PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA PARAÍBA TRIBUNAL DE JUSTIÇA GAB. DES. ROMERO MARCELO DA FONSECA OLIVEIRA

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1 PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA PARAÍBA TRIBUNAL DE JUSTIÇA GAB. DES. ROMERO MARCELO DA FONSECA OLIVEIRA ACÓRDÃO APELAÇÃO CÍVEL N /001. ORIGEM : Vara Única da Comarca de Bananeiras-PB. RELATOR : Des. Romero Marcelo da Fonseca Oliveira. APELANTE : Aymoré Crédito Financiamento e Investimento S.A. ADVOGADO : Antônio Braz da Silva e outros. APELADO : Adj alma Barbosa Ramalho. ADVOGADO : José Carlos de Almeida Moura. EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO. PEDIDO DE EXIBIÇÃO DO CONTRATO. OMISSÃO DO JUÍZO. IMPOSSIBILIDADE DE REVISÃO. CASSAÇÃO DA SENTENÇA. PROSSEGUIMENTO DO PROCESSO. RECONHECIMENTO DE OFÍCIO. Sem a juntada da cópia do contrato não há como proceder a sua revisão. É possível o ingresso de ação de revisão de contrato bancário com pedido incidental de exibição de documento, caso em que o Juízo deve apreciar o requerimento em que se pede a intimação da instituição financeira para juntada do termo de ajuste contratual. VISTO, relatado e discutido o presente procedimento referente à Apelação n /001, em que figuram como partes Adj alma Barbosa Ramalho e Aymoré Crédito Financiamento e Investimento S.A. ACORDAM os eminentes Desembargadores integrantes da Egrégia Quarta Câmara Cível do Tribunal de Justiça da Paraíba, à unanimidade, acompanhando o Relator, conhecer do Recurso e, de oficio, anular o processo a partir da Decisão de f. 50/51 e determinar que o Juizo a quo aprecie o pedido de exibição do contrato formulado na inicial. VOTO Adj alma Barbosa Ramalho ingressou com Ação Revisional de Cláusula Contratual para fins de Reequilíbrio do Ajuste Inicial c/c Consignação e Repetição do Indébito perante o Juízo da Vara Única da Comarca de Bananeiras, processo n , em face da Aymoré Crédito Financiamento e Investimento S.A. Alegou qu(1) firmou contrato de financiamento com o banco demandado para aquisição do veie lo VW/GOL, Ano 2008, financiando o valor de R$ ,00, em sessenta parce s R$ 449,63, tendo efetuado o pagamento de catorze parcelas, totalizando o alor Jde R$ 6.994,82; (2) sentindo dificuldade todos os meses no

2 cumprimento da obrigação assumida, procurou um perito na área contábil, que detectou que os valores constantes nas prestações do seu financiamento encontravamse maculados por cobranças de taxas abusivas, impondo-se a revisão do contrato; (3) devem ser aplicadas as prestações mensais do seu financiamento as taxas de juros legais com aplicação do IGP-M como índice de correção monetária, sendo expurgada a comissão de permanência e taxa de administração; (4) excluindo todas as cobranças ilegais, a sua prestação mensal corresponderia ao valor de R$ 262,50; (5) o Código de Defesa do Consumidor deve ser aplicado ao seu contrato. Requereu a concessão de tutela antecipada para determinar a sua manutenção na posse do bem arrendado, para impedir o ajuizamento de ações de constrições em relação ao bem objeto do contrato e, para compelir o Promovido a exibir o contrato de financiamento e autorizar o depósito de parcelas no valor de R$ 262,50, no total restante de quarenta e seis parcelas, que deverão ser pagas mês a mês e, no mérito, a procedência do pedido com a confirmação da tutela antecipada e condenação do Banco promovido a suportar a revisão contratual proposta. O Réu ofereceu Contestação, f , arguindo, preliminarmente, a inépcia da inicial, por impossibilidade de revisão genérica do contrato; e, no mérito, alegou que (1) o Autor teve prévio conhecimento de todas as cláusulas do contrato, estando completamente ciente de sua obrigação quando assinou o contrato; (2) não há evidência de onerosidade excessiva nos juros contratados, uma vez que foram fixados conforme a média de mercado; (3) é legal e cabível a capitalização de juros e a comissão de permanência, quando inexiste cumulação com correção monetária; (4) os pagamentos efetuados estão em conformidade com o que foi pactuado, não cabendo repetição de indébito; (5) não se aplica a limitação dos juros remuneratórios a 12% ao ano às instituições financeiras. Requereu o acolhimento da preliminar e, no mérito, a improcedência do pedido. Tutela antecipada indeferida, f. 50/51, ao argumento de que o magistrado não pode, baseado apenas em alegações do Autor sem provas documentais, deferir a antecipação da tutela. Sentenciando, f. 150/155, o Juízo julgou procedente o pedido para declarar nulas as cláusulas contratuais referentes aos juros capitalizados, a exclusão da Taxa de Abertura de Crédito e da Comissão de Permanência, determinando, ainda, que o Promovido proceda à revisão do contrato para limitar os juros remuneratórios no patamar de 12% ao ano e reduza a Multa Contratual para 2%, não devendo as parcelas do débito ultrapassarem o valor de R$ 288,16, até a liquidação do contrato, e a restituição em dobro dos valores recolhidos pelo Autor de forma indevida, fixando multa de 10% sobre o valor do contrato, em caso de descumprimento da decisão. Condenou o Réu ao pagamento das custas, despesas processuais, taxas judiciais e ho iários de sucumbência, fixados estes últimos no percentual de 20% do valor da causa,

