ADUBAÇÃO NITROGENADA DE COBERTURA E FOLIAR ASSOCIADAS A DOIS TIPOS DE COBRETURA MORTA NA PRODUTIVIDADE DE FEIJÃO (Phaseolus vulgaris)

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1 ADUBAÇÃO NITROGENADA DE COBERTURA E FOLIAR ASSOCIADAS A DOIS TIPOS DE COBRETURA MORTA NA PRODUTIVIDADE DE FEIJÃO (Phaseolus vulgaris) Rafaela M. BUENO 1 ; João A. de CARVALHO 2 ; Lucas I. M. SIVESTRINI RESUMO O trabalho objetivou avaliar doses de nitrogênio em cobertura e via foliar sobre dois tipos de cobertura morta na produtividade de feijão. Em semeadura direta e delineamento em blocos ao acaso (DBC) com três repetições no esquema fatorial x x 2 instalou-se o experimento, um sobre camada morta de crotalária e outro de aveia. Os resultados apontam que adubações foliares exercem forte influência sobre na produtividade de grãos e fitomassa de aveia resultou maior produtividade de grãos de feijão. INTRODUÇÃO São vários os fatores que interferem na produtividade do feijoeiro, dentre eles a dosagem nitrogênio (N), em tempo e em quantidade, uma vez que é o elemento mais requerido pela planta, porém o bom desempenho do N pode estar condicionado ao tipo de planta de cobertura (Poacea ou Fabaceae) que se cultiva previamente na área, para servir de fitomassa em sistema de semeadura direta (SSD) (OLIVEIRA et al., 2002). Floss (2000) relatou que a palhada de poáceas são fontes de nutrientes às culturas sucessoras a médio e longo prazo, especialmente nos horizontes superficiais do solo. Enquanto que a Crotalaria juncea L. é a mais utilizada como cobertura, por produzir muita fitomassa, o que reflete na produtividade da cultura implantada posteriormente (CÁCERES; ALCARDE, 1995). 1 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais Câmpus Machado. Machado/MG - rafaela.mirandabueno@gmail.com. 2 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais Câmpus Machado. Machado/MG. joão.carvalho@ifsuldeminas.edu.br; e jafocarvalho@yahoo.com.br Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais Câmpus Machado. Machado/MG. lukas_silvestrini@hotmail.com

2 Por outro lado, são muitas as desconfianças que o tipo de cobertura morta pode acarretar, o principal deles são os fenômenos alelopáticos e a imobilização do N por microrganismos do solo nos processos de decomposição da camada morta, dentre outras, (SOUZA, 200). Por essas e outras razões, objetivou-se com o presente trabalho, avaliar a influência de doses e formas de aplicação de nitrogênio em feijoeiro, cultivado sobre dois tipos de cobertura morta e seus reflexos na produtividade do feijoeiro cultivado no sistema de semeadura direta. MATERIAL E MÉTODOS Os experimentos de campo foram conduzidos em áreas do IFSULDEMINAS - Câmpus Machado, Brasil. O delineamento experimental foi o de blocos casualizados (DBC) com três blocos no esquema fatorial x x 2 com 27 parcelas por experimento e 54 em ambos. Os tratamentos foram constituídos por três doses de N em cobertura (C) e utilizou-se ureia como fonte de N em kg.ha -1, a saber: (C1 = 00; C2 = 40 e C = 80) e três doses de adubação foliar (F) em kg de ureia por 100 litros de água: (F1 = 00; F2 = 10 e F = 15) em função de dois tipos de cobertura morta, Crotalária juncea e aveia preta (Avena strigosa) conduzidas de acordo com as recomendações para as culturas em MG. Já o feijão foi semeado no sistema de semeadura direta (SSD), com espaçamento de 0,5 m entre linhas e 15 sementes por metro na linha. A adubação de semeadura baseou-se na análise de solo (Tabela 1) cuja dosagem foi de 400 kg por ha -1 de e ainda, como V% foi maior que 60%, não houve necessidade de calagem (CHAGAS et al.,1999). A ureia em cobertura foi aplicada em dose única aos dias após a emergência (DAE). Já as adubações foliares foram aplicadas no crescimento (20 DAE), a segunda na pré-florada (0 DAE) e a última no período de enchimento dos grãos (65 70 DAE). TABELA 1 Análise química de solo, de 0-20 cm de profundidade, coletado no local do experimento em Agosto de Ph 2 P 2 K Ca Mg Al H+Al SB T 4 V 5 MO 6,9 4,7 8,0,8 1,8 0,00 1,64 5,7 7, 75,0 1,79 Fonte: Laboratório de Fertilidade de Solos do IFSULDEMINAS-Câmpus Machado, MG. 1 Em H 2 O; 2 µg.dm ; cmol c.dm ; 4 %; 5 dag.kg de solo. As parcelas foram de seis linhas espaçadas de 0,5 m por cinco metros de comprimento e como área útil as tomaram-se as quatro linhas internas deixando 0,5

