TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO DÉCIMA NONA CÂMARA CÍVEL

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1 AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº º CARTÓRIO UNIFICADO CÍVEL DA COMARCA DE NITERÓI AGRAVANTE: ESTADO DO RIO DE JANEIRO AGRAVADO: ESPÓLIO DE FRANKLIN CLARO JÚNIOR REP/P/S INVENTARIANTE DIRCE MARTINI CLARO RELATOR: DES. EDUARDO DE AZEVEDO PAIVA Agravo de instrumento. Inventário. Valor da venda de imóvel, ocorrida no curso do processo, que não foi incluído no esboço de partilha apresentado. Havendo desigualdade nos valores partilhados, mostra-se legítima a cobrança do imposto de reposição, conforme entendimento consubstanciado na Súmula nº 116 do Supremo Tribunal Federal. Eventual desigualdade na rateio do produto da venda do apartamento retro mencionado, poderá ensejar no recolhimento de tributo em favor da Fazenda Estadual. Precedentes desta Corte. Recurso ao qual se dá provimento, nos moldes do art. 557, 1-A do Código de Processo Civil, para determinar a retificação da partilha, com a inclusão do produto obtido com a venda do imóvel no curso do inventário.. DECISÃO MONOCRÁTICA Trata-se de agravo de instrumento interposto por ESTADO DO RIO DE JANEIRO em face de decisão prolatada pelo MM. Juízo do 1º CARTÓRIO UNIFICADO CÍVEL DA COMARCA DE NITERÓI, nos autos do Inventário de FRANKLIN CLARO JÚNIOR, processo nº AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº /6

2 A decisão alvejada (fls. 205 fls. 201 dos autos originários) indeferiu pedido da Fazenda Estadual, nos seguintes termos: Tem razão a inventariante ao afirmar que o imposto de transmissão inter vivos referente à sala situada na Rua México nº 70 pertence ao Municipio do Rio de Janeiro, cuja comprovação de pagamento se encontra as fls Assim, não cabe à Procuradoria Estadual exigir este imposto. Expeça-se formal de partilha e os alvarás em razão da sentença de fls Entrementes, dê-se ciencia à Fazenda Estadual. Em sua irresignação, o recorrente alega que um imóvel pertencente ao monte, consistente no apartamento nº 1.102, situado à Rua México nº 70, foi vendido no curso do inventário, sem que o valor arrecadado com a venda fosse partilhado com os demais bens do acervo hereditário. Assim, haveria dúvida acerca da incidência do ITD inter vivos sobre a divisão não igualitária dos bens entre os herdeiros, razão pela qual a decisão merece reforma, para que seja retificada a partilha, com a inclusão do produto obtido com a venda do imóvel alienado. Requereu o provimento deste recurso. É o sucinto relatório. Passo a decidir. O recurso interposto é tempestivo e ostenta os demais requisitos de admissibilidade, razão porque o conheço. Conforme se verifica às fls. 88 (fls. 84 dos autos originários) foi expedido alvará autorizando a venda do imóvel situado na Rua México nº 70, apt.º 1.102, Centro Rio de Janeiro, no qual consta, inclusive, que o produto da venda deveria ser depositado em juízo. AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº /6

3 Efetivamente, conforme alega o agravante, o produto da venda, com a respectiva divisão entre a meeira e os herdeiros, não foi relacionado no esboço de partilha de fls. 160/164 (fls. 156/160 do inventário). Havendo desigualdade nos valores partilhados, mostra-se legítima a cobrança do imposto de reposição, conforme entendimento consubstanciado na Súmula nº 116 do Supremo Tribunal Federal, in verbis: Súmula 116 EM DESQUITE OU INVENTÁRIO, É LEGÍTIMA A COBRANÇA DO CHAMADO IMPOSTO DE REPOSIÇÃO, QUANDO HOUVER DESIGUALDADE NOS VALORES PARTILHADOS. Data de Aprovação: Sessão Plenária de 13/12/1963 Fonte de Publicação Súmula da Jurisprudência Predominante do Supremo Tribunal Federal Anexo ao Regimento Interno. Edição: Imprensa Nacional, 1964, p. 72. No caso em tela, constatada desigualdade na partilha do produto da venda do apartamento retro mencionado, poderá ensejar no recolhimento de tributo em favor do Estado do Rio de Janeiro, conforme corretamente observado pela Fazenda Estadual. Assim, se justifica a pretensão do recorrente no sentido de que se proceda a retificação da partilha. Mencione-se, ainda, o disposto na Lei Estadual nº 1.427/89: Art. 1º - O Imposto sobre a Transmissão Causa Mortis e por Doação, de quaisquer Bens ou Direitos, tem como fato gerador: (...) AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº /6

