Acórdão em Apelação Cível Processo n º Relator: DES. Antônio Iloízio Barros Bastos

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Elisa de Barros Mirandela
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1 Acórdão em Apelação Cível Processo n º Relator: DES. Antônio Iloízio Barros Bastos Ação de obrigação de fazer cumulada com pedido de indenização por danos morais. Videogame XBox, adquirido no exterior, fabricado pela Microsoft. Defeito apresentado que corresponde ao narrado em site da empresa. Garantia estendida reconhecida. Cláusula limitadora de cobertura que deve ser tida como nula. Ilegitimidade passiva afastada, pois a conhecida Microsoft é empresa de âmbito global, devendo responder pela qualidade de seus produtos em todo o mundo. Impossibilidade de troca do aparelho que não é crível face ao notório desenvolvimento comercial e tecnológico da empresa demandada. Inexistente o cerceamento de defesa pela falta de prova pericial, pois a Ré, se desejava tal prova, deveria ter formulado quesitos na oportunidade prevista no art. 278 do CPC. Correta a sentença que determina a troca do aparelho defeituoso. Recurso conhecido e improvido. Vistos, relatados e discutidos estes autos de apelação cível no Processo nº , onde é apelante MICROSOFT INFORMÁTICA LTDA e apelado MARCOS GUIMARÃES MAROTTA, ACORDAM os integrantes desta Décima Segunda Câmara Cível, em sessão realizada nesta data e por de votos, em conhecer e negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Sr. Ap. Cível no Processo nº fls. 1/5

Cláusula limitadora de cobertura que deve ser tida como nula.

2 Relator. MARCOS GUIMARÃES MAROTTA ajuizou ação de obrigação de fazer, cumulada com pedido de indenização por dano morais, em face de MICROSOFT INFORMÁTICA LTDA., alegando que, em uma viagem aos Estados Unidos, adquiriu o videogame Xbox 360 Premium, em março de Relata que no final de 2008 o aparelho apresentou instabilidades, quando foi elaborado reparo através de rotinas lecionadas no site da ré. Aduz que em fevereiro de 2009 o aparelho parou de funcionar. Narra que acionou a empresa que acenou para a garantia tão somente sobre produtos adquiridos no Brasil, necessitando o envio e retorno ao país onde foi adquirido, devendo o autor arcar com tais despesas. Pugna pela troca do videogame e dos acessórios por ele adquiridos e a condenação pelos danos morais. O feito, sob o rito sumário, culminou com a respeitável sentença de fls. 84/89, que julgou procedente em parte o pedido para proceder à troca do produto em trinta dias, sob pena de multa única no valor de R$ 3.000,00 (três mil reais). Irresignada, apelou tempestivamente a ré às fls. 95/100, aduzindo ilegitimidade passiva, por distribuir no Brasil produto similar, mas distinto do aparelho em questão, e da diversidade da personalidade jurídica. Aduz que não foi comprovada a regularidade do ingresso do eletrônico no país. Narra que não tem conhecimento técnico e nem possibilidade de troca do produto. Assevera a nulidade da sentença pelo cerceamento de defesa para comprovar o vicio do produto. No mérito, alega o fim do prazo de garantia legal e contratual. sentença. Contrarrazões às fls. 107/129 pugnando pela manutenção da É o relatório. Ap. Cível no Processo nº fls. 2/5

Relata que no final de 2008 o aparelho apresentou instabilidades, quando foi elaborado reparo através de rotinas lecionadas no site da ré. Aduz que em fevereiro de 2009 o aparelho parou de funcionar.

