PARECER. Recurso contra decisão denegatória ao pedido de acesso à informação.

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1 Controladoria-Geral da União Ouvidoria-Geral da União Referência: / Assunto: Restrição de acesso: Ementa: Órgão ou entidade recorrido (a): Recorrente: D. F. M. PARECER Recurso contra decisão denegatória ao pedido de acesso à informação. Não há restrição de acesso. Cidadão solicita informações relacionadas ao funcionamento e fiscalização do programa CADASTUR. Recorrente alega que o órgão ofereceu informação incompleta. Órgão recorrido entende que se trata de informação já disponibilizada ao cidadão. CGU entende que se trata de informação inexistente. Não conhecimento. Recomenda-se à instituição pública: Indicar a autoridade que tomou a decisão em instância recursal; Garantir que a autoridade responsável por julgar o recurso em primeira instância seja diferente e hierarquicamente superior àquela que adotou a decisão inicial. Ministério do Turismo MTur Senhor Ouvidor-Geral da União, 1. O presente parecer trata de solicitação de acesso à informação, com base na Lei nº /2011, conforme resumo descritivo abaixo apresentado: RELATÓRIO Data Teor Pedido 17/03/2015 O cidadão apresentou a seguinte solicitação: Conforme informações da prefeitura de campinas e secretaria estadual do turismo de sap paulo, quanto ao cadastur, a prefeitura alega nao ter competência para fiscalização, e o governo do estado, alega que a lei do cadastur nao foi regulamentada. Existe um acorde de cooperação entre o ministério do turismo e as secretaria do turismo/sp, mas que nao tem sido cumprido quanto a fiscalização dos estabelecimentos de hospedagem em campinas-sp. Diante do exposto, requer sejam informadas quais providencias tem sido tomadas pelo ministério para garantir o cadastur nos estabelecimentos de 1

2 Resposta Inicial 06/04/2015 hospedagem de campinas; Requer informação de quantas fiscalizações e campanhas de orientação foram feitas em campinas, para fiscalizar o registro de cadastur; Requer informação se existe convenio e cooperação entre ministério e a prefeitura de campinas, para fiscalização do cadastur. Requer informação e relatório da fiscalização do cadastur no Estado de Sao PAulo, quantas ações de orientações e fiscalização foram feitas nos hotéis; Requer informação de quais penalidades sao impostas aos estabelecimentos que descumprem a legislação do cadastur O MTur apresentou a seguinte resposta: Gostaríamos de agradecer o seu envolvimento com o turismo nacional. Inicialmente, cumpre esclarecer que o Ministério do Turismo delega as funções de cadastramento, classificação, controle e fiscalização dos prestadores de serviços turísticos aos órgãos de turismo estaduais, no caso em tela à Secretaria de Turismo do Estado de São Paulo, por meio de acordo de cooperação técnica. Cabe ao Ministério providenciar os meios para o cumprimento ao estabelecido pelo art. 44, da Lei nº /2008. Em atendimento às determinações legais, o Ministério publicou a Portaria nº 311, de 3 de dezembro de 2013, que institui a forma e os procedimentos de fiscalização, aplicáveis aos prestadores de serviços turísticos, pelo próprio Ministério e por seus órgãos delegados. Ocorre que a fiscalização dos prestadores de serviços turísticos, para ser legítima, deve ser conduzida por agente fiscal, devidamente capacitado e designado, nos termos do que dispõe o art. 3º da portaria em apreço, a saber: Art. 3º A fiscalização de que trata esta Portaria somente poderá ser realizada por servidores vinculados ao Ministério do Turismo ou aos órgãos delegados, devidamente habilitados em curso de formação e oficialmente designados como agentes fiscais de turismo, sem prejuízo de suas demais atividades. 1º O agente fiscal de turismo receberá treinamento e material fornecidos pelo Ministério do Turismo, e será reconhecido mediante cédula de identificação fiscal. 2º O agente fiscal do turismo responderá pelos atos que praticar investido da ação fiscalizadora, sem prejuízo da responsabilidade do Ministério do Turismo e dos órgãos delegados. (o grifo nosso) Da mesma forma, ressalta-se que as atividades de fiscalização dependem de todo um conjunto de ações e meios. Além de pessoal capacitado e oficialmente designado, essas atividades dependem de estrutura 2

