APELREEX SE ( ). RELATÓRIO

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1 APELREEX SE ( ). APELANTE : UNIÃO. APELADO : MARISA DA PURIFICACAO SANTOS ALCANTARA E OUTRO. ADV/PROC : LANA IARA GOIS DE SOUZA RAMOS E OUTROS. REMTE : JUÍZO DA 1ª VARA FEDERAL DE SERGIPE (ARACAJU). ORIGEM : JUíZO DA 1ª VARA FEDERAL DE SERGIPE. RELATOR : DESEMBARGADOR FEDERAL MANOEL DE OLIVEIRA ERHARDT. RELATÓRIO 1. Trata-se de apelação cível interposta pela União, em face da sentença proferida pelo douto Juízo da 1ª Vara Federal de Sergipe que, afastando a prescrição, julgou parcialmente procedente o pedido, para determinar o pagamento das diferenças decorrentes da retificação do tempo de serviço ordenada nos mandados de segurança ( e ), correspondentes aos cinco anos anteriores ao ajuizamento do mandamus, incluindo todas as vantagens que tiveram por base o provento básico (GAE, PCSS E URP), e o 13º no período aludido. Devem ser descontados os valores já pagos administrativamente 2. Nas razões recursais requer a União a modificação do decisum, para que seja decretada a prescrição, em razão do disposto no Decreto 20910/32 e no Decreto 4597/ Contrarrazões apresentadas às fls. 184/ É o relatório. 5. Dispensada revisão. Peço dia para julgamento. 1

2 APELREEX SE ( ). APELANTE : UNIÃO. APELADO : MARISA DA PURIFICACAO SANTOS ALCANTARA E OUTRO. ADV/PROC : LANA IARA GOIS DE SOUZA RAMOS E OUTROS. REMTE : JUÍZO DA 1ª VARA FEDERAL DE SERGIPE (ARACAJU). ORIGEM : JUíZO DA 1ª VARA FEDERAL DE SERGIPE. RELATOR : DESEMBARGADOR FEDERAL MANOEL DE OLIVEIRA ERHARDT. VOTO 1. MARISA DA PURIFICAçãO SANTOS e JOSé SANTOS VILELA CORONADO ajuizaram a presente ação de cobrança contra a União, objetivando o pagamento da diferença salarial gerada nos proventos de suas aposentadorias, desde a data da concessão, em razão de retificação de tempo de serviço por meio de decisão judicial transitada em julgado. 2. O Magistrado sentenciante afastou a prescrição e julgou parcialmente procedente o pedido, para determinar o pagamento das diferenças decorrentes da retificação do tempo de serviço ordenada nos mandados de segurança ( e ), correspondentes aos cinco anos anteriores ao ajuizamento do mandamus, incluindo todas as vantagens que tiveram por base o provento básico (GAE, PCSS E URP), e o 13º no período aludido. 3. Pela análise dos autos verifica-se que a questão meritória relativa à retificação do tempo de serviço computado para fins de aposentadoria dos autores, com o conseqüente recálculo dos seus proventos, já foi devidamente examinada em sede de mandado de segurança, havendo a concessão parcial da ordem, para determinar que a Impetrada procedesse à conversão e averbação do tempo de serviço prestado em condições insalubres em tempo comum. 2

3 4. Referidas decisões foram confirmadas por esta Corte Regional, tendo transitado em julgado em 28/04/2008 e 09/10/2006 (fls. 59 e 126) 5. Assim, o que se discute no presente feito é o direito às diferenças devidas e não pagas abrangidas pelo período anterior ao ajuizamento do mandado de segurança. 6. Inicialmente cumpre analisar a prescrição, o que se faz à luz do Decreto /32, que dispõe o seguinte: Art. 1o. - As dívidas passivas da União, dos Estados e dos Municípios, bem assim todo e qualquer direito ou ação contra a Fazenda Federal, Estadual ou Municipal, seja qual for a natureza, prescrevem em 5 (cinco) anos, contados da data do ato ou fato do qual se originarem. 7. Por sua vez, em se tratando de interrupção da prescrição contra a Fazenda Pública, o art. 3 o. do Decreto-Lei 4.597/42, que alterou o art. 9 o. do Decreto /32, estabelece que interrompida a prescrição o prazo prescricional volta a correr pela metade, nestes termos: Art. 3 o. A prescrição das dívidas, direitos e ações a que se refere o Decreto no , de 6 e janeiro de 1.932, somente pode ser interrompido uma vez, e recomeça a correr, pela metade do prazo, da data do ato que a interrompeu, ou do último processo para a interromper; consumar-se-á a prescrição no curso da lide sempre que a partir do último ato ou termo da mesma, inclusive da sentença nela proferida, embora passada em julgado, decorrer o prazo de dois anos e meio. 8. Nesta senda, o col. STJ firmou o entendimento no sentido de que a impetração do mandado de segurança interrompe a fluência do prazo prescricional, de maneira que somente após o trânsito em julgado da decisão nele proferida é que voltará a fluir a prescrição da ação ordinária para a cobrança das parcelas referentes ao 3

