COORDENADOR: HENRIQUE CORREIA. 5ª edição revista, ampliada e atualizada
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- Paula Bugalho Guimarães
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1 COORDENADOR: HENRIQUE CORREIA Procurador do Trabalho Professor de Direito do Trabalho do CERS on-line ( Autor e Coordenador de diversos livros para concursos públicos pela Editora Juspodivm Coleção RE ISAÇO Ministério Público do Trabalho PROCURADOR DO TRABALHO 5ª edição revista, ampliada e atualizada 2017 Revisaco -Ministerio Publico do Trabalho-MPT-Correia-5ed.indb 3 28/04/ :32:19
2 Direito do Trabalho Questões 29 Direito do Trabalho TABELA DE INCIDÊNCIA DE QUESTÕES Distribuição das questões organizada por ordem didática de assuntos Assunto N. de questões Peso Introdução ao Direito do Trabalho 6 5,83% Renúncia e Transação 1 0,97% Comissão de Conciliação Prévia 1 0,97% Empregado 15 14,56% Relações de Trabalho 5 4,85% Terceirização 1 0,97% Trabalho Temporário 1 0,97% Contrato Individual de Trabalho 4 3,88% Duração do Trabalho 18 17,48% Salário e Remuneração 7 6,80% Estabilidade 2 1,94% Segurança e Medicina do Trabalho 3 2,91% Aviso-Prévio 1 0,97% Término do Contrato de Trabalho 1 0,97% Prescrição e Decadência 1 0,97% Direito Coletivo do Trabalho 36 34,95% Total Revisaco -Ministerio Publico do Trabalho-MPT-Correia-5ed.indb 29 28/04/ :32:21
3 30 Distribuição das questões organizada por ordem decrescente de incidência dos assuntos nas provas Assunto N. de questões Direito Coletivo do Trabalho 36 34,95% Duração do Trabalho 18 17,48% Empregado 15 14,56% Salário e Remuneração 7 6,80% Introdução ao Direito do Trabalho 6 5,83% Relações de Trabalho 5 4,85% Contrato Individual de Trabalho 4 3,88% Segurança e Medicina do Trabalho 3 2,91% Estabilidade 2 1,94% Renúncia e Transação 1 0,97% Comissão de Conciliação Prévia 1 0,97% Terceirização 1 0,97% Trabalho Temporário 1 0,97% Aviso-Prévio 1 0,97% Término do Contrato de Trabalho 1 0,97% Prescrição e Decadência 1 0,97% Peso Total % Revisaco -Ministerio Publico do Trabalho-MPT-Correia-5ed.indb 30 28/04/ :32:21
4 Direito do Trabalho Questões 31 Direito do Trabalho QUESTÕES 1. INTRODUÇÃO AO DIREITO DO TRABA- LHO 1.1. PARTE HISTÓRICA 01. (MPT Procurador do Trabalho/2009) Leia e analise os itens abaixo: I. A Constituição outorgada em 1937, conhecida como Polaca porque baseada na Constituição Polonesa, continha preceitos a serem observados pela legislação do trabalho, fixando, por exemplo, que: nas empresas de trabalho contínuo, a cessação das relações de trabalho, a que o trabalhador não haja dado motivo, e quando a lei não lhe garanta, a estabilidade no emprego, cria-lhe o direito a uma indenização proporcional aos anos de serviço; nas empresas de trabalho contínuo, a mudança de proprietário não rescinde o contrato de trabalho, conservando os empregados, para com o novo empregador, os direitos que tinham em relação ao antigo. II. A transformação mundial ocorrida após 1945 teve desdobramentos no Brasil, dentre os quais a promulgação da Constituição de 1946 que, no Título referente à Ordem Econômica e Social, manteve condições anteriores, tais como: o salário-mínimo; a jornada diária de oito horas, exceto em casos e condições previstos em lei; a proibição do trabalho a menores de 14 anos, de trabalho noturno a menores de 16 anos e, mulheres e menores de 18 anos em indústrias insalubres, respeitadas, em qualquer caso, as condições estabelecidas em lei e as exceções admitidas pelo Juiz competente; a liberdade de associação profissional. III. A transformação mundial ocorrida após 1945 teve desdobramentos no Brasil, dentre os quais a promulgação da Constituição de 1946 que, no Título referente à Ordem Econômica e Social, trouxe ampliação das garantias e direitos dos trabalhadores, destacando-se: a participação obrigatória e direta do empregado nos lucros da empresa nos termos da lei; a fixação em lei de porcentagens de empregados brasileiros em serviços públicos de concessão e nos estabelecimentos de determinados ramos do comércio e indústria; a assistência aos desempregados; o reconhecimento das convenções coletivas de trabalho e do direito de greve, com exercício regulado em lei. Marque a alternativa CORRETA: a) apenas os itens I e III são corretos; b) apenas os itens I e II são corretos; c) todos os itens são corretos; d) apenas os itens II e III são corretos; e) não respondida. COMENTÁRIOS. Nota do autor: Esta questão exige do candidato um amplo conhecimento da história do Direito do Trabalho, principalmente da sua origem e evolução nas Constituições brasileiras. Alternativa correta: c. Todas as assertivas estão corretas. Assertiva I. Correta. A Constituição Federal de 1934 foi responsável em constitucionalizar o Direito do Trabalho no Brasil, trazendo maior liberdade e autonomia sindical. Logo após a Constituição de 1934, inspirada nos ideais ditatoriais de Getúlio Vargas, foi instituída a Constituição de 1937 que instaurou o corporativismo, ou seja, o fortalecimento do Estado, sendo que um dos principais responsáveis por esse fortalecimento é o trabalho considerado como um dever social. Desta forma, o trabalho deve ser um direito garantido a todos, sendo dever do Estado proteger este direito, possibilitando condições favoráveis e meios de defesa ao trabalho. Em virtude deste objetivo corporativista, além de vários Revisaco -Ministerio Publico do Trabalho-MPT-Correia-5ed.indb 31 28/04/ :32:22
5 32 outros direitos, a Constituição de 1937 buscou dar maior efetividade ao princípio do pleno emprego que mais do que possuir um emprego é garantir sua manutenção com boas condições e remuneração correspondente e justa. Assertivas II e III. Corretas. A transformação mundial ocorrida após 1945, com relação ao direito do trabalho, gerou o aprofundamento do processo de constitucionalização do Direito do Trabalho e hegemonia do chamado Estado de Bem-Estar Social, normatizando as normas justrabalhistas, bem como diretrizes gerais de valorização do trabalho e do ser que labora para outrem. Nesse contexto, nasceu a Constituição de 1946, que tratou da ordem econômica e social, consagrando a livre iniciativa, bem como a valorização do trabalho humano, sendo que ambas devem prevalecer em grau de equilíbrio, pois a eficácia de uma depende da outra. Esta Constituição também consagrou o princípio do pleno emprego e dispõe que o trabalho deve ser uma obrigação social, pois a Constituição consagrou, mais uma vez, o trabalho como meio de desenvolvimento do país. Em suma, a CF de 1946 aumentou consideravelmente os direitos trabalhistas em relação às Constituições de 1934 e Nesse sentido, estabelecia o art. 157 da revogada CF/1946: Art. 157 A legislação do trabalho e a da previdência social obedecerão nos seguintes preceitos, além de outros que visem a melhoria da condição dos trabalhadores: I salário mínimo capaz de satisfazer, conforme as condições de cada região, as necessidades normais do trabalhador e de sua família; II proibição de diferença de salário para um mesmo trabalho por motivo de idade, sexo, nacionalidade ou estado civil; III salário do trabalho noturno superior ao do diurno; IV participação obrigatória e direta do trabalhador nos lucros da empresa, nos termos e pela forma que a lei determinar; V duração diária do trabalho não excedente a oito horas, exceto nos casos e condições previstos em lei; VI repouso semanal remunerado, preferentemente aos domingos e, no limite das exigências técnicas das empresas, nos feriados civis e religiosos, de acordo com