Inteligência vs. Cognição
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- Carlos Eduardo Henriques Azenha
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1 Inteligência vs. Cognição O conceito de inteligência humana é um dos mais importantes contributos da psicologia (Anastasi, 1988, in Naglieri & Das, 1997). Nos últimos 50 anos os conhecimentos (teóricos e aplicados) acerca da inteligência tiveram um desenvolvimento considerável (Naglieri & Das, 1997). É cada vez mais generalizada a noção de que a inteligência é melhor descrita como um conjunto de processos cognitivos (Lambert, 1990, Naglieri & Das, 1997, Naglieri, 1999). Assim, o termo cognição deve substituir o termo inteligência (Naglieri & Das, 1997, Naglieri, 1999, Fonseca, 2001, Fonseca & Cruz, 2001, Cruz & Fonseca, 2002).
2 A Teoria PASS A Teoria PASS (Planificação, Atenção, processamento Simultâneo e processamento Sucessivo), refere-se a um modelo de funcionamento dos processos cognitivos, e surge como uma abordagem moderna do processamento cognitivo humano, na qual são definidos os blocos básicos de construção da inteligência. (Das & Jarman, 1991, Das, Naglieri & Kirby, 1994, Das, Kar & Parrila, 1996, Carlson & Das, 1997, Das & Naglieri, 1997, Das & Kendrick, 1997, Das, Parrila & Papadopoulos, 2000, Das et al., 2001).
3 A Teoria PASS O modelo PASS baseia-se na análise das estruturas cerebrais proposta por Luria (1980, 1985), a qual descreve os processos cognitivos humanos como estando abrangidos dentro de três unidades funcionais: uma primeira unidade funcional responsável pela Activação e a Atenção; uma segunda unidade funcional que controla o processamento Simultâneo e o processamento Sucessivo; e uma terceira unidade funcional associada à Planificação e à Tomada de Decisão.
4 A Teoria PASS Segunda Unidade Funcional - Simultâneo e Sucessivo Receber, Analisar e Armazenar a informação Terceira Unidade Funcional - Planificação Programar, Regular e Verificar (Controlar) a actividade mental Primeira Unidade Funcional - Atenção Regular a Tonicidade (Postural e Cortical), a Vigilância e os Estados Mentais Luria (1980)
5 Input A Teoria PASS Naglieri (1999) Base de Conhecimentos Planificação Sucessivo Output Atenção Simultâneo
6 A Informação pode chegar de Forma Sequencial Forma Simultânea Processamentos Simultâneo e Sucessivo na Resolução de Problemas Ashman & Conway (1997) A Informação pode ser tratada A Informação pode sair como Sequencialmente Evento Sequencial Simultaneamente Sequencialmente Evento Simultâneo Simultaneamente
7 A Teoria PASS Relação Activação-Atenção (Naglieri, 1999) A Atenção é o processo mental por meio do qual a pessoa se orienta selectivamente para uns estímulos e ignora outros. * Focalizar a actividade cognitiva Estímulos de um envolvimento complexo A activação é adequada A atenção é selectivamente dirigida para um estímulo particular * Atenção selectiva * Resistência à distracção A pessoa responde ao estímulo Outros estímulos sem resposta
8 A Teoria PASS Processamento da Planificação (Naglieri, 1999) O objectivo é A Planificação é o processo alcançadomental por meio do qual a Preciso A Planificação de usar Não A tarefa é pessoa determina, selecciona, Sim aplica um e avalia resolvidaas plano? é o processo A soluções para os problemas. Não tarefa está mental por meio Sim concluída? * Resolução do qual a pessoa de problemas * Desenvolvimento determina, de planos Continuo e uso a base de de estratégias dados? aplicar o plano selecciona, * Controlo da impulsividade Sim Sim e auto-controlo aplica e avalia as A avaliação * Controlo soluções do para processamento Não indica que Não os o plano funciona? * Recuperação problemas. do conhecimento Existe um problema ou tarefa a realizar Já tenho um plano na minha O plano é razoável (bom)? Sim Executo o plano Não Desenvolver um plano de acção Desenvolver um plano melhor
