel? Provado apenas que o R, que é proprietário do prédio que confina a Norte com o prédio II (3), tem vindo a utilizar o prédio destes numa faixa de terreno q ue a mbos os prédio s dá acesso, proveniente de forma perpendicular à R. do Rodeio, tendo a largura inicial d e 2,60 m e de 2,15 m na sua parte mais estreita.... Q15 [Caminho publico que atravessa o prédio rústico propriedade dos AA] e que já era utilizado há mais de 20, 30, 50 anos pelos anteriores proprietários d o prédio dos RR, bem como de outros proprietários de préd ios confinantes? Provado Q15 A- Utilização que sempre foi feita de forma pública, pacifica, de boa-fé e sem oposição de ninguém, nomeadamente dos AA e anteriores proprietários do seu prédio? Provado Q16- Caminho publico que ocupava todo o espaço existente desde a Rua do Rodeio até à zona das hab itações dos RR e AA, incluindo o espaço utilizado por estes como lo gradouro da sua habitação? Provado apenas que a faixa de terreno id. em II (8), há ma is de, p elo menos, trinta anos, ocupava todo o espaço existente desde a R. do Rodeio até à actual zona das habitações do s RR. e dos AA, incluindo o espaço u tilizado por estes como logradouro da sua habitação. 5 Base instrutória... Q17 Há cerca de 7 anos os AA construíram no caminho publico [que ocupava todo o espaço existente desde a Rua do Rodeio até á zona das habitações d os RR e AA, incluindo o espaço utilizado por estes como logradouro da sua habitação] u m muro co m cerca de 1m de altura e 5m de comprimento, junto á dita Rua do Rodeio? Provado apenas que há cerca de 7 anos os AA construíram na referida faixa de terreno um muro, junto á Rua do ro deio, com cerca de 4,58m de largura e 1,35m altura. Q 18 Bem como a partir desta artéria e até á entrada da sua hab itação, um muro lo ngitudinal, com cerca de 45cm de altura e 50 a 60 m de comprimento? Provado apenas que os AA também constru íram junto da Rua do Rodeio e até à entra da da sua habita ção um muro lo ngitudinal com cerca de 50 cm de altura e 35m de comp rimento. 6 Base instrutória... Q21- [Dificultando o trânsito] de um simples veiculo ligeiro, no meadamente do R que só muito dificilmente consegue passar com o seu auto móvel para o seu prédio, e mesmo assim já o tendo por várias 5

(e) Julgadora que também não deu qualquer relevo aos depoimentos da testemunhas indicadas pelo R8., ou ao depoimento das mesmas á matéria de facto objecto de Q 25, Q 25 A, Q 25 B, Q 26, Q 26 A, Q 26 B e Q 2 6 C9, os quais impõem respostas de inteiramente provados. (f) Deve por isso mesmo ser revogada a sentença r ecorrida, que julgou improcedente em parte o pedido reconvencional, substituída por outra que condene os AA a tapar a janela da parede Sul do prédio urbano destes [mat. Urb. 3627, C anidelo] e a demolir todo o 1.º piso que lhe acrescentaram. esmurrado nessa situação? Provado apenas que, feita a experiência no local com o veiculo automóvel do R, marca Opel/Corsa, verifica-se que o mesmo consegue circular de e para o seu prédio, sem grande dificuldade. Q 22- Impossibilitando por completo a passagem de veículos de maiores dimensões, nomead amente de uma camioneta ligeira, de um tractor ou de uma ambulância? Provado apenas o que consta da resposta ao quesito anterior. 7 Acta da Audiência, 04.01.19 [fls. 239]... Reiniciada... no local... procedeu-se á inspecção judicial, tendo no decurso da mesma sido proferido o seguinte despacho: [1 ] Relativamente a 10 o portão existente tem cerca de 4,23m de largura; [2 ] No que diz respeito a Q 17, o muro existente junto á Rua do rodeio, tem cerca de 4,58m de largura e 1,35m de altura; [3 ] Quanto a Q18 verifica-se que o muro longitudinal tem cerca de 50 cm de altura e 35 m de comprimento; [4 ] O caminho referido em Q 19 tem cerca de 2,6 0m de largura no seu inicio e 2,15m na sua parte mais estreita, basicamente a meio; [5 ] Relativamente a Q 21, e feita a experiência no local, com a viatura automóvel do R Opel/Corsa, verifica-se que o mesmo consegue passar, de e para o seu prédio sem grande dificuldade. [6 ] Em relação á janela referida em Q25 tem a mesma cerca de 53cm d e comprimento por 49cm de altura, sendo que as três barras existentes na mesma são de cimento, tendo basicamente 6cm de largura, distando entre si por volta de 9 a 9,5 cm; [7 ] Em relação a Q26 A, o prédio dos AA, concretamente a sua pared e Sul, faz empena com o prédio do R, com uma altura superior a 4m;... 8 Vd. anexo 1 9 Base instrutória:... Q25- No R/chão do prédio II (3), designadamente na parede sul que faz empena com o prédio dos RR, os AA, há cerca de 6 anos, abriram uma janela com cerca de 0, 54 x 0,62 cm? Provado ap enas que em d ata indeterminad a no R/chão do prédio II (3), propriamente na parede sul do mesmo que faz empena com o prédio dos RR, os AA abriram uma janela com cerca de 53 cm de comprimento por 49 cm de altura sendo que as três barras existentes na mesma são de cimento, tendo cerca de 6 cm de largura e distam, entre si, cerca de 9 a 9,5 cm. Q25 A- Virada directamente para o prédio dos RR? Provado apenas o que consta da resposta a Q 25. Q25B- Distando menos de 1, 05m deste? Não provado. Q26- Também há cerca de 6 anos, os AA procederam á ampliação do seu referido prédio urbano, acrescentando ao R/chão até então existente mais um piso (concretamente um 1.º andar)? Não provado. Q26 A- Ficando tal prédio, i.e., a parede sul, que faz emp ena com o prédio dos RR, com um altura muito superio r a 4m? Provado apenas que o prédio dos AA, i.e., a parede sul que faz empena com o prédio do s RR, tem uma altura superior a 4m. Q 26B- Sem a autorização dos RR? Não provado Q26C? E desvalorizando o prédio? Não provado 6