a tradição local; VII férias anuais remuneradas; VIII higiene e segurança do trabalho; IX proibição de trabalho a menores de quatorze anos; em indústrias insalubres, a mulheres e a menores, de dezoito anos; e de trabalho noturno a menores de dezoito anos, respeitadas, em qualquer caso, as condições estabelecidas em lei e as exceções admitidas pelo Juiz competente; X direito da gestante a descanso antes e depois do parto, sem prejuízo do emprego nem do salário; XI fixação das percentagens de empregados brasileiros nos serviços públicos dados em concessão e nos estabelecimentos de determinados ramos do comércio e da indústria; XII estabilidade, na empresa ou na exploração rural, e indenização ao trabalhador despedido, nos casos e nas condições que a lei estatuir; XIII reconhecimento das convenções coletivas de trabalho; XIV assistência sanitária, inclusive hospitalar e médica preventiva, ao trabalhador e à gestante; XV assistência aos desempregados; XVI previdência, mediante contribuição da União, do empregador e do empregado, em favor da maternidade e contra as conseqüências da doença, da velhice, da invalidez e da morte; XVII obrigatoriedade da instituição do seguro pelo empregador contra os acidentes do trabalho. 02. (MPT Procurador do Trabalho/2009) Leia e analise os itens abaixo: I. A Emenda Constitucional n 1, de 17 de outubro de 1969, promulgada pelos Ministros da Marinha de Guerra, do Exército e da Aeronáutica Militar, trouxe modificações inovadoras à Constituição de 1967 em relação aos direitos dos trabalhadores, dentre as quais estão: salário-família aos seus dependentes; estabilidade, com indenização ao trabalhador despedido ou fundo de garantia equivalente; aposentadoria para a mulher, aos trinta anos de trabalho, com salário integral. II. Do ponto de vista formal é possível afirmar que a Constituição da República de 1988 deslocou os direitos dos trabalhadores do tradicional capítulo Ordem Econômica e Social, inseridos nas Constituições de 1934, 1937, 1946 e 1967, para uma posição inovadora e destacada nos Direitos Sociais, elegendo o trabalho como direito social e estabelecendo os direitos dos trabalhadores urbanos e rurais. III. A Constituição da República de 1988 em capítulo reservado à família, criança, adolescente e idoso estabelece que é dever da família, da sociedade Revisaco -Ministerio Publico do Trabalho-MPT-Correia-5ed.indb 32 28/04/ :32:22
6 Direito do Trabalho Questões 33 e do Estado amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade. O Estatuto do Idoso tem comando semelhante, obrigando a família, a comunidade, a sociedade e o Poder Público a assegurar à pessoa idosa a efetivação também do direito ao trabalho. Marque a alternativa CORRETA: a) Todos os itens são corretos; b) Apenas os itens I e II são corretos; c) Apenas os itens I e III são corretos; d) Apenas os itens II e III são corretos; e) Não respondida. COMENTÁRIOS. Nota do autor: A questão aborda o tema dos direitos trabalhistas consagrados nas constituições federais brasileiras. Recomenda-se a leitura da doutrina específica sobre o tema e breve leitura dos textos das constituições brasileiras. Alternativa correta: d. Apenas as assertivas II e III estão corretas. Assertiva I. Errada. O salário-família aos dependentes, a estabilidade, com indenização ao trabalhador despedido ou fundo de garantia equivalente, e a aposentadoria para a mulher, aos trinta anos de trabalho, com salário integral, já estavam presentes na Constituição de A Emenda Constitucional nº 1 de 1969 (considerada por muitos constitucionalistas uma nova Constituição) não trouxe significativas mudanças com relação ao Direito do Trabalho. Com relação às associações profissionais e sindicais não fez nenhuma alteração (art. 166). No artigo 165, incisos XIV e XXI reconheceu as convenções coletivas de trabalho e o direito de greve, salvo nos serviços públicos e atividades essenciais. A Justiça do Trabalho, na estrutura do Poder Judiciário, foi mantida e o artigo 165 ratificou os direitos trabalhistas previstos na Constituição anterior. Assertiva II. Correta. A partir da Constituição de 1934, a qual previu os direitos sociais do trabalho no texto constitucional, esses direitos vieram sempre expressos no capítulo da ordem econômica e social, porém com o advento da CF de 1988 os direitos sociais, inclusive do trabalho, passaram a figurar no Título II Dos Direitos e Garantias Fundamentais, como sendo o capítulo II desse título, chamado Dos Direitos Sociais. E, mais especificamente, no artigo 7º do texto constitucional. Lembrando que o trabalho vem expresso em vários outros dispositivos do preâmbulo, quando menciona os direitos sociais até o capitulo da ordem econômica, que prevê a valorização do trabalho humano e a livre iniciativa. Assertiva III. Correta. Este item está correto, uma vez que a Constituição Federal de 1988 em seu artigo 230 prevê a inclusão social do idoso na comunidade. Com base nesta previsão constitucional, bem como para efetivá-la o Estatuto do Idoso, Lei nº /03, no caput do artigo 3º traz como obrigação da sociedade em geral do Poder Público em efetivar o acesso ao trabalho para o idoso. 03. (MPT Procurador do Trabalho/2007) A Encíclica Divini redemptoris, que trouxe orientações sobre trabalho, foi escrita pelo papa: a) Paulo VI; b) João XXIII; c) Leão XIII; d) Pio XI; e) não respondida. COMENTÁRIOS. Nota do autor: A questão aborda o tema da história do Direito do Trabalho, especificamente no mundo. Ademais, apresenta elevado grau de dificuldade, na minha opinião. Alternativa correta: d. Comentário serve para as demais alternativas, uma vez que todas versam sobre o mesmo assunto. A Encíclica Divini Redemptoris foi elaborada pelo Papa Pio XI, em 19 de março de 1937, tendo como tema principal o comunismo ateu. Segundo o Papa, a doutrina comunista trouxe um ideal hipócrita acerca de justiça, igualdade e fraternidade universal do trabalho, sendo que o suposto progresso econômico gerado pelo sistema comunista se deu dentre outros da exploração do trabalho com remuneração mínima. Nesta encíclica o Papa defende os direitos e a dignidade do trabalho humano e o equilíbrio que deverá existir entre o capital e o trabalho, o salário, indispensável ao operário e a sua família. Nesse assunto, suplica pela consciência daqueles que tem fundos maiores fruto do trabalho de milhões de cidadãos em buscar e promover o bem comum. Todas as demais encíclicas (escritas pelos Papas Paulo VI, João XXIII e Leão XIII) não trouxeram questões relevantes acerca do Direito do Trabalho. 04. (MPT Procurador do Trabalho/2007) Complete com a opção CORRETA. A Constituição do México, de tratou de regras de Direito do Trabalho no seu artigo 123. a) 1915; b) 1917; c) 1919; d) 1921; e) não respondida. Revisaco -Ministerio Publico do Trabalho-MPT-Correia-5ed.indb 33 28/04/ :32:22
