Abordagem da eclâmpsia na sala de partos. Dra Euridice Chongolola 8 De Novembro 2017

Documentos relacionados
CADA VIDA CONTA. Reconhecido pela: Parceria oficial: Realização:

Disciplina de Obstetrícia

OBSTETRÍCIA PARTE 1 D H E G E DIABETES GESTACIONAL

Faculdade de Medicina de Botucatu - Unesp

CADA VIDA CONTA. Reconhecido pela: Parceria oficial: Realização:

PREVENÇÃO DA ECLÂMPSIA: O USO DO SULFATO DE MAGNÉSIO

CRISE HIPERTENSIVA GESTACIONAL

M.C.R 20 anos Casada Ensino médio completo Prendas domésticas Natural e procedente de Botucatu

SÍNDROME HIPERTENSIVA NA GESTAÇÃO

ENFERMAGEM SAÚDE DA MULHER. Assistência de Enfermagem ao Pré-Natal Parte 7. Profª. Lívia Bahia

Status Epilepticus. Neurologia - FEPAR. Neurofepar Dr. Roberto Caron

Drogas que atuam no sistema cardiovascular, respiratório e urinário

Síndromes Hipertensivas na Gestação - SHEG

Status Epilepticus. Neurologia - FEPAR. Neurofepar Dr. Carlos Caron

DEFINIÇÕES: HIPERTENSÃO DURANTE A GESTAÇÃO. Pode ser divida em 4 categorias, de acordo com a última atualização do ACOG, em 2013:

TRATAMENTO DE HIPERTENSÃO GESTACIONAL GRAVE NA URGÊNCIA: REVISÃO DE DIRETRIZES

DHEG, Pré Eclâmpsia e Eclâmpsia

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE SINDROMES HIPERTENSIVAS DA GRAVIDEZ

CADA VIDA CONTA. Reconhecido pela: Parceria oficial: Realização:

Avaliação/Fluxo Inicial Doença Cardiovascular e Diabetes na Atenção Básica

Diretrizes assistenciais

Abordagem Inicial na Doença Hipertensiva. Específica da Gravidez e Hellp Síndrome. Versão eletrônica atualizada em Junho 2010

DISTÚRBIOS HIPERTENSIVOS NA GRAVIDEZ. Profª Leticia Pedroso

Faculdade de Medicina. Universidade Federal do Ceará. Módulo Obstetrícia e Neonatologia PREMATURIDADE

Atenciosamente, MARCO AURÉLIO MAGALHÃES FARIA JÚNIOR Secretário Chefe de Gabinete

TRATAMENTO DA CRISE HIPERTENSIVA

Curso de Emergências Obstétricas INTERVENÇÕES IMEDIATAS NO PARTO PREMATURO IMINENTE

Hospital São Paulo SPDM Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Sistema de Gestão da Qualidade

DROGAS VASODILATADORAS E VASOATIVAS. Profª EnfªLuzia Bonfim.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA JANYNE ALINE CORREIA DE LIMA

Sessão Televoter Hipertensão

3) Complicações agudas do diabetes

Manejo clínico da ascite

Patologias Obstétricas

Complicações clínicas e obstétricas em pacientes com eclampsia com e sem recorrência de convulsões após tratamento com sulfato de magnésio

PROTOCOLO ENCEFALOPATIA HEPATICA HU-UFSC

SESSÕES CLÍNICAS E PROTOCOLOS DE OBSTETRÍCIA

Revalidação de Diploma de Médico Graduado no Exterior 2015 P A D R Ã O D E R E S P O S T A S

R1CM HC UFPR Dra. Elisa D. Gaio Prof. CM HC UFPR Dr. Mauricio Carvalho

Lesão Renal Aguda. Revista Qualidade HC. Autores e Afiliação: Área: Objetivos: Definição / Quadro Clínico:

SÍNDROME HELLP E FÍGADO GORDUROSO AGUDO NA GESTAÇÃO

Definições importantes

Capacitação Interna Emergências ginecológicas e obstétricas

RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR

Estado de mal epiléptico

04/02/2016. Tratamento das Convulsões. Epilepsia

Urgências e emergências com síndromes hipertensivas em gestantes de alto risco no contexto hospitalar nos serviços de saúde pública brasileiro

PRé-ECLÂMPSIA. » > 300 mg/l/24h ou ita teste (+) em pelo menos duas aferições ou 2 (+) ou mais em qualquer amostra isolada.