9 A Teoria PASS Processamento Simultâneo (Naglieri, 1999) O Processamento Simultâneo é a actividade mental por meio da qual a pessoa integra estímulos em grupos. * Os estímulos são vistos como um todo * Cada parte tem de estar relacionada com as outras
10 A Teoria PASS Processamento Sucessivo (Naglieri, 1999) O Processamento Sucessivo é a actividade mental por meio da qual a pessoa integra estímulos numa ordem sequencial específica. * Os estímulos formam uma progressão em cadeia * Os estímulos não estão interrelacionados
11 Processamento Simultâneo Codificação Visual/Ortográfica Organização da Pronunciação Leitura Oral Reconhecimento de Palavras Processamento Sucessivo Codificação Fonológica (Das, Naglieri & Kirby, 1994) Enquanto a 1ª proposta (i.e., Por acesso exemplo visual as teorias directo) deve Teoricamente dupla ser relacionada via tanto principalmente de com o o processamento reconhecimento processamento de Simultâneo Simultâneo palavras sugerem como (via que processamento o processamento estas são ortográfico), a 2ª (i.e., reconhecidas codificação Sucessivo através de fonológica) são um acesso visual encontra importantes explicação para a directo ou através da principalmente leitura de palavras. no processamento codificação fonológica Sucessivo (via dos processamento seus sons. fonológico).
12 Processos Cognitivos Modelo de Funcionamento Cognitivo PASS Base de Conhecimentos (MLT) Simultâneo Sucessivo Reconhecimento de um padrão de unidades Formação e retenção da sequência de unidades Reconhecimento de unidades individuais V A
13 Processos Cognitivos Modelo de Funcionamento Cognitivo PASS e Leitura Base de Conhecimentos (MLT) Reconhecimento de sílabas e de palavras Formação de sequências de sílabas e de palavras Simultâneo Sucessivo Reconhecimento das letras Formação da sequência das letras Reconhecimento dos elementos das letras PASS Formação da sequência dos elementos das letras
14 Pressupostos do SAC Naglieri (1999) 1. Um teste de inteligência deve ser baseado numa teoria. 2. Uma teoria deve basear-se na perspectiva de que a inteligência é melhor descrita como um conjunto de processos cognitivos, e o termo processos cognitivos deve substituir o termo inteligência. 3. Uma teoria referente aos processos cognitivos deve: a) informar o seu utilizador acerca das habilidades especificas que estão relacionadas com os sucessos e as dificuldades, tanto ao nível académico como profissional; b) ter relevância para a realização de diagnósticos diferenciais; e c) fornecer orientações para a selecção e/ou desenvolvimento de programas de intervenção que sejam efectivos.
15 Pressupostos do SAC Naglieri (1999) 4. Uma teoria acerca do processamento cognitivo deve estar fortemente baseada numa pesquisa sólida e deve ser proposta, testada, modificada e mostrada para ter vários tipos de validade. 5. Uma bateria de provas para avaliar o processamento cognitivo deve seguir de perto ateoriadacogniçãona qual se baseia. 6. Uma bateria de provas para avaliar o processamento cognitivo deverá avaliar a pessoa através de um conjunto de itens que, tanto quanto possível, sejam livres de conhecimentos adquiridos, ou seja, envolvam o menos possível a base de conhecimentos da pessoa.