7 34 COMENTÁRIOS. Nota do autor: Em termos de direitos sociais, é fundamental que o candidato tenha um mínimo conhecimento acerca do papel exercido pela Constituição mexicana em comento na história. Foi ela pioneira em trazer os direitos trabalhistas previstos constitucionalmente, motivo que tornou referida constituição referência no estudo do Direito do Trabalho. Alternativa correta: b. Comentário serve para as demais alternativas, uma vez que versam sobre o mesmo assunto. Essa Constituição data de Seu advento se deu por uma forte influência do contexto político, social e econômico da época de sua criação, quais sejam os ideais pré-revolucionários da Revolução Russa, influenciando o constitucionalismo social, ou seja, trazer para o texto constitucional os direitos fundamentais, dentre eles o do trabalho INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO 05. (MPT Procurador do Trabalho/2008) Analise as assertivas abaixo: I. entre as várias formas de interpretação da norma de Direito do Trabalho, incluem-se a teleológica ou finalística segundo a qual a interpretação será dada ao dispositivo legal de acordo com o fim visado pelo legislador; II. a Consolidação das Leis do Trabalho trata da integração jurídica da norma, pois autoriza o juiz, na falta de expressa disposição legal ou convencional, a utilizar a analogia ou a equidade; III. de acordo com a Constituição Federal, as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais de expressão não têm aplicação imediata; IV. em relação à eficácia no espaço da norma trabalhista, a jurisprudência consolidada do Tribunal Superior do Trabalho adota o critério da territorialidade (ou da Lex loci executionis), segundo o qual a relação jurídica trabalhista é regida pelas leis vigentes no país da prestação do serviço e não por aquelas do local da contratação De acordo com as assertivas acima, é CORRETO afirmar que: a) todas as assertivas estão corretas; b) todas as assertivas estão incorretas; c) apenas as assertivas II e IV estão corretas; d) apenas a assertiva III está incorreta; e) não respondida. COMENTÁRIOS. Nota do autor: A questão aborda o tema da interpretação e integração das normas trabalhistas. Em razão da Lei nº 7.064/82 e da mudança da jurisprudência no TST, essa questão deveria ser cancelada. Era de complexidade mediana, tendo em vista que a assertiva IV traz uma maior atenção do candidato pelo cancelamento da súmula nº 207 do TST. As assertivas II e III necessitam apenas de uma leitura do texto constitucional para serem averiguadas. Alternativa correta: e. As assertivas III e IV estão incorretas, mas a questão deveria ser cancelada, de acordo com o posicionamento atual do TST. Assertiva I. Correta. Partindo do pressuposto que o Direito do Trabalho é regido por princípios específicos que visam a maior proteção ao trabalhador, por se tratar de uma relação jurídica de hipossuficiência do empregado em relação ao empregador, o Direito do Trabalho se utiliza da forma de interpretação teleológica ou finalística visando, sempre, a interpretação das normas trabalhistas que atendam a finalidade principiológica para qual foi citada: defesa do empregado. Assertiva II. Correta. A respeito de lacuna na lei trabalhista, a Consolidação das Leis do Trabalho prevê em seu artigo 8º que o juiz poderá decidir utilizando a analogia ou equidade. Além dessas formas de integração, o mesmo artigo ainda traz a possibilidade de utilização da jurisprudência e outros princípios e normas gerais do direito, bem como o direito comparado, de acordo com os usos e costumes. Lembrando que para a realização da integração o juiz deverá se atentar a supremacia do interesse publico sobre os interesses de classe ou até mesmo particular. Assertiva III. Incorreta. O termo aplicação imediata está se referindo a classificação da norma constitucional quanto a sua eficácia. Também chamada de norma de eficácia plena, ou seja, tem a sua aplicabilidade imediata e independente de qualquer regulamentação. Este item está incorreto, pois a CF/88 prevê no parágrafo 1º do artigo 5º que as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata. Assertiva IV. Este item está incorreto, uma vez que a Súmula nº 207 do Tribunal Superior do Trabalho foi cancela. Referida Súmula direcionava que diante de um conflito de leis trabalhistas no espaço a regra que seria aplicada era a do princípio Lex loci executionis em que eram aplicadas as leis trabalhistas do lugar da prestação do serviço e não por aquelas do local da contratação. O cancelamento de referida súmula se deu pela sua incompatibilidade com a Lei 7.064/1982 que regula a situação de trabalhadores contratados ou transferidos para prestar serviço fora do país. Desta forma, passou a valer para todos os trabalhadores o que disposto no artigo 3º, inciso II, da mesma lei, em que assegura a aplicação da legislação brasileira quando mais favorável do que a legislação territorial, observando o princípio da norma mais favorável ao trabalhador: Revisaco -Ministerio Publico do Trabalho-MPT-Correia-5ed.indb 34 28/04/ :32:22
8 Direito do Trabalho Questões PRINCÍPIOS Art. 3º A empresa responsável pelo contrato de trabalho do empregado transferido assegurar-lhe-á, independentemente da observância da legislação do local da execução dos serviços: II a aplicação da legislação brasileira de proteção ao trabalho, naquilo que não for incompatível com o disposto nesta Lei, quando mais favorável do que a legislação territorial, no conjunto de normas e em relação a cada matéria. 06. (MPT Procurador do Trabalho/2008) Assinale a alternativa INCORRETA: a) dentre os mais importantes princípios especiais do Direito Individual do Trabalho indicados pela doutrina, incluem-se o princípio da proteção, o princípio da irrenunciabilidade dos direitos trabalhistas e o princípio da norma mais favorável; b) o princípio da primazia da realidade sobre a forma autoriza a descaracterização de um contrato de prestação civil de serviços, desde que despontem, ao longo de sua execução, todos os elementos fático-jurídicos da relação de emprego; c) de acordo com a jurisprudência consolidada do Tribunal Superior do Trabalho, o ônus de provar o término do contrato de trabalho, quando negados a prestação de serviço e o despedimento, é do empregador, pois o princípio da continuidade da relação de emprego constitui presunção favorável ao empregado; d) o princípio da razoabilidade segundo o qual as condutas humanas devem ser avaliadas de acordo com um critério associativo de verossimilhança, sensatez e ponderação, não tem aplicação no Direito Coletivo do Trabalho; e) não respondida. COMENTÁRIOS. Nota do autor: A questão aborda o tema dos princípios do Direito do Trabalho. O candidato deve estar atento para o fato de que a questão exige que seja assinalada a alternativa incorreta. Ademais, exigia do candidato apenas conhecimentos gerais sobre o tema dos princípios específicos da área trabalhista. Alternativa incorreta: d. O princípio da razoabilidade é, certamente, aplicável ao Direito Coletivo do Trabalho, assim como em qualquer ramo do direito. O Princípio da Razoabilidade é um Princípio Geral do Direito, ou seja, possui aplicabilidade em todos os ramos jurídicos, tanto no Direito Individual do Trabalho quanto no Direito Coletivo do Trabalho. E quanto no Direito Coletivo do Trabalho. Não seria correto afirmar que no Direito Coletivo do Trabalho é permitido condutas e interpretações absurdas, não razoáveis. Alternativa a. De fato, esses princípios são característicos do Direito do Trabalho, tendo fundamental importância. O princípio da proteção está associado ao fato de que o Direito do Trabalho tem por escopo proteger a figura do empregado, que é o mais vulnerável na relação de emprego. O princípio da irrenunciabilidade dos direitos trabalhistas e o da norma mais favorável são desdobramentos do princípio tuitivo (da proteção). De acordo com o princípio da proteção ao trabalhador, a lei trabalhista estabelece normas de proteção que visa garantir direitos mínimos ao hipossuficiente e estabelecer o equilíbrio que falta à relação de emprego, em razão da subordinação exercida pelo empregador. Desse princípio decorrem três outros princípios: In