3 Recurso à Autoridade Superior Resposta do Recurso à Autoridade Superior 07/04/ /04/2015 física mínima, de organização e do estabelecimento de regras e procedimentos necessários ao correto e eficaz desempenho das atribuições imputadas ao fiscal pela legislação em vigor. O Ministério do Turismo tem dedicado esforços para cumprir as normas vigentes, buscando superar entraves e obstáculos, especialmente nos âmbitos legal e administrativo, à efetiva fiscalização dos prestadores de serviços turísticos. Nesse contexto, o Ministério avalia parcerias com outras instituições públicas que já realizem atividades de fiscalização para acelerar a implantação dessas ações em seu próprio âmbito. O MTur e seus órgãos delegados têm investido na realização de trabalho educativo junto aos prestadores de serviços turísticos, buscando não apenas sensibilizálos e alertá-los quanto à necessidade e às vantagens de cumprimento das normas vigentes, mas, também, prepará-los para a efetiva fiscalização de seus empreendimentos e negócios. [destaque nosso] O cidadão apresentou recurso nos seguintes termos: Diferente do que alega o ministério, o governo paulista afirmou que nao tem feito qualquer fiscalização pois a lei se quer foi regulamentada, conforme mensagem oficial recebida em anexo Considerando que os questionamentos sobre a cidade de campinas nao foram respondidos, encaminha-se a autoridade hierarquicamente superior: Diante do exposto, requer sejam informadas quais providencias tem sido tomadas pelo ministério para garantir o cadastur nos estabelecimentos de hospedagem de campinas; Requer informação de quantas fiscalizações e campanhas de orientação foram feitas em campinas, para fiscalizar o registro de cadastur; Requer informação se existe convenio e cooperação entre ministério e a prefeitura de campinas, para fiscalização do cadastur. Requer informação e relatório da fiscalização do cadastur no Estado de Sao PAulo, quantas ações de orientações e fiscalização foram feitas nos hotéis; Requer informação de quais penalidades sao impostas aos estabelecimentos que descumprem a legislação do cadastur. O órgão apresentou a seguinte resposta: Agradecemos mais uma vez suas considerações e reiteramos as informações prestadas por este Ministério em resposta aos seus questionamentos, por meio do Protocolo_ Esclarecemos, também, que a fiscalização já foi 3

