CONTROLE ÓTIMO. Aluno: João Pedro T. Brandão Orientador: Alex Castro
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- Helena Palmeira Leal
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1 CONTROLE ÓTIMO Aluno: João Pedro T. Brandão Orientador: Alex Castro Introdução Este trabalho é um estudo verticalizado sobre métodos de otimização e métodos numéricos para o cálculo aproximado de soluções subótimas. Utilizando recursos de programação não-linear e da linguagem MatLab, além de estudos feitos anteriormente, para serem implementados em métodos de aproximação visando resolver problemas de controle ótimo. Avaliamos as vantagens práticas dos métodos como tempo de execução e convergência à soluções ótimas. Ambiente MatLab O ambiente MatLab foi escolhido por sua simplicidade em aplicar métodos numéricos além de conter diversos recursos já implementados. Isso facilita bastante a prototipagem de algoritmos para a aproximação numérica em problemas matemáticos gerais. A manipulação de matrizes e vetores está embutida na linguagem simplificando o seu uso. Por exemplo, na linguagem C++ uma multiplicação de duas matrizes ( ) e ( ) resultaria em: for ( int i = 0 ; i < n ; ++i ) { for ( int j = 0 ; j < n ; ++j ) { for ( int k = 0 ; k < n ; ++k ) { C[ i ][ j ] = C[ i ][ j ] + A[ i ][ k ]*B[ k ][ j ]; } } } Utilizando a linguagem MatLab, o código acima se transforma em: C = A*B; Por outro lado, a linguagem C++ é útil na otimização dos códigos numéricos quando tempo se torna um recurso escasso. Usamos a função fmincon do pacote Optimization Toolbox que permite a execução do algoritmo Programação Sequencial Quadrática assim como ajustes de seus parâmetros. Aplicamos os métodos pseudo-espectral de Legendre e o método Bellman-PS usando fmincon para obter soluções ótimas. Programação Sequencial Quadrática O algoritmo é usado para minimizar uma função com restrições de igualdade =0, ()=( (),, ()), e restrições de desigualdade h 0,h()=(h (),,h ()). Construímos a Lagrangeana: (,,)=() () h() Linearizamos os vínculos e usamos a aproximação quadrática da Lagrangeana para obter: (,, ) (,, )+ (,, ) ( )
2 ( ) ( )+ ( ) =, =, = Reduzimos o problema de programação não linear a um problema de programação quadrática. Algorítmo 1. Escolha um chute inicial (,, ). 2. Monte a Lagrangeana. 3. Faça a aproximação quadrática da Lagrangeana do ponto (,, ). 4. Use o método Quase-Newton para achar o passo a ser seguido. 5. Acrescente o passo a (,, ) e repita o 3º passo. No entanto, usaremos a função fmincon do ambiente e linguagem MatLab por questões práticas. O ambiente nos proporciona uma implementação eficiente do algoritmo e a fácil manipulação de parâmetros para adaptar aos nossos requerimentos. Problema Geral de Controle Ótimo Problema intuitivo Usaremos como base um problema de controle ótimo intuitivo: o da locomoção de um trem de um ponto A até um ponto B. Por estar em cima de trilhos, o caminho do trem já está pré-determinado. Portanto, devemos considerar os seguintes parâmetros do trem: 1. Sua posição ao longo do caminho. 2. Sua velocidade. 3. Sua aceleração. Sabemos que sua velocidade inicial, no ponto A, é zero, e sua velocidade final, no ponto B, também deve ser zero. De fato, controlamos apenas a aceleração do trem, que acaba influenciando os outros dois parâmetros. Visando otimizar o consumo de combustível, a solução ótima seria acelerar o trem até um certo ponto da trajetória deixando que a inércia obtida o levasse exatamente até o final. Consideremos agora que o objetivo seja otimizar o tempo de viagem. Num mundo ideal, poderíamos acelerar o trem ao máximo durante todo o percurso, freando apenas um pouco antes do final para que a velocidade chegasse à zero no ponto B. Como existem restrições decorrentes de fenômenos físicos embutidas no sistema, incluindo aceleração e velocidade máxima, é necessário incluir estas restrições no modelo para torna-lo mais realístico. Podemos também incluir outras restrições, como limite na quantia de combustível. Estes são apenas dois de muitos exemplos onde o problema de controle ótimo pode ser aplicado no mundo real. Problema Geral O problema de controle ótimo consiste em achar uma regra de controle para um sistema satisfazendo certo critério de otimização. Isso inclui uma função custo que depende de variáveis de controle e estado. Um controle ótimo conduz os caminhos das variáveis de controle que minimize essa função custo. Minimizar a função: =( ),,, + L(),(), Sujeito aos vínculos dinâmicos:
