Doses de potássio na produção de sementes de alface.

Transcrição

1 1 Doses de potássio na produção de sementes de alface. Cristiaini Kano 1 ; Andréa Reiko Oliveira Higuti 1 ; Antonio Ismael Inácio Cardoso 1 ; Roberto Lyra Villas Bôas 2 1 UNESP FCA Depto Produção Vegetal, C. Postal 237, , Botucatu, SP; 2 UNESP FCA Depto Recursos Naturais. criskano@fca.unesp.br RESUMO O objetivo deste trabalho foi avaliar a influência de doses de potássio na produção de sementes de alface crespa cultivar Verônica. Utilizou-se o delineamento experimental de blocos casualizados com seis repetições e cinco tratamentos: 0,0; 1,0; 1,5; 2,0 e 2,5 g planta -1 de K 2 O. Conclui-se que houve aumento linear na produção (massa e número) de sementes com o aumento das doses de K 2 O fornecidas. Palavras-chave: Lactuca sativa L., adubação mineral, semente. ABSTRACT Potassium rates in the lettuce seed production. The objective of this work was to evaluate the influence of potassium rates in the seed production of lettuce cultivar Verônica. The experiment was conducted in randomized complete blocks, with six replications and five treatments: 0.0; 1.0; 1.5; 2.0 and 2.5g plant -1 of K 2 O. It was concluded a linear increase in the lettuce seed production (yield and number) with the increase of K 2 O rate apllied. Keywords: Lactuca sativa L., mineral fertilization, seed. INTRODUÇÃO Devido à falta de informações relacionadas à adubação e à exigência nutricional pelas plantas cujo objetivo é a produção de sementes, em culturas que ocorre aumento na duração do ciclo, como no caso da alface, nota-se a necessidade de se estudar doses de nutrientes que proporcionem aumento de produtividade e qualidade de sementes. Embora haja relatos na literatura mundial sobre nutrição e adubação da alface, raramente se encontram trabalhos que demonstram os efeitos de macro e/ou micronutrientes sobre a produção de sementes e, principalmente, sobre a qualidade fisiológica das mesmas. Percebe-se a necessidade do conhecimento da quantidade de potássio a ser utilizada para obtenção de uma melhor produtividade de semente e conseqüentemente, maior benefício aos produtores e às empresas. O objetivo deste trabalho foi avaliar a influência de doses de potássio na produção de sementes de alface.

2 2 MATERIAL E MÉTODOS Este trabalho foi desenvolvido na Fazenda Experimental São Manuel, localizada à latitude de 22 o 44 S, longitude de 48º34 O e altitude de 750m. As plantas de alface crespa cultivar Verônica foram conduzidas em estufas com 20m de comprimento, largura de 7m e pé-direito de 2,5m, com altura de 3,8m na sua parte mais alta. O solo utilizado no experimento foi o LATOSSOLO VERMELHO Distrófico Típico (Embrapa, 1999) com os seguintes resultados obtidos da análise química: ph (CaCl 2 )=4,0; P resina =2mg dm -3 ; matéria orgânica=7g dm -3 ; V%=11; e os valores de H+Al; K; Ca; Mg; SB e CTC expressos em mmolc dm -3 respectivamente de: 25; 1,2; 2,0; 0,0; 3,0 e 28. A calagem foi realizada 30 dias antes do transplante das mudas, utilizando-se calcário de alta reatividade, de modo a elevar-se à saturação por bases a 80% e faixa de ph próximo de 6,0 conforme a recomendação sugerida por Raij et al. (1996). A adubação de plantio também foi feita de acordo com a análise química do solo e foi utilizada uma dose de fósforo 50% superior à recomendada por Raij et al. (1996), pelo aumento do ciclo e pelo fato deste elemento não ser recomendado em cobertura. Foram utilizados como fonte de nitrogênio, potássio, fósforo e matéria orgânica, o nitrato de amônia, cloreto de potássio, o superfosfato triplo e Biomix (composto orgânico), respectivamente. Todo fósforo foi fornecido apenas no plantio e a aplicação de potássio foi realizada conforme os tratamentos. Quanto ao nitrogênio, este foi colocado conforme recomendação de Raij et al. (1996) até a formação da cabeça. A partir desta, continuou a ser fornecido semanalmente, utilizando-se o nitrato de cálcio. Foi utilizado 0,5L de composto orgânico por vaso, quantidade recomendada para a cultura por Raij et al. (1996). O delineamento experimental utilizado foi blocos casualizados com cinco tratamentos (doses de potássio) e seis repetições, sendo a unidade experimental composta por quatro vasos. Considerando-se que o ciclo da planta de alface para produção de sementes é muito superior à produção de cabeça e que pode ser dividido em duas etapas (vegetativa e reprodutiva), utilizou-se a dose de potássio recomendada por Raij et al. (1996) no plantio (exceto para o tratamento T1, sem potássio) e os demais tratamentos foram as doses de potássio aplicadas após o ponto comercial ( cabeça ), sempre considerando a recomendação sugerida por Raij et al. (1996) como referência, resultando-se nos cinco tratamentos: 0,0; 1,0; 1,5; 2,0 e 2,5 g planta -1 de K 2 O (Quadro 1).

