Volume 2, Janeiro-março de O CONCEITO DE MEDIAÇÃO E ZDP EM SALA DE AULA DE LÍNGUA ESTRANGEIRA
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- João Lucas Gama Belém
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1 Volume 2, Janeiro-março de O CONCEITO DE MEDIAÇÃO E ZDP EM SALA DE AULA DE LÍNGUA ESTRANGEIRA Volnei J. B. Vasconcelos 1 Resumo: O presente trabalho tem como objetivo investigar os diferentes níveis de atividades sócio-culturais em sala de aula e a influência das mesmas nos processos de aprendizagem de cada aluno individualmente e, ao mesmo tempo, de um referido grupo em busca de autonomia.a investigação tem como fonte norteadora os conceitos de Mediação e Zona de Desenvolvimento Proximal advindos da psicologia sócio-histórica representada por Vygotsky e seus seguidores. Palavras-chave: Interação; Sociabilidade; Mediação; ZDP. ABSTRACT The objective of this study (Paper) is to investigate the different levels of sociocultural activities in foreign language classes and their influence on each students learning processes and on the group as a whole. This work has as its theoretical bases the concepts of mediation and ZDP originated from the sociohistorical psychology represented by Vygotsky and his followers. 1 Professor doyázigi / UFPel. volnei@yazigi.com 38
2 Key Words: Interaction; Sociability; Mediation; ZDP Introdução Nós, professores de língua estrangeira, trabalhamos basicamente com comunicação. Seja em uma abordagem comunicativa ou não, precisamos, no mínimo, nos comunicar com nossos alunos para que possamos estabelecer o processo de ensino e aprendizagem. Segundo Celce-Murcia (1979), a qualidade das interações que geram essa comunicação desempenha um papel decisivo no processo porque entre os seres humanos as interações são os pilares da comunicação. A relação é que não pode haver comunicação sem interação. Entretanto, é possível que alguém inicie uma interação e não consiga ativar a comunicação. (Celce-Murcia, 1979) Em outras palavras, não podemos esquecer que a qualidade das interações que criamos com nossos alunos irá influenciar significativamente no processo de aprendizagem dos mesmos. Como afirma Billow (1961): É uma habilidade social. Tratando-se de Interação Informal, o professor tem que ser ele mesmo, falando com pessoas reais sobre coisas reais e assim preparando os alunos para falarem uns com os outros sobre coisas reais. O que parece relevante no que diz respeito à Interação Informal (Bloor, 1982) é a possibilidade de poder, como professor, interferir na qualidade das relações interpessoais que ocorrem dentro da sala de aula entre o professor e seus alunos, bem como entre os alunos e seus pares, para que haja uma real comunicação em função dos interesses dos aprendizes. O papel do professor de língua estrangeira é determinante no que se refere à promoção da interação visando comunicação e desenvolvimento. Esse é um dos motivos pelos quais nós, professores, nos perguntamos o que fazer em sala de aula e como deveríamos atuar para criarmos as condições mais favoráveis a fim de extrair o máximo da Aprendizagem Afetiva ( Dinah Campos, 1971). 39
3 Allright (1984) diz que as oportunidades não devem ser desperdiçadas e que os alunos precisam aprender inglês da mesma maneira que aprenderam sua própria língua, ou seja, como uma língua viva a qual pode ser usada para gerar comunicação e estabelecer relações pessoais (Informal Interaction). Sabemos que as relações interpessoais são determinadas por necessidades e objetivos pessoais que são, em certa medida, largamente influenciadas pelos recursos e instrumentos que estejam à disposição para a realização social dessas relações. A fim de tornarem-se melhores aprendizes, alunos de líingua estrangeira precisam estar conscientes do processo de aprendizagem, Rigoberto Castillo (1991). Allright (1984) também contribui com o conceito de interação em sala de aula afirmando que ela deve ser gerenciada pelos professores bem como pelos alunos. Richards e Lockhart (1994) dizem que professores que adotam uma abordagem interativa devem prestar atenção à quatro