IV- Contra-alegações: não houve. V- Recurso: pronto para julgamento nos termos do art.º 705. VI- Sequência: (1) Põem os recorrentes 3 problemas: (i) julgamento contrário às regras da objectividade do impedimento da passagem; (ii) insuficiente avaliação do direito aplicável no que diz respeito à abertura de uma janela no pr édio dos AA; (iii) do mesmo modo, no que diz respeito à construção de um 1.º andar acima da empena do prédio dos RR. (2) Enfrentando o primeiro problema: é claro que a inspecção judicial, sendo da competência do juiz, só dá lugar á intervenção de peritos quando for necessária qualquer competência técnica fora do alcance do saber comum. Ora, o juízo transcrito para a acta da Audiência, onde teve lugar a dita inspecção 10, releva dos simples saberes quotidianos, da experiência geral, que por isso não tem de ser caucionados por especialidades de conhecimento. (3) Portanto, é válida a resposta dada ao quesito pertinente, fundada na inspecção levada a cabo pelo juiz: não se trata da mera subjectividade arbitrária, i.e., de uma mera opinião, mas de uma estimativa feita ali mesmo onde o problema surge, segundo os modelos objectivos de um ajuizamento universalizável: cabe, então, no âmbito e alcance da liberdade apreciativa do tribunal. (4) Enfim, não se demonstrando qualquer obstáculo relevante ao exercício do direito de passagem, não pode proceder este recurso no sentido de ser ordenada a demolição dos muros bordejantes. (5) Agora, no que diz respeito á janela11, parece não poder colher a justificação sentencial: não é po rque a par ede da casa dos AA esteja encostad a á parede da casa dos RR que não deve ser aplicado o regime de proibição de aberturas no prédio vizinho. Mas o regime em causa é o do art.º 1364 CC relativo a janelas gradead as e que impõe uma malha de 5cm máximo, para uma secção das barras de 1cm2 de mínimo. 10 Vd. nota 7 11 Esta matéria só é de conhecimento por ter transitado o despacho de admissão da reconvenção contra o que os AA tinham alegado quanto á inadmissibilidade desta, conformando-se depois. 7

(6) Ora, ficou provado que a janela gradeada dos AA ex cede a malha, não tendo importância par a o caso12 que, muito embora também ex ceda a secção das barras e conquanto não seja necessário serem estas de metal, podendo muito bem apresentarse em cimento armado para cumprir o desidrato legal de impedimento da devassa do prédio confinante. (7) Nesta parte, não proced endo totalmente o pedido reconvencional, d eve ser satisfeito contudo, no sentido de a malha da janela gradeada em causa ser apertada até aos 5cm fixados na lei. (8) Mas, encarando o terceiro problema, tratando-se aqui de uma empena de parede contra p arede, pertencendo integralmente aos AA o muro que se alevanta da casa dos R R, nada na lei impede este tipo de construção do ponto de vista dos meros interesses privados e num plano imediato, que a esta acção diz respeito: qualquer interdito que ex ista está em normas construtivas de origem publicística, não cabendo a discordância portanto, numa aqui operativa pretensão dos RR. (9) Por conseguinte, vai em parte revogada a sentença de 1.ª instância, justamente no sentido de as frestas da janela da parede sul da casa dos AA serem apertadas numa malha com o máximo de 5cm. VII- Custas: na proporção da sucumbência de cada qual, por AA e RR. 12 Com efeito, a dimensão é exigida pelo mínimo no art.º da lei citado; quer dizer: a secção das barras para além desse mínimo pode ser desenhada ad libitum. 8