dubio pro operario. Quando existirem várias interpretações sobre o mesmo fato, deve-se escolher a interpretação mais benéfica ao trabalhador. Norma mais favorável. Quando existir duas ou mais normas possíveis de serem aplicadas, deve-se escolher a maior favorável ao trabalhador. Condição mais benéfica. É assegurado ao trabalhador as vantagens conquistadas durante o contrato de trabalho. Alternativa b. Pelo princípio da primazia da realidade sobre a forma temos que, para o Direito do Trabalho, importa o que, de fato, ocorreu, e não o que consta dos documentos. De acordo com o princípio da primazia da realidade, essa deve se sobrepor às disposições contratuais escritas. Logo, se presentes os requisitos do art. 3º, caput, CLT), deverá ser reconhecida a relação empregatícia. Alternativa c. De fato, pelo princípio da continuidade do contrato de trabalho, presume-se (presunção juris tantum ou relativa) que o trabalho não foi interrompido, e o contrato de trabalho não foi cessado. O ônus de provar o término do contrato de trabalho, quando negados a prestação de serviço e o despedimento, é do empregador, pois o princípio da continuidade da relação de emprego constitui presunção favorável ao empregado (Súmula nº 212, TST). 2. RENÚNCIA E TRANSAÇÃO Art. 9º, CLT Art. 444, CLT Art. 468, CLT 07. (MPT Procurador do Trabalho/2008) Assinale a alternativa INCORRETA: Revisaco -Ministerio Publico do Trabalho-MPT-Correia-5ed.indb 35 28/04/ :32:22
9 36 a) o Direito do Trabalho não admite a renúncia, pelo trabalhador, antes, durante e após o rompimento do contrato de trabalho; b) somente será passível de transação lícita parcela juridicamente não acobertada por indisponibilidade absoluta, independentemente do respeito aos demais requisitos jurídico-formais do ato; c) de acordo com o entendimento uniforme do Tribunal Superior do Trabalho, o direito ao aviso-prévio é irrenunciável pelo empregado. O pedido de dispensa de cumprimento não exime o empregador de pagar o respectivo valor, salvo comprovação de haver o prestador dos serviços obtido novo emprego; d) de acordo com orientação jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho, a transação extrajudicial que importa rescisão do contrato de trabalho ante a adesão do empregado a plano de demissão voluntária implica quitação exclusivamente das parcelas e valores constantes do recibo; e) não respondida. COMENTÁRIOS. Nota do autor: A questão aborda o tema da renúncia e da transação no Direito do Trabalho. O candidato deve estar atento para o fato de que a questão exige que seja assinalada a alternativa incorreta. Lembre-se de que em razão do Princípio da Irrenunciabilidade e da Indisponibilidade que vigora no Direito do Trabalho, há restrição da autonomia da vontade, isto é, limita-se a possibilidade de negociação de direitos trabalhistas entre empregado e empregador. Alternativa incorreta: a. Renúncia é um ato unilateral que recai sobre direito certo e atual, por exemplo, o empregado conquistou o direito de férias após um ano de trabalho e abriria mão (renunciaria) desse direito já conquistado, o que não é válido no direito do trabalho. Em razão do princípio da irrenunciabilidade são raríssimos os casos de renúncia de direito na área trabalhista. Um exemplo de renúncia, prevista em lei, é o pedido de transferência para outra cidade, feito pelo dirigente sindical. Nesse caso, perderá o direito à estabilidade. Outro exemplo, previsto na jurisprudência do TST é a renúncia ao Aviso-Prévio, quando comprovado que o empregado já possui outro emprego. E, ainda, há doutrinadores que defendem a possibilidade de renúncia durante à audiência judicial, na presença do Juiz do Trabalho. Portanto, excepcionalmente, é permitida a renúncia. Alternativa b. Os direitos disponíveis consistem em direitos cujos interesses são meramente particulares. Já os direitos indisponíveis são marcados pela forte intervenção estatal, pois há interesse público envolvido, como é o caso do direito do trabalho. Assim, a transação recai sobre direito duvidoso e requer um ato bilateral das partes, concessões recíprocas. Na transação há direitos disponíveis, cujos interesses são meramente particulares. Alternativa c. O direito ao aviso prévio é irrenunciável pelo empregado. O pedido de dispensa de cumprimento não exime o empregador de pagar o respectivo valor, salvo comprovação de haver o prestador dos serviços obtido novo emprego (Súmula nº 276, TST). Alternativa d. A transação extrajudicial que importa rescisão do contrato de trabalho ante a adesão do empregado a plano de demissão voluntária implica quitação exclusivamente das parcelas e valores constantes do recibo (Orientação Jurisprudencial nº 270, SDI1, TST). 3. COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA Arts. 625-A a 625-H, CLT 08. (MPT Procurador do Trabalho/2008) Em relação às Comissões de Conciliação Prévia, analise as assertivas abaixo: I. as empresas e os sindicatos podem constituir Comissões de Conciliação Prévia, de composição paritária, com representantes dos empregados e dos empregadores, com a atribuição de tentar conciliar os conflitos individuais do trabalho; II. as Comissões de Conciliação Prévia não poderão ser constituídas por grupos de empresas ou ter caráter intersindical; III. a Comissão instituída no âmbito da empresa será composta de, no mínimo, quatro e, no máximo doze membros. A Comissão instituída no âmbito do sindicato terá sua constituição e normas de funcionamento definidas no seu estatuto social; IV. o termo de conciliação é título executivo extrajudicial e terá eficácia liberatória geral, exceto quanto às parcelas expressamente ressalvadas. De acordo com as assertivas acima, pode-se afirmar que: a) todas as assertivas estão corretas; b) apenas a assertiva I está correta; c) apenas as assertivas III e IV estão incorretas; d) apenas as assertivas II e III estão incorretas; e) não respondida. COMENTÁRIOS. Nota do autor: A questão aborda o tema da Comissão de Conciliação Prévia. Essa questão exigia Revisaco -Ministerio Publico do Trabalho-MPT-Correia-5ed.indb 36 28/04/ :32:22
10 Direito do Trabalho Questões 37 apenas o conhecimento do texto da CLT (art. 625-A e seguintes da CLT). Alternativa correta: d. Apenas as assertivas II e III estão incorretas. Assertiva I. Correta. As empresas e os sindicatos podem instituir Comissões de Conciliação Prévia, de composição paritária, com representante dos empregados e dos empregadores, com a atribuição de tentar conciliar os conflitos individuais do trabalho (art. 625-A, caput, CLT). Assertiva II. Incorreta. As Comissões de Conciliação poderão ser constituídas por grupos de empresas ou ter caráter intersindical (art. 625-A, parágrafo único, CLT). Assertiva III. Incorreta. A Comissão instituída no âmbito da empresa será composta de, no mínimo, dois e, no máximo, dez membros (art. 625-B, caput, CLT). Ainda, de acordo com o art. 625-C da CLT: A Comissão instituída no âmbito do sindicato terá sua constituição e normas de funcionamento definidas em convenção ou acordo coletivo. Assertiva IV. Correta. O termo de conciliação é título executivo extrajudicial e terá eficácia liberatória geral, exceto quanto às parcelas expressamente ressalvadas (art. 625-E, parágrafo único, CLT). Segue quadro que resume as hipóteses de eficácia liberatória do contrato de trabalho: EFICÁCIA LIBERATÓRIA DO CONTRATO Comissão de Conciliação Prévia: eficácia liberatória geral, com exceção das parcelas expressamente ressalvadas (art. 625-E, parágrafo único, CLT, e Inf. 29, TST). Programa de Demissão Voluntária (PDV): eficá cia liberatória somente em relação às parcelas expressamente consignadas (OJ nº 270 da SDI-I do TST). Obs.: Recentemente (abril/2015), o plenário do STF adotou posição contrária à OJ nº 270 da SDI-I do TST ao decidir pela validade da cláusula de quitação geral ampla e irrestrita das verbas trabalhistas decorrentes do contrato de trabalho, desde que previstas em acordo coletivo. Homologação das verbas rescisórias: A homologação realizada pelo sindicato profissional ou pelo auditor-fiscal do trabalho tem eficácia liberatória em relação às parcelas expressamente previstas no recibo (Súmula nº 330 do TST). Homologação em juízo: É possível que, mediante acordo judicial, seja conferida eficácia liberatória geral das verbas trabalhistas. Nesse sentido, o acordo judicial em que o empregado dá plena e ampla quitação, sem nenhuma ressalva, alcança todos os direitos decorrentes do contrato de trabalho (OJ nº 132 da SDI-II do TST). 