, da Comarca de Carapicuíba, em que é paciente. JEFFERSON SOARES DE MACEDO, Impetrantes GABRIELA CAROLINA

Transcrição

1 fls. 210 Registro: ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos do Habeas Corpus nº , da Comarca de Carapicuíba, em que é paciente JEFFERSON SOARES DE MACEDO, Impetrantes GABRIELA CAROLINA GOMES SEGARRA e RUTH STEFANELLI WAGNER VALLEJO. ACORDAM, em 5ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Por maioria de votos concederam em parte a ordem, expedindo-se alvará de soltura clausulado. Ficou vencido o E. Des. Relator que denegava a ordem. Acórdão com o E. Des. Tristão Ribeiro.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Exmo. Desembargadores JOSÉ DAMIÃO PINHEIRO MACHADO COGAN (Presidente sem voto), TRISTÃO RIBEIRO, vencedor, MAURICIO HENRIQUE GUIMARÃES PEREIRA FILHO, vencido e GERALDO WOHLERS. São Paulo, 3 de agosto de Tristão Ribeiro RELATOR DESIGNADO Assinatura Eletrônica

2 fls. 211 VOTO Nº (RD) Habeas corpus nº Carapicuíba Impetrantes: RUTH STEFANELLI WAGNER VALLEJO e OUTRA Paciente: JEFFERSON SOARES DE MACEDO ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA, PREVARICAÇÃO E FALSIDADE IDEOLÓGICA. Prisão preventiva. Revogação. Admissibilidade. Necessidade de manutenção da custódia cautelar não evidenciada. Constrangimento ilegal configurado. Ordem parcialmente concedida para revogação da prisão preventiva e aplicação das medidas cautelares previstas nos artigos 319, incisos I, II, IV, V e VI, e 320, ambos do Código de Processo Penal. Vistos. Trata-se de habeas corpus impetrado pelas Advogadas RUTH STEFANELLI WAGNER VALLEJO e GABRIELA CAROLINA GOMES SEGARRA, em favor de JEFFERSON SOARES DE MACEDO, sustentando que o paciente sofre constrangimento ilegal por parte do MM. Juízo de Direito da 1ª Vara Criminal da Comarca de Carapicuíba, perante o qual responde a uma ação penal pela infração dos artigos 2º, 4º, inciso II, da Lei nº /13, 319, por nove vezes, c.c. o artigo 29, caput, e ao artigo 299, parágrafo único, por seiscentos e setenta e sete vezes, na forma do artigo 69, todos do Código Penal. A medida liminar foi indeferida pelo Desembargador Maurício Henrique Guimarães Pereira Filho (fls. 179/183), relator sorteado, e a digna autoridade impetrada prestou informações (fls. 188/190). A douta Procuradoria Geral de Justiça Habeas Corpus nº Carapicuíba - Voto nº /2

3 fls. 212 manifestou-se pelo não conhecimento do pedido de revogação da prisão preventiva e pela denegação da ordem no remanescente (fls. 193/199). É o relatório. Pretende-se, com a presente impetração, a revogação do decreto de prisão preventiva do paciente, diante da ausência dos motivos autorizadores da custódia cautelar, ou por excesso de prazo na formação da culpa. Pleiteia-se, subsidiariamente, a substituição da prisão preventiva por quaisquer das medidas cautelares previstas no artigo 319, do Código de Processo Penal, ou, ainda, pela prisão domiciliar, sob a alegação de que o paciente é indispensável ao sustento financeiro da família e dos filhos, bem como aos cuidados médicos de um dos descendentes, que é portador de paralisia cerebral tipo disparesia epástica. A ordem deve ser parcialmente concedida. Com efeito, de acordo com o que se verifica dos autos, imputa-se ao paciente os crimes de organização criminosa, voltada à obtenção de vantagem de natureza eleitoral, materializada pela prática dos crimes de prevaricação e falsidade ideológica na realização de processos seletivos fraudulentos para a contratação de pessoal pela Prefeitura Municipal de Carapicuíba. Não há dúvidas de que a prisão preventiva do paciente foi decretada e mantida por decisão suficientemente fundamentada e que existem nos autos prova da materialidade delitiva e indícios suficientes de autoria Habeas Corpus nº Carapicuíba - Voto nº /3

4 fls. 213 e, ainda, que os crimes imputados ao paciente e aos demais acusados são gravíssimos. Contudo, a prisão preventiva do paciente, ao contrário do que ocorreu com os demais denunciados, foi mantida por esta Egrégia Quinta Câmara Criminal, por ocasião do julgamento do Habeas Corpus nº , apenas por conveniência da instrução criminal, com o objetivo de impedir que ele pudesse, de qualquer forma, influenciar na colheita da prova, conforme restou ressaltado pelo eminente Desembargador Pinheiro Franco, relator designado para o acórdão, cujo voto foi acompanhado pelo signatário. Assim sendo, e levando-se em consideração que a instrução criminal já está encerrada, que o paciente possui endereço certo no distrito da culpa, não ostenta antecedentes desabonadores e que não há indícios de que, no caso de eventual condenação, frustrará a aplicação da lei penal, tem-se que a prisão preventiva perdeu a sua utilidade, não podendo subsistir apenas em função da suposta gravidade dos crimes. No entanto, são aplicáveis, na hipótese, as medidas cautelares previstas nos artigos 319, incisos I, II, IV, V e VI, e 320, ambos do Código de Processo Penal, ou seja, comparecimento mensal em Juízo, para informar e justificar suas atividades, proibição de acesso ou frequência a qualquer prédio do município de Carapicuíba, seja do Poder Executivo ou do Legislativo local, suspensão do exercício de função pública pretérita ligada ao Município (Poderes Executivo e Legislativo), vedação do exercício de novas funções públicas, até o trânsito em julgado da sentença criminal, tendo em conta que o paciente, em tese, se valeu dessas funções para a prática dos crimes imputados, proibição de ausentar-se da Comarca, devendo entregar o passaporte em cartório, Habeas Corpus nº Carapicuíba - Voto nº /4

5 fls. 214 no prazo de vinte e quatro horas, oficiando-se à Polícia Federal para registro da vedação, recolhimento domiciliar no período noturno entre as dezenove e as seis horas, ficando advertido, desde logo, de que no caso de descumprimento de quaisquer das obrigações impostas a prisão preventiva poderá ser novamente decretada. Ante o exposto, concede-se parcialmente a ordem para revogação do decreto de prisão preventiva de JEFFERSON SOARES DE MACEDO, nos autos da ação penal nº , da 1ª Vara Criminal da Comarca de Carapicuíba, ficando impostas ao paciente, no entanto, as medidas cautelares previstas nos artigos 319, incisos I, II, IV, V e VI, e 320, ambos do Código de Processo Penal; comunique para expedição de alvará de soltura clausulado. TRISTÃO RIBEIRO Relator designado (assinado eletronicamente) Habeas Corpus nº Carapicuíba - Voto nº /5