PN ; Ag. TCEspinho, 2.º J ( ) Acordam, em Conferência, no Tribunal da Relação do Porto. I- Introdução:

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1 PN ; Ag. TCEspinho, 2.º J ( ) Ag.tes: Ag.dos: Acordam, em Conferência, no Tribunal da Relação do Porto I- Introdução: (1) Os Ag.tes não se conformaram com o despacho saneador que pôs termo à causa julgando proceden tes as excepções de caso julgado ou de erro na forma do processo. (2) Da decisão recorrida: (a) Os RR requereram primeiramente a execução de sentença que lhes atribuiu uma certa área de terreno ocupad a pelos AA e após a demarcação e a entrega judicial pedida, continuaram-na em or dem a demolir uma parte da moradia dos AA que ocupava terreno disputado. (b) Defendem os AA que pretendem, agora, é o respeito pela sentença proferida, mas já não das demais decisões e actos judicias praticados em execução da mesma, por se lhe oporem, esses, portanto, ineficazes e ilegais, não devendo ser cumpridos, antes revogados. (c) Contudo, face aos factos assentes, resulta inequívoco que, aqui, os sujeitos são juridicamente os mesmos, o que nem sequer é posto em causa pelos AA, e que há também identidade de p edidos: globalmente considerado, o efeito jurídico pretendid o em ambas as acções é igual, contende com definir as áreas dos prédios de AA e RR, que são partes quer numa quer na outra causa. 1 Adv.: 2 Adv.: 1

2 (d) Enquanto isto, verifica-se identidade também da causa de pedir: nos dois casos a propriedade dos prédios e a definição das respectivas áreas constituiu o facto de onde procede a pretensão dos AA.. (e) Verifica-se deste modo a ex cepção de caso julgado, conducente á absolvição dos RR da instância. (f) Porém, cumpre apreciar se, de qualquer modo, não se verificará a nulidade decorrente de erro na forma de pro cesso. (g) E è, em face do efeito jurídico pretendido pelo A, que a indagação da propriedade do meio processual utilizado há-de ser feita. (h) Ora, na execução pode o executado deduzir embargos com fundamento em inexequibilidade do título ou por incerteza ou inexigibilidade da obrigação, vícios que os AA alegam para sustentar este pedido. (i) Seria, pois, a via da oposição á execução o meio próprio para que os aqui AA reagissem: fundando-se a execução em sentença, embora seja aplicável á execução para entrega de coisa certa, com as necessárias adaptações, o disposto nos artº.s 924 ss CPC, sucede contudo que antes de ter sido determinada a entrega foi ordenada perícia, justamente com o fim de ser delimitada a área em litigio, e só depois proferido o despacho de (j) Assim, após a entrega aos ora RR. da área de terreno ocupada pelos AA, ainda poderiam ter deduzido, ali, embargo s de executado: havendo desconformidade da execução com o título: são o meio próprio para reagir, não podendo depois de terem sido executados intentar uma nova acção declarativa com aquele mesmo fim. (k) E muito menos, podem os AA pretender com a presente acção obter um suposto respeito pela sentença inicial, entendendo que as decisões e actos judiciais proferidos e praticados em execução dela, por se lhe oporem afinal, se mostram ineficazes e ilegais, devendo ser revogados: o meio processual apropriado antes seria o recurso. (l) Por fim, neste caso, não é possível fazer qualquer aproveitamento de algum dos actos processuais já praticados, por forma a reconfigurar a tramitação processual devida. II Matéria Assente: 2