4 Recurso à Autoridade Máxima 14/04/2015 regulamentada, mediante Portaria nº 311, de 03/12/2013. Porém, como já relatado, para sua completa implementação, faz-se necessário um conjunto de ações e meios, tais como: capacitação e designação de agentes fiscais, desenvolvimento manuais de procedimentos, dentre outros, motivo pelos quais ainda não houve fiscalização na cidade de Campinas.. Ainda assim, o MTur e seus órgãos delegados têm investido em um trabalho educativo junto aos prestadores de serviços turísticos, a fim de sensibilizálos quanto às exigências legais. Em relação à delegação das competências de cadastro, classificação, controle e fiscalização dos prestadores, reafirmamos que o acordo de cooperação é realizado em âmbito estadual, não havendo essa transferência de competências aos municípios. No que diz respeito às penalidades impostas aos prestadores de serviços turísticos, esclarecemos que estão contidas na seção III da já citada Portaria. Por fim, comunicamos que estão regularmente registrados no Sistema CADASTUR 271 prestadores de serviços turísticos da cidade de Campinas. O cidadão apresentou recurso com os seguintes argumentos: Conforme mencionado pelo ministério 271 estabelecimentos de campinas, não representa nem 10% do setor. O Que podemos concluir pela completa ingerência e incompetência do ministério e da secretaria estadual. que insiste que a lei não foi regulamentada. Resposta do Recurso à Autoridade Máxima Diante do exposto encaminha-se a para sanar as divergências entre secretaria de turismo de são paulo e ministério do turismo. 20/04/2015 Destacam-se os seguintes trechos da resposta apresentada pelo MTur: (...) Percebe-se, assim como ocorrido no Recurso anterior, que o Solicitante se mostra inconformado por supostamente não ter recebido as informações inicialmente solicitadas. Todavia, a informação solicitada na inicial a este Ministério foi prontamente atendida e posteriormente complementada em sede de recurso. Depreende-se da própria argumentação recursal que o Solicitante busca obter resposta diversa da que lhe foi encaminhada, por discordar da forma como foi apresentada. Portanto, entendido como atendida a solicitação inicial tanto por meio da primeira resposta como pelo primeiro recurso interposto pelo solicitante, não merece ser recebido o segundo Recurso apresentado pelo Solicitante, na medida em que o caso sub examine não 4

5 encontra respaldo na Lei n o /2011 (Lei de acesso à informação), nem no Decreto 7.724/2012, que regulamente a referida Lei. A sobredita Lei e seu respectivo Decreto estabelecem que no caso de negativa de acesso à informação ou de não fornecimento da razões da negativa de acesso poderá o requerente, no caso o Solicitante, apresentar recurso no prazo legal. O solicitante obteve resposta da primeira solicitação e do primeiro Recurso, mas o ora julgador queda-se impossibilitado de proceder da mesma maneira em relação ao segundo apelo, tendo em vista que os prérequisitos de admissibilidade recursal exigidos na Lei de Acesso à Informação e em seu Decreto regulamentador, não foram preenchidos. Ora, por parte do MTur não houve negativa de acesso à informação, tendo em vista que as informações solicitadas foram apresentadas ao Solicitante de forma completa. Por todo o exposto, consoante as razões anteriormente apresentadas, satisfeito o pedido de informação encaminhado a este Ministério e, uma vez não preenchidos os requisitos básicos de admissibilidade recursal previstos na Lei, nega-se seguimento ao Recurso apresentado. O cidadão apresenta recurso nos seguintes termos: Recurso à CGU 27/04/2014 Considerando que o Ministério do Turismo não atentouse aos pedidos quanto a cidade de CAMPINAS_SP, e pela divergência de informações prestadas pela Secretaria de Turismo do Estado de Sao Paulo. Ainda faltaram as respostas no pedido conforme pleiteado na inicial: Requer informação de quantas fiscalizações e campanhas de orientação foram feitas em campinas, para fiscalizar o registro de cadastur; Requer informação e relatório da fiscalização do cadastur no Estado de Sao PAulo, quantas ações de orientações e fiscalização foram feitas nos hotéis; Instrução do recurso As duas perguntas sequer foram respondidas. diante do exposto, encaminhada-se a egregia CGU para a providencia. 25/05/2015 A Controladoria-Geral da União (CGU) solicitou os seguintes esclarecimentos adicionais ao MTUR: 1. Visto que a resposta de primeira instância do MTur já afirmou que não houve ação de fiscalização na cidade de Campinas, a seguinte informação complementar se faz necessária: O MTur possui, de forma agregada, o 5