dos aspectos mais relevantes da interação em sala de aula: a zona de ação do professor, a competência interativa dos aprendizes, os estilos interativos dos alunos, a disposição dos cenários de acordo com a aprendizagem. De acordo com Michael West (1960), o bom professor dará aula de uma maneira que mesmo os estágios mais iniciantes sejam capazes de extrair o máximo de seu conhecimento lingüístico para interagir com os outros em uma língua. Quanto melhor gerenciarmos nossas aulas em termos de interação, melhor será para nossos alunos. Bailey e Celce-Murcia (1979) isolaram quatro áreas que afetam a interação em sala de aula e que, portanto, deveriam receber especial atenção dos professores: clima social, variedade de atividades, oportunidade para participação do aluno, feedback e correção. 1.Promovendo Informal Interaction O Trabalho em grupo parece promover, ou ainda, gerar comunicação naturalmente. Paul Nation (1989) diz que essa estratégia oferece mais oportunidades de uso de novos itens do que as aulas conduzidas somente pelo professor. Ele afirma que o trabalho em grupo pode também melhorar a 40
4 qualidade dessas oportunidades em termos de individualização, motivação, profundidade de processamento e clima afetivo. O Trabalho em grupo promove interação e mostra-se como um elemento chave para que aulas de língua com abordagem comunicativa sejam eficientes. Paul Nation (1989) diz que é mais provável que o trabalho em grupo funcione se ele for bem planejado. Vários fatores influenciam para que possamos ter todos os alunos do grupo interessados, ativos, motivados e raciocinando, mas cinco deles são os mais importantes: os objetivos de aprendizagem, os itens novos de uma tarefa, a maneira como a informação é distribuída, a disposição das classes (cadeiras) e as relações sociais entre os membros dos grupos. 2. O Conceito de ZDP O conceito de ZDP (Zona de Desenvolvimento Potencial) é central na teoria sócio-cultural e envolve o papel mediacional dos professores. Vygotsky define a ZDP como a distância entre o atual nível de desenvolvimento determinado pela independência na resolução de problemas e o nível potencial de desenvolvimento determinado pela solução de problemas sob a guia de um indivíduo mais capacitado ou em colaboração com pares mais capazes (1978:86). Por sua vez, a mediação é o mecanismo através do qual atividades sócio-culturais externas são transformadas em processos mentais internos. O papel fundamental da linguagem tem sido um tema dominante na exploração do conhecer e do conhecimento, podendo ser tratado como a essência da educação se considerarmos a relação existente entre o discurso e o conhecer. Podemos conceber a linguagem (artefato) e outros sistemas semióticos como instrumentos psicológicos que, mediante sua inclusão em uma atividade, transformam radicalmente as orientações dos participantes. O discurso (fala e escrita) é processo e produto. A conversação instrutiva, que é o discurso no qual o expert e os aprendizes tecem junto, linguagem falada e escrita, incluindo compreensões anteriores, adota várias formas, mas seu nome genérico é conversação instrutiva. Já que instrução implica em autoridade e planificação, contrariamente à conversação, que remete à 41
5 igualdade e responsabilidade, é na área de ensino que esse paradoxo deve ser resolvido. Para ensinar de verdade é necessário conversar; conversar de verdade é ensinar. Em grupos pequenos ou com toda a aula, o diálogo é um bom ponto de partida para refletir sobre os distintos modos de discursos que se produzem e sobre as funções que esses desempenham em relação à indagação (Nystrand, 1997). O objeto da indagação é a predisposição e a capacidade em empregar as compreensões adquiridas segundo sua orientação para atuar de uma maneira responsável e com fundamento nas situações que se pode propor tanto agora como no futuro. Uma função importante do enfoque centrado na indagação é proporcionar uma maneira de superar a separação que se dá, tanto na prática como na teoria, entre o conhecimento escola (concebido como informação adquirida, mas com freqüência