3 ()=(),(), Às restrições de desigualdade: (),(), 0 =(,,, ) Às restrições do tipo igualdade, conhecidas também por condições de fronteira: Φ( ),,, =0 Φ=(Φ,Φ,,Φ ) A função L é conhecida como a Lagrangeana. Quando a função objetivo é o tempo percorrido, i.e. =, é preciso aplicar uma transformação afim,, no intervalo,. :, 1,1 ()= 2 + Atualizando todas as restrições, o tempo final se torna um parâmetro livre nas restrições do tipo igualdade, desigualdade e/ou fronteiras. Solução Numérica Como as funções de estado e controle não são conhecidas previamente, precisamos de um método numérico que encontre tais funções e que respeite as restrições estabelecidas anteriormente. Começamos discretizando o intervalo, e adotando uma malha para nossos cálculos, i.e., < < < < < < < < =. Assim, as funções de estado e controle também são discretizadas, tornando cada ponto do estado e controle, ( ) e ( ) =0,1,,, em uma variável. Utilizando o método PSQ, considerando a função custo como função objetiva, i.e. a integral da Lagrangeana, e aplicando as restrições necessárias, é possível achar uma solução ótima para o caso discreto. Para a solução do caso contínuo usamos um polinômio interpolador. Esse método, porém, nos traz uma serie de dificuldades. Usar uma malha equidistante para interpolação polinomial não garante que o polinômio aproximante seja efetivamente útil na prática. Outro problema é a discretização de vínculos diferenciais que seja estável e tenha boas propriedades de convergência. Diferenças finitas (a aproximação de derivadas variações médias) pode acarretar alguns problemas na qualidade das soluções sub-ótimas obtidas. Além do mais, visamos um método que possa ser aplicado em situações de tempo real. Cada vez que discretizamos o intervalo em +1 pontos, obtemos 2(+1) parâmetros livres a serem otimizados; com o exemplo mencionado anteriormente necessitando de 3(+1) parâmetros, 2(+1) parâmetros para as funções de estado, e +1 parâmetros para a função de controle. Caso a função objetivo seja o tempo percorrido, o tempo final é também considerado um parâmetro livre. Precisamos de um método com o qual uma solução ótima possa ser obtida com um número pequeno de nós. Método Pseudo-Espectral de Legendre Por simplicidade, reconhecemos que qualquer intervalo pode ser mapeado no intervalo 1,1 por meio de transformações afins, e será esse o intervalo usado daqui em diante. O método vigente resolve os impasses mencionados previamente. Utilizamos os nós Legendre- Gauss-Lobatto (LGL) adquiridos através das raízes dos polinômios de Legendre, (). O polinômio de Legendre é definido pela seguinte expressão:
4 ()= 1 2! ( 1) Assim, para obtermos +1 nós LGL, encontramos as raízes do polinômio de Legendre de graus. Sabemos que dado +1 pontos há um único polinômio interpolador de grau coincidindo nesses pontos. Os nós LGL são acumulados nas bordas que acabam diminuindo o efeito de aliasing. Aliasing é o efeito que causa duas funções não poderem ser diferenciadas dadas uma amostragem de pontos como ilustrado abaixo. Figura 1 - As funções cos(2(0.9)) e cos(2(0.1)) são indistinguíveis nos 10 pontos acima Isso evidencia a importância de uma malha não uniforme (ou geométrica) na discretização de problemas contínuos. Abaixo ilustramos o fenômeno de Runge, a oscilação do polinômio interpolante em malha uniforme, e atenuando-o com nós LGL para 5, 10 e 15 pontos, aproximando a função ()=.
