ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores RICARDO TUCUNDUVA (Presidente) e MACHADO DE ANDRADE.

Transcrição

1 fls. 3 Registro: ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos de Procedimento Investigatório Criminal (pic-mp) nº , da Comarca de Carapicuíba, em que é denunciante MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO, é denunciado SERGIO RIBEIRO SILVA (PREFEITO DO MUNICÍPIO DE CARAPICUÍBA). ACORDAM, em 6ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Receberam a denúncia contra SÉRGIO RIBEIRO SILVA, Prefeito do Município de Carapicuíba, como incurso, por três vezes e em continuidade delitiva (artigo 71 do Código Penal), no artigo 10 da Lei nº 7.347/85.V.U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores RICARDO TUCUNDUVA (Presidente) e MACHADO DE ANDRADE. São Paulo, 22 de setembro de Zorzi Rocha RELATOR Assinatura Eletrônica

2 fls. 4 6ª CÂMARA DE DIREITO CRIMINAL Procedimento Investigatório Criminal nº: Denunciante: MINISTÉRIO PÚBLICO Denunciado: SÉRGIO RIBEIRO SILVA (PREFEITO DO MUNICÍPIO DE CARAPICUÍBA) Processo: /2015-MP Origem: COMARCA DE CARAPICUÍBA Voto nº Ação Penal de competência originária. Prefeito Municipal. Denúncia pela prática do crime de desobediência qualificada. Presentes elementos suficientes de materialidade e indícios de autoria. Denúncia formalmente em ordem. Teses defensivas que demandam regular instrução. Prosseguimento que se impõe. Recebimento da denúncia. Trata-se de denúncia oferecida pelo Ministério Público contra SÉRGIO RIBEIRO SILVA, Prefeito do Município de Carapicuíba, para apurar prática do crime de desobediência qualificada (artigo 10 da Lei nº 7.347/85), pretendendo o seu recebimento (fls.02-d/06-d). O procedimento investigatório teve curso e, pessoalmente notificado (fls.156/157), o Denunciado apresentou resposta à acusação, sustentando a atipicidade da Procedimento Investigatório Criminal (pic-mp) nº Voto nº MO 2

3 fls. 5 conduta por ausência de dolo, e a falta de justa causa para o exercício da ação penal, pretendendo a rejeição da denúncia (fls.183/196). É o relatório. O Réu foi denunciado como incurso, por três vezes e em continuidade delitiva (artigo 71 do Código Penal), como incurso no artigo 10 da Lei nº 7.347/85, porque reiteradamente omitiu dados técnicos, deixando de atender aos ofícios expedidos pelo Ministério Público, requisitando documentos necessários à instrução de ação civil pública, pela prévia instauração de inquérito civil pela Promotoria de Justiça, a qual tinha a finalidade de apurar eventual dano ao erário, causado por pagamento de aluguel de imóvel particular sem que tivesse a devida utilização pública. Diversos pontos obscuros foram questionados à Prefeitura por meio de ofícios, inclusive em relação à dívida herdada da gestão anterior, no valor de R$ ,55, sem especificação. Para os necessários Procedimento Investigatório Criminal (pic-mp) nº Voto nº MO 3

4 fls. 6 esclarecimentos, foi realizada reunião com o Prefeito o qual prestou declarações, esclarecendo alguns aspectos, comprometendo-se a encaminhar todo o procedimento referente à área que deu margem à instauração do inquérito civil, bem como cópia do contrato relativo ao parcelamento da dívida mencionada. Nesse sentido, vários ofícios foram encaminhados: 1. em (nº 290/15), recebido em (fls.61), sem atendimento; 2. em (nº 491/15), com prazo de 10 dias para resposta, recebido em (fls.62), sem atendimento; 3. em (nº 672/15), com o mesmo prazo para resposta, recebido em (fls.63/64), sem atendimento; 4. em (nº 764/15), com prazo de 07 dias para resposta e ressalva de responsabilização criminal do Prefeito, por ele recebido pessoalmente em (fls.69/70), sem atendimento; 5. em (nº 952/15), recebido em (fls.71/72), sem atendimento. Em virtude da reiterada omissão, foi expedida recomendação, entregue diretamente ao Prefeito em (fls.15), com notificação para resposta e encaminhamento Procedimento Investigatório Criminal (pic-mp) nº Voto nº MO 4

5 fls. 7 dos documentos solicitados (fls.15/20), e mais uma vez sem atendimento. Assim, verifica-se a presença de prova da existência material dos crimes, bem como dos indícios mínimos de autoria. Os fatos se amoldam ao tipo penal indicado na denúncia, de forma que deve ser recebida, sem prejuízo de que seja comprovada sua improcedência no curso da instrução. Registre-se, ainda, que, nesta fase processual, a análise acerca de eventual atipicidade da conduta demanda exame aprofundado dos fatos, o que só é possível e tem pertinência após regular instrução processual. Fica, por fim, após a formalização do recebimento da denúncia, determinada a citação do Réu para seu interrogatório e regular instrução, nos termos dos artigos 7 e seguintes da Lei n 8.038/90, expedindo-se, para tanto, Carta de Ordem. Ante o exposto, recebe-se a denúncia contra SÉRGIO RIBEIRO SILVA, Prefeito do Município de Carapicuíba, como incurso, por três vezes e em continuidade delitiva (artigo Procedimento Investigatório Criminal (pic-mp) nº Voto nº MO 5

6 fls do Código Penal), no artigo 10 da Lei nº 7.347/85. ZORZI ROCHA RELATOR Procedimento Investigatório Criminal (pic-mp) nº Voto nº MO 6