3 Passo ao voto. Ab initio, deve ser rechaçada a tese de ilegitimidade passiva. A empresa demandada é do mesmo grupo econômico da fabricante do videogame em questão. Trata-se de empresa de âmbito global, que assume neste país a roupagem jurídica de sociedade limitada. Nesse sentido, o seguinte julgado perante nossa Corte: AGRAVO DE INSTRUMENTO - 1ª Ementa DES. LETICIA SARDAS - Julgamento: 10/03/ VIGESIMA CAMARA CIVEL "AGRAVO DE INSTRUMENTO. CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS. ILEGITIMIDADE PASSIVA. EMPRESAS DO MESMO GRUPO ECONÔMICO. PRELIMINAR AFASTADA. LIMINAR. CARATER SATISFATIVO. POSSIBILIDADE. PRECEDENTES DO STJ. APLICAÇÃO DA SÚMULA 58 DO TJ/RJ. DESPROVIMENTO DO RECURSO.1. Não pode ser acolhida a preliminar de ilegitimidade passiva pois a Microsoft Informática Ltda pertence ao mesmo grupo econômico da Microsoft Corporation, sendo a representante no Brasil da empresa internacional. 2. Somente se reforma a concessão ou o indeferimento de liminar concedida em primeiro grau de jurisdição, se teratológica ou contrária à lei ou à prova dos autos.3. Questão consolidada na Súmula n.º 58 do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro na Uniformização de Jurisprudência n.º 07/2001, processo n.º , com a Relatoria do Desembargador AMAURY ARRUDA DE SOUZA.4. A liminar em ação de exibição de documentos pode ser concedida, se presentes os requisitos autorizadores.5. A medida não trará nenhum Ap. Cível no Processo nº fls. 3/5

0000 - AGRAVO DE INSTRUMENTO - 1ª Ementa DES. LETICIA SARDAS - Julgamento: 10/03/2010 - VIGESIMA CAMARA CIVEL "AGRAVO DE INSTRUMENTO. CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS. ILEGITIMIDADE PASSIVA.

4 prejuízo ao agravante já que este estará apenas fornecendo os dados necessários para identificar os possíveis violadores da conta de do autor da ação.6. Desprovimento do agravo de instrumento. A questão acerca do ingresso do eletrônico no país pode se traduzir em ilícito administrativo, se comprovado. Mas isso é assunto de ordem fiscal e não retira o dever da empresa de responder pelos eventuais defeitos que o aparelho apresente. Não parece crível a alegação de que a Microsoft Brasil não possua conhecimento técnico para efetuar reparo no aparelho, ou seja, que seria inviável a sua substituição. Ora, trata-se de empresa de notório desenvolvimento comercial e tecnológico, possuindo vasto conhecimento na área de games e informática de última geração. Quanto ao vicio do produto, a prova foi apresentada junto à inicial, uma vez que o apelado acostou fotos do vídeo game com defeito semelhante ao relatado em sites da empresa, que culminaram no recall do produto em alguns países e na extensão da garantia por mais um ano em caso de permanência de três sensores luminosos acesos. A propósito, não ocorreu cerceamento de defesa, pois se a apelante entendia necessária a prova pericial, deveria desde logo ter formulado quesitos por ocasião da contestação, como manda o art. 278 do CPC. E, como dito, no site (fls. 29/30) há informações acerca de que, ocorrendo tal tipo de sinalização, tal defeito estende a garantia para três anos. Vislumbra-se que o aparelho foi adquirido em março de 2007 e o vicio do equipamento foi constatado em fevereiro de Portanto, o prazo para a garantia contratual não havia findado. Ap. Cível no Processo nº fls. 4/5

Mas isso é assunto de ordem fiscal e não retira o dever da empresa de responder pelos eventuais defeitos que o aparelho apresente.

5 Por tais fundamentos, voto no sentido de conhecer e negar provimento ao apelo, mantendo-se na íntegra a douta sentença guerreada. Rio de Janeiro, de de Antônio Iloízio Barros Bastos DESEMBARGADOR Relator Ap. Cível no Processo nº fls. 5/5 Certificado por DES. ANTONIO ILOIZIO B. BASTOS A cópia impressa deste documento poderá ser conferida com o original eletrônico no endereço Data: 06/07/ :12:04Local Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro - Processo: Tot. Pag.: 5

5/5 Certificado por DES. ANTONIO ILOIZIO B.

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