PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

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1 TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO ACÓRDÃO THIHI 1NAL DE JUSTIÇA DE SÂO PAULO A C S S Ã & S À O MONOÇRÀT.CA REGISTRADOS) SOB N" Vistos, relatados e discutidos estes autos de Habeas Corpus n* 9S , da Comarca de São Paulo, em que ê paciente DANIEL ARCANJO MORAES FERNANDES e Impetrante DANIBLA SKROMOV DB ALBUQUERQUE. ACORDAM, em 16* Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão; "POR MAIORIA DE VOTOS, CONCEDERAM A ORDEM PARA QUE O PACIENTE AGUARDE O TRÂNSITO EM JULGADO EM LIBERDADE, COM EXPEDIÇÃO DB ALVARÁ DE SOLTURA. VENCIDO O RELATOR SORTEADO, QUE DECLARA. ACÓRDÃO COM O SEGUNDO JUIZ, DES. SOUZA NUCCI-", de conformidade com o voto do(a> Relator(a), que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Desembargadores ALMEIDA TOLEDO (Presidente sen voto), SOUZA NUCCI, vencedor, PEDRO MENIN, vencido e BORGES PEREIRA. São Paulo, 30 de novembro de SOUZA NUCCI RELATOR DESIGNADO

2 TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO 16 a Câmara de Direito Criminal Habeas Corpus n Comarca: São Paulo Impetrante: Daniela Skoromov de Albuquerque Paciente: Daniel Arcanjo Moraes Fernandes VOTO N. 512 Habeas Corpus - Furto tentado - Liberdade provisória - Ausência de pedido formulado ao juízo a quo - Desnecessidade - Supressão de instância - Inexistência - Manutenção da prisão que serve como ato coator - Paciente primário e possuidor de bons antecedentes - Ausência dos requisitos do art. 312 do CPP - Concessão da ordem Em que pese o respeito e a admiração que tenho pelo Desembargador Relator sorteado Dr. Pedro Menin, divirjo de seu entendimento. Adoto a descrição fática elaborada pelo ilustre relator sorteado. Habeas Corpus a" São Paulo ^ \

3 TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAUtO 16 a Câmara de Direito Criminal Segundo consta, o paciente foi preso em flagrante pela prática de furto tentado, tendo sua prisão cautelar mantida pela digna juíza de direito do DIPO. Apresentado seu voto, o eminente Desembargador Relator sorteado entendeu pela denegação da ordem sob o argumento de que a ausência de formulação de pedido de liberdade provisória junto ao juízo do DIPO impossibilita a concessão da ordem por este E. Tribunal de Justiça, posto haver supressão de instância, vez inexistir ato coator. medida. Pois vejamos. A concessão da ordem é, porém, a melhor Estabelece o Código de Processo Penai, em seu artigo 306, 1 o, que, dentro de 24 horas, a contar a prisão, será encaminhado ao juiz competente o auto de prisão em flagrante. Não se há de cogitar ter mencionado dispositivo legal a mera intenção de dar ao juiz ciência da prisão efetuada. Tal procedimento decorre do texto constitucional, que determina a inafastabilidade do Poder Judiciário (art. 5 o, XXXV) como competente para verificar, manter ou relaxar a prisão (art. 5 o, LXV).

4 TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO 16 8 Câmara de Direito Criminal Entendo, portanto, que, nada obstante a ausência de pedido de liberdade provisória junto ao juízo do DIPO, a decisão que determinou a manutenção da custódia cautelar é suficiente para que se possa imputar à autoridade judiciária o ato coator, pois a esta cabe fiscalizar a correta aplicação da lei ao caso concreto. Tanto assim o é que o Conselho Nacional de Justiça, por meio da Resolução n 87, estabeleceu como dever dos magistrados, ao receber o auto de prisão em flagrante, fundamentar a manutenção da prisão, quando presentes os pressupostos da preventiva. Desta feita, uma vez mantida a prisão cautelar, ainda que o magistrado não faça referência direta a tal ou qual requisito da preventiva, necessário concluir-se ter o magistrado entendido por presentes os requisitos constantes do art. 312 do CPP. Por outro lado, se o juiz mantivesse a prisão cautelar, sem motivação, maior constrangimento ilegal ficaria evidenciado, necessitando, pois, da apreciação pelo Tribunal. No caso em apreço, cuida-se de tentativa de furto. O digno juiz a quo fundamentou a manutenção da custódia cautelar somente na inexistência de demonstração de vínculo do paciente com o distrito da culpa. O paciente é primário, possui bons ante<rêdentes, HabMS Corpus n S^erouto 3

5 TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO 16* Câmara de Direito Criminal não há indícios que demonstrem evasão do distrito da culpa ou perturbação da instrução processual, razão pela qual não vislumbro qualquer requisito autorizador da prisão preventiva. Ante o exposto, pelo meu voto, concedo a ordem impetrada para que o paciente aguarde o trânsito em julgado em liberdade. Expeça-se o alvará de soltura. Wa&eas Corpus n» São Paulo 4