Médico Neurocirurgia Geral

TRABALHO DE PARTO PREMATURO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ENFERMAGEM CURSO DE GRADUÇĀO EM ENFERMAGEM ANA REGINA ESPINDOLA ZUCATTI

PRÉ-REQUISITO R3 TRANSPLANTE RENAL / NEFRO (309)

Epilepsia.! Causas prováveis:! infarto cerebral! tumor! infecção! trauma! doença degenerativa

INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA

Classificação. Acidente Vascular Cerebral Isquêmico(AVCI) * Ataque Isquêmico Transitório(AIT)

Problemas Endócrinos. Prof.º Enf.º Esp. Diógenes Trevizan

Reconhecendo os agravos clínicos em urgência e emergência. Prof.º Enfº. Diógenes Trevizan

HIPERTENSÃO NA GESTAÇÃO

Objetivos da Respiração. Prover oxigênio aos tecidos Remover o dióxido de carbono

DOENÇA HIPERTENSIVA ESPECÍFICA DA GRAVIDEZ

Abordagem da sepse na emergência Rodrigo Antonio Brandão Neto

Aula 9: Hipertensão arterial sistêmica (HAS)

FÁRMACOS ANTI-HIPERTENSIVOS

2017 DIRETRIZ PARA PREVENÇÃO, DETECÇÃO, AVALIAÇÃO E TRATAMENTO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL EM ADULTOS

Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Departamento de Saúde Materno Infantil Síndromes hipertensivas na gestação O B S T E T R I Z

RESIDÊNCIA MÉDICA 2015

Diretriz Assistencial. Ataque Isquêmico Transitório

PROTOCOLO DE MANUTENÇÃO DO POTENCIAL DOADOR DE ORGÃOS

Raniê Ralph. Síndromes hipertensivas da gestação Primeira causa de morte obstétrica no país (DM é mais freqüente).

DOENÇA HIPERTENSIVA NA GRAVIDEZ. MSc. Roberpaulo Anacleto

Nefropatia Diabética. Caso clínico com estudo dirigido. Coordenadores: Márcio Dantas e Gustavo Frezza

DISTÚRBIO HIDRO- ELETROLÍTICO E ÁCIDO-BÁSICO. Prof. Fernando Ramos Gonçalves -Msc

Síndrome Gripal (SG) e Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG)

Universidade Estadual de Feira de Santana Departamento de Saúde. Antiepilépticos. Manoelito Coelho dos Santos Junior.

PROTOCOLO MÉDICO SEPSE E CHOQUE SÉPTICO

MANEJO DOS CASOS SUSPEITOS E CONFIRMADOS DE INFLUENZA NO HIAE E UNIDADES

PAC Pneumonia Adquirida na Comunidade

HIPERÊMESE GRAVÍDICA. Msc. Roberpaulo Anacleto

1 a ETAPA - PROVA C/NN NEONATOLOGIA

TERAPÊUTICA ANTIBIÓTICA DA PNEUMONIA NOSOCOMIAL

INDICAÇÃO, DOSE E ADMINISTRAÇÃO DE ANTI-HIPERTENSIVOS E ANTICONVULSIVANTES EM


Curso de Emergências Obstétricas COLAPSO MATERNO

Seminário ME3: Choque. Orientador: Gabriel MN Guimarães

É Seguro não Utilizar Sulfato de Magnésio nas Pacientes com Pré-Eclâmpsia?

com pré-eclâmpsia grave

Guia Prático MANEJO CLÍNICO DE PACIENTE COM SUSPEITA DE DENGUE. Estado de São Paulo Divisão de Dengue e Chikungunya