4. EMPREGADO Art. 3º, CLT 09. (MPT Procurador do Trabalho/2013) Considerando-se a expansão dos aeroportos e do transporte aéreo no Brasil e as suas respectivas relações de trabalho, considera as seguintes afirmações: I. Aeronauta é o profissional habilitado pelo Ministério da Aeronáutica, que exerce atividade a bordo de aeronave civil nacional, mediante contrato de trabalho. II. Considera-se, também, aeronauta, para os fins legais, aquele que exerce atividade a bordo de aeronave estrangeira, em virtude de contrato de trabalho regido por leis brasileiras. III. Aeroviário é o trabalhador que, não sendo aeronauta, exerce função remunerada nos serviços terrestres de empresa de transportes aéreos. IV. Aeroportuário é o profissional habilitado pelo Ministério da Aeronáutica que exerce atividade a bordo de aeronaves em aeroclubes, escola de aviação civil e correlatos. Assinale a alternativa CORRETA: a) apenas as assertivas I, II e III estão corretas; b) apenas as assertivas II, III e IV estão corretas; c) apenas as assertivas I, II e IV estão corretas; d) todas as assertivas estão corretas; e) não respondida. COMENTÁRIOS. Nota do autor: A questão aborda o tema das relações de trabalho nos aeroportos. Sobre o tema é imprescindível a leitura da Lei nº 7.183/1984. Questão extremamente difícil, uma vez que exigia conceitos de leis muito específicas. Anulada. A questão foi anulada pela banca examinadora do concurso. Assertiva I. Correta. Aeronauta é o profissional habilitado pelo Ministério da Aeronáutica, que exerce atividade a bordo de aeronave civil nacional, mediante contrato de trabalho. (art. 2º, Lei nº 7.183/1984). Assertiva II. Correta. Considera-se também aeronauta, para os efeitos desta Lei, quem exerce atividade a bordo de aeronave estrangeira, em virtude de contrato de trabalho regido pelas leis brasileiras. (art. 2º, parágrafo único, Lei nº 7.183/1984). Assertiva III. Correta. É aeroviário o trabalhador que, não sendo aeronauta, exerce função remunerada nos serviços terrestres de Empresa de Transportes Aéreos. (art. 1º, Decreto nº 1.232/1962). Revisaco -Ministerio Publico do Trabalho-MPT-Correia-5ed.indb 37 28/04/ :32:22
11 38 Assertiva IV. Incorreta. A assertiva refere-se ao aeronauta e não ao aeroportuário que seriam os trabalhadores dos aeroportos, cujas funções são múltiplas não sendo possível restringir ao estabelecido na questão. 10. (MPT Procurador do Trabalho/2008) Analise as assertivas abaixo: I. a relação empregatícia e a figura do empregado surgem como resultado da combinação de elementos fático-jurídicos que são: a) prestação de trabalho por pessoa física a um tomador qualquer; b) prestação efetuada com pessoalidade pelo trabalhador; c) prestação efetuada com não- -eventualidade; d) efetuada sob subordinação ao tomador dos serviços; e) prestação de trabalho efetuada com onerosidade; II. não haverá distinções relativas à espécie de emprego e à condição de trabalhador, nem entre o trabalho intelectual, técnico e manual; III. não há distinção entre o trabalho realizado no estabelecimento do empregador e o executado no domicílio do empregado, desde que estejam presentes os elementos caracterizadores da relação de emprego; IV. dentre as condições legais para admissão como mãe social, inclui-se a idade mínima de 21 (vinte e um) anos. Assinale a alternativa correta: a) todas as assertivas estão corretas; b) apenas as assertivas I e II estão corretas; c) apenas as assertivas II e III estão corretas; d) apenas a assertiva IV está incorreta; e) não respondida. COMENTÁRIOS. Nota do autor: Para responder esta questão o candidato deverá identificar os elementos fático-jurídicos expressos na CLT que caracterizam a relação empregatícia, bem como a questão do local da prestação de trabalho. O que poderá dificultar a resolução da questão é o tema relacionado à mãe social, previsto na Lei nº 7.644/87. Alternativa correta: d. Apenas a assertiva IV está incorreta. Assertiva I. Correta. A CLT prevê os elementos fático-jurídicos que presentes numa prestação de serviços empregado será o prestador. O art. 3º, caput da CLT considera empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob dependência deste (subordinação) e mediante salário (onerosidade). Este artigo deverá ser aplicado em conjunto com o art. 2º, caput da CLT que esclarece que a prestação do serviço deve ser pessoal. Assertiva II. Correta. É expressa a proibição da distinção entre trabalhos manuais, técnicos e intelectuais, bem como em razão da condição de trabalhador tanto na Constituição Federal de 1988 quanto na CLT. Na CF/88, referida proibição vem expressa no art. 7º, inciso XXXII e na CLT vem elencada no art. 3º, parágrafo único. Assertiva III. Correta. Não se distingue entre o trabalho realizado no estabelecimento do empregador e o executado no domicílio do empregado, desde que esteja caracterizada a relação de emprego (art. 6º, CLT). Assertiva IV. Incorreta. O art. 9º da Lei nº 7.644/1987 Lei da Mãe social traz as condições para admissão como mão social, dentre essas condições a idade mínima de 25 anos, conforme alínea a. 11. (MPT Procurador do Trabalho/2007) Assinale a alternativa CORRETA: I. O Direito do Trabalho estende sua esfera normativa ao empregado a domicílio, não fazendo distinção entre o trabalho realizado no estabelecimento do empregador e o executado no domicílio do empregado, desde que presentes os elementos caracterizadores da relação de emprego. II. O fato de o empregador ter permitido que o empregado execute as atividades em seu domicílio significa que renunciou ao poder diretivo. III. A situação jurídica da mãe-social está disciplinada por lei que estabelece os direitos trabalhistas a que faz jus, dentre eles, anotação na CTPS, repouso semanal remunerado de 24 horas consecutivas, férias anuais de 30 dias, 13 salário e FGTS. IV. São assegurados aos aeronautas férias anuais em dois períodos de 20 dias. a) apenas uma das assertivas está incorreta; b) apenas duas das assertivas estão incorretas; c) apenas três das assertivas estão incorretas; d) todas as assertivas estão incorretas; e) não respondida. COMENTÁRIOS. Nota do autor: Esta questão tem um nível alto de dificuldade, uma vez que o candidato deverá ter conhecimento de leis específicas como a Lei nº 7.644/87 (Lei da Mãe Social) e a Lei nº 7.183/84 (Lei do Aeronauta), além dos conhecimentos mais básicos da CLT e doutrinário acerca do poder diretivo do empregador. Alternativa correta: b. Assertiva I. Correta. Não se distingue entre o trabalho realizado no estabelecimento do emprega- Revisaco -Ministerio Publico do Trabalho-MPT-Correia-5ed.indb 38 28/04/ :32:22