4 quinquênio que antecedeu a propositura da ação mandamus (STJ, AGA, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, DJe 23/03/2009). 9. Dessa forma, o prazo prescricional para interposição da ação de cobrança de parcelas pretéritas deve ser reiniciado, pela metade, a partir do último ato na ação mandamental, qual seja, o trânsito em julgado dos acórdãos. 10. Cabe analisar a situação de cada um dos demandantes. 11. Quanto à litisconsorte MARISA DA PURIFICAçãO SANTOS ALCâNTARA, verifica-se que impetrou MS em 10/11/2004 (fls. 36), mas apenas transitou em julgado em 28/04/2008 (fls. 59). Tendo ajuizado a presente ação de cobrança em 18/12/2009, ainda não havia transcorrido o prazo prescricional, in totum, que somente acabaria em 28/10/2010. Portanto, deverá ser afastada a prescrição, fazendo jus às diferenças correspondentes aos 5 anos anteriores à impetração do writ No que tange a JOSé SANTOS VILELA CORONADO, o MS foi impetrado em 18/11/2004, com trânsito em julgado em 09/10/2006 (fls. 126). Tendo ajuizado o presente feito em 18/12/2009, já havia transcorrido todo o prazo prescricional, que se findaria em 09/04/2009. Nesta senda, tem-se que reconhecer que se operou a prescrição, pois esta, tendo sido interrompida pelo trânsito em julgado da decisão judicial acima citada, recomeçou a correr pela metade do prazo, ou seja, dois anos e meio. Dessa forma, modifico a sentença neste ponto. 13. Assim, MARISA DA PURIFICAçãO SANTOS ALCâNTARA tem direito às diferenças no período de 10/11/1999 a 12/2008, descontados os valores pagos administrativamente a serem apurados em liquidação de sentença. 14. No que concerne ao mérito propriamente dito, em função do reconhecimento, em ação mandamental, do tempo de serviço prestado em condições especiais, resta evidente o direito da 4

5 autora à percepção das diferenças decorrentes da majoração que sofreu os seus proventos, compreendidas no período anteriores a impetração do Mandado de segurança. 15. Neste sentido, decisão deste Tribunal, desta Primeira Turma: 16. ADMINISTRATIVO. AÇÃO ORDINÁRIA DE COBRANÇA DE VALORES ATRASADOS. SERVIDOR. APOSENTADORIA. RETIFICAÇÃO DO TEMPO DE SERVIÇO. DIREITO RECONHECIDO EM SEDE DE MANDADO DE SEGURANÇA. DECISÃO TRANSITADA EM JULGADO. DIREITO ÀS PARCELAS ATRASADAS. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. 1. Cuida-se de apelação e remessa obrigatória de sentença que rejeitou a prejudicial de prescrição e julgou parcialmente procedente o pedido "apenas para condenar a União a pagar à parte autora as diferenças, decorrentes da retificação do tempo de serviço ordenada no mandado de segurança n , correspondentes aos cinco anos anteriores ao ajuizamento do mandamus, incidindo correção monetária desde o respectivo vencimento e juros de mora, estes à razão de 0,5% (meio por cento) ao mês, computados a partir da citação válida neste feito". 2. A questão meritória, relativa à retificação do tempo de serviço computado para fins de aposentadoria da autora, com o consequente recálculo dos seus proventos, já fora devidamente examinada a decidida em sede de mandado de segurança. Em tal processo, houve a concessão parcial da ordem em primeira instância, e tal decisão restou confirmada por este e. Tribunal, tendo transitado em julgado em O que se discute nos presentes autos é o direito às diferenças devidas e não pagas abrangidas pelo período anterior ao ajuizamento do mandado de segurança em foco. 3. No tocante à prescrição, a jurisprudência do e. STJ firmou-se no sentido de que "a impetração do mandado de segurança interrompe a fluência do prazo prescricional, de modo que somente após o trânsito em julgado da decisão nele proferida é que voltará a fluir a prescrição da ação ordinária para a cobrança das parcelas referentes ao qüinqüênio que antecedeu a propositura do writ. Precedentes." (STJ, AGA , Relatora: Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, DJE 23/03/2009). 4. No 5