PRÉ-ECLÂMPSIA GRAVE COMO PREVENIR E TRATAR

Medicações do Sistema Cardiovascular. Disciplina Farmacologia Profª Janaína Santos Valente

Classificação. Diuréticos Tiazídicos Hidroclorotiazida Diuréticos de Alça Furosemida Diuréticos Poupadores de Potássio Espironolactona e Amilorida

Fluxo de atendimento e dados de alerta para qualquer tipo de cefaléia no atendimento do Primeiro Atendimento

PROTO COLO CLÍNICO ABORDAGEM INICIAL DAS TAQUICARDIAS EM SERVIÇOS DE EMERGÊNCIA. Vinício Elia Soares Coordenador Executivo da Rede de Cardiologia

USG do aparelho urinário: hidroureteronefrose bilateral, bexiga repleta com volume estimado de 350 ml com paredes espessadas e trabeculadas.

Cetoacidose Diabética

PROTOCOLO MÉDICO CRISE HIPERTENSIVA. Área: Médica Versão: 1ª

INSTITUTO LATINO AMERICANO DE SEPSE CAMPANHA DE SOBREVIVÊNCIA A SEPSE PROTOCOLO CLÍNICO. Atendimento ao paciente com sepse grave/choque séptico

Nota Técnica 03/2017 CIEVS/GEEPI/GVSI. Assunto: Fluxo Assistencial de Pessoa com Suspeita de Febre Amarela na Rede SUS-BH

DISTÚRBIOS METABÓLICOS DO RN

Medicações de Emergências. Prof.º Enfº Diógenes Trevizan Especialista em Docência

Transcrição:

Abordagem da eclâmpsia na sala de partos Dra Euridice Chongolola 8 De Novembro 2017

Fundamental Identificar e abordar rapidamente Incidência relativamente alta em paises em desenvolvimento MLP (2016) 666 eclampticas com 55 mortes O aumento mortalidade materna e fetal, é directamente proporcional ao tempo em que se demora na tomada de condutas que permitam a sua reversão.

DEFINIÇÃO A eclâmpsia e definida como um episódio primário de convulsão tipo grande mal, que ocorre,antes, durante ou no pós-parto, não relacionada com outras condições patológicas referidas ao sistema nervoso central, presente em gestantes com pré-eclâmpsia.

ECLÂMPSIA- QUADRO CLÍNICO Convulsões: tônico-clônico generalizada Momentos de lucidez Pode evoluir para o coma Pode estar associado a: hipertensão arterial grave, insuficiência renal, coagulopatia,insuficiências respiratória, avc.

DIAGNÓSTICO O agravamento dos níveis pressóricos ou de proteinuria prévias, após a idade gestacional (IG) de 20 semanas. Sinais e sintomas clínicos sugestivos da iminência de eclâmpsia, cefaleia occipital ou frontal persistentes, visão borrada, fotofobia, dor abdominal em epigastrio ou quadrante superior direito, Hiperreflexia e estado mental alterado.

EXAMES LABORATORIAIS Hemograma completo com contagem de plaquetas Proteinúria de 24 horas Uréia e creatinine Ácido úrico Perfil hemolítico (DHL) Enzimas hepáticas (TGO e TGP) Bilirrubinas totais e frações Coagulograma complete Gasometria arterial Sódio e potássio

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Acidente vasculo-encefalico, encefalopatia hipertensiva, epilepsia, tumores cerebrais, doença trofoblástica gestacional, doenças metabólicas (hipoglicemia e hiponatremia) e vasculites cerebrais.

ABORDAGEM DA PACIENTE COM ECLÂMPSIA O tratamento definitivo e a interrupção da gestação, algumas vezes, e possível aguardar o amadurecimento fetal para a realização do parto. A conduta clínica na eclâmpsia e representada pelo tratamento das convulsões e da hipertensão arterial sistémica.