3 (a) Nos presentes autos, os AA pedem que os RR sejam condenados, além do mais: (i) a reconhecer que o prédio rústico Meias, em Idanha, Anta, Espinho, de terreno de mato e pinhal, desc. C.Reg.P. Espinho, n.º 1344/271095, insc. mat. art. 1723, com área descrita de 820m2, de que são donos, tem afinal, já desde antes de , uma área de 594 m2 ou pelo menos inferior a 830m2; (ii) a reconhecer, depois, que ocupam e tem na sua posse, mas não lhes pertence, uma parcela de terreno, sita a nascente, com uma área de 59, 80m2, pertença sim dos AA e inscrita a favor deles relativamente ao prédio urbano designado por lote 1, erguido em terreno para construção d e Idanha, Anta, Espinho, desc. Cons. Reg. Pred. Espinho n.º 01340/121095, com área descrita de 378m2; (iii) a entregaremlhes essa parcela de terreno livre e desocupada; (iv) a nada mais demoliram da moradia uni-familiar dos AA que em parte se encontra implantada naquela parcela de terreno; (v) a reconstruírem e a reporem essa moradia no estado em que ela se encontrava à data de ; (vi) a delimitarem os prédios com respeito estrito da sentença judicial proferida com transito no processo n.º 119/99, 1.ºJ Espinho. (b) Nessa causa precisamen te, os RR, então AA, alegaram ser donos de 80m2 de terreno do prédio referido em (a),(i) que diziam ocupado pelos AA., ali RR, e pediram a condenação destes: (i) a reconhece-los como legítimos proprietários do prédio em causa; (ii) a reconhecerem que ocupavam, contra a vontade dos donos, a dita parcela do terreno superior a 80m2; (iii) a largarem mão dessa mesma parte do prédio, entregando-lha livre e desocupada, por falta de titulo que legitimasse a ocupação em causa e demolindo a obra que ali iniciaram em terreno alheio; (iv) a absterem-se de praticar actos susceptíveis d e interferir com esse seu direito de propriedade sobre o prédio em análise; (v) a recon hecerem que a linha divisória entre os prédios de ambas as partes inflecte para nascente, em direcção ao prédio adversário, e a concorrerem para a demarcação das estremas. (c) Por sentença judicial transitada, , foi a acção julgada parcialmente procedente, com a condenação dos RR, aqui AA (i) a reconhecerem os AA/R R como proprietários do prédio disputado e (ii) à demarcação das estremas, (iii) enquanto reconheceriam que ocupavam sem titulo a parcela de terreno referida pela parte contrária (iv) da qual deveriam lar gar mão e entregarlha livre e desocupada, (v) procedendo ao desmantelamento da obra que lá iniciaram. 3

4 (d) Depois, por apenso, os aqui RR requereram a execução judicial desta sentença, proferida no PN 119/99, alegando não cumprimento pelos aqui AA, onde pediram a entrega judicial da área de terreno ocupada pelos executados. (e) Foi então que o Tribunal nomeou um perito para proceder á demarcação dos prédios em litígio e determinar a área de terreno em concreto a entr egar aos aqui RR, perito que apresentou um relatório, , acompanhado de três plantas. (f) Nelas definiu a área dos 80m2 em disputa e sugeriu, perante as duvidas que lhe suscitava a sentença, e par a desenho da zona de terreno em causa, duas diferentes plantas: o tribunal optou por uma delas, (g) Foi por fim entregue aos aqui RR o terreno correspond ente à zona demarcada e, após isso, requereram eles a execução da ordem par a demolir, deferida quanto á parte da moradia dos aqui AA que ocupava terreno entregue. III CCLS/ALEGAÇÕES: 1. Ao contrário do que refere a decisão recorrida não resulta dos documentos juntos aos autos ou do confronto com PN 119/99, 1.º J Espinho, o facto dado como provad o: foi entregue aos aqui R. o terreno correspo ndente á demarcação feita. 2. Antes pelo contrário, sendo esse um dos pontos de facto que expressamente se discutem na causa, e que só poderá ser provado por simples inspecção ao local, nunca apenas por documentos, ao dá-lo como assente, incorreu o Tribunal recorrido em erro de ap reciação da prova: a decisão deverá ser alterada ou anulada, para debate do caso. 3. Depois, não se verifica a excepção de caso ju lgado por referência á sentença do dito PN 119/99, por não haver identidade de pedidos, n em de causa de pedir: não há repetição da mesma causa. 4. O Tribunal recorrido ao julgar procedente essa excepção fez errada aplicação dos artº.s 497 e 498 CPC: deverá ser revogada a sua decisão, para que os autos sigam. 5. Não se verifica também, no caso, qualquer erro na forma de processo: os ag.tes não poderiam ter nunca deduzido embargos de executado na execução para 4