inerte) e o conhecimento ação (Barnes, 1976/1992) Portanto, uma comunidade de indagação é um tipo especial de comunidade de prática de acordo com a definição de Lave e Wenger (1991). Os ensinantes têm o poder de transformar a prática educativa (Wells, 1982, pág.269). Se decidem fazê-lo, podem converter suas aulas em comunidades cujos membros realizem, em colaboração, ações que achem pessoalmente significativas e socialmente pertinentes, um local onde os estudantes recebam ajuda para que possam se apropriar dos recursos valorizados pela cultura, incluindo artefatos e capacidades que não são puramente lingüísticos, e onde a criatividade individual e a diversidade da cultura, a classe social e sexo também sejam reconhecidos e valorizados. Mas como afirmam, com tanta contundência, Tharp e Gallimore (1988), para fazer essas transformações os ensinantes necessitam ajuda exatamente da mesma maneira que seus estudantes. Nos últimos anos, professores de língua têm se interessado pelo aparato teórico voltado para a qualidade das interações em sala de aula e para a respectiva aplicação desses conceitos no que diz respeito ao ensino e à aprendizagem de língua estrangeira. Cremos que o momento se mostra adequado para o estudo e prática de teorias de aprendizagem que tenham como finalidade capacitar o indivíduo para que possa se comunicar melhor com o mundo à sua volta e também 42
6 se desenvolver em função de seus objetivos reais e pessoais. A teoria sóciocultural de Vygotsky ( ) e de seus seguidores encara as atividades socialmente compartilhadas como forças motrizes da internalização dos processos de desenvolvimento cognitivo. Cabem a nós, professores, a tarefa de organizar, planejar e executar atividades com nossos alunos que tenham como foco tal processo e que usem a linguagem como um instrumento que capacite os alunos a desenvolver idéias e pensamentos na língua alvo. Temos que avaliar o desenvolvimento produzido na língua em foco e, ao mesmo tempo, o desenvolvimento do processo de pensamento. Atuar na ZDP é uma maneira de operacionalizar o conceito de Vygotsky sobre mediação. É um trabalho essencialmente colaborativo. Referências bibliográficas: BLOOR, Meriel. The Role of Informal Interaction in Teaching English to young Learners. England: University of Warwick, 1982 CAMPOS, Dinah. Psicologia da Aprendizagem. Universidade Federal do Rio de Janeiro, CELCE-MURCIA, M. Language Teaching Aids in Teaching English as a Second or Foreign Languge. UCLA, DANIELS, Harry. Vygotsky e a Pedagogia. São Paulo: Edições Loyola, DANIELS, Harry. Uma introdução a Vygotsky. São Paulo: Edições Loyola, 202. DUARTE, Newton. Educação Escolar, Teoria do Cotidiano e a Escola de Vigotski. Autores Associados: Campinas, EDUCAÇÃO E REALIDADE. Los Prolemas Epistemológicos em la Escuela Sócio-Histórica. José Antônio Castorina. Junho, FORUM. O Papel Mediacional dos Professores de Língua na Teoria Sociocultural. Lê Pham Hoai Huong. Julho, 2003 LEFFA, V. J. Aspectos Políticos da formação do Professor de Línguas Estrangeiras. V. 1, p Pelotas,
7 MOLL, Luis C. Vygotsky e a Educação: Implicações Pedagógicas da Psicologia Sócio-histórica. Porto Alegre: Artes Médicas, NATION, Paul. Group Work and Language Learning. Victoria University of Wellington, OLSON David R. Educação e Desenvolvimento Humano. Artes Médicas: Porto Alegre, PERSPECTIVA. A teoria da atividade como uma abordagem para a pesquisa em educação. Newton Duarte. Dez PICA, Tereza. Language-Learning Research and Classroom Concerns. University of Pennsylvania: ETF, RICHARDS, Jack; LOCKHART, Charles. Reflective Teaching in Second Language Classroom. Cambridge: C.U.P., SCHÖN, Donald A. Educando o Profissional Reflexivo: um novo design para o ensino e a aprendizagem. Artes Médicas: Porto Alegre, WELLS, Gordon. Indagação Dialógica. Cambridge University Press: Buenos Aires,
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COMUICAÇÃO ( 2.communication) Extraído de páginas 76 e 77 do guia para professores da U ESCO: (Understanding and responding to children s needs in Inclusive Classrooms) www.unesco.org.com; traduzido do