3 3 Quadro 1. Doses de potássio aplicadas na fase vegetativa e reprodutiva da planta de alface, tendo como referência a dose recomendada por Raij et al. (1996) para a fase vegetativa. Tratamento Vegetativa Reprodutiva Total (g planta -1 de K 2 O) T1 0 (zero) 0 (zero) 0,0 T2 Dose recomendada (1,0g) 0 (zero) 1,0 T3 Dose recomendada (1,0g) ½ da dose recomendada (0,5g) 1,5 T4 Dose recomendada (1,0g) Dose recomendada (1,0g) 2,0 T5 Dose recomendada (1,0g) 1,5 x a dose recomendada (1,5g) A semeadura foi realizada no dia 17/02/04 e as mudas foram transplantadas em 24/03/04, em vasos de plástico com volume de 13 litros sendo conduzida uma planta por vaso, totalizando seis linhas de vasos no sentido longitudinal da estufa, espaçadas de 1,0m e os vasos espaçados de 0,5m entre plantas (centro a centro dos vasos). A colheita das sementes foi realizada manualmente em três épocas: nos dias 24/07/04, 06/08/04 e 13/08/04. Avaliaram-se a produção (massa e número) de sementes produzidas por planta. Após a análise de variância, realizou-se a análise de regressão em função das doses de K 2 O. RESULTADOS E DISCUSSÃO A produção de sementes, tanto em massa como em número, foi influenciada significativamente pelas doses de potássio verificado pelo teste F da análise de variância. Os valores se ajustaram ao modelo linear, sendo que a cada aumento de 1,0g planta -1 de K 2 O fornecido, aumentou-se quase 4g (Figura 1) ou aproximadamente 3845 sementes (Figura 2) a mais por planta. Considerando-se este ajuste ao modelo linear, pode-se supor que talvez doses mais elevadas de K 2 O pudessem fornecer um incremento ainda maior na produção e no número de sementes, não tendo sido atingido, provavelmente, o teto máximo. Ressalta-se que no início da fase reprodutiva, a exigência nutricional para a maioria das espécies torna-se mais intensa, sendo mais crítica por ocasião da formação das sementes, quando considerável quantidade de nutrientes, como o fósforo, o nitrogênio e o potássio, são para elas translocada (Carvalho & Nakagawa, 2000). Deste modo, a adubação com K 2 O nesta etapa mostrou ser realmente vantajosa. Verifica-se que a produção de sementes obtida neste trabalho foi superior a relatada por Viggiano (1990) para a cultivar Regina que foi de 3,86 g planta -1 e por Kano et al. (2004) para a cultivar Verônica que foi próximo de 5,0 g planta -1. Conclui-se que há aumento na produção de sementes com o aumento das doses de K 2 O fornecidos. 2,5

4 4 Produção (g planta -1 ) 18,0 16,0 y = 7,97 + 3,85 x R 2 = 0,92** 14,0 12,0 10,0 8,0 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 Dose de K 2 O (g planta -1 ) Figura 1: Produção de sementes de alface porfigura 2: Número de sementes por planta em função de doses de K 2 O. planta em função de doses de K 2 O. FCA/UNESP. São Manuel-SP, FCA/UNESP. São Manuel-SP, Número de sementes por planta y = 7846, ,90 x R 2 = 0,88** 0 0,5 1 1,5 2 2,5 Dose de K 2 O (g planta -1 ) AGRADECIMENTOS A CAPES pela concessão da bolsa de doutorado à primeira autora e à FAPESP pelo auxílio financeiro (Processo 03/ ). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CARVALHO, N.M.; NAKAGAWA, J. Sementes: ciência, tecnologia e produção. 4. ed. Jaboticabal: FUNEP, p. EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Sistema brasileiro de classificação de solos. Brasília: EMBRAPA, p.

5 5 KANO, C.; CARDOSO, A.I.I.; VILLAS BÔAS, R.L. Doses de fósforo na produção de sementes de alface. Horticultura Brasileira, Brasília, v.22, n.2, Suplemento 2, Resumos, julho RAIJ, B. Van; CANTARELLA, H.; QUAGGIO, J.A.; FURLANI, A.M.C. Recomendações de adubação e calagem para o Estado de São Paulo. 2.ed. Campinas: Instituto Agronômico & Fundação IAC, p. VIGGIANO, J. Produção de sementes de alface. In: CASTELLANE, P.D., NICOLOSI, W.M., HASEGAWA, M. ed. Produção de sementes de hortaliças. Jaboticabal: FCAV/FUNEP, 1990, p.1-13.