12 Direito do Trabalho DICAS 1. PRINCÍPIOS Princípio da norma mais favorável: entre duas ou mais normas possíveis de ser aplicadas, utiliza-se a mais favorável em relação ao trabalhador. A aplicação de uma norma leva a renúncia da outra. Nesse sentido: Súmula nº 202 do TST. Existindo, ao mesmo tempo, gratificação por tempo de serviço outorgada pelo empregador e outra da mesma natureza prevista em acordo coletivo, convenção coletiva ou sentença normativa, o empregado tem direito a receber, exclusivamente, a que lhe seja mais benéfica. Princípio da condição mais benéfica: esse princípio assegura ao empregado as vantagens conquistadas durante o contrato de trabalho, conforme previsto no art. 468 da CLT. Diante disso, essas conquistas não poderão ser alteradas para pior. Nesse sentido: Súmula nº 288 do TST. I A complementação dos proventos de aposentadoria, instituída, regulamentada e paga diretamente pelo empregador, sem vínculo com as entidades de previdência privada fechada, é regida pelas normas em vigor na data de admissão do empregado, ressalvadas as alterações que forem mais benéficas (art. 468 da CLT). II Na hipótese de coexistência de dois regulamentos de planos de previdência complementar, instituídos pelo empregador ou por entidade de previdência privada, a opção do beneficiário por um deles tem efeito jurídico de renúncia às regras do outro. III Após a entrada em vigor das Leis Complementares nº s 108 e 109, de 29/05/2001, reger-se-á a complementação dos proventos de aposentadoria pelas normas vigentes na data da implementação dos requisitos para obtenção do benefício, ressalvados o direito adquirido do participante que anteriormente implementara os requisitos para o benefício e o direito acumulado do empregado que até então não preenchera tais requisitos. IV O entendimento da primeira parte do item III aplica-se aos processos em curso no Tribunal Superior do Trabalho em que, em 12/04/2016, ainda não haja sido proferida decisão de mérito por suas Turmas e Seções. Súmula nº 51 do TST. I As cláusulas regulamentares, que revoguem ou alterem vantagens deferidas anteriormente, só atingirão os trabalhadores admitidos após a revogação ou alteração do regulamento. II Havendo a coexistência de dois regulamentos da empresa, a opção do empregado por um deles tem efeito jurídico de renúncia às regras do sistema do outro. Princípio da primazia da realidade: a realidade se sobrepõe às disposições contratuais escritas. Deve- -se, portanto, verificar se o conteúdo do documento coincide com os fatos. Exemplo: recibo assinado em branco no ato da contratação, posteriormente apresentado em juízo como prova de pagamento das verbas trabalhistas. 2. FONTES DO DIREITO DO TRABALHO Fontes materiais: são fatores ou acontecimentos sociais, políticos, econômicos e filosóficos que inspiram o legislador (deputados e senadores) na elaboração das leis. Esses movimentos influenciam diretamente o surgimento ou a modificação das leis. Fontes formais: são a exteriorização das normas jurídicas, ou seja, as fontes formais são normas de observância obrigatória pela sociedade. Todos devem cumpri-las, pois são imperativas. Exemplo: convenção, acordo coletivo e leis. Há dois tipos de fontes formais: 1. Fontes formais autônomas: são discutidas e confeccionadas pelas partes diretamente interessadas pela norma. Há, portanto, a vontade expressa das partes em criar essas normas. Exemplo: uma determinada negociação coletiva entre sindicato e empresa resulta em um acordo coletivo. 2. Fontes formais heterônomas: nas fontes heterônomas não há participação direta dos destinatários, ou seja, essas fontes possuem origem estatal (Legislativo, Executivo ou Judiciário). 3. FLEXIBILIZAÇÃO Flexibilização: redução da rigidez das leis trabalhistas pela negociação coletiva, ou seja, é dar ênfase ao negociado em detrimento do legislado. Na flexibilização permanecem as normas básicas de proteção ao trabalhador, mas permite-se maior amplitude dos acordos e convenções para adaptação das cláusulas contratuais às realidades econômicas da empresa e às realidades regionais. Desregulamentação: ocorre quando há ausência total da legislação protetiva, isto é, substituição do legislado pelo negociado. Nesse caso, não haveria a intervenção do Estado na elaboração das leis, deixando para as partes a elaboração das condições de trabalho. Lay off: Diante de retrações no mercado e crises econômicas, é comum que empresas reduzam o número de empregados para viabilizar a continuação da atividade produtiva. Nesse sentido, para evitar a ocorrência de demissões em massa de empregados e permitir maior qualificação profissional dos empregados, é necessário adotar medidas que garantam a manutenção dos contratos de trabalho mesmo em momentos de crise. Uma dessas hipóteses é o denominado lay off, que se refere ao afastamento temporário do empregado mediante recebimento de licença remunerada. Nesse sentido, o art. 476 da CLT estabelece hipótese de suspensão do contrato de trabalho pelo período de 2 a 5 meses para que o empregado participe de curso de qualificação profissional, na qual não será devido o pagamento de salários: Revisaco -Ministerio Publico do Trabalho-MPT-Correia-5ed.indb /04/ :32:30
13 114 Art. 476-A, CLT. O contrato de trabalho poderá ser suspenso, por um período de dois a cinco meses, para participação do empregado em curso ou programa de qualificação profissional oferecido pelo empregador, com duração equivalente à suspensão contratual, mediante previsão em convenção ou acordo coletivo de trabalho e aquiescência formal do empregado, observado o disposto no art. 471 desta Consolidação. Programa de Proteção ao emprego (PPE). Recentemente (novembro/2015), foi promulgada a Lei nº /2015 prevendo nova hipótese de lay off como resposta ao aumento no número de desempregos diante de crise econômica. Nesse sentido, criou-se o Programa de Proteção ao Emprego PPE. Cabe destacar que, foi enviada ao Congresso Nacional a Medida Provisória nº 761, de 22 de dezembro de 2016, que modificou e prorrogou por mais dois anos a vigência do programa, denominando-o agora Programa Seguro-Emprego (PSE). 1 De acordo com essa regulamentação, permite- -se que a empresa reduza a jornada de trabalho de seus empregados em até 30% com a correspondente diminuição do salário. O valor pago pelo empregador após a redução não pode ser inferior ao salário mínimo. Para que essa redução seja válida, é necessária a celebração de acordo coletivo com o sindicato profissional. A redução pode ter duração de até 6 meses, prorrogáveis até o limite de 24 meses. O candidato deverá estar atento a essa nova legislação! 