16 Sistema de Avaliação Cognitiva Naglieri & Das (1997) Planificação Emparelhamento de Números Planificação de Códigos Planificação de Conexões Atenção Atenção Expressiva Detecção de Números Atenção Receptiva Processamento Sucessivo Matrizes Não-Verbais Relações Verbais-Espaciais Memória de Figuras Processamento Simultâneo Séries de Palavras Repetição de Frases Velocidade Oral
17 Fundações Teóricos do PREP 4 Origens Treino de Estratégias Intervenção Precoce Zona de Desenvolvimento Potencial (ZDP) Intervenção Terapêutica Interactiva 3 Filosofias Microgenética Sociocultural Substituição e Reorganização 2 Exemplos Global Ponte 1 Espírito Aperfeiçoamento através da Educação Cognitiva
18 Fundações Teóricos do PREP 4 Origens- Treino de Estratégias 1. Não é uma questão de estratégias de memorização (trabalhos feitos com pessoas com DM), mas de transferência de estratégias de aprendizagem. 2. A transferência da aprendizagem para novas situações pode ocorrer quando as situações originais e novas: (a) são semelhantes noconteúdo; (b) são semelhantes nosprocedimentos; ou (c) partilham o mesmo princípio de aprendizagem - transferências longas (far transfer). 3. Em oposição a um ensino de tipo dedutivo, há a preocupação de ensinar as estratégias de um modo indutivo (estratégias não são fornecidas ou ensinadas pelo professor, mas, pelo contrário, são descobertas e usadas, por vezes de modo inconsciente, pelas crianças), ou seja, fomenta-se uma aprendizagem que se baseie na experiência.
19 Fundações Teóricos do PREP 4 Origens- Intervenção Precoce 1. Primeiro, Hebb e os seus colegas estudaram, em ratos num labirinto, os efeitos da privação sensorial precoce sobre a capacidade de resolução de problemas. 2. Pouco tempo depois, Hunt, seguindo as indicações de Hebb, coloca a possibilidade de haver um efeito análogo nos seres humanos. 3. Posteriormente, Haywood e seu colega Tapp suportaram e aperfeiçoaram os argumentos propostos por Hunt, na sua aplicação aos seres humanos. Ou seja, concluíram que a privação sensorial tem um efeito prejudicial no desenvolvimento cognitivo e é o oposta da estimulação precoce, a qual influencia e acelera o desenvolvimento cognitivo. 4. Também Feuerstein sugere que o treino cognitivo na infância ou mesmo em idades mais tardias realmente leva a melhorias nas habilidades cognitivas, em particular nas pessoas em situação de privação cultural.
20 Fundações Teóricos do PREP 4 Origens- Zona de Desenvolvimento Potencial 1. De acordo com Vygotsky, as interacções entre os adultos e as crianças podem realmente aumentar a velocidade do desenvolvimento cognitivo. 2. O autor suger a existência de dois conceitos fulcrais: interiorização: definida como uma série de transformações que originam uma reconstrução interna de uma operação externa; e mediatização sociocultural: pois a aprendizagem resulta de um esforço de colaboração (ZDP). 3. Por outras palavras, como a aprendizagem é um processo realizado emcolaboração (i.e.,mediatizado) e requer uma representação interna que envolve a transição das representações inter-mentais para as intra-mentais (i.e., interiorização), então este tipo de aprendizagem facilita a inferência indutiva em vez da dedutiva.
21 Fundações Teóricos do PREP 4 Origens- Intervenção Terapêutica Interactiva 1. Refere-se às interacções entre as aptidões ou capacidades a reeducar e a intervenção utilizada. 2. Ou seja, na concepção do PREP, para além da preocupação de fazer o ajustamento entre as estratégias de ensino e os estilos de aprendizagem, também esteve presente a preocupação de intervir tanto nas áreas fortes como nas áreas fracas da pessoa.
22 Fundações Teóricos do PREP 4 Origens- Síntese Subjacente à concepção do PREP está a assunção de que as dificuldades na aprendizagem das crianças podem ser modificadas, reduzidas e ultrapassadas através de uma estimulação cognitiva (treino de estratégias), pois as crianças têm um enorme potencial de aprendizagem (zona de desenvolvimento proximal), do qual apenas um bocado é explorado na instrução regular. Mais ainda, também se assume que se as crianças forem tratadas de modo adequado (intervenção terapêutica interactiva) desde o início da instrução (intervençãoprecoce), esse potencial não utilizado pode desenvolver-se e, ao mesmo tempo, podem prevenir-se possíveis dificuldades na aprendizagem.