5 Figura 2 - Nós Equidistantes e Legendre-Gauss-Lobatto. A função está representada pelas linhas pontilhadas, os nós pelos círculos, e o polinomio interpolador pela linha preenchida Achado o polinômio interpolador, sua taxa de convergência para a função aproximada é algébrica da ordem de ( ) onde representa o numero de vezes que a função é diferenciíavel e é o grau do polinômio. Se a função for analítica, o polinômio converge exponencialmente, ou seja, da ordem de ( ) onde é uma constante. Como em análise espectral (Fourier) a diferenciabilidade aqui determina a velocidade de convergência (na norma uniforme) entre os aproximantes e o sinal original. Em suma: Quanto mais diferenciável for, mais rápido a convergência do polinômio. Supomos que temos uma função que queremos aproximar. Podemos escrever sua aproximação como uma combinação linear de polinômios de Legendre. Lembrando que a família de polinômios de Legendre até grau é uma família ortonormal. () ()= () Mostre-se então que podemos reescrever tal expressão como: Onde ()= () ()=( ) () () ( ) ( ) () implicando na seguinte propriedade: ( )=( ),. Ressaltamos que =
6 Essa expressão é mais favorável do que a anterior por só precisar avaliar a função nos nós LGL e apenas polinômio de Legendre de grau. Desta expressão obtemos a aproximação de sua derivada ( ). = ( ) ( ) (+1) ( ) ==0 4 (+1) == A figura abaixo mostra como o erro de diferenciação diminui ao passo que o numero de nós aumenta. Figura 3 - Comparação da derivada (linha pontilhada) com sua aproximação (linha cheia) e o erro Com isso, somos capazes de escrever os vínculos diferenciais do problema de controle ótimo de maneira prática e estável utilizando equações algébricas e possibilitando o uso do algoritmo PSQ. Para discretizar a integral da Lagrangeana, utilizamos a seguinte aproximação da quadratura de Gauss: Sendo = () () ( ) ( ), e uma função suave qualquer. Mostra-se que se é -vezes diferencíavel, onde (), sua convergência é da ordem de ( ). Com isso, resolvemos todos impasses necessários para implementação do método.
7 Aplicação para problema ilustrativo Com a finalidade de exemplificar o processo descrito anteriormente, começamos com um problema de controle ótimo cuja solução já é conhecida. Problema Minimizar a função: Algoritmo = () Sujeito aos vínculos dinâmicos: ()= () ()=() As condições de bordo: (0)=0 (1)= (0)=0 E a restrição de desigualdade: () 1 O problema admite solução ótima: 0 <0.5 ()= <0.5 ()= <0.5 ()= Calcule o polinômio de Legendre de grau, os nós LGL, e a matriz de diferenciação. 2. Monte a quadratura de Gauss 3. Adapte as restrições e vínculos dinâmicos à função fmincon. 4. Use fmincon para rodar o algoritmo PSQ para achar solução ótima Script clc clear n = 8; syms t; L = legendpoly(n, t); no = leg_roots(l); % matriz de diferenciação
8 D = diff_legend(l, no); % fator de diferenciação resultando da tranformação afim de [0,1]->[-1,1] D = 2.*D; % %% MIN int(u).^2 % variaveis [ x1_1 x1_2... x1_n+1 x2_1... x2_n+1 u_1... u_n+1 ] Z = sym('z%d', size([no ; no ; no])); u = Z(2*length(no)+1:end); % função objetiva f = (u).^2; f = leg_int(f, L, no); % Formato da função objetiva para usar em fmincon F subs(f, Z, w); % %%% Restrições %%% % vínculo diferencial % Dx1 = x2 <=> Dx1 - x2 = 0 Aeq = [ D -eye(length(no)) zeros(length(no)) ]; beq = zeros([ size(aeq,1) 1 ]); % Dx2 = u <=> Dx2 - u = 0 aux = [ zeros(length(no)) D -eye(length(no)) ]; Aeq = [ Aeq ; aux ]; beq = [ beq ; zeros([ size(aux,1) 1 ]) ] ; % condições de fronteira % x(0) = 0, x(1) = -11/24, v(0) = 0 % Com TA => x(-1) = -1, x(1) = -46/24, v(0) = 0 aux = zeros([ 3 3*length(no) ]) ; aux(1,1) = 1; aux(2,length(no)) = 1; aux(3,length(no)+1) = 1; Aeq = [ Aeq ; aux ]; beq = [ beq ; -1 ; -46/24 ; 0 ]; % restrições no controle % abs(u) <= 1 abs_u = [ zeros(length(no)) zeros(length(no)) eye(length(no)) ] ; Aineq = [ abs_u ; -abs_u ]; bineq = [ ones(size(abs_u,1), 1) ; ones(size(abs_u,1), 1) ] ; bineq = 2.*bineq; % chute inicial chute = zeros( size([no ; no ; no]) ); % execução fmincon options = optimset('fmincon'); options = optimset(options, 'Algorithm','SQP','MaxFunEvals', 5000, 'TolX', 1e-6); tic
