TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO VIGÉSIMA CÂMARA CÍVEL R E L A T Ó R I O
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- Valdomiro Oliveira Beretta
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1 APELAÇÃO CÍVEL NO PROCESSO N.º APELANTE: TNL PCS S/A APELADA: COMISSÃO DE DEFESA DO CONSUMIDOR DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RELATOR: DES. LUCIANO SILVA BARRETO R E L A T Ó R I O Trata-se de recurso de apelação interposto por TNL PCS S/A, nos autos da ação civil pública que lhe move a COMISSÃO DE DEFESA DO CONSUMIDOR DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, contra a sentença proferida pelo juízo da 6.ª Vara Empresarial, que julgou parcialmente procedentes os pedidos contidos na exordial para que: 1) se proceda à prévia vistoria na linha telefônica por onde o sinal de internet banda larga será transmitido e no computador que o receberá, para fins de certificação da real viabilidade técnica para prestação e uso do serviço de internet banda larga Velox; 2) informe previamente ao consumidor solicitante do serviço de internet banda larga Velox, e que não tiver seu pedido negado de imediato, sobre a possibilidade do serviço não vir a ser disponibilizado em razão de inviabilidade técnica na linha telefônica por onde será transmitido o sinal e no computador que o receberá; 3) somente prometa a disponibilização do serviço de internet banda larga Velox depois de certificada a real viabilidade técnica na linha telefônica por onde será transmitido o sinal e no computador que o receberá; 4) se abstenha de cobrar valores à titulo de multa rescisória nas hipóteses em que o consumidor solicita, antes do termino do prazo de permanência convencionado, a rescisão do contrato de prestação do serviço de internet banda larga Velox, ou do contrato que engloba também outros serviços (combo), por força da indisponibilidade do serviço decorrente da inviabilidade técnica da linha telefônica por onde é transmitido o sinal da internet e/ou do computador que o recebe. Na hipótese em que a multa é cobrada e paga deve a ré ser condenada a restituir, em dobro, o valor a ela correspondente, corrigido monetariamente; 5) se abstenha de cobrar valores a titulo de remuneração do serviço de internet banda larga Velox enquanto este não estiver efetivamente disponibilizado ao consumidor em razão de inviabilidade técnica da linha telefônica por onde é transmitido o sinal da internet e/ou do computador que o recebe, sob pena de devolução em dobro; 6) repare os danos causados aos consumidores por força da não 1 Apelação Cível no Processo n.º
2 disponibilização efetiva do serviço de internet banda larga Velox, nas hipóteses em que não foi realizada, pela ré, vistoria prévia na linha telefônica destinada a receber o sinal da internet banda larga Velox e/ou no computador destinado a recebê-lo; 7) condenação ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios arbitrados em 10% (dez por cento) do valor atribuído à causa. Sustenta a autora/apelada no fato de que ao longo dos últimos anos vem recebendo reiteradas reclamações sobre algumas práticas na oferta e execução do serviço de internet banda larga VELOX e que frequentemente, contratado o serviço (solicitado, prometido e supostamente colocado à disposição), este acaba não sendo usufruído em razão de inviabilidade técnica, fato que acarreta danos aos consumidores, uma vez que o pedido e a promessa de atendê-lo não garante a efetiva prestação do serviço, apenas a cobrança. Destaca entre os danos, o valor pago para aquisição de aparelhos de modem (e outros) que jamais serão utilizados, pagamento para instalação de linha telefônica, pagamento de mensalidades por período em que o serviço não esteve disponível, pagamento de multa por rescisão de contrato e ressalta que a multa contratual é cobrada mesmo quando a rescisão é solicitada motivadamente, isto é, por força do não atendimento de expectativas criadas pela própria ré sem culpa do consumidor. Requer, ao final, que seja reconhecido que é obrigação da ré realizar prévia vistoria na linha telefônica por onde o sinal de internet banda larga Velox será transmitido e no computador que o receberá, para fins de certificação da real viabilidade técnica para prestação e uso do serviço de internet banda larga Velox; a condenação da ré na obrigação de informar previamente o consumidor que tiver solicitado o serviço de internet banda larga Velox, e que não tiver seu pedido negado de imediato, sobre a possibilidade de o serviço não vir a ser disponibilizado em razão de inviabilidade técnica na linha telefônica por onde será transmitido o sinal e no computador que o receberá; seja a ré obrigada a somente prometer a disponibilização do serviço de internei banda larga Velox depois de certificada a real viabilidade técnica na linha telefônica por onde será transmitido o sinal e no computador que o receberá; o reconhecimento de que o contrato de prestação de internet banda larga Velox somente 2 Apelação Cível no Processo n.º
