PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE RONDÔNIA Tribunal de Justiça 1ª Câmara Especial

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1 1 PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE RONDÔNIA Tribunal de Justiça 1ª Câmara Especial Data de distribuição : 12/12/2008 Data de julgamento : 20/05/ Apelação Origem : Porto Velho/RO (2ª Vara da Fazenda Pública) Apelante : Campolim de Almeida Neto Defensor Público: Antônio Fontoura Coimbra (OAB/RO 372) Apelado : Estado de Rondônia Procuradora : Terezinha de Jesus Barbosa Lima (OAB/RO 137-B) Relator : Desembargador Eurico Montenegro RELATÓRIO Cuida-se de apelação cível interposta por Campolim de Almeida Neto contra a sentença de fls. 25/27, que julgou improcedente o pedido de cobrança contido na presente ação, ajuizada em face do Estado de Rondônia, com o objetivo de receber os valores relativos à bolsa de estudos prevista nos arts. 1º, II, d, e 16 da Lei Estadual n /2002. O autor foi condenado ao pagamento de R$300,00. Em suas razões (fls. 28/33), o recorrente defende a necessidade de reforma da decisão de 1º grau, uma vez que houve o preenchimento dos requisitos estabelecidos na norma geradora do direito à bolsa de estudos, quais sejam: inexistência de pagamento de qualquer outra indenização (ajuda de custo ou diária) e participação em cursos indispensáveis para a promoção ou treinamento específico da função militar. Pugnou, ainda, pela inversão do ônus da sucumbência. sentença. Nas contrarrazões (fls. 39/42), o Estado requer a manutenção da É o relatório.

2 2 VOTO DESEMBARGADOR EURICO MONTENEGRO O presente feito trata de cobrança de valores referentes à bolsa de estudo para frequência ao curso de formação de sargentos da Polícia Militar, que os demandantes sustentam não ter recebido, o que afrontaria os arts. 1º, II, d, e 16 da Lei Estadual n /2002. A Lei Estadual n /2002, que dispõe sobre a remuneração dos integrantes da carreira de militares do Estado de Rondônia, estabelece as seguintes regras para a concessão da indenização de Bolsa de Estudos. Vejamos: Art. 16. A indenização de Bolsa de Estudo destina-se a custear as despesas decorrentes das atividades escolares dos Militares, matriculados em curso de extensão, aperfeiçoamento e formação, de interesse da Corporação e através de ato do Governador do Estado, quando se tratar de cursos realizados fora do Estado. 1º. Nos cursos realizados dentro do Estado a designação será de competência do Secretário da pasta. 2º. A Secretaria à qual estiverem subordinadas as corporações militares, será responsável pelo implemento de condições para custeio da despesa de que trata este artigo, regulamentando-o, prevendo a hipótese de indenização de Bolsa de Estudo a título de reembolso, ao servidor que arcar com o pagamento da matrícula e mensalidade. 3º. O Militar do Estado fará jus à indenização de que trata o parágrafo anterior, após apresentação dos comprovantes de despesa, através do respectivo procedimento administrativo. 4º. Além do pagamento das despesas de que trata o parágrafo segundo, se não houver o pagamento de qualquer outra indenização, seja ajuda de custo ou diária e, se tratando de cursos indispensáveis para promoção ou treinamento específico de função militar, o Militar do Estado terá direito a receber, a título de indenização das despesas de material ou instalação inerentes às atividades escolares, a importância mensal de: I - 30% (trinta por cento) do soldo de Capitão PM/BM, para os Cursos Superiores de Polícia e Bombeiro Militar, e de aperfeiçoamento; II - 30% (trinta por cento) do soldo de 2º Tenente PM/BM, para os Cursos de especialização de extensão; III - 30% (trinta por cento) do soldo de CABO PM/BM, para o curso de formação, exceto para os cursos de ingresso na carreira militar do Estado e; IV - 70% (setenta por cento) dos percentuais aplicados nos incisos I, II e III, quando os respectivos cursos forem realizados na sede em que o Militar do Estado estiver servindo.

