TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

Transcrição

1 Registro: ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº , da Comarca de Quatá, em que é apelante MARCOS SANTOS DA SILVA (JUSTIÇA GRATUITA), é apelado S K Y BRASIL SERVIÇOS LTDA. ACORDAM, em 27ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores CAMPOS PETRONI (Presidente sem voto), DAISE FAJARDO NOGUEIRA JACOT E MOURÃO NETO., 25 de outubro de ANA CATARINA STRAUCH RELATOR Assinatura Eletrônica

2 Recurso interposto sob a égide do Código de Processo Civil de Apelação Cível nº: Apelante: MARCOS SANTOS DA SILVA Apelada: SKY BRASIL SERVIÇOS LTDA. Juiz de 1ª. Instância: Dr. Diogo Porto Vieira Bertolucci Comarca: Quatá Vara Única Valor da causa: R$ ,00 VOTO Nº APELAÇÃO AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITOS C.C. PEDIDO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS Prestação de serviços Sky Tutela antecipada concedida Ação parcialmente procedente Inexigibilidade do débito em razão da não prestação dos serviços Danos morais afastados Inexistência de negativação do nome do autor junto aos serviços de proteção ao crédito Mero aborrecimento contratual que não caracteriza dano Sentença mantida RECURSO DESPROVIDO Vistos. Tratam os autos de AÇÃO ORDINÁRIA C.C. PEDIDO DE INDENIZAÇÃO DANOS MORAIS (fls. 02/13) que o autor, MARCOS SANTOS DA SILVA, promove em face da empresa ré, SKY BRASIL SERVIÇOS LTDA. Às fls. 31 foi deferida ao autor a concessão dos benefícios da justiça gratuita. A tutela pleiteada, quanto à abstenção da empresa ré Apelação nº Voto nº

3 de inscrever o nome do autor nos cadastros de restrição de crédito, ou a proceder sua exclusão, caso o tenha feito, foi igualmente deferida. Contestação ofertada (fls. 37/43). Réplica, fls. 49/50. A r. sentença (fls. 51/55), cujo relatório adoto, julgou PARCIALMENTE PROCEDENTE o pedido formulado pelo autor, confirmando a liminar concedida para declarar a inexigibilidade do débito referente às mensalidades pela prestação de serviço de TV por assinatura, sendo recíproca e proporcionalmente distribuídos e compensados entre as partes os honorários e despesas. Inconformado, apela o autor (fls. 60/63), pugnando em síntese pelo provimento do presente recurso, para a reforma da r. sentença quanto a condenação da empresa ré em danos morais, no valor de R$ ,00. Contrarrazões às fls. 70/76. Subiram os autos para julgamento. É o Relatório. Vale consignar que esta decisão colegiada se restringe à matéria devolvida ao Tribunal, a teor do art. 515, caput, do CPC. O autor promove a ação em curso, requerendo, em sede de tutela antecipada, a não inclusão de seu nome no rol dos inadimplentes, ou sua exclusão, caso já lançado. Pleiteia, ainda, a declaração de inexistência dos débitos decorrentes do contrato firmado com a ré, bem com indenização por danos Apelação nº Voto nº

4 morais, no valor de R$ ,00. Às fls. 31, o MM. Juiz a quo defere os benefícios da justiça gratuita, bem como a tutela pleiteada quanto à não inscrição ou exclusão do nome do autor nos cadastros de restrição de crédito. A r. sentença proferida confirma a tutela antecipada, entretanto deixa de condenar a empresa ré em danos morais. O MM. Juiz de 1ª Instância define o pedido como parcialmente procedente. Inconformado o autor apela, reiterando o disposto na exordial quanto aos danos morais sofridos. Postula a condenação da empresa ré em indenização no valor de R$ ,00. Pois bem. Analisando-se o caso à luz dos preceitos insertos no ordenamento jurídico, compulsando atentamente os autos é possível constatar que, de fato, a r. sentença deve ser integralmente mantida. Como bem aponta o MM. Juiz a quo:... É certo que o ônus da prova incumbe ao autor quanto ao fato constitutivo do seu direito e ao réu quanto à inexistência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor, nos termos do artigo 333 do Código de Processo Civil. Porém, seria muito difícil, para não dizer impossível, ao autor provar que não utilizou os serviços de TV por assinatura, o que implica no ônus da prova do réu com relação à existência do débito. Tratando-se de relação de consumo, caberia à ré adotar as cautelas necessárias antes de realizar o negócio jurídico. Por tal razão, não há de se afastar sua responsabilidade. (...) A ré não se desincumbiu do ônus de provar a utilização dos serviços pelo autor, limitando-se a sustentar que foi vítima de suposta fraude. Assim, a declaração de inexigibilidade do débito é de rigor. O autor relata os aborrecimentos sofridos, entretanto, Apelação nº Voto nº

5 cumpre ressaltar que não há provas quanto à negativação do seu nome junto aos serviços de proteção ao crédito. Desta forma, quanto ao pedido de danos morais formulado pelo autor, a análise dos fatos, como também do conjunto probatório, revela, apenas e tão somente, aborrecimentos sofridos, mormente porque não há provas da repercussão no seu âmbito patrimonial ou pessoal. Justiça a respeito deste assunto: E não é outro o entendimento deste E. Tribunal de APELAÇÃO. Prestação de serviços de telefonia. Ação de indenização por danos morais, julgada improcedente. Sistema 3G inexistente na área contratada. Abalo moral não configurado. Inadimplemento contratual causador de mero aborrecimento e dissabor que, em regra, não provoca ato lesivo à reparação por dano moral. Sentença mantida. RECURSO DESPROVIDO (Apelação nº , 27ª Câmara de Direito Privado, Rel. Sérgio Alfieri, V.U., j ). Civil. Ação declaratória cumulada com pedido de rescisão contratual e indenização por danos moral e material. Sentença de procedência parcial, que apenas resolveu o contrato declarou a rescisão contratual, dividindo por igual os ônus da sucumbência, ressalvado o benefício da justiça gratuita concedido à autora. Pretensão à reforma manifestada pela autora. Dano moral não caracterizado. Não comprovada circunstância excepcional que tenha colocado o consumidor em situação de significativa angústia ou humilhação. Tratando-se de sucumbência recíproca, Apelação nº Voto nº

6 pois os pedidos de indenização material e moral não foram acolhidos, não se pode carrear exclusivamente à ré os ônus sucumbenciais, sendo de qualquer modo inaplicável a Súmula n. 326 do STJ (que pressupõe o acolhimento do pedido de indenização moral). Termo a quo de incidência dos juros moratórios. Razões divorciadas do caso concreto, de modo a impedir o conhecimento dessa parte do recurso. RECURSO DESPROVIDO, NA PARTE CONHECIDA. (Apelação nº , 27ª Câmara de Direito Privado, Rel. Mourão Neto, V.U., j ). Deste modo, cabe destacar que o Magistrado a quo bem examinou as questões trazidas à colação e deu ao caso solução justa e adequada, indo ao encontro do entendimento desta subscritora. RECURSO. Ao exposto, NEGO PROVIMENTO AO ANA CATARINA STRAUCH Relatora (Assinatura Eletrônica) ESR Apelação nº Voto nº