ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos do Recurso Em. Sentido Estrito nº , da Comarca de São Paulo, em

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1 fls. 1 Registro: ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos do Recurso Em Sentido Estrito nº , da Comarca de São Paulo, em que é recorrente/querelante ALI AHAMAD KAMEL ALI HARFOUCHE, é recorrido MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO e Querelado PAULO HENRIQUE DOS SANTOS AMORIM. ACORDAM, em do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Deram provimento ao recurso. V. U. Sustentou oralmente os Ilmos. Defensores, Dr. Rodrigo Ferrante Perez e Dra. Juliana Sette Sabbato, e usou da palavra o Exmo. Procurador de Justiça, Dr. Roberto Tardelli.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Exmo. Desembargadores EUVALDO CHAIB (Presidente) e LUIS SOARES DE MELLO. São Paulo, 10 de dezembro de Edison Brandão RELATOR Assinatura Eletrônica

2 fls. 2.Recurso em Sentido Estrito nº Comarca: 29ª Vara Criminal / Capital Recorrente: ALI AHAMAD KAMEL ALI HARFOUCHE Recorrido: Paulo Henrique dos Santos Amorim VOTO nº REJEIÇÃO DA QUEIXA-CRIME Calúnia, Difamação e Injúria - Indicio consistente da autoria e materialidade do delito Suficiência - Ação penal privada perfeitamente justificável. Recebimento Necessidade - Recurso Provido. Cuida-se de recurso em sentido estrito interposto contra decisão de fls. 526/528, que rejeitou queixacrime ajuizada pelo recorrente contra o recorrido, imputando a ele a prática do delito previsto nos art. 138, 139 e 140, c.c. art. 141, inc. III, ambos do Código Penal, em concurso material. O recorrente sustenta que a inicial deve ser devidamente recebida e, também, que há justa causa para a ação penal, porquanto há provas suficientes de que, através de expressões em seu Porta Virtual chamado Conversa Afiada, o recorrido praticou os crimes de calúnia, injúria e difamação. As contrarrazões pelo recorrido foram apresentadas às fls. 566/579. Seguiu-se parecer do Ministério Público pelo provimento do recurso, fls. 581/585. Mantida a r. decisão, fls. 586, houve manifestação da D. Procuradoria Geral da Justiça Recurso Em Sentido Estrito nº Voto nº MM 2

3 fls. 3 também pelo provimento ao recurso, fls. 590/596. Relatei. Narra a exordial, em síntese que nos dias 17 de dezembro de 2011 e 20 de janeiro de 2012, o recorrido, através de seu blog ofendeu a honra do recorrente tecendo comentários sobre a obra literária por ele publicada, propagando assim a imputação de fatos definidos como crimes falsamente atribuídos ao recorrente e outros ofensivos a sua reputação. A r. decisão judicial fundamentou-se no sentido de que as manifestações do recorrido não traduzem o animus de ofender, mas sim, se encontram dentro do contexto da denominada crítica jornalística, a qual pode atingir a todos, bem como, de que a crítica lançada ao recorrente pelo recorrido é inserida dentro da amplitude da liberdade de expressão oriunda do texto constitucional. Entendeu pela aplicação do artigo 395 do Código de Processo Penal, seja pela inexistência de dolo, seja pelo exercício regular de direito de informar e criticar. No caso em exame, constata-se que a queixacrime atendeu a todos os requisitos do art. 41 do CPP, expondo o fato criminoso com todas as suas circunstâncias, qualificação do acusado, classificação do crime e apresentando rol de testemunhas, estando ainda, devidamente instruída. Sem adentrar ao mérito da causa, tendo em vista não ser o momento processual próprio, temos que das peças carreadas aos autos, vislumbra-se não incidir em nenhuma das causas elencadas no artigo 395 do Código de Processo Penal Ademais, para o recebimento da inicial não se Recurso Em Sentido Estrito nº Voto nº MM 3

4 fls. 4 exige prova cabal, firme, acerca da materialidade e autoria, como a que embasa o decreto condenatório, bastando a presença de indícios mínimos para balizar a ação penal, o que se verifica no case em exame pela inicial e documentos que instruem o pedido. Nesse passo: Habeas Corpus. Crimes de Difamação e Injúria. Trancamento da ação Penal. Inépcia da queixacrime. Inexistência. Indícios de autoria e materialidade dos crimes demonstrados pela prova testemunhal. Justa causa evidenciada. 1.A queixa-crime encontra-se em total conformidade com o disposto no art. 41 do Código de Processo Penal, porque narra de forma clara e objetiva, condutas típicas, em tese, de responsabilidade da Paciente, permitindo-lhe o pleno exercício de sua defesa, não podendo ser tachada de inepta. 2. O inquérito policial é prescindível, quando presentes elementos indiciários suficientes para o oferecimento da denúncia ou da queixa-crime, reservando-se a instrução criminal, durante a dilação probatória, a realização de diligências necessárias à busca da verdade real. 3. O fato de a queixa-crime demonstrar a materialidade do crime e os indícios de autoria fundando-se, apenas, no rol de testemunhas, não afasta, de per si, a justa causa para ação penal por ausência de prova pré-constituída. 4. Reconhecer a ausência de elemento material indiciário que justifique o recebimento da queixacrime, referente à prática dos crimes de difamação e injúria, demanda um exame acurado da prova, uma vez que a situação fática não se encontra evidenciada de forma inequívoca nos autos. 5. Precedentes desta Corte Superior. 6. Ordem denegada. (STJ, HC 60061, Rel. Recurso Em Sentido Estrito nº Voto nº MM 4

5 fls. 5 Ministra Laurita Vaz, 5ª turma, j ) Indícios da autoria e materialidade do crime existem, dando supedâneo mais que suficiente para a ação penal privada, perfeitamente justificável. Adequada a exordial acusatória, impõe-se seu recebimento, para que a ação penal privada prossiga em seus ulteriores termos, até final decisão. Posto Isto, DOU PROVIMENTO ao recurso, reformando-se da r. decisão, para o recebimento da queixacrime. EDISON BRANDÃO Relator Recurso Em Sentido Estrito nº Voto nº MM 5