9 solution = fmincon(f, chute, Aineq, bineq, Aeq, beq, [], [], [],options); toc Resultados Figura 4 - Primeira fileira executada com 5 nós, segunda com 10, e terceira com 15 A solução analítica esta em linhas pontilhadas. Note que com 5 nós já podemos considerar uma aproximação razoável, e com 15, não vemos muita diferença entre uns e outros. Rodamos o exemplo acima para 4 a 30 nós, para comparar o tempo de execução do algoritmo PSQ e o erro entre o resultado obtido e a solução ótima. Figura 5 - Tempo de execução do algoritmo PSQ
10 Figura 6 - Erro entre a solução obtida e solução ótima Vemos que o tempo cresce substancialmente ao passo que os nós crescem, enquanto o erro tende a zero. Com 5 nós temos uma aproximação razoável, e precisamos de 10 nós ou mais para ter boas aproximações. Porem, a solução ótima desse exemplo é bem regular. Quanto mais regular, melhor a aproximação, um fato que não podemos extrapolar para todos os casos, em particular os casos com descontinuidades. Portanto, em geral, para obter soluções aproximadas com erro pequenos, nos garantimos com 15 a 20 nós. No entanto, isso nos dará um tempo de execução de mais de 20 segundos (no exemplo acima, com 15 nós o tempo de execução é 25 segundos; com 20 nós o tempo é 76 segundos). Para aplicações de tempo real isso é inviável. Método Bellman-PS O método se baseia em outros métodos pseudo-espectrais procurando um equilíbrio entre soluções precisas e custo computacional. Usualmente acham-se soluções subótimas com um baixo custo computacional. Embora seja possível achar soluções altamente precisas com o método pseudo-espectral de Legendre, como vimos anteriormente, o tempo de execução rapidamente cresce ao passo que o numero de nós crescem. Para obtermos soluções mais precisas com baixo numero de nós usamos o método Bellman-PS. Algoritmo 1. Resolva o sistema utilizando o método pseudo-espectral de Legendre 2. Divida o intervalo, em segmentos de,, faça =0 3. Interpole os valores discretos até o final do segmento 4. Use os valores do controle e estado em como condição inicial e resolva o sistema. 5. Se = 1 pare, se não, faça =+1 e volte para o 3º passo. 6. A solução é a concatenação dos segmentos. Problema Teste Minimizar: Sujeito à: Implementação (.),(.), = = = (0)=10,10 ( )=0,0 1
11 Precisamos primeiro reparametrizar o problema da variável para : ()= (+ 1), onde 1,1. As restrições se tornam: = 1 2 = 1 2 ( 1)=10,10 (1)=0,0 1 Assim ao discretizar o intervalo, precisamos que o tempo final seja um parâmetro livre totalizando em 3+4 parâmetros (+1 para cada,, e, e mais um para ). Ao executar o algoritmo PSQ, ele nos retornará o valor mínimo de. Conclusões Atualmente estamos aprimorando nossa implementação do método Bellman para entendê-lo melhor. Ao terminar isso, como foi feito anteriormente com o algoritmo PSQ, vamos aprender a usar o pacote DIDO onde os métodos pseudo-espectrais foram implementados com eficiência. Comparar com a execução do nosso script. Ao longo prazo iremos implementar os métodos aqui descritos em aplicações que trabalhem em tempo real. Referências 1 - Ross, I. M.; Gong, Q.; Sekhavat, P. Bellman Pseudospectral Method. The American Institute of Aeronautics and Astronautics, ago Becerra, V. M; Galvão, R. K. H. Um tutorial sobre métodos pseudo-espectrais para controle ótimo computacional. Sba Controle & Automação, v.21, n.1, maio/jun Betts, J. T. Practical Methods for Optimal Control and Estimation Using Nonlinear Programming. 2. ed. Philadelphia: Society for Industrial and Applied Mathematics, p. 4 - Documentação função fmincon. Disponível em: < Acesso em 10 jun Trefethen, L. N. Approximation Theory and Approximation Practice. Philadelphia: Society for Industrial and Applied Mathematics, p. 6 - Maymon, S.; Oppenheim, A. V. Sinc Interpolation of Nonuniform Samples. IEEE Transactions on Signal Processing, 2011.
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