TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

Transcrição

1 Registro: ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos do Apelação nº , da Comarca de, em que é apelante FAZENDA DO ESTADO, é apelado FERNANDO FLÁVIO DE ARRUDA SIMÕES. ACORDAM, em 36ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores PEDRO BACCARAT (Presidente sem voto), JAYME QUEIROZ LOPES E ARANTES THEODORO., 29 de agosto de 2013 ALEXANDRE BUCCI RELATOR Assinatura Eletrônica

2 VOTO Nº 472 Apelação no Comarca: (9ª. Vara da Fazenda Pública) Apelante: Fazenda do Estado Apelado: Fernando Flávio de Arruda Simões AÇÃO CONDENATÓRIA. HONORÁRIOS DE PERITO JUDICIAL. COMPETÊNCIA RECURSAL AFETA À SUBSEÇÃO DE DIREITO PRIVADO III do E. TJSP. PRECEDENTES. EFETIVA RESPONSABILIDADE DO ESTADO PELA REMUNERAÇÃO DOS SERVIÇOS PRESTADOS POR PERITO NOMEADO PELO JUIZ, EM CASO DA PARTE VENCIDA SER BENEFICIÁRIA DA JUSTIÇA GRATUITA. R. SENTENÇA QUE ATRIBUI ADEQUADA SOLUÇÃO AO CASO E MERECE PRESTÍGIO. RECURSO DA FAZENDA NÃO PROVIDO. Trata-se de recurso de Apelação tempestivamente interposto pela Fazenda do Estado de, representada por sua Procuradora, de modo a guerrear a r. sentença de fls. 76/78 dos autos, proferida em sede de Ação Condenatória manejada por Fernando Flávio de Arruda Simões, experto judicial que cobra honorários, ora apelado. Apelação nº VOTO Nº 472 PÁGINA 2/6

3 Em primeiro grau, vale anotar que a ilustre magistrada sentenciante condenou a requerida a pagar em favor do autor os valores postulados, conforme Certidões anexadas aos autos, com observação de que os valores devidos deveriam ser acrescidos de correção monetária desde a data do arbitramento e juros de mora de 0,5% ao mês, com contagem a partir da citação. Os ônus de sucumbência foram igualmente carreados à Fazenda, responsabilizada pelo pagamento de custas, despesas processuais e por honorários advocatícios arbitrados em patamar de 10% do valor atribuído à causa, atualizado desde o ajuizamento. Entretanto, inconformada, a Fazenda manejou tempestivo recurso de Apelação (fls. 83/88) mencionando que a condenação imposta na origem teria sido equivocada, considerando que a Fazenda não teria figurado como parte nos Processos cujas certidões teriam sido exibidas pelo autor. Demais disso, não havendo oportunidade de manifestação quanto aos valores arbitrados e facultando-se ao apelado que tivesse declinado das nomeações, por força do princípio da legalidade, tratando-se de casos de beneficiários da Justiça Gratuita os protestos recursais eram pelo acolhimento do apelo e consequente inversão do resultado de primeiro grau. Apelação nº VOTO Nº 472 PÁGINA 3/6

4 O recurso em questão foi recepcionado e processado na origem (fls. 89) registrando-se a apresentação de contrarrazões por parte do apelado (fls. 92/95). No essencial, é o relatório. Tratando-se de cobrança de honorários profissionais, no caso concreto, honorários de experto nomeado pelo juízo, competente a Subseção de Direito Privado III para conhecimento do recurso, observando-se que o precedente invocado mais adiante, no decorrer da fundamentação aqui sustentada, corrobora tal afirmação. Feito tal registro prévio, no mérito propriamente dito, penso que o recurso em questão não comporta provimento. De conformidade com os documentos juntados com a petição inicial, houve concessão da assistência judiciária gratuita aos autores e posteriores nomeações do ora apelado, para elaboração de laudos periciais diversos, diante de nomeações realizadas em primeiro grau. Apelação nº VOTO Nº 472 PÁGINA 4/6

5 Fato é que houve efetiva prestação dos serviços periciais, conforme documentação amealhada nos autos, o que, aliás, não foi negado pela apelante. Com a devida vênia aos eventuais pensamentos em sentido contrário parece evidente que não merece vingar o argumento no sentido de que a Fazenda não teria responsabilidade pelos honorários decorrentes de atuação de perito em feitos nos quais não teria ela apelante figurado como parte. Cumpre assinalar que por se tratar a parte que postulou a prova de beneficiária da Justiça Gratuita, em última análise incumbe ao Estado o pagamento dos honorários de profissional nomeado pelo Juiz, ainda que de forma diversa do previsto na Resolução PGE nº 32/2004, afigurando-se irrelevante que tivesse figurado a Fazenda do Estado como parte nos respectivos Processos. Nesse sentido: HONORÁRIOS DE PROFISSIONAL LIBERAL. Embargos à Execução. Parte beneficiária da assistência judiciária gratuita. Perícia. Engenheiro. Serviços Prestados. Comprovação. Contraprestação devida pelo Estado. Se o exequente foi nomeado e prestou serviços periciais em favor daqueles alcançados pela Lei no /80, o Estado deve suportar o pagamento dos honorários respectivos. (AC Rel. Des. Orlando Pistoresi. j. em 09/11/2011.). Apelação nº VOTO Nº 472 PÁGINA 5/6

6 E inexistente abuso nos valores reclamados, igualmente infundada se mostrava a tese de que não houvera oportunidade de manifestação quanto aos valores arbitrados, revelando-se justo que o profissional que colaborou com o juízo de primeiro grau venha a ser remunerado por sua atuação profissional. Dessa forma, merece ser mantida a r. sentença, tal como lançada, prevalecendo a adequada solução atribuída ao litígio na origem. Do exposto, o voto é aqui fundamentado no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao recurso de Apelação interposto pela Fazenda. ALEXANDRE BUCCI Relator (Assinatura eletrônica) Apelação nº VOTO Nº 472 PÁGINA 6/6