SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DE MINAS GERAIS SUBSECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
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- Luzia Campos Carneiro
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1 SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DE MINAS GERAIS SUBSECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA SUPERINTENDÊNCIA DE MODALIDADES E TEMÁTICAS ESPECIAIS DE ENSINO DIRETORIA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL A INCLUSÃO DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA MENTAL NA REDE ESTADUAL ORIENTAÇÕES 2007
2 A INCLUSÃO DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA MENTAL NA REDE ESTADUAL Orientações
3 Sumário INTRODUÇÃO... 4 A DEFICIÊNCIA MENTAL... 5 ÀS ESCOLAS...7 AOS PROFESSORES...9 AOS DEMAIS ALUNOS...13 ÀS FAMÍLIAS...14
4 Introdução A inclusão é um desafio, que ao ser devidamente enfrentado pela escola comum, provoca a melhoria da qualidade da Educação Básica e Superior, pois para que os alunos com e sem deficiência possam exercer o direito à educação em sua plenitude, é indispensável que essa escola aprimore suas práticas, a fim de atender às diferenças. A construção de uma escola inclusiva faz-se através de uma pedagogia diferenciada, em que todos são atendidos, independente das suas necessidades educacionais especiais. Para os alunos com deficiência não basta garantir vagas, através de força da lei. É necessário assegurar o acesso e permanência, o percurso e o sucesso no processo de escolarização, proporcionando a todos um ensino de qualidade. Faz-se necessário ressaltar que a inclusão não se restringe a um público específico, mas abrange todos os alunos e evoca a escola a assumir, de uma vez por todas, sua função social precípua de prover respostas pedagógicas às suas demandas educacionais. Ressaltar, então, a necessidade de se incluir pessoas com deficiência não é limitar o alcance da inclusão, mas constitui-se na tentativa de se resgatar uma dívida histórica relativa à segregação social e escolar dessas pessoas. O medo da diferença e do desconhecido tem sido responsável, em grande parte, pela discriminação que afeta as escolas e a sociedade no que tange às pessoas com deficiências em geral, mas principalmente àquelas com deficiência mental. Dessa forma, no que se refere à inclusão escolar, é imprescindível às instituições educacionais um maior aprofundamento em relação às possíveis implicações da deficiência mental nas relações intersubjetivas, psicoafetivas, comunicacionais e de conhecimento.
5 A Deficiência Mental A deficiência mental caracteriza-se pelo desempenho intelectual geral significativamente abaixo da média própria do período de desenvolvimento, concomitante com limitações associadas a duas ou mais áreas da conduta adaptativa ou da capacidade do indivíduo em responder adequadamente às demandas da sociedade, nos seguintes aspectos: comunicação, habilidades sociais, desempenho na família e comunidade, independência na locomoção, saúde e segurança, desempenho escolar, lazer e trabalho que resultam em lentidão para aprender; confusão de idéias, falhas de decisão, de interpretação das condições de segurança e de orientação no meio ambiente. Os equívocos e as controvérsias em torno do conceito e do diagnóstico da deficiência mental têm gerado muitas confusões no que se refere à sua identificação, notadamente, no âmbito escolar. Por esse motivo, torna-se imprescindível alertar que a deficiência mental não se confunde com quadros de neurose, psicose, autismo, muito menos, com problemas ou distúrbios de aprendizagem ou com peculiaridades advindas do ambiente cultural (diferenças lingüísticas, de hábitos etc.). Esse alerta adquire especial importância no que se refere à escola que, recorrentemente, tem estigmatizado como deficientes mentais alunos que apresentam um ritmo e/ou forma diferenciados na aprendizagem, ou mesmo, aqueles que têm sido prejudicados por intervenções pedagógicas descontextualizadas e pouco significativas. Nesse sentido, é de suma importância deixar claro que as barreiras peculiares à deficiência mental diferem significativamente dos obstáculos inerentes às demais deficiências, aos problemas de aprendizagem ou às dificuldades escolares. Trata-se de barreiras relativas à forma de lidar com o saber em geral, o que incide de forma preponderante na construção do conhecimento escolar. As pessoas com deficiência mental apresentam prejuízos funcionais no pensamento, na elaboração e reelaboração do conhecimento, o que acaba redundando em um ritmo mais lento no curso do desenvolvimento cognitivo e uma dificuldade de adaptação às demandas do meio.
