ROTEIRO DE RECUPERAÇÃO DE LITERATURA - 1º SEMESTRE

Transcrição

1 ROTEIRO DE RECUPERAÇÃO DE LITERATURA - 1º SEMESTRE Nome: Nº 6º ano Data: / / Professores: Danilo e Filipe Introdução: Neste 1º semestre de 2019, sua média foi inferior a 6,0, indicação de que você não assimilou totalmente os conteúdos mínimos necessários. Agora, você terá a oportunidade de recuperar esses conteúdos por meio de um roteiro de estudo. Este roteiro de recuperação tem uma grande finalidade: mobilizar conhecimentos essenciais referentes aos principais livros de leitura trabalhados ao longo do nosso primeiro semestre. Vale lembrar que os níveis de dificuldade e as exigências de resolução desses exercícios são similares aos das provas regulares. Por esse motivo, é importante que os procedimentos de escrita da resposta sejam compatíveis com o padrão já exigido nas provas mensais e bimestrais de Literatura. Orientações de estudo: Neste momento, é necessário que você siga com muita responsabilidade as orientações a seguir, para que seu desempenho melhore e, assim, ao longo do processo, você seja capaz de retomar os pontos principais e, ao fim, recuperar a sua nota. Para isso: verifique suas anotações de aula no caderno e nas fichas de leitura; faça uma síntese do conteúdo; destaque aqueles exercícios que geraram dúvidas; consulte a monitoria; compartilhe as suas anotações com colegas e faça ajustes, se necessário; registre suas dúvidas no caderno; converse com o seu professor. Leia com bastante atenção as questões apresentadas a seguir, pois elas propõem uma retomada de sua trajetória no 1º semestre e possibilitarão, além disso, que você recupere sua aprendizagem. É importante ressaltar que você precisará de muito empenho e dedicação na elaboração destas atividades, mas não estará sozinho nessa jornada, porque terá o constante apoio de seu professor e também do monitor de Literatura.

2 MOMENTO 1 Leia com atenção um trecho da primeira carta escrita por Brígida para Elsi no livro Kafka e a boneca viajante. Texto 1 Querida Elsi, Antes de mais nada, me desculpe por ter ido embora tão de repente, sem me despedir. Sinto muito e espero que não esteja zangada. Às vezes fazemos coisas sem perceber, ou reagimos inesperadamente diante do que nosso instinto nos diz, e magoamos quem não queremos. Com você e a mamãe também acontece assim, não é mesmo? É que as despedidas são tristes, e eu não queria que você chorasse nem tentasse me convencer a ficar mais um pouco. Temia que você não me deixasse ir e eu precisava fazer isso. Espero que você compreenda. Eu te amo, Elsi, tanto, que não suportaria vê-la chorar ou que você me visse chorar. Agora sei que vai ficar mais tranquila e, sabendo que estou bem, vai se alegrar por nós duas. Elsi, você deve saber que viver é seguir sempre em frente, aproveitar cada momento, cada oportunidade e cada necessidade. Você também vai fazer a mesma coisa daqui a alguns anos. As pessoas e as bonecas são feitas de sentimentos e emoções que é preciso ir usando aos poucos. São nossa energia vital. Depois desses anos a seu lado, sou a boneca mais feliz que existe, cheia de energia. Quero que fique contente, e muito, porque tudo que sou devo a você. Você cuidou de mim, me ensinou muitas coisas, me amou e me fez ser uma boa boneca. Agora que me preparo para iniciar uma nova vida, a partida foi triste por deixá-la, mas bonita porque graças a você sou livre para fazer isso. Londres é uma cidade linda, para mim foi maravilhoso descobri-la. Agora mesmo, escrevo do coração dela, Picadilly Circus, depois de passear de barco pelo Tâmisa e caminhar um pouco pela Trafalgar Square. Hoje à noite, vou assistir a uma peça de teatro no Soho Jordi Sierra I Fabrai. Kafka e a boneca viajante. São Paulo: Martins Fontes, Na obra Kafka e a boneca viajante, as cartas pessoais são fundamentais, pois correspondem a um elo que liga Kafka e Elsi. Sabendo disso, explique como, no texto acima, Brígida tenta convencer Elsi a não ficar triste com a sua partida. 2. Quando Kafka encontrou Elsi chorando, optou por conversar com a menina e descobrir o motivo que a levava a chorar. Logo em seguida, nessa mesma conversa, resolveu se tornar um carteiro de bonecas. Explique por que, para Kafka, era tão importante consolar Elsi.

3 Texto 2 MOMENTO 2 Ela chorava em pé, desconsolada, tão angustiada que parecia trazer no rosto toda a dor e a aflição do mundo. Franz Kafka olhou para um lado e para o outro. Ninguém notava a menina. Estava sozinha. Não sabia o que fazer. As crianças eram um completo mistério, seres de alta periculosidade, um conjunto de risadas e lágrimas alternadas, nervos e energia à flor da pele, perguntas sem fim e exaustão absoluta. Não por acaso, ele não tinha filhos. Mas todo aquele sentimento A menina devia ter poucos anos. Era difícil calcular quantos. A idade das meninas pequenas era um mistério. Sim, era isto: justo aquela idade indefinível em que continuam sendo o que são mesmo já estando com um pé no passo seguinte. Estava vestida com esmero, com botinhas, culotes, blusa com gola de renda e uma bata que deixava ver uma saia cheia de babados. Tinha o cabelo comprido, preto e preso em duas primorosas tranças. Era bonita, como todas as meninas pequenas. Bonita como a primavera da vida. Jordi Sierra i Fabra. Kafka e a boneca viajante. São Paulo: Martins Fontes, 2006, p Texto 3 Onde será que ele anda? perguntou o espelho. Sempre me dá uma olhada quando passa. E faz uma careta, não é? disse o vaso. Só pra me provocar disse o espelho. Pior que não posso fazer nada. Só devolver a careta pra ele. (...) Pelo menos ele agita a casa disse a parede. Melhor do que viver, assim, parada. João Anzanello Carrascoza. Coisas de menino. In: O vendedor de Sustos. São Paulo: FTD, p O livro Kafka e a boneca viajante apresenta uma linguagem poética para envolver o leitor em um enredo que mistura fantasia e realidade. Um dos recursos utilizados por Jordi Sierra i Fabra para garantir essa linguagem poética é a comparação. Transcreva do último parágrafo do Texto 2 uma comparação. Explique também qual é o sentido dessa comparação no contexto do fragmento.