6 TRIBUNAL DE JUSTIÇA 16 a Câmara de Direito Criminal Habeas Corpus n Paciente: DANIEL ARCANJO MORAES FERNANDES Impetrante: Daniela Skoromov de Albuquerque Impetrado; Juízo de Direito do Departamento de Inquéritos Policiais da Capital - D1PO Voto n Ementa: Habeas Corpus - Flagrante - Tentativa de furto qualificado - Decisão proferida pelo DIPO no dia imediato do flagrante, mantendo a prisão do detido - Inexistência de pedido de relaxamento do flagrante ou de pedido de liberdade provisória junto ao Juízo do DIPO ou da causa - Instrução do processo já encerrada - Impossibilidade de se conceder pela presente via a liberdade provisória, face a inexistência de ato coator ou mesmo para se evitar supressão de Instância - Ordem denegada. Trata-se de Habeas Corpus impetrado pela eminente Defensora Pública Daniela Skoromov de Albuquerque, em nome de DANIEL ARCANJO MORAES FERNANDES, alegando, em síntese, que o paciente está sofrendo constrangimento ilegal por parte do respeitável Juízo de Direito do Departamento de Inquéritos Policiais da Capital - DIPO 3.1.2, que manteve a prisão em flagrante ocorrida na data de 20/06/2010, pela suposta prática de tentativa de furto qualificado. Sustenta a Impetrante que a referida decisão carece de fundamentação, que o crime não foi praticado com violência ou grave ameaça, que não estão presentes as circunstâncias autorizadoras da prisão cautelar e que milita em favor do paciente suas condições pessoais favoráveis e o princípio da presunção da inocência, - motivos pelos quais se socorre deste Egrégio Tribunal de Justiça, objetivando a concessão do benefício e a antecipada expedição de alvará de soltura (fls. 02/06}. A inicial veio instruída com cópias extraídas do processo

7 TRIBUNAL DE JUSTIÇA 16 a Câmara de Direito Criminal originário e do extrato tirado do site do Tribunal a respeito do seu andamento (fls.07/35 e 36/37). Indeferida a liminar (fis.39), vieram as informações solicitadas dando conta que os autos foram distribuídos â 12 a Vara Criminal da Capital (fls.42), tendo o respeitável Juízo mencionado também prestado informações, que vieram acompanhadas de novas cópias do processado (fls.46/51), além do respeitável parecer da douta Procuradoria Geral de Justiça, no sentido de se denegara presente ordem impetrada (fls.53/556). Por determinação desta Relatoria, (fls.56), em 14/10/2010, certificou-se a respeito do então estado atual do processo (fls.57). É o relatório do essencial. Em que pese o crime em questão ter sido cometido sem ameaça ou violência, observo pelos autos aqui formados que não houve pedido de relaxamento do flagrante ou de liberdade provisória junto aos respeitáveis Juízos do DIPO e da causa, existindo apenas a decisão proferida pelo primeiro Juízo, no dia seguinte ao do flagrante, mantendo de maneira fundamentada a prisão então lavrada (fls.34). Posterior a isto, distribuído os autos ao respeitável Juízo da causa, o mesmo de maneira também fundamentada, recebeu a denúncia oferecida e determinou o prosseguimento dos autos, designando desde já audiência de instrução e julgamento (fls.49/50), a qual foi parcialmente realizada, encerrando-se assim a instrução processual e ficando-se apenas no aguardo da vinda do laudo pericial para, passar-se às alegações finais e prolaçáo da respeitável sentença (fls.57). Diante desse quadro, percebe-se, que não houve pedido de relaxamento do flagrante ou de liberdade provisória junto ao respeitável Juizo da causa, o que impede o pronunciamento desta Corte a respeito face inexistência de suposto ato coator a ser corrigido, evitando-se com isso, a supressão de Instância, não havendo, portanto, se falar em constrangimento ilegal por algum ato praticado pelo respeitável Juizo da causa, nem mesmo pelo Juízo do DIPO que, de maneira fundamentada, manteve o flagrante e a prisão do detido ora paciente.

8 TRIBUNAL DE JUSTIÇA 16 B Câmara de Direito Criminal Nesse sentido, em venerando acórdão relatado por esta Desembargadoria, já se decidiu: "Habeas Corpus - Flagrante - Roubo qualificado - /mpeíraçâo argüindo indevido indeferimento da liberdade provisória e nulidade do recebimento da denúncia anterior a defesa prévia - 1. Não demonstração do referido indeferimento Impossibilidade de apreciar pedido de liberdade provisória em Segundo Grau, face inexistência de apreciação pelo Juízo de origem, o que constituiria supressão de Instância 4. Ordem denegada' (Habeas Corpus n ). impetrada. Ante o exposto, denego a presente ordem