3 produzirá efeitos, no sentido de obrigar o consumidor (especialmente no tocante ao pagamento de remuneração pelo serviço), quando certificada a real disponibilização do serviço ao consumidor; a antecipação dos efeitos da tutela e, em caso positivo, afixação de multa para o caso de descumprimento da medida; a condenação da ré na obrigação de se abster de cobrar valores à titulo de multa rescisória nas hipóteses em que o consumidor solicita, antes do termino do prazo de permanência convencionado, a rescisão do contrato de prestação do serviço de internet banda larga Velox, ou do contrato que engloba também outros serviços (combo), por força da indisponibilidade do serviço decorrente da inviabilidade técnica da linha telefônica por onde é transmitido o sinal da internei e/ou do computador que o recebe e, na hipótese em que a multa é cobrada e paga, deve a ré ser condenada a restituir, em dobro, o valor a ela correspondente, corrigido monetariamente; a condenação da ré na obrigação de se abster de cobrar valores a titulo de remuneração do serviço de internei banda larga Velox enquanto este não estiver efetivamente disponibilizado ao consumidor em razão de inviabilidade técnica da linha telefônica por onde é transmitido o sinal da internet e/ou do computador que o recebe. Na hipótese em que a multa é cobrada-e paga deve a ré ser condenada a restituir, em dobro, o valor a ela correspondente, corrigido monetariamente; a condenação da ré na obrigação de se abster de cobrar valores a título de multa rescisória na hipótese em que o consumidor solicita, antes do termino do prazo de permanência convencionado, a rescisão do contrato de prestação do serviço de internet banda larga Velox ou do contrato que engloba também outros serviços (combo), por força da indisponibilidade do serviço não solucionada em 24 horas após solicitação do consumidor; seja a ré obrigada a conceder desconto proporcional do valor relativo à remuneração pelo serviço de internei banda larga Velox nos contratos que englobam, além deste, outros serviços, caso o consumidor assim deseje; nas hipóteses em que não foi realizada, pela ré, vistoria prévia na linha telefônica destinada a receber o sinal da internei banda larga Velox e/ou no computador destinado a recebêlo, a condenação da ré na obrigação de reparar os danos causados aos consumidores por força da não disponibilização efetiva do serviço de internet banda larga Velox prometido; a condenação da ré na obrigação de publicar, às suas custas, em dois jornais de grande circulação desta Capital, em quatro dias intercalados, sem exclusão do domingo, em tamanho mínimo de 20 cm x 20 cm, a parte dispositiva de eventual procedência, para que os consumidores dela tomem ciência, oportunizando, assim, a efetiva proteção de direitos lesados. 3 Apelação Cível no Processo n.º
4 Deferiu-se a antecipação dos efeitos da tutela (fls. 329/330). Interposição do Agravo de Instrumento pela ré (fls. 348/382). Triangularizada a relação processual, a ré ofertou contestação, acompanhada de documentos em que alega, preliminarmente, existência de coisa julgada e ilegitimidade ativa. No mérito, reitera os termos do agravo, pela revogação da decisão que antecipou os efeitos da tutela para, requerendo, ao final, sejam julgados improcedentes os pedidos (fls. 383/422). Proferida decisão (fls. 540/541) extinguindo o processo sem resolução do mérito e, consequentemente, revogando parcialmente a liminar outrora deferida (fls. 329/330). Interposição pelo autor de agravo de instrumento contra aquela decisão que julgou parcialmente extinto o processo cuja decisão (fls. 602/614) foi no sentido de dar provimento ao recurso a fim de reformar a decisão que extinguiu o feito sem resolução do mérito, mantendo-se a decisão que deferiu a antecipação da tutela. Réplica sustentando a inexistência de coisa julgada e alegando, em síntese, o descumprimento da cláusula 10 do Contrato de Prestação de Serviços por parte da empresa ré (fls. 619/640). Instadas a se manifestarem em provas, a ré postulou a produção de prova documental e testemunhal (fls. 643/644), enquanto a autora juntou documentos (fls. 645/761). Decisão saneadora prolatada (fls. 762/764), afastadas as preliminares de coisa julgada e de ilegitimidade ativa, conforme decisões prolatadas nos agravos de instrumento interpostos por ambas partes e indeferindo a prova oral requerida pela parte ré. Manifestação da ré (fls. 774/775) sustentando que os documentos juntados pelo autor são imprestáveis, porque produzidos unilateralmente. 4 Apelação Cível no Processo n.º
5 O autor, em resposta, juntou documentos (fls. 776/799), consistentes em novas reclamações acerca do serviço prestado pela ré. Agravo retido interposto pela ré (fls. 800/803), com contrarrazões (fls. 812/814), requerendo o seu desprovimento. O Juízo de 1.º grau (fls. 818/822) prolatou sentença julgando parcialmente procedentes os pedidos contidos na inicial, assim como condenou a ré ao pagamento das despesas processuais e honorários advocatícios fixados em 10% do valor da causa. A ré interpôs recurso de apelação (fls. 835/874) aduzindo, preliminarmente, as justificativas insertas no agravo retido contra a decisão que indeferiu a produção de prova oral; suposto cerceamento de defesa por conta do pedido absurdo da recorrente de necessidade da recorrida se manifestar sobre as reclamações formuladas por consumidores; sentença contrariou a lei, pois a ANATEL já regulou o serviço de banda larga; sentença não é razoável, pois o princípio da confiança é o fundamento da legislação consumerista; erro no julgamento por levar em consideração provas unilaterais formuladas por consumidores; descabimento de devolução de valores em dobro; condenação da recorrida em indenizar os consumidores, inclusive por dano moral; é preciso limitar a eficácia do julgado observando o artigo 16 da Lei n.º 7347/85; necessário alterar o período e o valor da multa; em sede de ação civil pública é ilegal a condenação nos ônus sucumbenciais de estilo. Nas contrarrazões (fls. 883/912) a apelada prestigiou o julgado e requereu a manutenção da sentença, ressaltando a inconstitucionalidade do artigo 16 da Lei de Ação Civil Pública. A Procuradoria Geral de Justiça (fls. 1400/1424) manifestou-se no sentido do conhecimento do recurso e, no mérito, pelo não provimento do agravo retido e parcial desprovimento do apelo, exceto no que se refere, somente, à periodicidade da multa cominatória, mantendo-se integralmente todos os demais termos da sentença. É O RELATÓRIO. À DOUTA REVISÃO. Rio de Janeiro, 21 de agosto de Desembargador LUCIANO SILVA BARRETO Relator 5 Apelação Cível no Processo n.º
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