PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

Transcrição

1 ACÓRDÃO Registro: Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº , da Comarca de Campinas, em que é apelante WELLINGTON RODRIGO MAURO, é apelado MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO. ACORDAM, em 16ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores GUILHERME DE SOUZA NUCCI (Presidente), LEME GARCIA E NEWTON NEVES. São Paulo, 26 de janeiro de Guilherme de Souza Nucci RELATOR Assinatura Eletrônica

2 Apelação nº Comarca: Campinas Apelante: Wellington Rodrigo Mauro Advogado: Maria Dolores Macano VOTO Nº Apelação. Roubo simples. Insurgência defensiva. Pedido de absolvição por ausência de provas. Subtração da quantia de R$ 50,00, em dinheiro, pertencente a um estabelecimento comercial. Réu imobilizado por populares, instantes após a consumação do delito, até a chegada da polícia. Autoria e materialidade comprovadas. Réu confesso. Existência de posse invigilante da res furtiva. Penas fixadas nos mínimos legais e tornadas definitivas neste quantum. Regime aberto mantido. Negado provimento ao apelo. A MM. Juíza a quo, Dra. Patrícia Suárez Pae Kim, da 1ª Vara Criminal da Comarca de Campinas, em sentença datada de 05/11/2014 (fl. 87), julgou procedente a ação penal para condenar Wellington Rodrigo Mauro como incurso no artigo 157, caput, do Código Penal, às penas de 4 anos de reclusão e 10 dias-multa, em regime aberto. Irresignada, a defesa interpôs o recurso de apelação, pretendendo a absolvição por ausência de prova. Apelação nº

3 Alternativamente, requer o reconhecimento da tentativa. Contrarrazoado o recurso, o órgão acusatório bateu-se pelo acerto do decisum; a Procuradoria Geral de Justiça, em seu parecer, opinou pelo improvimento do apelo. É o relatório. O denunciado foi condenado em 1ª instância porque, na data de 05 de fevereiro de 2014, por volta de 11h05, no interior de estabelecimento comercial, subtraiu, para si, a quantia de R$ 50,00, em dinheiro, pertencente à pessoa jurídica Tech Pé Philadelphia, mediante grave ameaça exercida com simulação de porte de arma de fogo contra Viviane Domingues Borges. A vítima, em sede judicial, disse estar trabalhando na loja quando o réu ingressou e, com uma arma de fogo apontada em sua direção, exigiu a entrega de dinheiro, evadindo-se, em seguida. A quantia subtraída foi recuperada. Não presenciou a prisão do recorrente, mas soube ter sido imobilizado por populares até a chegada da polícia. O guarda municipal Benedito Aparecido, em juízo, relatou ter sido comunicado de que populares haviam imobilizado o acusado por ter roubado uma loja. Dirigindo-se ao endereço indicado, deparou-se com o apelante detido por populares e, em seu poder, a quantia subtraída foi localizada. Interrogado, o recorrente confessou a prática do crime. Disse ter subtraído a quantia de R$ 50,00 e ameaçado a funcionária de um estabelecimento comercial Apelação nº

4 valendo-se de uma réplica de arma de fogo. A autoria e a materialidade foram devidamente comprovadas, revelando-se incabível a tese de absolvição por ausência de prova. O acusado, após satisfazer-se com a subtração da quantia de R$ 50,00, evadiu-se do estabelecimento vitimado, sendo, contudo, imobilizado por populares, assim que a notícia do ocorrido espalhou-se pelos comércios da região. Quanto ao pedido de reconhecimento do conatus, infere-se da instrução processual a certeza de que o recorrente obteve a posse invigilante da res furtiva, mesmo que por pouco tempo. O reconhecimento da tentativa é aceitável quando o agente, em momento algum, conseguir a livre disposição do bem subtraído, sob pena de se punir apenas a conduta, transformando o roubo em mero crime formal. Disso, extrai-se a segurança quanto à judiciosa condenação. Em atenção às circunstâncias previstas no artigo 59, do Código Penal, as bases foram fixadas nos mínimos legais. Ausentes agravantes e, inoperante a atenuante da confissão, no esteio da súmula 231, do STJ, as penas permanecem em 4 anos de reclusão e 10 dias-multa, tornando-se definitivas neste quantum, ante a ausência de outras causas modificadoras. As circunstâncias do crime, o quantum de Apelação nº

5 pena aplicado e a proibição da reformatio in pejus justificam a manutenção do regime aberto. Ante o exposto, pelo meu voto, nego provimento ao apelo defensivo, mantendo-se, in totum, o decisum a quo. GUILHERME DE SOUZA NUCCI Relator Apelação nº