OBJECTIVOS Controlar as convulsões e evitar recorrência Estabilizar a pressão arterial Evitar ou controlar o edema agudo de pulmão Corrigir oligúria e evitar possível instalação de insuficiência renal Planificar o parto

ECLÂMPSIA-TRATAMENTO Acesso venoso em veia periférica. Esquema adequado de sulfato de magnésio Hipotensor de ação rápida. Solicitação de exames: hemograma, creatinina, transaminases, desidrogenase lática, proteinúria. Hidratação Posição semi-sentada Cateteri zação vesical de demora Proteção bucal Aspiração bucal periódica Cateter ou máscara de oxigênio Antibióticos e diuréticos de alça.

ECLÂMPSIA- TRATAMENTO SULFATO DE MAGNÉSIO Prichard Dose-Ataque 4g EV + 10g IM 5g em cada nádega. Dose-Manuntenção 5g IM 4/4 h. 24h. Zuspan 4.0g EV 5 A 10 min 8ml sulf + 12 ml agua destilada 1-2g/h EV 24h 500ml SG 5% Sibai 6,0g EV 20 min 2g/h EV 24 h Fonte: Barton e Sibai, 1997

ECLÂMPSIA- TRATAMENTO Cuidados ao uso do sulfato de magnésio: Aplicar lentamente manutenção com bomba Monitorar: diurese (25ml/h), reflexo patelar e respiração Ter em mãos o gluconato de cálcio a 10% Se possível manter magnesemia no nível terapêutico 4,5-7,5mEq/l Presença de oligúria e/ou creatinina acima de 1,5mg% fazer metade da dose. Recorrência das convulsões: adicionar 2,0g em 5 min

ECLÂMPSIA- TRATAMENTO Outros anti-convulsivantes: Diazepan:10mg/ev. Manter 3-5mg/kg a cada 24h. Fenil-hidantoína: 1,0g ev. Manter 250mg a cada 30 min. Manutenção: 100mg 8/8h.

INTOXICAÇÃO PELO SULFATO DE MAGNÉSIO Sinais de intoxicação Abolição do reflexo patelar Freqüência respiratória 14 irpm Diurese < 25 ml/h Conduta na intoxicação Suspende-se a dose subseqüente até que se restabeleçam os critérios. Se necessário, usar o antídoto: Gluconato de cálcio 10% 10 ml por via endovenosa lento

ECLÂMPSIA- TRATAMENTO Terapêutica anti-hipertensiva 1ª opção: hidralazina: 5,0 mg/ev. Repetir a cada 30 min até obterse PAD 90/100mm/Hg Pico de ação: 20/30min; Vida média: 4/6 h. Manutenção: 5,0mg ev 6/6hs Considerar resistência: uso até 25mg sem sucesso Efeitos colaterais: cefaléia, taquicardia, palpitações 2ª opção: Nifedipina (Adalat ) bloqueador dos canais de cálcio Dose inicial: 5,0 a10 mg sublingual manter 5,0 mg 6/6 h. Efeitos colaterais: cefaleia, rubor facial e taquicardia. (contra-indicação relativa quando associada ao sulfato de magnésio)

ECLÂMPSIA- TRATAMENTO Tratamento obstétrico Condições obstétricas favoráveis: priorizar o parto normal Condições obstétricas desfavoráveis: Parto por cesariana Considerar: idade gestacional, uso de corticoides

Tratamento da crise convulsiva com MgSO4 Eclâmpsia Controle da crise hipertensiva com hidralazina e verapamil Conduta Obstétrica Antes do Parto Periparto IG < 24 Semanas IG entre 24 e 34 Semanas IG > 34 Semanas Ante parto Intra parto Pós parto Expectante (se houver UTI Neonatal) Interrupção (Agravamento pçãdo quadro) Extração via abdominal Conduzir o parto Substituir o MgSO4 por fenitoína ou benzodiazepínico Aconselhamento familiar Interromper a Gestação

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS O LOUGHLIN, C. et al. Clinical practice guideline: the diagnosis and management of pre-eclampsia and eclampsia. Ireland, set. 2011. Manual de Orientação Gestação de Alto Risco. FEBRASGO, 2011. Gestação de Alto Risco: Manual Técnico. Ministério da Saúde. Editora MS: DF, 5 ed, 2010.

Muito obrigado.