4. RENÚNCIA E TRANSAÇÃO Em razão do Princípio da Irrenunciabilidade e da Indisponibilidade que vigora no direito do trabalho, há restrição da autonomia da vontade, isto é, limita-se a possibilidade de negociação de direitos trabalhistas entre empregado e empregador. Ressalta-se que nesse tópico não será tratada a negociação coletiva (com participação do sindicato), pois nela há ampla possibilidade de transação, inclusive redução de direitos dos trabalhadores. Renúncia é um ato unilateral que recai sobre direito certo e atual, por exemplo, o empregado conquistou o direito de férias após um ano de trabalho e abriria mão (renunciaria) desse direito já conquistado, o que não é válido no direito do trabalho (conforme previsto no art. 9º da CLT). Em razão do Princípio da Irrenunciabilidade são raríssimos os casos de renúncia de direito na área trabalhista. Um exemplo de renúncia, prevista em lei, é o pedido de transferência para outra cidade, feito pelo dirigente sindical. Nesse caso, como ele foi eleito para desempenhar a função naquela locali- 1 Em dezembro de 2016, o Poder Executivo enviou ao Congresso Nacional a Medida Provisória nº 761/2016. Essa medida, se convertida em lei, sem alterações, gerará modificações na área trabalhista. Cabe ressaltar, ainda, que medida provisória não é, em regra, cobrada nas questões objetivas, mas o candidato pode abordar esses temas nas questões dissertativas, ressaltando que se trata de uma tendência na área trabalhista. Até o fechamento desta edição, a medida provisória não foi convertida em lei pelo Congresso Nacional. dade, perderia (renunciaria) o direito à estabilidade, conforme art. 543, 1º, da CLT 2. Outro exemplo de renúncia, citado por alguns autores, ocorre na audiência judicial, na presença do juiz do trabalho. Nesse caso, diante das explicações do juiz, o empregado poderia renunciar a direitos já conquistados 3. Por fim, a jurisprudência do TST prevê a possibilidade de o trabalhador renunciar ao aviso-prévio, se comprovar que já possui outro emprego, conforme transcrito a seguir: Súmula nº 276 do TST: O direito ao aviso-prévio é irrenunciável pelo empregado. O pedido de dispensa de cumprimento não exime o empregador de pagar o respectivo valor, salvo comprovação de haver o prestador dos serviços obtido novo emprego. A transação, por sua vez, recai sobre direito duvidoso e requer um ato bilateral das partes, concessões recíprocas. Na transação há direitos disponíveis, cujos interesses são meramente particulares. A única possibilidade de transação individual extrajudicial, prevista em lei, está no art. 625-E da CLT, que trata da Comissão de Conciliação Prévia. Nesse caso, é possível que o trabalhador, individualmente, transacione diretamente com seu empregador suas verbas trabalhistas. Fora essa hipótese da Comissão de Conciliação Prévia, nem mesmo com a presença de um representante sindical, a transação individual terá validade para o direito do trabalho. Importante ressaltar que não cabe transação de direitos trabalhistas individuais em Câmaras de Mediação e Arbitragem. A arbitragem ocorre quando as partes elegem um árbitro com poder de decisão, sendo permitida apenas para dissídios coletivos, conforme previsto no art. 114, 1º, da CF/88. O Programa de Demissão Voluntária PDV ou programa de incentivo à demissão voluntária também é tratado, por alguns autores, como hipótese de transação individual de direitos trabalhistas. O PDV tem por objetivo conceder uma vantagem pecuniária ao empregado que se desligar do trabalho voluntariamente. É utilizado para reduzir os quadros da empresa e também para colocar fim ao contrato de trabalho. Importante destacar, entretanto, que o TST tem posicionamento no sentido de que a indenização paga no PDV não pode substituir as verbas trabalhistas decorrentes do contrato de trabalho. Aliás, o empregado que adere ao PDV não concede quitação geral do contrato 4, podendo, no futuro, dis- 2 Art. 543, 1º, da CLT: O empregado perderá o mandato se a transferência for por ele solicitada ou voluntariamente aceita. 3 Poderá, entretanto, o trabalhador renunciar a seus direitos se estiver em juízo, diante do juiz do trabalho, pois nesse caso não se pode dizer que o empregado esteja sendo forçado a fazê-lo. Estando o trabalhador ainda na empresa é que não se poderá falar em renúncia a direitos trabalhistas, pois poderia dar ensejo a fraudes. MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho. 26. ed. São Paulo: Atlas, p Nesse mesmo sentido, Súmula nº 330 do TST: QUITAÇÃO. VALI- DADE. A quitação passada pelo empregado, com assistência de entidade sindical de sua categoria, ao empregador, com observância dos requisitos exigidos nos parágrafos do art. 477 da CLT, tem eficácia liberatória em relação às parcelas expressamente consignadas no recibo, salvo se oposta ressalva expressa e especificada ao valor dado à parcela ou parcelas impugnadas. I A Revisaco -Ministerio Publico do Trabalho-MPT-Correia-5ed.indb /04/ :32:30
14 Direito do Trabalho Dicas 115 cutir parcelas que não foram devidamente quitadas. A seguir será transcrita a jurisprudência do TST: OJ nº 270 da SDI-I do TST. A transação extrajudicial que importa rescisão do contrato de trabalho ante a adesão do empregado a plano de demissão voluntária implica quitação exclusivamente das parcelas e valores constantes do recibo. OJ nº 356 da SDI-I do TST. Os créditos tipicamente trabalhistas reconhecidos em juízo não são suscetíveis de compensação com a indenização paga em decorrência de adesão do trabalhador a Programa de Incentivo à Demissão Voluntária (PDV). Quitação geral do contrato PDV (Previsão em instrumento coletivo). Recentemente (abril/2015), o plenário do STF 5 adotou posição contrária à OJ nº 270 da SDI-I do TST ao decidir pela validade da cláusula de quitação geral ampla e irrestrita das verbas trabalhistas decorrentes do contrato de trabalho desde que previstas em acordo coletivo e nos demais instrumentos assinados pelo empregado. Sustentou-se que a igualdade existente entre os entes coletivos (sindicato da categoria profissional e a empresa) possibilitaria a quitação geral das verbas trabalhistas no PDV. Em resumo, a regra persiste, ou seja, o empregado que adere ao PDV não concede quitação geral do contrato, exceto se houver previsão dessa quitação em instrumento coletivo. Posicionamento doutrinário sobre transação. De acordo com o professor Maurício Godinho Delgado, para as normas de indisponibilidade absoluta não cabe transação individual por atingirem o patamar mínimo civilizatório, por exemplo, o direito à anotação da CTPS, ao salário-mínimo, à incidência das normas de proteção à saúde e segurança do trabalhador 6. As normas de indisponibilidade relativa, por sua vez, não atingem o patamar mínimo civilizatório, o interesse é meramente particular. Exemplo de possibilidade de transação individual: forma de pagamento do salário (salário fixo ou salário variável). As parcelas de indisponibilidade relativa não podem ser objeto de renúncia. 5. COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA Finalidade. As Comissões de Conciliação Prévia foram criadas como forma de tentar solucionar os conflitos existentes entre empregados e empregadores. Poderão ser criadas pelas empresas ou pelos sindicatos e, caso existam, na mesma localidade e para a mesma categoria, Comissão de Empresa e Comissão Sindical, o interessado deve optar por uma delas. De acordo com o art. 625-A da CLT: As empresas e os sindicatos podem instituir Comissões de Conciliação Prévia, de composição paritária, com representantes dos empregados e dos empregadoquitação não abrange parcelas não consignadas no recibo de quitação e, consequentemente, seus reflexos em outras parcelas, ainda que estas constem desse recibo. II Quanto a direitos que deveriam ter sido satisfeitos durante a vigência do contrato de trabalho, a quitação é válida em relação ao período expressamente consignado no recibo de quitação. 5 RE nº /SC Relator Min. Roberto Barroso Data de julgamento:30/04/ DELGADO, Maurício Godinho. Curso do Direito do Trabalho. 