6 caso em comento, o mandamus foi impetrado em novembro de 2004, quando houve a interrupção do prazo prescricional, mas somente transitou em julgado em , quando voltou a fluir o lapso temporal da prescrição, pela metade (2 anos e meio), para o ajuizamento da ação ordinária de cobrança das parcelas anteriores à impetração do writ. Considerando que a presente ação foi proposta em 18 de dezembro de 2009, ainda não havia transcorrido, in totum, o lapso prescricional, que somente findara em 26 de dezembro de Desta feita, não há que se falar em prescrição. 5. Há que se confirmar a sentença proferida na presente ação ordinária e que julgou procedente o pedido exposto na peça vestibular, uma vez que o pagamento das parcelas atrasadas, compreendidas nos cinco anos anteriores à impetração do mandado de segurança, constitui simples consectário do reconhecimento do direito vindicado naquela ação de rito especial. 6. Os valores devidos serão apurados em sede de liquidação de sentença, no Processo de Execução, mas deve-se ressaltar que são devidas as parcelas abrangidas pelo quinquênio que antecedeu a impetração do mandamus até a efetiva retificação administrativa, ressalvando-se que, conforme prova colacionada aos autos, já teriam sido quitadas as diferenças compreendidas entre a Apelação improvida. (AC , Rel. Des. Federal JOSé MARIA LUCENA, TRF5 - Primeira Turma, DJE - Data::12/05/ Página::176.) 16. As quantias atrasadas devem ser monetariamente corrigidas nos termos do Manual de Cálculos da Justiça Federal e os juros de mora devem ser de 0,5% (meio por cento) ao mês, a partir da citação, até o mês de junho de 2009, devendo, a partir do mês seguinte, incidir na forma prevista no art. 1º-F, da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei / Diante do exposto, dou parcial provimento à remessa oficial e à apelação, tão-somente para decretar a prescrição em relação ao litisconsorte JOSé SANTOS VILELA CORONADO, mantendo a sentença nos demais termos pelos seus próprios fundamentos. 18. É como voto. 6

7 APELREEX SE ( ). APELANTE : UNIÃO. APELADO : MARISA DA PURIFICACAO SANTOS ALCANTARA E OUTRO. ADV/PROC : LANA IARA GOIS DE SOUZA RAMOS E OUTROS. REMTE : JUÍZO DA 1ª VARA FEDERAL DE SERGIPE (ARACAJU). ORIGEM : JUíZO DA 1ª VARA FEDERAL DE SERGIPE. RELATOR : DESEMBARGADOR FEDERAL MANOEL DE OLIVEIRA ERHARDT. ACÓRDÃO ADMINISTRATIVO. PRESCRIÇÃO. INOCORRÊNCIA. AÇÃO AJUIZADA DENTRO DO PRAZO PRESCRICIONAL. COBRANÇA DE VALORES ATRASADOS. SERVIDOR. APOSENTADORIA. RETIFICAÇÃO DO TEMPO DE SERVIÇO. DIREITO RECONHECIDO POR MEIO DE MANDADO DE SEGURANÇA TRANSITADO EM JULGADO. PAGAMENTO DAS PARCELAS PRETÉRITAS. 1. Objetiva a presente ação o pagamento das diferenças decorrentes da retificação do tempo de serviço ordenada nos mandados de segurança interpostos, correspondentes aos cinco anos anteriores ao ajuizamento do mandamus. 2. O mandado de segurança não se confunde com ação de cobrança, pois possibilita o recebimento das parcelas apenas a contar da sua impetração, devendo as anteriores ser postuladas na via ordinária (Súmulas 269/STF e 271/STF). 3. A questão meritória relativa à retificação do tempo de serviço computado para fins de aposentadoria dos autores, com o conseqüente recálculo dos seus proventos, já foi devidamente examinada em sede de mandado de segurança, havendo a concessão parcial da ordem, para determinar que a Impetrada procedesse à conversão e averbação do tempo de serviço prestado em condições insalubres em tempo comum. 4. O prazo prescricional para interposição da ação de cobrança de parcelas pretéritas deve ser reiniciado, pela metade, a partir do último ato na ação mandamental, qual seja, o trânsito em julgado dos acórdãos. 7

8 5. Afastada a prescrição da primeira litisconsorte, uma vez que impetrou MS em 10/11/2004 (fls. 36), mas apenas transitou em julgado em 28/04/2008 (fls. 59). Ação de cobrança ajuizada em 18/12/2009, dentro do prazo prescricional, que somente findaria em 28/10/2010. Faz jus às diferenças correspondentes aos 5 anos anteriores à impetração do writ. 6. Reconhecimento da prescrição quanto ao segundo litisconsorte, uma vez que o MS foi impetrado em 18/11/2004, com trânsito em julgado em 09/10/2006 (fls. 126). Ajuizamento do presente feito em 18/12/2009, quando já havia transcorrido todo o prazo prescricional, que se findaria em 09/04/2009, pois este, tendo sido interrompido pelo trânsito em julgado da decisão judicial, recomeçou a correr pela metade do prazo, ou seja, dois anos e meio. 7. As quantias atrasadas devem ser monetariamente corrigidas nos termos do Manual de Cálculos da Justiça Federal e juros de mora de 0,5% ao mês, a partir da citação, até o mês de junho de 2009, devendo, a partir do mês seguinte, incidir na forma prevista no art. 1º-F, da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei / Remessa oficial e apelação parcialmente providas, tão-somente para decretar a prescrição ao litisconsorte JOSé SANTOS VILELA CORONADO. Vistos, relatados e discutidos estes autos de APELREEX SE, em que são partes as acima mencionadas, ACORDAM os Desembargadores Federais da Primeira Turma do TRF da 5a. Região, por unanimidade, em dar parcial provimento à apelação e à remessa oficial, nos termos do relatório, voto e notas taquigráficas constantes dos autos, que ficam fazendo parte do presente julgado. Recife, 19 de abril de Manoel de Oliveira Erhardt RELATOR 8

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