6 número de campanhas de orientação realizadas em Campinas-SP relacionadas com o Cadastur? Caso o Mtur não possua a informação referida anteriormente, existe algum impedimento ou dificuldade para realizar o levantamento do número de campanhas de orientação realizadas em Campinas-SP relacionadas ao registro do Cadastur? 2. O MTur possui, de forma agregada, o número de ações de fiscalização e campanhas de orientação realizadas no Estado de São Paulo relacionadas com o Cadastur? Caso o Mtur não possua a informação referida anteriormente, existe algum impedimento ou dificuldade para realizar o levantamento do número de fiscalizações e campanhas de orientação realizadas no Estado de São Paulo? 3. O Mtur possui algum relatório de fiscalização, ou documento semelhante, referente ao Cadastur no Estado de São Paulo? A instituição recorrida apresentou as seguintes informações: no que tange ao Estado de São Paulo e a qualquer dos municípios que o integram, a ação do MTur ocorre, preferencialmente, de forma descentralizada. Em ação compartilhada com o órgão estadual de turismo, normalmente a secretaria de estado correspondente, este Ministério procura dar cumprimento a uma parte de suas missões, notadamente àquelas que exijam o cumprimento da legislação; segundo informações prestadas ao MTur, o órgão estadual de turismo estabeleceu, antes da realização da Copa do Mundo de 2014, cronograma de sensibilização dos empreendimentos turísticos para efeito de cadastramento no Cadastur (Sistema de Cadastro de pessoas físicas e jurídicas que atuam no setor do turismo). Esse cronograma, de acordo com as informações que nos foram prestadas, abrangeu todas as macrorregiões do Estado de São Paulo. Embora não haja dados disponíveis ou informações mais precisas, haja vista que o cronograma foi estabelecido e executado sob gestão anterior à atual, assevera a autoridade local que o cronograma de sensibilização foi cumprido, abrangendo todas as macrorregiões; no presente, o órgão delegado estadual, por intermédio de programa intitulado Gabinete Itinerante, fará visitas sistemáticas às prefeituras do Estado de São Paulo, tendo em vista estabelecer contato com os secretários municipais de turismo e traçar estratégia de atuação conjunta no que tange ao cadastramento de empreendimentos no Cadastur; no que se refere a fiscalização, vale salientar que até que se implemente os meios para executar tal ação, ela 6

7 será realizada de forma educativa. [destaque nosso] A CGU requisitou, novamente, esclarecimentos ao MTUR, conforme trecho abaixo: 1. Em resposta anterior, o MTUR citou a seguinte ação relacionada com o Cadastur em Estado de São Paulo: cronograma de sensibilização dos empreendimentos turísticos para efeito de cadastramento no Cadastur. Essa ação pode ser categorizada como uma ação de orientação? O MTUR não possui registro do número das ações de orientações realizadas no Estado de São Paulo? Existe registro desse número para as ações acontecidas especificamente em Campinas? 2. O MTUR confirma que ainda não foram realizadas ações de fiscalização relativas ao Cadastur no município de Campinas e no Estado de São Paulo? A instituição recorrida apresentou as seguintes informações: Com relação ao citado cronograma de sensibilização dos empreendimentos turísticos para efeito de cadastramento no Cadastur, informamos que não dispomos de dados e informações precisas a respeito desse cronograma e de sua execução, mas entendemos que essa ação pode ser considerada como de orientação, pois somente assim procede o órgão delegado de turismo no Estado de São Paulo. Segundo nos comunica esse órgão, o cronograma foi implantado e executado durante gestão anterior à atual, razão por que não há relatórios a respeito do trabalho feito e das cidades visitadas. Isso não obstante, a atual gestão do órgão delegado de turismo no Estado de São Paula prepara ação intitulada Gabinete Itinerante, por meio da qual serão visitados municípios do Estado, visando à promoção do cadastramento dos prestadores de serviços. Vale ressaltar que Campinas, segundo nos informa o órgão de turismo, será uma das cidades visitadas. É importante perceber que, no Estado de São Paulo, há, hoje, empreendimentos turísticos regularmente cadastrados no Cadastur. A sensibilização é umas das etapas indispensável ao trabalho, culminando com o cadastramento que constitui o produto final de todo do trabalho realizado, pelo órgão de turismo, no Estado de São Paulo. O monitoramento desse esforço é acompanhado pelo MTur, por meio de relatórios gerados pelo sistema onde pode ser verificada a evolução de cadastros por Unidade da Federação. Do mesmo modo, há empreendimentos turísticos, distribuídos por todo o país, regularmente cadastrados no Cadastur. Para tanto, conta-se com o trabalho e esforço dos órgãos delegados nos vinte e seis Estados e no Distrito Federal. O cadastramento não representa, em si, a atividade de fiscalização. Sua 7