5 entrega de coisa certa que lhes moveram os ag.dos e que teve o n.º 119B/99, 1.ºJ Espinho, pelo menos não o poderiam fazer por forma a neles se defenderem do despacho de e muito menos, dos actos praticados em execução desse mesmo despacho que ocorreram, todos eles, em momento processualmente posterior ao da oportunidade da oposição executiva. 6. E a não interposição do recurso do dito despacho, transito perante o qu al está confrontado com a causa de pedir nesta acção, em nada mais se constitui que na base mesma do pedido. 7. Deste modo, o Tribun al a quo, ao declarar oficiosamente aquele suposto erro da forma de processo fez má aplicação dos artº.s 199, 206/2, 288/1b. e 494 b. CPC: haver á revogação e, com a procedência do recurso, novo d espacho saneador, que seleccione a matéria assente e elabore a base instrutória. IV CONTRA-ALEGAÇÕES: (a) Não merece qualquer censura a decisão recorrida, que não padece de erro na apreciação da prova: os factos em crise resultam afinal de decisão com trânsito em julgado, proferida no PN 199B/99, 1.ºJ Espinho; (b) Assim, bem julgou o Tribunal a quo proced ente a ex cepção dilatória de caso julgado, no confronto do pedido com a decisão havida no PN 119/99 e seus apensos, 1.ºJ Espinho: está demonstrada a absoluta identidade do sujeito, do pedido e da causa de pedir; (c) Não merece também qu alquer reparo ou censura o despacho que julgou verificado o erro na forma do processo: esta acção mostra-se absolutamente inadequada para fazer valer o efeito pretendido pelos recorrentes; (d) Com efeito, aquilo que almejam é apenas pro curar, pela via da acção declarativa, rediscutir matéria que foi objecto de apreciação e decisão transitada no âmbito do dito PN 119/99; (e) Deve ser inteiramente mantido o despacho de que os ag.tes recorrem. V Recurso, julgado nos termos do art. 705 CPC: 5

6 (a) Os recorrentes não lograram demonstrar que não tenha havido erro irrecuperável na forma de processo, nem que devesse improceder qualquer excepção de caso julgado. (b) Na verdade, ainda que tivesse ocorrido um erro judicial, certo é, como muito bem diz o despacho recorrido, que esse erro se ataca pela via do recurso, caso caiba, ou quando se constitui em decisão transitada, apenas através da acção de indemnização contra o Estado, por facto prejudicial da administração da justiça. (c) Esta é a lógica do sistema do recurso e do trânsito, de que os recorrentes pretendem apresentar u ma alternativa, afinal através da eternização do debate judicial: não é possível nos quadros do direito actual e muito embora o trânsito em julgado nem sequer seja um tópico da Constituição da República. (d) De qualquer modo, parece que do ponto de vista conceptual, em boa verdade, se não põe o problema do erro da forma do processo: a lei autoriza os recorrentes a conceber e a apresentar um pedido declarativo neste caso, ainda que improcedente, como foi e deve decidir-se. (e) E improcedente, porque justamente tem valimento o argumento de caso julgado, em face do trânsito de decisão judicial, trânsito porque, numa dada vertente, dela não foi interposto recurso, trânsito porque, noutra, não foi deduzida oposição executiva, na oportunidade apropriada, em suma, trânsito porque segundo as vicissitudes do debate judicial, até agora ocorrido, já não há espaço para rediscutir o problema de fundo, não obstante o esforço entusiástico dos recorrentes na demonstração do contrário. (f) Em suma, tendo em conta as clássicas identidades que aqui se verificam na justa medida em que o despacho recorrido assim mesmo o demonstra, não houve motivo algum para não o manter, pelo menos, no âmbito e alcance prático da eficácia terminal com que se nos apresenta, e como foi decidido. VI RECLAMAÇÃO, nos termos do artº700/3 CPC: sem exposição de motivos e naturalmente sem resposta. VII SEQUÊNCIA: não vêm razões para discordar da solução dad a ao caso no despacho reclamado, pelo que o mantêm como acórdão. 6

7 VII - Custas: pelo ag.tes, que sucumbiram. 7