6 A pessoa com deficiência mental apresenta dificuldades em utilizar conhecimentos prévios de forma célere, tempestiva e com efetividade. É notória, também, a dificuldade de condicionamento aos estímulos no ritmo das demandas ambientais, o que faz com que ele, muito freqüentemente, apresente dispersividade e alheamento, afundando-se, ainda mais, em suas dificuldades. As escolas e os professores precisam saber que o aluno com deficiência mental tem dificuldades de construir e de demonstrar a sua capacidade cognitiva e que os modelos pedagógicos conservadores aliados a uma gestão autoritária e centralizadora podem comprometer, consideravelmente, o desempenho escolar desses alunos. Assim sendo, faz-se necessário abandonar práticas eminentemente transmissivas de conhecimento, estimulando-se o aluno com deficiência mental a progredir nos níveis de compreensão, criando novos meios para se adequarem às situações contingentes, desafiando-o a realizar regulações ativas mediante o conhecimento do próprio pensamento na resolução de problemas, a capacidade de controlar a execução de tarefas (procedimentos) e a construção de estratégias de aprendizagem. Importa compreender, ainda, que para o aluno com deficiência mental a acessibilidade não depende de suportes externos ao sujeito, mas diz respeito à saída de uma posição passiva e automatizada frente à aprendizagem para a apropriação ativa do saber. Finalmente, a escola precisa atentar para o fato de que a criança sem deficiência mental é apta a, espontaneamente, retirar informações do objeto de conhecimento e construir conceitos de forma progressiva. Já a criança com deficiência mental demanda uma atenção diferenciada de modo que consiga o mesmo, ou uma aproximação do mesmo. Alguns pontos são indispensáveis para que a inclusão dos alunos com deficiência mental em nossas escolas ocorra efetivamente. Esses pontos estão organizados neste caderno de orientações com o objetivo de oferecer direções e sugestões aos participantes do processo de inclusão dos alunos com deficiência mental no sistema educacional.
7 Às Escolas Na elaboração do projeto pedagógico será considerada a diversidade do alunado. Assim, espera-se que a escola seja um ambiente que reflita a sociedade como ela é, proporcionando o pleno desenvolvimento humano e a preparação de seus alunos para a cidadania, além de oferecer um ambiente positivo e solidário. É importante rever suas práticas tradicionais e excludentes. A inclusão não prevê a utilização de práticas de ensino escolar separadas para essa ou aquela deficiência, mas sim recursos e ferramentas que podem auxiliar os processos de ensino e de aprendizagem. É importante promover sempre mudanças de posturas e construção de uma nova prática educacional que coloca a aprendizagem como eixo da escola. A criança com deficiência mental não é menos desenvolvida que outra de sua idade. Ela se desenvolve de outro modo, assim, a escola deve considerar que não existe uma única forma de aprender e de ensinar. O ensino de qualidade é aquele que envolve interação com outros indivíduos e o respeito ao modo peculiar de cada um aprender. É importante que a escola reconheça as dificuldades, deficiências e limitações de seus alunos, mas não deve conduzir ou restringir o processo de ensino, como habitualmente acontece. Os alunos com deficiência mental, sempre que possível, devem ser enturmados junto com seus pares de idade ou o mais próximo de sua faixa etária.
8 A escola, caso seja necessário, deve oferecer ou encaminhar o aluno para um atendimento educacional especializado, favorecendo o desenvolvimento dele. É importante a escola informar aos pais sobre os recursos educacionais e estratégias de apoio e complementação colocados à disposição dos alunos para acesso ao currículo, visando à colaboração e participação desses no processo de ensino-aprendizagem. Lembre-se que o currículo será organizado considerando que as práticas escolares não são específicas para cada deficiência. É importante ressaltar que não há como pré-determinar a extensão e profundidade dos conteúdos a serem construídos pelos alunos, nem facilitar ou adaptar as atividades para alguns. O aluno é que fará sua auto-regulação: se adapta ao novo conhecimento, o assimila de acordo com suas possibilidades e o incorpora ao que já conhece. O processo de avaliação formativa, de forma qualitativa e contínua é mais apropriado para o trabalho com todos s alunos, isto porque o caráter classificatório do modelo tradicional colabora para a exclusão escolar.
9 Aos Professores Acredite que o aluno com deficiência mental pode aprender: isso é importante para a aprendizagem dele. Considere suas possibilidades de desenvolvimento e explore sua capacidade de aprender. Facilite a inclusão do aluno, estimulando-o a participar de todas as atividades. Amplie todo e qualquer conhecimento que o aluno traz de sua experiência pessoal, social e cultural e procure meios de fazer com que ele supere o senso comum. Lembre-se sempre que para o avanço na aprendizagem, toda criança precisa da mediação de outras pessoas. Propicie aos alunos o compartilhamento do saber, dos sentidos diferentes das coisas, as emoções, o estímulo à discussão e trocas de ponto de vista, isto favorecerá o desenvolvimento do aluno com deficiência mental. Permita também ao aluno com deficiência mental desenvolver seu espírito crítico, sua observação e reconhecimento do outro em todas as suas dimensões. Difunda o conhecimento universal, mas busque saber lidar com a particularidade do sujeito com deficiência mental na construção desse conhecimento. Estimule a capacidade do aluno de estabelecer uma interação simbólica com o
10 meio: lidar com o pensamento, usar o raciocínio, utilizar a capacidade de descobrir o que é visível, criar e inovar. Ofereça atividades que despertem a motivação do aluno com deficiência mental para pensar, analisar situações, criar, estimulando-o a progredir nos níveis de compreensão. Facilite o desenvolvimento do vocabulário, da fluência verbal, da compreensão e de todas as outras formas de comunicação no aluno com deficiência mental intervindo como mediador. Prepare atividades diversificadas para que seus alunos possam, a partir de seu modo próprio, aprender. Lembre-se que as atividades diversificadas devem ser vivenciadas por todos. Proporcione experiências de trabalho coletivo, em grupos pequenos e diversificados. Evite criar rótulos, pois estes podem engessar o processo de aprendizagem de seus alunos. Não infantilize a relação com os alunos com deficiência mental. Rejeite os testes de QI, porque esses instrumentos apenas indicam uma visão incompleta ou unidimensional sobre a criança. Prefira confiar em avaliações descritivas que abordem aspectos qualitativos do desenvolvimento dos alunos.