8 importância reside no fato de que ele é etapa necessária à formalização e à existência dos empreendimentos turísticos. Além disso, permite que o MTur, assim como seus órgãos delegados, reúnam valiosos dados e informações, a respeito do setor, imprescindíveis à formulação e à execução de políticas públicas. A fiscalização no Estado de São Paulo ainda não tem caráter punitivo, sendo o seu propósito o de educar o empreendedor turístico. Isso se deve ao fato de que o sistema de fiscalização ainda se encontra em fase de desenvolvimento pelo MTur. Estamos criando os meios e os procedimentos para que isso se efetive, dentre os quais destacamos: curso de formação para agentes fiscais; criação de carreira de agentes fiscais; implantação de sistema de autuação e pagamento de multas via GRU; etc. [destaque nosso] É o relatório. Análise 2. Registre-se que o Recurso foi apresentado perante a CGU de forma tempestiva, em acordo com o disposto no caput e 1º do art. 16 da Lei nº /2011, e ao prazo de 10 (dez) dias previsto no art. 23 do Decreto nº 7.724/2012, in verbis: Lei nº /2011 Art. 16. Negado o acesso a informação pelos órgãos ou entidades do Poder Executivo Federal, o requerente poderá recorrer à Controladoria-Geral da União, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias se: (...) 1 o O recurso previsto neste artigo somente poderá ser dirigido à Controladoria Geral da União depois de submetido à apreciação de pelo menos uma autoridade hierarquicamente superior àquela que exarou a decisão impugnada, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias. Decreto nº 7724/2012 Art. 23. Desprovido o recurso de que trata o parágrafo único do art. 21 ou infrutífera a reclamação de que trata o art. 22, poderá o requerente apresentar recurso no prazo de dez dias, contado da ciência da decisão, à Controladoria- Geral da União, que deverá se manifestar no prazo de cinco dias, contado do recebimento do recurso. 3. Quanto ao cumprimento do art. 21 do Decreto n.º 7.724/2012, observa-se que não consta da resposta ao recurso de primeira instância que a autoridade 8

9 que proferiu a decisão era superior à que respondeu o pedido inicial. No entanto, consta que a autoridade máxima do órgão proferiu a decisão em segunda instância. 4. Verifica-se que, no recurso à CGU, o cidadão argumenta que os seguintes questionamentos não teriam sido respondidos pela instituição recorrida: Requer informação de quantas fiscalizações e campanhas de orientação foram feitas em campinas, para fiscalizar o registro de cadastur; Requer informação e relatório da fiscalização do cadastur no Estado de Sao PAulo, quantas ações de orientações e fiscalização foram feitas nos hotéis; 5. Em sua resposta ao recurso de primeira instância, o MTur afirmou que não houve fiscalização na cidade de Campinas. Assim, em relação ao primeiro questionamento do recorrente, apenas a informação relativa ao número de campanhas de orientação precisou ser objeto de solicitação de esclarecimentos adicionais. As respostas do órgão recorrido, assim como as informações prestadas à CGU, indicam que o MTur não dispõe da informação referente ao número de orientações do CADASTUR realizadas em Campinas e no estado de São Paulo. Destaca-se, nesse sentido, o trecho abaixo: Com relação ao citado cronograma de sensibilização dos empreendimentos turísticos para efeito de cadastramento no Cadastur, informamos que não dispomos de dados e informações precisas a respeito desse cronograma e de sua execução, mas entendemos que essa ação pode ser considerada como de orientação, pois somente assim procede o órgão delegado de turismo no Estado de São Paulo. Segundo nos comunica esse órgão, o cronograma foi implantado e executado durante gestão anterior à atual, razão por que não há relatórios a respeito do trabalho feito e das cidades visitadas. (destaque nosso) 6. Em relação às informações relativas a fiscalizações do CADASTUR realizadas no estado de São Paulo, objeto do segundo questionamento apontado pelo cidadão no recurso à CGU, o MTur indicou que ainda não ocorreram ações desse tipo. A resposta inicial do órgão apontou as dificuldades e desafios existentes para implementar as ações de fiscalização, inclusive com 9