3 3 5º Observados os requisitos no parágrafo anterior e respectivos incisos, a indenização será paga a partir do inicio do curso até a data de seu término. Na norma transcrita, verifica-se que existem duas indenizações, não cumulativas, a serem pagas ao servidor: a primeira referente às despesas decorrentes de cursos realizados fora do Estado, a qual está condicionada à comprovação das despesas custeadas pelos alunos; e a segunda, paga de forma exclusiva àqueles, em qualquer modalidade de curso, que não receberam nenhum auxílio durante o curso. O recorrente, morador desta capital, realizou o curso na própria cidade, como se pode constatar às fls. 11/12, razão pela qual não recebeu indenização para cursos em outra unidade da federação. Contudo, à medida em que não recebeu nenhum auxílio extra, passou a ter direito à indenização prevista no art. 16, 4º, da lei citada, a qual objetiva ao custeamento do curso. Esta Corte já manifestou-se a respeito deste tema, vejamos: Administrativo. Militar. Curso de formação policial no próprio Estado. Bolsa Estudo devida. Inteligência do art. 16, 4º, da lei estadual n /2002. Inadimplemento da administração pública. Danos morais. Inocorrência. São devidos os valores referentes a bolsa de estudo aos policiais militares que participam de curso de formação no próprio Estado, por imperativo do art. 16, 4º, da lei estadual n /2002. (Apelação Cível , rel. Des. Rowilson Teixeira). Apelação cível. Ação de cobrança. Indenização. Bolsa de estudo. Curso superior de Polícia. Juros de mora. Fazenda Pública. É devida a indenização, calculada em valor fixo, aos alunos que freqüentarem cursos indispensáveis para promoção ou treinamento específico de função militar, independentemente de comprovação de despesas. Inteligência do 4º do art. 16 da Lei estadual n /2002. Os juros de mora nas condenações impostas à Fazenda Pública são fixados em 0,5% ao mês, conforme disposição contida no art. 1º da lei n /97. (Precedentes do STF) - (TJRO - 2ª Câmara Especial - Apelação Cível , rel. Des. Waltenberg Junior). Assim, faz jus o apelante ao recebimento da citada verba. Ante o exposto, dou provimento ao apelo de Campolim de Almeida Neto, para reformar a sentença de fls. 25/27 e julgar procedente a presente ação de cobrança, a fim de condenar o requerido ao pagamento da bolsa de estudo equivalente, na forma prevista no 4º do art. 16, da Lei n /2002, pelo período da duração do curso.

4 4 Os valores deverão ser apurados por meio de simples cálculos e considerando o valor do soldo da época e corrigidos monetariamente a partir da data do término do curso e juros de mora de 0,5% ao mês a partir da citação. Inverto o ônus sucumbencial. É como voto. DESEMBARGADOR ELISEU FERNANDES Acompanho. JUIZ FRANCISCO PRESTELLO DE VASCONCELLOS Pois é Desembargador Eurico, eu estava vendo aqui a referência que Vossa Excelência fez ao art. 16, e, no primeiro caso, em 30% do capital para curso superior de polícia e bombeiro militar, 30% do soldo para 2º tenente para curso de especialização e abstenção, 30% do soldo de cabo para o curso de formação, aí vem o 4º que não entendi o porque de 70% aplicado, quando o respectivo curso for realizado na sede em que o militar estiver servindo, não será? Sé não for realizado no Estado, é isso mesmo? Porque o que eu estava entendendo é que, sendo realizado o curso no Estado, tem uma despesa menor, pois despesa com a alimentação e tal, e, não sendo, teria uma despesa maior, justificando aqui os 70% que é a única hipótese em que ele, efetivamente, faça o curso na sede, na qual estiver servindo. Apenas isso. Mas, acompanho Vossa Excelência. Se está na lei, acompanho integralmente com essa observação.

5 5 PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE RONDÔNIA Tribunal de Justiça 1ª Câmara Especial Data de distribuição : 12/12/2008 Data de julgamento : 20/05/ Apelação Origem : Porto Velho/RO (2ª Vara da Fazenda Pública) Apelante : Campolim de Almeida Neto Defensor Público: Antônio Fontoura Coimbra (OAB/RO 372) Apelado : Estado de Rondônia Procuradora : Terezinha de Jesus Barbosa Lima (OAB/RO 137-B) Relator : Desembargador Eurico Montenegro EMENTA Administrativo. Militar. Curso de formação policial no próprio Estado. Bolsa de estudo devida. Art. 16, 4º, da Lei Estadual n /2002. São devidos os valores referentes a bolsa de estudo aos policiais militares que participam de curso de formação no próprio Estado, por imperativo do art. 16, 4º, da Lei Estadual n /2002. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Desembargadores da 1ª Câmara Especial do Tribunal de Justiça do Estado de Rondônia, na conformidade da ata de julgamentos e das notas taquigráficas, em, POR UNANIMIDADE, DAR PROVIMENTO AO RECURSO NOS TERMOS DO VOTO DO RELATOR. O Desembargador Eliseu Fernandes e o Juiz Francisco Prestello de Vasconcellos acompanharam o voto do Relator. Porto Velho, 20 de maio de DESEMBARGADOR EURICO MONTENEGRO RELATOR