11 Realize atividades que tenham sentido para a vida do aluno, relacionadas a jogos, ao trabalho, ao desejo, à vivência de uma linguagem viva. O ato de aprender e de ensinar deve ter sentido e significado. Considere que a aprendizagem precisa estar voltada para o desenvolvimento das funções que ajudem o aluno a superar suas dificuldades, a formar uma concepção do mundo e, a partir dela, a adquirir conhecimentos para o entendimento das suas relações com a vida. Considere as possibilidades de desenvolvimento de cada aluno e explore sua capacidade de aprender considerando-o como uma pessoa que age, decide e pensa por seus próprios meios. Procure conhecer seu aluno como um todo e não focar um único aspecto de seu desenvolvimento. Invista na sua formação como um processo contínuo para desenvolver condições profissionais adequadas às demandas atuais. Procure atuar com seu aluno oferecendo-lhe as mediações necessárias e o acompanhe na busca de soluções. Esteja atendo para não oferecer atividades baseadas somente no concreto, eliminando o que está associado ao pensamento abstrato. É um equívoco considerar que o aluno com deficiência mental só aprende através do concreto e da repetição; isso só empobrece a condição desses alunos de lidar com o pensamento, usar o raciocínio, utilizar a capacidade de descobrir o que é visível e invisível e prever o invisível. Criar e inovar, ou seja, ter acesso a tudo o que é próprio da ação de conhecer.
12 Seja criativo em suas práticas pedagógicas e ao lidar com situações novas na sala de aula. Adote atitude pessoal de acolhimento de todos os alunos.
13 Aos demais alunos Conheça seu colega e saiba sobre suas necessidades especiais. Favoreça sua inclusão no grupo. Estabelecer atitudes de cooperação e civilidade com o colega com deficiência mental contribui para isso. Não tenha atitudes desrespeitosas e preconceituosas com ninguém, muito menos para com seu colega com deficiência mental. O seu colega com deficiência mental tem as mesmas necessidades afetivas, físicas, intelectuais, sociais e culturais que você. Apóie seu colega sempre que necessário sem, no entanto, impor-lhe um ritmo que não é o dele. Quando necessário, auxilie-o nas atividades de sala de aula. Lembrando que não deve fazer as atividades por ele. Promova e incentive a participação de seu colega com deficiência mental nas atividades de recreação, jogos, e brincadeiras.
14 Às Famílias É na família que aprendemos a nos relacionar com os outros. Portanto, a construção de uma sociedade inclusiva começa nas famílias. Os pais e as próprias pessoas com deficiências são seus primeiros agentes. Ofereça à escola todas as informações importantes sobre o quadro clínico de seu filho, quais cuidados e procedimentos a escola precisa adotar para acolhê-lo melhor. Favoreça a participação de seu filho em todos os espaços e atividades da comunidade escolar. Busque, o mais cedo possível, o acesso à escola, lembre-se que a educação infantil pode ser ofertada a partir de 0 anos de idade e quanto mais cedo seu filho for para a escola melhor será seu desenvolvimento. Reconheça que seu filho tem direito de estudar numa escola da vizinhança; isso promoverá nele a identificação com os demais membros de sua comunidade. Seja parceira e colaboradora junto à escola de seu filho, ajude-a nos desafios da inclusão. Garanta a participação de seu filho em atividades complementares, quando for indicado, mesmo que não seja oferecida pela mesma escola. Seja participativo nas discussões e eventos de seu município no que se refere à inclusão social das pessoas com deficiência.
15 Acompanhe o processo de inclusão escolar de seu filho, visando facilitar o mesmo. Lembre-se que ao lado de uma pessoa com deficiência realizada e feliz, está uma família que soube procurar, reivindicar, buscar soluções e administrar conjuntamente as possíveis dificuldades.
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