TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

Transcrição

1 Registro: ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº , da Comarca de, em que é apelante AIG SEGUROS BRASIL S/A, é apelada KLM - COMPANHIA REAL HOLANDESA DE AVIAÇÃO. ACORDAM, em 20ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de, proferir a seguinte decisão: "Deram provimento ao recurso. V. U. COM OBSERVAÇÃO.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores ROBERTO MAIA (Presidente) e ÁLVARO TORRES JÚNIOR., 5 de fevereiro de 2018 MARIA SALETE CORRÊA DIAS RELATOR Assinatura Eletrônica

2 Voto nº 566 Apelação nº: Apelante: Aig Seguros Brasil S/A Apelado: KLM - Companhia Real Holandesa de Aviação Comarca: Foro Central Cível 4ª Vara Cível Juiz prolator: Rodrigo Ramos Apelação Ação regressiva Transporte aéreo de pessoas Extravio de bagagem Autora que alega ter indenizado passageiro em decorrência do contrato de seguro firmado com a emissora do cartão de crédito Sentença de improcedência - Direito de regresso da seguradora amparado pelo artigo 796 do Código Civil e Súmula nº 188 do STF Possibilidade de ressarcimento do montante pago pela seguradora ao passageiro, sem prejuízo de dedução de valor anteriormente pago atualizado Sentença reformada Recurso provido com observação. A r. sentença de fls. 253/256, cujo relatório adoto, julgou improcedente a ação regressiva de ressarcimento que é movida por Aig Seguros Brasil S/A em face de KLM - Companhia Real Holandesa de Aviação, condenando a parte autora ao pagamento das custas, despesas processuais e honorários advocatícios fixados em 20% sobre o valor da causa atualizado. Apelação nº VOTO Nº 566 2/7

3 260/264), rejeitados às fls. 265/266. A parte autora opôs Embargos de Declaração (fls. Inconformada, a parte autora interpôs recurso (fls. 269/278), alegando, em síntese, que: 1) a empresa ré firmou contrato de seguro com a empresa Visa do Brasil Empreendimentos LTDA. com cobertura específica às bagagens dos portadores do cartão de crédito Visa para danos materiais em razão de falha no cumprimento de contratos de transportes; 2) a autora pagou R$ 2.137,48, em prol do beneficiário, referentes ao extravio de bagagem; 3) a sentença não se atentou ao direito do beneficiário de ser indenizado e ao direito de regresso da autora; 4) cabe o princípio da ampla reparação, pois a indenização pelo extravio de bagagens não está sob o regime tarifado; 5) nas hipóteses de extravio de bagagens aplica-se o Código de Defesa do Consumidor, afastando qualquer hipótese de limitação de indenização; 6) a ré não garantiu a incolumidade das bagagens que se encontravam sob sua custódia exclusiva, não havendo que se falar em ausência de danos a serem indenizados, tendo em vista que houve transgressão dos deveres contratuais; 7) houve comprovação de despesas suportadas pelo beneficiário em decorrência do extravio de bagagem; e 8) o pagamento da indenização feita pela seguradora é de responsabilidade da segurada de ressarcir. Contrarrazões às fls. 286/294. É o relatório. Trata-se de ação regressiva de danos materiais, em razão do extravio de bagagem ocorrido em voo internacional. Narra a vestibular que a autora formalizou contrato de seguro com a VISA DO BRASIL EMPREENDIMENTO LTDA., pelo qual os Apelação nº VOTO Nº 566 3/7

4 clientes da VISA que adquirissem passagem aérea se tornariam segurados por danos materiais e extravio de bagagens. Conta que o sr. André Fabrício dos Santos Zanbom adquiriu passagem aérea (fls.136/137) pela KLM Royal Dutch Airlines, voo KL 1703, com origem na cidade de Rio de Janeiro/RJ com destino à Madri, no dia 27/03/2015, com escala em e Amsterdã. Resta incontroverso que realmente houve o extravio de bagagem do segurado (fls.138 e 140/141), o pagamento das passagens com o cartão de crédito Visa (fls.132/134 e 137), o contrato de seguro em decorrência da aquisição das passagens aéreas e o pagamento realizado pela autora (fls. 142/143). Inicialmente, afasto a aplicação da tese firmada no Recurso Extraordinário nº , tema 210, julgado pelo C. Supremo Tribunal Federal, porquanto o caso sub judice cuida de ação de regresso. Neste sentido: RESPONSABILIDADE CIVIL Seguro viagem Indenização pelo extravio de mercadoria paga pela seguradora Ação de regresso Prejuízos suportados que reclamam ressarcimento pela companhia aérea Fato constitutivo do direito da autora que restou comprovado nos autos Matéria discutida nestes autos, outrossim, é sobre o regresso do ressarcimento das despesas suportadas pelo segurado da ré, em razão do extravio de sua bagagem, matéria que, a princípio, não está incluída no tema do RE n Precedente - Recurso improvido. (TJSP; Apelação ; Relator (a): Lígia Araújo Bisogni; Órgão Julgador: 14ª Câmara de Direito Privado; Foro Regional II - Santo Amaro - 4ª Vara Cível; Data do Julgamento: 25/10/2017; Data de Registro: 26/10/2017). Reza a Súmula 188 do C. Supremo Tribunal Federal: O Apelação nº VOTO Nº 566 4/7