4 4. O Texto 2 apresenta o ponto de vista de Franz Kafka sobre a personagem Elsi, e o Texto 3 mostra um diálogo entre os móveis de uma sala que revelam algumas ações do menino que mora ali. Dessa forma, os dois textos fazem referência a uma criança. Compare os pontos de vista de Franz Kafka e dos móveis. Qual semelhança poderíamos apontar entre o menino do conto Coisas de menino e Elsi? Texto 4 MOMENTO 3 A Isaura tem sempre ideias complicadas. Fica muito tempo sentada no quintal dela a olhar para as andorinhas, as lesmas e até conhece cada gafanhoto do jardim dela. Dá nomes de pessoas aos bichos que não sabem tabuada. - Quatro vezes quatro? - perguntava o CamaradaMudo quando ainda dava explicações de matemática. - Não sei, mas por exemplo, o gafanhoto SamoraMachel gosta mais das plantas da casa do tio Rui, e só come antes das onze. Se está muito sol, vai-se esconder. Nós ríamos daquela maluquice dela (...). A Isaura, como é vizinha do tio Rui, tem boas informações. (...) Isaura dá nomes de presidentes aos bichos do quintal dela, e porque são muitos bichos, ela sabe nomes de muitos presidentes. Podem ser nomes também de alguns que já morreram ou mesmo outros que não foram presidentes mas pessoas assim importantes. (...) Agora é que me lembrei, há um papagaio chamado JoãoPauloTerceiro, filho do falecido jacó JoãoPauloSegundo que tinha morrido na boca do próprio Ghandi. É que o Ghandi, antes não se chamava Ghandi, se chamava Tátecher! Vocabulário: jacó: papagaio. Ondjaki. A bicicleta que tinha bigodes. São Paulo: Pallas, 2011, p

5 Texto 5 Na imagem, há um grafite e também uma bicicleta encostada à parede. Intervenção do artista Ernest Zacharevic, Malásia (2012). 5. No Texto 4, o narrador faz uma descrição de Isaura e de seus hábitos inusitados. Identifique quais são as características da personalidade de Isaura e transcreva um trecho para justificar sua resposta. 6. No Texto 5 uma intervenção artística urbana, isto é, um tipo de arte realizada nas ruas há, além da relação com a bicicleta, uma temática semelhante à da obra A bicicleta que tinha bigodes. Identifique esse tema comum e explique como ele aparece na imagem.

6 MOMENTO 4 Texto 6 Trecho de A bicicleta que tinha bigodes Camarada Presidente da República Popular de Angola, esselência, e também ouvi dizer que é um camarada enjenheiro: Esta carta não é a estória que a Rádio Nacional pediu e o meu nome não vou dizer porque eu quero pedir uma coisas que não é para mim mas para muitas crianças [...]. A minha Avó está a chamar para ir para a cama, se na tua casa tem janelas espreita só porque hoje não tem lua mas as estrelas estão muito bonitas até pensei escrever uma estória com uns miúdos que gostavam muito de estrelas e misturava isso tudo com as coisas bem malucas que acontesem aqui na minha rua mas estes dias não tive nenhuma boa ideia nem consegui escrever a tal estória boa, então fica mesmo só esta carta para quando o camarada presidente tiver tempo e lembrar de nós todos que gostamos tanto de bicicleta, tanto rapazes quanto meninas, porque a Isaura afinal também gosta, e mesmo uma bicicleta chegava para nós porque aqui na rua estamos a dividir bem as coisas e até o camarada escritor tio Rui também ia poder andar de bicicleta mas só vamos lhe emprestar nos domingos. Como diz a minha Avó Dezanove, bons sonhos e felis noite, camarada presidente. Ah, é verdade: desculpa só se esta carta tem muitos erros de ortugrafia, a minha disciplina preferida é educação fízica. Ondjaki. A bicicleta que tinha bigodes. São Paulo: Pallas, (Orelha do Livro) Texto 7 Trecho do cordel A leitura no Brasil Para quem está me ouvindo Peço muita atenção. Vou falar sobre leitura E também educação. Trago um fato tão real Bem distante da invenção. Vejam só essa notícia Que meu verso agora traz: As pesquisas revelaram De um modo tão capaz Que o povo brasileiro Está lendo muito mais. A leitura já cresceu entre adultos e crianças Pois os livros lidos podem Aumentar as esperanças De um mundo bem melhor E possível de mudanças. César Obeid. Desafios de Cordel. São Paulo: FTD, p

7 7. Conforme estudamos em sala, o uso da língua pode variar conforme o contexto. Levando em consideração a sua leitura do livro A bicicleta que tinha bigodes, explique por que a linguagem utilizada no Texto 6 não está de acordo com o que consideraríamos norma-padrão; explique também como esse dado está relacionado ao narrador-personagem. 8. O Texto 7 é um exemplo de cordel. O cordelista e o repentista produzem poesia da mesma forma que os poetas tradicionais? O que os torna diferentes?