Relações Ca, Mg e K no solo sob adubação mineral e orgânica após sucessão de cultivos em ambiente protegido.
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1 Relações Ca, Mg e K no solo sob adubação mineral e orgânica após sucessão de cultivos em ambiente protegido. Marcelino Hoppe 1 ; Sergio R. Martins 2 ; Gustavo Schiedeck 3 ; Heloisa Fernandes 3 1 UNISC - DEAA, C.Postal 188, Santa Cruz do Sul RS, hoppe@unisc.br; 2 UCPel/UFPel; 3 UNEMAT, Tangará da Serra - MT; 4 UFPel - FAEM, Pelotas - RS.. RESUMO O presente trabalho, realizado em estufa plástica (7,8m x 39,4m) localizada na UFPel (Capão do Leão, RS), avaliou as relações entre cálcio, magnésio e potássio, no solo após sucessão de cultivos. As fontes de adubação orgânica utilizadas foram vermicomposto e cinza de casca de arroz. No início os valores da relação Ca:K foram adequados, alterandose acentuadamente a partir da 3 a época, atingindo o valor de 74,6 na 5 a época. A relação Mg:K sempre esteve elevada. A relação Ca:Mg apresentou valores convenientes em todas as épocas. As recomendações atuais (para o cultivo a campo) não são apropriadas para o sistema de cultivo em estufa, indicando ser necessário um aumento nas doses de K para manter a fertilidade do solo. Palavras-chave: adubação, cálcio, magnésio, potássio, plasticultura. ABSTRACT Relations of the Ca, Mg and K in soil under mineral and organic fertilization after succession of cultivations in protected place. This work, achieved in a polyethylene greenhouse (7.8m x 39.4m) placed in UFPel (Capão do Leão, RS), evaluated the relations between calcium, magnesium and potassium, in the soil after succession of cultivations. The used sources of organic fertilization were vermicompost and rice hull ash. In beginning the values of relation Ca:K were appropriate, to changed accentuated after the 3 rd period, attained the value of 74.6 on the 5 th period. The relation Mg:K were always high. The relation Ca:Mg presented appropriated values in all periods of time. The current recommendations (for field crop system) are not appropriated to the cultivation system in a greenhouse, indicating to be necessary an increase on the doses of K to keep the fertility of the soil. Keywords: soil fertilization, calcium, magnesium, potassium, plasticulture. No que pese a contribuição da pesquisa brasileira das últimas décadas, a produção de hortaliças em ambiente protegido, cultivada diretamente no solo, segue sendo um importante desafio devido a complexidade e diversidade dos agroecossistemas do País. O sucesso
2 2 depende da otimização de diversas variáveis, dentre elas a fertilização da cultura. É difícil utilizar a tecnologia de outros países, onde é comum o uso de substratos ao invés do solo. Na maioria das culturas as quantidades exportadas no produto colhido obedecem à seguinte ordem: N = K >> P. Mas, em muitos casos, as quantidades de K nos restos de cultura são maiores que as colhidas nos grãos. O feijão, para uma colheita de 3 t.ha -1, apresenta como exigência mineral total 102 kg.ha -1 de N, 9 kg.ha -1 de P e 93 kg.ha -1 de K. A alface ( plantas.ha -1 ) necessita de 24; 5 e 51 kg.ha -1, respectivamente, para N, P e K (Malavolta & Crocomo,1982). A relação entre bases considerada adequada por Pioneer (1994) indica valores entre 13 a 17 para a relação Ca:K, de 2 a 4 para Mg:K, e valores de 3 a 5 para Ca:Mg. Nakagawa (2000), citando trabalho de Bull et al., 199-, indica uma relação (Ca+Mg):K igual a 20. MATERIAL E MÉTODOS Os dados foram obtidos em estufa plástica (307,32m² e 941,30m³) na UFPel (Capão do Leão, RS), localizada a S. Foram avaliados os efeitos das adubações mineral (uréia, superfosfato triplo e cloreto de potássio) e orgânica (vermicomposto V; e cinza de casca de arroz CCA, em alguns tratamentos a partir da 8ª época para complementar a adubação potássica). As quantidades aplicadas foram determinadas com base em análises de solo. Os tratamentos até a 8 a época de coleta foram: a) adubação mineral completa (NPK) - Mineral; b) V para suprir o nitrogênio (N) 1V(N); c) 150% de b 1,5V; d) 100% de b mais cobertura com V sólido 1V+cob; e) 150% de b mais cobertura com V sólido 1,5V+cob; f) 50% de b mais cobertura com V líquido 0,5V+VL; g) 100% de b mais cobertura com V líquido 1V+VL; h) 150% de b mais cobertura com V líquido 1,5V+VL. Após a 8 a época os tratamentos a e b foram mantidos e os demais alterados: c) CCA para suprir o K 1C(K); d) V para suprir 50% do N e CCA para suprir o K 1/2V+ 1C; e) V para suprir o N e CCA para suprir o K 1V+ 1C; f) V para suprir o N e CCA para suprir 50% do K 1V+ 1/2C; g) Testemunha sem adubação Test; h) V para suprir 50% do N e CCA para suprir 50% do K 1/2V+ 1/2C. Alface (Lactuca sativa), aveia (Avena sativa), feijão-vagem (Phaseolus vulgaris) e melão (Cucumis melo) foram utilizados em seqüência de cultivos. Um total de 240 amostras de solo foram coletadas em parcelas de 6m 2, em 10 épocas, 8 tratamentos, 3 repetições. Os teores de cálcio (Ca) e magnésio (Mg), em cmol c.l -1, e potássio (K), em mg.l -1, transformado para cmol c.l -1, foram utilizados para calcular as relações Ca:K, Mg:K, e Ca:Mg. O solo da estufa foi solarizado em duas épocas, sendo coletadas amostras antes e após as solarizações.