5 segurador tem ação regressiva contra o causador do dano, pelo que efetivamente pagou, até ao limite previsto no contrato de seguro. Por sua vez, o artigo 786 do Código Civil dispõe que Paga a indenização, o segurador sub-roga-se, nos limites do valor respectivo, nos direitos e ações que competirem ao segurado contra o autor do dano. Destarte, a seguradora-autora sub-rogou-se no direito do passageiro de pleitear o pagamento de indenização em face da causadora do sinistro, ora ré. Além disso, o fato da ré ter indenizado o passageiro, no valor de R$ 240,00, no dia 14/07/2015 (fls.198), não a isenta da responsabilidade de ressarcir a seguradora pelos valores indenizados. Neste sentindo, é o entendimento deste Eg. Tribunal de Justiça e desta Câmara: Apelação. Transporte aéreo. Indenização. Extravio de bagagem. Ação regressiva da seguradora. Sentença de procedência. Insurgência da companhia aérea, que alega já ter indenizado seu passageiro, não cabendo sub-rogação da seguradora naqueles direitos. Sem razão. Ausência de comprovação do alegado no momento processual oportuno. Direito de regresso da seguradora amparado pelo artigo 796 do Código Civil e Súmula nº 188 do STF. Possibilidade de pleito do montante pago pela seguradora ao passageiro. Sentença mantida na íntegra. Apelo não provido. (TJSP; Apelação ; Relator (a): Roberto Maia; Órgão Julgador: 20ª Câmara de Direito Privado; Foro Central Cível - 3ª Vara Cível; Data do Julgamento: 22/05/2017; Data de Registro: 24/05/2017) Apelação. Transporte aéreo. Indenização. Extravio de bagagem. Ação regressiva da seguradora. Sentença de Apelação nº VOTO Nº 566 5/7

6 procedência. Insurgência da companhia aérea, que alega já ter indenizado seu passageiro, não cabendo sub-rogação da seguradora naqueles direitos. Sem razão. Direito de regresso da seguradora amparado pelo artigo 796 do Código Civil e Súmula nº 188 do STF. Possibilidade de pleito da diferença entre o valor pago pela seguradora ao passageiro e o montante lhe pago diretamente pela companhia aérea. Direito de regresso reconhecido. Sentença mantida na íntegra. Apelo não provido. (TJSP; Apelação ; Relator (a): Roberto Maia; Órgão Julgador: 20ª Câmara de Direito Privado; Foro Central Cível - 29ª Vara Cível; Data do Julgamento: 21/08/2017; Data de Registro: 23/08/2017) Destarte, respeitado o entendimento do juízo monocrático, deve a sentença ser reformada para julgar procedente a ação, a fim de condenar a ré a ressarcir a autora em R$ 2.137,48, corrigidos desde a data do desembolso e com incidência de juros de mora de 1% a partir da citação, observando-se que o ressarcimento será feito com dedução do valor anteriormente pago pela parte ré/apelante, devidamente atualizado. Ante o resultado do julgamento, condeno a ré ao pagamento das custas, despesas processuais e honorários advocatícios fixados em 15% do valor atualizado da condenação, já considerados os honorários recursais (art. 85, 11 do Código de Processo Civil). Diante do exposto, pelo meu voto DOU PROVIMENTO ao recurso para o ressarcimento de R$ 2.137,48 ao autor, nos termos da fundamentação supra e com a observação de dedução do valor anteriormente pago pela parte ré devidamente atualizado, caso não tenha sido efetuada. MARIA SALETE CORRÊA DIAS RELATORA Apelação nº VOTO Nº 566 6/7

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