9. ed. São Paulo: LTr, p res, com a atribuição de tentar conciliar os conflitos individuais do trabalho. Conflitos individuais. Essa Comissão poderá conciliar apenas conflitos individuais de trabalho, ou seja, não tem atribuição para firmar acordos em dissídios coletivos. Aliás, é a única forma, prevista em lei, de transação individual (entre empregado e empregador) de verbas trabalhistas. Composição e número de membros. A composição dos membros da Comissão de Conciliação Prévia será paritária, ou seja, o mesmo número de representantes dos trabalhadores e de representantes do empregador. A composição da Comissão em âmbito sindical terá sua constituição e normas definidas em acordo ou convenção coletiva. O número de membros, em âmbito empresarial, será de, no mínimo, 2 e, no máximo, 10 membros. Representante dos empregados. Importante destacar que os representantes dos trabalhadores serão eleitos em votação secreta. Em razão disso, para que não haja perseguição, titulares e suplentes possuirão garantia provisória de emprego (estabilidade), até um ano após o fim do mandato, salvo se cometerem falta grave. Nesse caso, o art. 625-B, 1º, da CLT não prevê a estabilidade dos representantes dos empregados a partir do registro da candidatura, portanto, nas provas objetivas, importante memorizar nos exatos termos da lei. Necessidade de submeter a demanda à Comissão de Conciliação Prévia. Nas localidades onde houver Comissão de Conciliação Prévia, a demanda será submetida à tentativa de conciliação antes de ingressar com a reclamação trabalhista na Justiça do Trabalho (art. 625-D da CLT). Entretanto, o Supremo Tribunal Federal STF entende que é facultativo ao trabalhador a tentativa de conciliação perante a CCP, ou seja, ele poderá ingressar diretamente na Justiça do Trabalho. Prazo e prescrição. Ao submeter a demanda à Comissão, há um prazo de dez dias para realizar a sessão de tentativa de conciliação. Durante esse prazo, a prescrição ficará suspensa. Se não houver conciliação, será fornecida às partes declaração da tentativa conciliatória frustrada, que deverá ser juntada à futura reclamação trabalhista. Termo de conciliação. Se as partes aceitarem a conciliação, será lavrado termo de conciliação. Esse termo terá eficácia liberatória geral, ou seja, o empregado não poderá rediscutir as matérias objeto de conciliação na Justiça do Trabalho, pois já houve acordo entre as partes. Há exceção, entretanto, no tocante às parcelas expressamente ressalvadas. Eficácia do termo de conciliação. Esse documento terá força de título executivo extrajudicial, isto é, poderá ser executado diretamente na Justiça do Trabalho. A título de exemplo, o termo de conciliação vale como cheque dado pelo empregador: se não for pago, será executado. Na reclamação trabalhista, há necessidade de juntar provas (documentos, testemunhas etc.), por isso o processo é mais demorado. Já na execução, o processo é rápido, pois a instrução é realizada com o título executivo. Para a semana antes da prova, segue o quadrinho de resumo sobre CCP: Revisaco -Ministerio Publico do Trabalho-MPT-Correia-5ed.indb /04/ :32:30
15 116 Comissão de Conciliação Prévia Objetivo de solucionar con flitos entre empregados e empregadores Podem ser criadas em âm bito empresarial ou sindical Composição da CCP: composição paritária a) Representantes dos empregados b) Representante dos empregadores mínimo 2 e máximo 10 eleição: representantes dos empregados estabilidade titulares e suplentes (representantes dos em pregados) mandato de 1 ano permitido uma recondução Submeter a demanda à CCP: Art. 625-D: demanda será submetida Posicionamento do STF: opção do trabalhador Prazo de 10 dias: tentativa de conciliação Termo de conciliação: a) Eficácia liberatória geral b) Título executivo extrajudicial 6. CARTEIRA DE TRABALHO E PREVIDÊN- CIA SOCIAL Documento obrigatório. Não há formalidade específica para contratar o empregado, pois o contrato de trabalho poderá ser celebrado, inclusive, de forma verbal. Há, entretanto, exigência de um documento obrigatório do empregado, chamado de Carteira de Trabalho e Previdência Social CTPS. Esse documento é utilizado para identificação do empregado, servindo como meio de prova na área trabalhista e previdenciária. A falta de anotação da CTPS não afasta o vínculo empregatício, mas possibilita que a empresa seja autuada pela fiscalização. Prazo para anotação na CTPS. O prazo para assinatura da carteira é de 48 horas, sob pena de pagamento de multa. Nas localidades onde não for emitida a CTPS, o empregado poderá ser admitido para exercer as atividades, pelo prazo de 30 dias. A empresa fica obrigada a permitir o comparecimento do empregado ao posto de emissão mais próximo. Emissão da CTPS. A CTPS será emitida pelas Delegacias Regionais do Trabalho ou, mediante convênio, por órgãos federais, estaduais e municipais. Não sendo firmados convênios com esses órgãos, poderão ser conveniados sindicatos para a emissão da CTPS. O sindicato não poderá cobrar remuneração pela entrega da CTPS, conforme previsto no art. 26 da CLT. Anotações obrigatórias na CTPS. Os acidentes de trabalho são obrigatoriamente anotados pelo INSS na carteira do acidentado, conforme previsto no art. 30 da CLT. Anotações desabonadoras. É proibido ao empregador efetuar anotações desabonadoras à conduta do empregado. Exemplo: empregado que é dispensado por justa causa, com suspeita de furto na empresa ou, ainda, o empregado que falta ao trabalho, injustificadamente. O empregador, mesmo diante dessas condutas, não poderá descrevê-las na CTPS do empregado. Prescrição e CTPS. Na anotação da CTPS, para fins de comprovação perante o INSS, não se aplica o prazo previsto da Constituição Federal, ou seja, o prazo de dois anos a partir do término do contrato de trabalho. Esse direito é imprescritível, conforme previsto no art. 11, 1º, da CLT. 7. EMPREGADO Importância de identificar o empregado. A relação de emprego tem como principal característica a presença do empregado, parte mais fraca da relação jurídica. O Direito do Trabalho foi pensado e criado exatamente para proteger a figura desse trabalhador. Há necessidade, entretanto, de diferenciar o trabalhador em sentido amplo e o trabalhador com vínculo empregatício. A CLT e as demais normas trabalhistas são voltadas apenas à proteção dos direitos do empregado, ou seja, jornada de trabalho, FGTS, férias, descanso semanal remunerado, dentre outros direitos, são direcionados aos empregados, por isso a importância de diferenciá-los dos trabalhadores autônomos, eventuais, estagiários etc. Veja o quadro a seguir, com os 4 requisitos para identificar o empregado: PROTEÇÃO PREVISTA NA CF/88 E NA CLT Princípios protetivos: Salário-mínimo Limitação da jornada (8 horas diárias) Intervalos Descanso semanal e férias Estabilidade Demais direitos trabalhistas Empregado Requisitos: Pessoa física (Pessoalidade) Não eventualidade Onerosidade Subordinação *Importante diferenciá-lo dos demais trabalhadores, porque os direitos trabalhistas são direcionados ao empregado. Exclusividade. Não há, na CLT, exigência de que o empregado preste serviços com exclusividade. Não é requisito para configurar o vínculo empregatício que ele trabalhe para apenas um único empregador. Há possibilidade de vários contratos de trabalho, com empresas diversas, simultaneamente. Local da prestação de serviços. O local da prestação de serviços também é irrelevante para configurar o vínculo empregatício. Veja, por exemplo, o trabalhador que presta serviços em domicílio desenvolvendo programas de computador; nessa situação, se houver a presença dos requisitos da relação empregatícia (habi- Revisaco -Ministerio Publico do Trabalho-MPT-Correia-5ed.indb /04/ :32:31
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