23 Fundações Teóricos do PREP 3 Filosofias 1. A primeira é a abordagem microgenética, a qual chama a atenção para a importância de se fazer uma observação cuidada das pequenas alterações do comportamento, que ocorrem à medida que a pessoa vai experimentado as diferentes situações de aprendizagem. 2. Assim, mais do que estar dependente da ocorrência de grandes mudanças no final da tarefa, devemos preocupar-nos em observar as pequenas mudanças no comportamento das crianças à medida que elas realizam as actividades, para podermos perceber porque é que elas ocorrem. 3. De facto, de acordo com a própria denominação da abordagem filosófica, a palavra micro significa pequeno e genética refere-se à origem da mudança.
24 Fundações Teóricos do PREP 3 Filosofias 1. A segunda orientação filosófica que nos ajuda a perceber o PREP é sociocultural e começa por estar associada a Vygotsky, que fez duas sugestões de relevo. 2. A primeira refere-se ao conceito de dificuldade, pois para Vygotsky esta não era um defeito, mas uma oportunidade para se ser criativo, ou seja, a palavra dificuldade não deveria ser vista como uma etiqueta negativa, mas como um pretexto para encontrar novas estratégias de facilitação da aprendizagem. 3. Uma segunda opinião importante de Vygotsky refere- -se à própria aprendizagem, pois para o autor esta ocorre sempre num contexto sociocultural e, sendo originado a partir desse contexto, o comportamento aprendido influencia o próprio contexto onde ocorreu, existindo assim umarelaçãodialéctica.
25 Fundações Teóricos do PREP 3 Filosofias 1. A terceira orientação filosófica do PREP centra-se nos conceitos de substituição e reorganização das funções quando a via habitual de solução está bloqueada, quer seja pela falta de uma estratégia apropriada, ou por causa de danos nas estruturas e funções do cérebro. 2. Tal como foi observado por Luria e por muitos outros autores mais recentemente, certas funções normais levadas a cabo por uma região particular do cérebro podem ser transferidas para novas áreas, constituindo-se assim o princípio dasubstituição. 3. Mais ainda, quando a reeducação tem sucesso as funções também são reorganizadas, por vezes de uma maneia radical.
26 Fundações Teóricos do PREP 2 Exemplos 1. Cada tarefa do PREP tem uma componente global e umacomponentedeponte, ou seja, dois exemplos. 2. Enquanto o treino dos processos globais está orientado para a melhoria das estratégias de processamento, a componente ponte relaciona os processos cognitivos melhorados com a uma tarefa específica, como por exemplo a leitura e a compreensão. 3. As tarefas globais são fáceis e interessantes, tornam as crianças confiantes e seguras, e garantem o êxito nastarefasponte que se seguem, pois ao capacitarem as crianças para entenderem o que é requerido, as tarefas globais permitem que haja uma transferência da acção global para uma representação mental.
27 Fundações Teóricos do PREP 1 Espírito 1. O PREP tem subjacente um espírito unitário envolvente, pois ao o utilizarmos com crianças ou com adultos, estamos sempre a tentar melhorar as suas funções cognitivas. 2. Assim, toda a orientação do PREP pode ser amplamente descrita como (re)educação cognitiva ou (re)educação da pessoa no exercício de saber/conhecer, podendo ser levado mais além, quando se (re)educa a pessoa na aprendizagem de como saber/conhecer e de como adquirir saber/conhecimento.
28 Programa de Reeducação do PASS Das (1999) Janela de Sequências União de Letras União de Formas Matriz de Transportes Tarefas Globais Memória Relacionada Tarefas Ponte Seguimento de Pistas Desenho de Formas Formas e Objectos
29 Origens do Pensamento Donald (1999) E M Nível II Mimético (Erectus) P I Nível I Episódico (Primata) V/ S F Sistema de Armazenamento Simbólico Externo L Nível IVb IVa IVc III Linguístico Caminho Sistema (Humano Fonológico Ideográfico Pictórico Arcaico)
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