3 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO No início da avaliação (1 a e 2 a épocas) os teores médios de K foram superiores a 0,40 cmol c.l -1, diminuindo posteriormente (5 a e 6 a épocas) até valores considerados crítico (entre 0,10 e 0,07 cmol c.l -1 ). Estas observações confirmam que a adubação orgânica com vermicomposto calculada para suprir o N, até a 8ª época não foi suficiente para repor o K extraído pelos cultivos. Após a 8 a época o manejo da fertilização foi modificado: a adubação orgânica (V) foi complementada com cinza de casca de arroz (CCA) em alguns tratamentos. A adubação utilizada para o cultivo de melão foi kg.ha -1 para os tratamentos orgânicos (teor muito baixo de K) e kg.ha -1 de N, P 2 O 5 e K 2 O para o tratamento Mineral (teor suficiente de K). Entretanto, seguindo recomendação de Hoppe et al. (2000) de aumentar o potássio, a dose de 230 kg.ha -1 foi utilizada também para a adubação mineral. Os teores médios de Ca variaram entre 6,1 cmol c.l -1 (4 a época) e 4,3 cmol c.l -1 (3 a época), e os teores médios de Mg foram de 2,1 cmol c.l -1 (2 a época) a 1,3 cmol c.l -1 (3 a época). O magnésio e o potássio apresentaram elevação dos teores com a solarização do solo da estufa, realizada entre a 1 a e a 2 a épocas e entre a 6 a e a 7 a épocas. A relação Ca:K apresentou valores considerados adequados na 1 a época e na 2 a época: 14,2 e 13,9, respectivamente. A partir da 3 a época aumentou drasticamente, atingindo 74,6 na 5 a época. A relação Mg:K sempre esteve acima do adequado, indicando altos teores de Mg na fase inicial e confirmando a redução do K nas épocas seguintes. A relação Ca:Mg manteve-se com valores adequados em todas as épocas (entre 3,4 e 4,1), com exceção da 2 a época (2,3) onde se reduziu provavelmente pela maior disponibilidade do Mg após a solarização (Figura 1). A queda observada nos valores das relações Ca:K e Mg:K na 7 a época, após solarização, está relacionada ao aumento da disponibilidade de potássio. Pode-se inferir que tal fato, verificado após as duas solarizações, deve-se a liberação de K pelos microorganismos em virtude das altas temperaturas do solo. Na 10 a época, o tratamento Mineral (0,38 cmol c.l -1 ) apresentou aumento do teor de K, o que pode ser atribuído à dose utilizada (quase o dobro da recomendação na 8 a e 9 a épocas) apresentando novamente relações adequadas para Ca:K e Mg:K. Os tratamentos que tiveram o K complementado com CCA também apresentaram aumento nos teores de K e, assim, uma redução nas relações Ca:K e Mg:K, indicando a efetividade do manejo empregado. A adubação orgânica somente com vermicomposto baseada no N não repôs o K retirado pelos cultivos. Os resultados mostram que os níveis de K não se mantêm com a sucessão de cultivos, comprometendo as relações Ca:K e Mg:K que com o tempo assumem valores inadequados.
4 1 4 Conclui-se, portanto, que as recomendações atuais de cultivo a campo não são adequadas para sistema de cultivo em estufa, especialmente com a retirada da palha, indicando ser necessário um aumento nas doses de K para manter a fertilidade do solo ao longo de uma sucessão de cultivos. a) Relação Ca:K Relação Mg:K 3 25,00 2 b) 15,00 1 5,00 Relação Ca:Mg 6,00 5,00 4,00 c) 3,00 2,00 1,00 Épocas M 1V(N) 1C(K) 1/2V+1C 1V+1C 1V+1/2C Test 1/2V+1/2C Figura 1 Relações Ca:K, Mg:K e Ca:Mg no solo, sob adubação mineral e orgânica após sucessão de cultivos em estufa plástica. UFPel, Capão do Leão, RS.
5 5 LITERATURA CITADA COMISSÃO DE FERTILIDADE DO SOLO. Recomendações de adubação e de calagem para os estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. 3. ed. Passo Fundo: SBCS - Núcleo Regional Sul, p. HOPPE, M.; MARTINS, S. R.; SCHIEDECK, G.; FERNANDEZ, H. S. Avaliação da fertilidade do solo após seqüência de cultivos em estufa plástica. Horticultura Brasileira, Brasília; DF, v.18, p , julho Suplemento. Trabalho apresentado no 40º Congresso Brasileiro de Olericultura, MALAVOLTA, E.; CROCOMO, O.J. O potássio e a planta. In: YAMADA, T. et al. Potássio na Agricultura Brasileira. Piracicaba: Instituto de Potassa e Fosfato Instituto Internacional da Potassa, 1982, p NAKAGAWA, J. Manejo do solo e fertirrigação em plasticultura. Horticultura Brasileira, Brasília; DF, v.18, p , julho Suplemento. Trabalho apresentado no 40º Congresso Brasileiro de Olericultura, PIONEER. Híbridos comerciais de milho. Santa Cruz do Sul: Pioneer, p.
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