3 m nas extremidades das parcelas (8,0 m 2 ). Nesse trabalho avaliou-se apenas a produtividade de feijão em função dos tratamentos. Para análise estatística dos dados utilizou-se o software Sisvar (FERREIRA, 2000) e para a variável camada morta (dado qualitativo), procedeu-se o teste de média Skott-Knott a 5% de probabilidade, enquanto para os dados quantitativos adubação de cobertura e foliar fez-se analise de variância no esquema fatorial com desdobramentos. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados das análises de variâncias em blocos ao acaso para os experimentos sobre camada morta de aveia e crotalária apresentou significância para produtividade de grãos, assim optou-se pela análise de variância do experimento fatorial (xx2) Tabela 2. Na Tabela 2 observa-se que apresentou significância para uma ou outra fonte de variação. Assim optou-se por desdobrar a interação tripla cobertura (C) x Foliar (F) x Cobertura morta (CM) (C x F x CM*) exibida na Figura 1. Primeiramente, desdobrou-se adubação de cobertura dentro de cada nível de foliar-camada morta (C:F-CM), que mostrou significância em dois níveis de foliarcamada morta, ambas sobre a camada morta de aveia (Figura 1). Na mesma figura, ao analisar a equação Y1, para adubação de cobertura dentro de foliar zero camada morta de aveia (C:F 0 CM A ), nota-se que a produtividade de feijão foi maior (798,68 Kg ha -1 ) com apenas N na semeadura (na base) e

4 decresceu com o aumento do N em cobertura, 66,41 e 626,04 kg.ha -1 de.grãos com 40 e 80 Kg.ha -1 de N. respectivamente. Assim, é possível conjeturar que houve intensa imobilização de N pela microbiota na decomposição da palhada de aveia e as dosagens não atenderam as exigências de N pelo feijoeiro para produtividade máxima, tese corroborada por STONE e MOREIRA (2001), que encontrou dose máxima de 120 Kg.ha -1 de N ao trabalhar com a cultivar Aporé. Ainda na Figura 1, ao desdobrar (C:F 10 CM A ) propiciou uma resposta linear para produtividade de grãos (Y2) mas, ao contrário do tratamento anterior; nesse, alem de doses crescentes de adubação de cobertura foi ainda, aplicado ureia 10% via foliar. A explicação pode ser dada por MALAVOLTA (1976) que afirma ocorrer intensa imobilização do N aplicado na presença de fitomassa de alta relação carbono nitrogênio (>0:1). Assim, conclui-se que no sistema de semeadura direta (SSD) de feijão em fitomassa com alta relação C:N; possivelmente a adubação foliar com 10% de ureia suplementou a perda de N por imobilização e sustentou a produtividade. Porém, ao desdobrar adubação foliar dentro de adubação de cobertura camada morta (F:C-CM) para produtividade de grãos de feijão, detectou-se forte influência da adubação foliar em cinco conjunções entre as fontes de variação das nove possíveis, sendo duas significâncias de F:C-CM A e três sobre F:C-CM C ; ainda foram encontradas quatro relações quadráticas (Y1; Y2; Y e Y4) e uma linear (Y5) entre adubação foliar e produtividade de grãos de feijão.

5 Assim, é possível inferir que adubação foliar exerce forte influência sobre a produtividade de grãos de feijão no SSD, semeados sobre camada morta de aveia e crotalária. Ainda foi possível notar que em Y4 foi obtido a maior produtividade (91,17 Kg.ha -1 ) na conjunção dos tratamentos C 40 F 10 CM A. Finalmente, ao desdobrar a fonte de variação camada morta dentro de cada nível de adubação de cobertura e adubação foliar (CM:C-F) para produtividade de grãos de feijão e, como essa fonte de variação constituem-se de dados qualitativos, optou-se pelo teste de média para ambos os experimentos, cujos resultados estão apresentados na Tabela.

6 Já na Tabela houve ampla variação da produtividade de grãos por hectare. Ainda pode-se observar que a camada marta (CM) de aveia foi superior a camada morta de crotalária na produtividade de feijão, pois apresentou desempenho superior estatisticamente (letra a) para todos os tratamentos C-F se comparado com a coluna para a produtividade de feijão sobre camada morta de crotalária (letra b). CONCLUSÕES Doses de 40 e 80 Kg de N.ha -1 não atenderam as necessidades do feijoeiro para maiores produtividades em SSD sobre camada morta de aveia e crotalária. Dose de 80 Kg.ha -1 de N via cobertura associada a 10% de ureia via foliar resultou no maior ganho de produtividade e foi o melhor tratamento. Adubações foliares exercem forte influência sobre a produtividade de grãos em sistema de semeadura direta de feijão. Fitomassa de aveia no SSD de feijão foi a que apresentou a melhor resposta de produtividade de grãos. REFERÊNCIAS CÁCERES, N.T.; ALCARDE, J.C. Adubação verde com leguminosa em rotação com cana-de-açúcar (Saccharum Spp.) STAB Açúcar, Álcool e Subprodutos p CHAGAS, J. M. et al. Feijão. In: RIBEIRO, A. C. et al. Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais 5ª Aproximação. Viçosa: CFSEMG, p FERREIRA, D.F. SISVAR: Sistema de análise de variância. Versão 4.6 Lavras: UFLA/DEX, 200. Disponível em Acesso em 15 jul FLOSS, E.L. Benefícios da biomassa de aveia ao sistema de semeadura direta. Revista Plantio Direto, v.57, p.25-29, MALAVOLTA, E. Manual de química agrícola. Ed. Agronômica Ceres Ltda, p. OLIVEIRA, T.K de; CARVALHO, G.J de; MORAES. R.N.S de. Plantas de cobertura e seus efeitos sobre o feijoeiro em plantio direto. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 7, p SOUZA, I.F. de; Medidas de manejo de plantas daninhas, Apostila, Universidade Federal de Lavras UFLA, p. 5-12, 200. STONE, L.F.; MOREIRA, J.A.A. Resposta do feijoeiro ao nitrogênio em cobertura, sob diferentes lâminas de irrigação e preparos do solo. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 6, p , 2001.