4 * IV - a aquisição de bem ou direito em excesso pelo herdeiro ou cônjuge meeiro, na partilha, em sucessão causa-mortis ou em dissolução de sociedade conjugal. * (Inciso acrescentado pelo Art. 2º da Lei nº 3515/2000) 1º - Para efeito deste artigo, considera-se doação qualquer ato ou fato não oneroso que importe ou se resolva em transmissão de bens ou direitos. Citado por 1 2º - Nas transmissões causa mortis e doações ocorrem tantos fatos geradores distintos quantos forem os herdeiros, legatários ou donatários. Citem-se, por oportuno, o entendimento contido na súmula nº 66, bem como os seguintes precedentes, todos desta Corte: "Em partilha de bens decorrente da separação consensual, em que haja diferença de quinhões sem indício de reposição, compensação pecuniária ou qualquer onerosidade, incidirá o imposto estadual de transmissão sobre doações" AGRAVO DE INSTRUMENTO DES. MARCELO LIMA BUHATEM - Julgamento: 16/09/ QUARTA CAMARA CIVEL AGRAVO DE INSTRUMENTO - INVENTÁRIO E PARTILHA DE BENS - SEPARAÇÃO JUDICIAL - CONTROVÉRSIA RECURSAL QUE SE LIMITA À INCIDÊNCIA DO ITD (IMPOSTO DE TRANSMISSÃO CAUSA MORTIS E DOAÇÃO) OU DO ITBI (IMPOSTO DE TRANSMISSÃO DE BENS IMÓVEIS) NA HIPÓTESE EM COMENTO - DECISÃO AGRAVADA QUE ENTENDEU PELA INCIDÊNCIA DO IMPOSTO MUNICIPAL (ITBI) PATRIMÔNIO AVALIADO EM R$ ,00 (CENTO E VINTE MIL REAIS), SENDO CERTO QUE A VIRAGO FICOU COM R$ ,00 (OITENTA MIL REAIS), SEM QUALQUER NOTÍCIA DE COMPENSAÇÃO FINANCEIRA - INCIDÊNCIA DO VERBETE Nº 66 DESTA CORTE - INCIDÊNCIA DO ITD - DECISÃO QUE SE REFORMA. 1. Trata-se de agravo de instrumento interposto pela Fazenda Estadual em inventário de bens decorrente de separação judicial.2. Cinge-se à controvérsia recursal à incidência do ITD ou do ITBI na hipótese em comento, na medida em que o juízo de primeiro grau entendeu pela incidência do tributo municipal e o ora agravante sustenta que na hipótese em comento, dada a transmissão gratuita de bens, deve incidir o ITD.3. Como salientado na decisão recorrida, o requerimento AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº /6

5 do Município de Resende funda-se na necessidade de recolhimento do ITBI em razão da existência de "torna" havida dentro dos imóveis situados neste Município.4. "Torna ou reposição" que, segundo abalizada doutrina, ocorre quando, nas partilhas, por inventário causa mortis, separação judicial ou divórcio, herdeiro ou cônjuge recebem direitos de valor excedente aos respectivos quinhões, sendo devido o imposto de doação, se não houver compensação financeira, e o ITBI no caso de compensação pecuniária, e se tiver imóvel como objeto, por caracterizar ato oneroso.5. Em termos percentuais dir-se-ia que a virago ficou com uma parcela superior do patrimônio partilhado, correspondente a vinte por cento.6. Também em termos numéricos, o que se verifica da análise dos documentos carreados aos autos - notadamente a avaliação constante dos autos originais e títulos de propriedade -, é que, de um patrimônio avaliado em R$ ,00 (cento e vinte mil reais), a virago ficou com R$ ,00 (oitenta mil reais). 7. Assim, o que o juízo de primeiro grau chama de permuta, para efeitos de interpretação do regime de competências tributárias, tem, na verdade, nítido contorno de doação, uma vez que não se verifica na hipótese qualquer compensação pecuniária.8. Logo, assiste razão ao agravante, ao sustentar que deve incidir na hipótese o ITD, dada a inequívoca ocorrência de doação nos presentes autos.9. Incidência do verbete nº 66 desta Corte, in verbis: "Em partilha de bens decorrentes da separação consensual, em que haja diferença de quinhões sem indicio de reposição, compensação pecuniária ou qualquer onerosidade, incidirá o imposto estadual de transmissão sobre doações".dou PROVIMENTO AO RECURSO NA FORMA DO ART. 557, 1º-A DO CPC ( ) - AGRAVO DE INSTRUMENTO DES. MARIO ASSIS GONCALVES - Julgamento: 07/07/ TERCEIRA CAMARA CIVEL Agravo interno em agravo de instrumento. Divórcio consensual. Partilha e bens. Incidência de imposto de transmissão. Possibilidade. Verbete sumular 66 TJERJ. Ação de divórcio na qual se pretende a partilha dos bens por meio de inventário. Neste caso, havendo acordo, as próprias partes atribuíram valor a cada bem que compõe o monte e decidiram o quinhão a que cada um teria direito. O inconformismo da agravante refere-se ao fato de ter sido determinada, por solicitação do agravado, a remessa dos autos à repartição fiscal competente para verificação de existência de diferença entre os quinhões e possível incidência de imposto de doação. Não merece prosperar o inconformismo da agravante. No âmbito do Estado do Rio de Janeiro o imposto de transmissão causa mortis e doação foi instituído pela Lei de 13 de fevereiro de 1989, que prevê como hipótese de incidência a aquisição de bem em AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº /6

6 excesso pelo cônjuge meeiro na partilha dos bens quando da dissolução da sociedade conjugal. Desta forma, sendo desiguais os quinhões estabelecidos na partilha e inexistindo compensação desta diferença com reposição em dinheiro, caso em que incidiria imposto municipal, conclui-se pela ocorrência de doação, com a conseqüente incidência de ITD. Por fim, não está a Fazenda Estadual adstrita aos valores atribuídos pelas partes aos bens, nos termos do artigo do CPC, inexistindo qualquer irregularidade na remessa dos autos à autoridade fazendária para apurar eventual incidência do imposto relativo à doação.recurso ao qual se nega provimento. Pelo exposto, aplico o comando do art. 557, 1-A, do Código de Processo Civil e DOU PROVIMENTO AO RECURSO, para determinar a retificação da partilha, com a inclusão do produto obtido com a venda do imóvel no curso do inventário. Rio de Janeiro, 08 de maio de EDUARDO DE AZEVEDO PAIVA DESEMBARGADOR RELATOR AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº /6