PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

Transcrição

1 ACÓRDÃO Registro: Vistos, relatados e discutidos estes autos de Habeas Corpus nº , da Comarca de Guarulhos, em que é impetrante/paciente ALESSANDRO ALMEIDA DA SILVA. ACORDAM, em 16ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Denegaram a ordem. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores OTÁVIO DE ALMEIDA TOLEDO (Presidente sem voto), BORGES PEREIRA E NEWTON NEVES. São Paulo, 11 de novembro de Guilherme de Souza Nucci RELATOR Assinatura Eletrônica

2 Habeas Corpus nº Comarca: Guarulhos Impetrante/Paciente: Alessandro Almeida da Silva VOTO Nº 7748 Habeas Corpus. Homicídio. Alegado excesso de prazo para o término da instrução. Pleito objetivando a concessão de liberdade provisória. Morosidade não configurada. Tramitação regular do feito. Presença dos requisitos da custódia preventiva. Efetiva periculosidade do agente. Gravidade concreta do delito. Manutenção da custódia cautelar em prol da garantia da ordem pública. Ordem denegada. Trata-se de ação de habeas corpus impetrada por Alessandro Almeida da Silva, em seu próprio benefício, alegando estar sendo processado pela prática de homicídio na Vara do Júri da Comarca de Guarulhos. Afirma excesso de prazo para concluir a instrução, requerendo a sua liberdade (fls. 2/5). Indeferiu-se a liminar (fls. 10/11). Solicitou-se informes da autoridade apontada como coatora. O MM. Juiz prestou informações (fls. 14/15). A douta Procuradoria Geral de Justiça apresentou parecer, pelo indeferimento da impetração (fls. 25/27). É o breve relato. Pretende o impetrante/paciente questionar o prazo Habeas Corpus nº

3 da instrução, que se iniciou com o recebimento da denúncia, em 18 de março do corrente ano, afirmando a ocorrência de excesso. Entretanto, cuida-se de acusação de homicídio qualificado, cometido dentro do sistema penitenciário contra outro detento por vários agentes. O paciente já estava preso por outro processo. Diante desse quadro, não se vislumbra excesso de prazo, pois a instrução está percorrendo seu trâmite normal, sem atraso significativo e nenhuma mostra de descaso do magistrado. Além disso, o paciente praticou o delito grave em pleno processo de ressocialização, o que demonstra a correta decretação da prisão preventiva, caso possa ser solto no outro feito. Conforme vimos defendendo: Garantia da ordem pública: trata-se da hipótese de interpretação mais extensa na avaliação da necessidade da prisão preventiva. Entende-se pela expressão a necessidade de se manter a ordem na sociedade, que, como regra, é abalada pela prática de um delito. Se este for grave, de particular repercussão, com reflexos negativos e traumáticos na vida de muitos, propiciando àqueles que tomam conhecimento da sua realização um forte sentimento de impunidade e de insegurança, cabe ao Judiciário determinar o recolhimento do agente. (...). Outro fator responsável pela repercussão social que a prática de um crime adquire é a periculosidade (probabilidade de Habeas Corpus nº

4 tornar a cometer delitos) demonstrada pelo réu e apurada pela análise de seus antecedentes e pela maneira de execução do crime. Assim, é indiscutível poder ser decretada a prisão preventiva daquele que ostenta, por exemplo, péssimos antecedentes, associando-se a isso a crueldade particular com que executou o crime. 1 Sob outro aspecto, inexiste um prazo determinado para a colheita da prova, devendo-se respeitar o princípio da razoabilidade. A propósito: (...). A prisão preventiva tem a finalidade de assegurar o bom andamento da instrução criminal, não podendo esta prolongar-se indefinidamente, por culpa do juiz ou por provocação do órgão acusatório. Se assim acontecer, configura constrangimento ilegal. Por outro lado, dentro da razoabilidade, havendo necessidade, não se deve estipular um prazo fixo para o término da instrução, como ocorria no passado, mencionando-se como parâmetro o cômputo de 81 dias, que era a simples somatória dos prazos previstos no Código de Processo Penal para que a colheita da prova se encerrasse. 2 Diante do exposto, pelo meu voto, denego a ordem. GUILHERME DE SOUZA NUCCI 1 NUCCI, Guilherme de Souza. Código de Processo Penal Comentado, 13ª edição, Rio de Janeiro: Forense, 2014, pp NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p Habeas Corpus nº

5 Relator Habeas Corpus nº