3 O Réu interpôs Apelação, f. 157/181, arguindo, preliminarmente, o indeferimento da petição inicial, por ser inepta, uma vez que os fatos não decorrem logicamente a conclusão do pedido, e, no mérito, alegou que (1) todas as condições exigidas para a validade jurídica do contrato foram atendidas, inexistindo qualquer vício de consentimento no contrato; (2) as prestações pactuadas foram pré-fixadas, e que todos os encargos e juros foram aplicados segundo as regras do comércio; (3) devem ser respeitados os princípios contratuais pacta sunt servanda e da segurança jurídica; (4) a cobrança de comissão de permanência é legal, visto que inexiste cumulação com correção monetária; (5) inexiste onerosidade excessiva. quo. Pugnou pelo provimento do Recurso, afim de que seja reformada a Sentença a Sem Contrarrazões, conforme Certidão de f Desnecessária a intervenção Ministerial no feito, por não se configurarem quaisquer das hipóteses do art. 82, incisos I a III, do CPC. É O RELATÓRIO. Não consta nos autos cópia do Contrato firmado entre as partes, documento indispensável à propositura de Ação Revisional, o que acarreta a impossibilidade de análise das questões pleiteadas pelo Autor. O Autor/Apelado requereu na Inicial a exibição do contrato em Juízo, mas a Decisão que concedeu a tutela antecipada não apreciou esse ponto, e o processo seguiu, findando com a procedência do pedido. A legislação processual permite ao Autor, a exibição de documentos incidental, prevista nos artigos 355 a 363, no caso dele não ter em seu poder documento indispensável para o ajuizamento da ação, nesse sentido tem entendido os Tribunais Pátrios, conforme ementas que abaixo transcrevo: EMENTA: AÇÃO REVISIONAL - INDEFERIMENTO DA PETIÇÃO INICIAL - CONTRATO DE FINANCIAMENTO - DOCUMENTO INDISPENSÁVEL - PEDIDO INCIDENTAL DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS - SENTENÇA CASSADA. Documentos indispensáveis são aqueles cuja apresentação em juízo é obrigatória em decorrência da lei ou, ainda, que constituem fundamento da causa de pedir. O contrato, cuja revisão se pretende, é documento indispensável para a propositura da ação, visto que somente por meio da análise de seus termos é possível ao julgador reconhecer a procedência, ou não, do pedido, fundado na assertiva de que as disposições daquele instrumento violam o ordenamento jurídico. Contudo, a legislação processual coloca à disposição do autor, o instrumento da exibição incidental, prevista nos artigos 355 a 363 no caso de ele não ter em seu poder documento indispensável para o ajuizamento da ação. Assim, formulado pedido incidental de exi ição de documentos, ainda que não apresentado pelo autor o contrato, cuja revisão é pleiteada, desde que presentes os requisitos previstos no art. 282, do CPC, deve o 'ulgador deferir a petição inicial. Apelação provida para cassar a sentença". (TJMG. C /001, rel. Des. Eduardo Marine, j. 17/03/2011, DJ. 05/041201

4 Posto isso, conheço do Recurso para, de oficio, anular o processo a partir da Decisão de f. 50/51 e determinar que o Juizo a quo aprecie o pedido de exibição do contrato formulado na inicial. É o voto. Presidiu o julgamento, realizado na Sessão Ordinária desta Quarta Câmara Cível do Tribunal de Justiça da Paraíba o Desembargador Frederico Martinho da Nóbrega Coutinho, no dia 16 de agosto de 2012, conforme certidão de julgamento, dele participando além de mim, Relator, a Dra. Vanda Elizabeth Marinho, Juíza convocada. Presente a -Sessão, a Exma. Sra. Dra. Jacilene Nicolau Faustino Gomes, Procuradora de Justiça./ Gabinete no T.ÉPB, em João Pessoa, 21 de agosto 2012/ / 2 t'' 7/ %1 omero Marcelo da Fonseca Oliveira Relator cçl7

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