10 menção à preferência e viabilidade atual das campanhas de orientação. Esse tema também foi mencionado no segundo esclarecimento prestado à CGU, conforme trecho abaixo: A fiscalização no Estado de São Paulo ainda não tem caráter punitivo, sendo o seu propósito o de educar o empreendedor turístico. Isso se deve ao fato de que o sistema de fiscalização ainda se encontra em fase de desenvolvimento pelo MTur. Estamos criando os meios e os procedimentos para que isso se efetive. [destaque nosso] 7. A CGU tem entendido que a afirmativa de inexistência da informação pela instituição é revestida de presunção relativa de veracidade. A não disponibilização da informação, nessas situações, não contraria o direito de acesso à informação, visto que o próprio o art. 15, 1º, III, do Decreto n o 7.724/2012, prevê esse procedimento. O texto a seguir, extraído de parecer que fundamentou decisão anterior da CGU, expõe esse entendimento: 4. A resposta do órgão indica que não existe informação a respeito da revogação dos títulos da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul. Essa declaração é revestida de presunção relativa de veracidade, conforme citação abaixo: A alegação de inexistência de documento/informação por órgão público é revestida de presunção relativa de veracidade, decorrente do princípio da boa fé e da fé pública. Tal posicionamento tem respaldo na doutrina. Nesse sentido, Hely Lopes Meirelles (2013) aduz que os atos administrativos, qualquer que seja sua categoria ou espécie, nascem com a presunção de legitimidade, independentemente de norma legal que a estabeleça. Essa presunção decorre do princípio da legalidade da Administração, que nos Estados de Direito, informa toda a atuação governamental 1. Trata-se, portanto, de informação presumidamente inexistente. A resposta do órgão está em conformidade com o procedimento previsto no art. 15, 1 o, III, do Decreto n o 7.724/2012: Art. 15. Recebido o pedido e estando a informação disponível, o acesso será imediato. 1 CUNHA FILHO, Marcio Camargo; XAVIER, Vítor César Silva. Lei de acesso à informação: teoria e prática. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2014, p

11 1º. Caso não seja possível o acesso imediato, o órgão ou entidade deverá, no prazo de até vinte dias: (...) III - comunicar que não possui a informação ou que não tem conhecimento de sua existência 2 ; (destaque nosso) 8. A declaração de inexistência da informação também é considerada como resposta de natureza satisfativa pela Comissão Mista de Reavaliação de Informações, órgão que atua como última instância recursal administrativa na análise das negativas de acesso à informação. Segue o conteúdo da Súmula CMRI n o 6/2015: Súmula CMRI nº 6/2015 INEXISTÊNCIA DE INFORMAÇÃO A declaração de inexistência de informação objeto de solicitação constitui resposta de natureza satisfativa; caso a instância recursal verifique a existência da informação ou a possibilidade de sua recuperação ou reconstituição, deverá solicitar a recuperação e a consolidação da informação ou reconstituição dos autos objeto de solicitação, sem prejuízo de eventuais medidas de apuração de responsabilidade no âmbito do órgão ou da entidade em que tenha se verificado sua eliminação irregular ou seu descaminho A partir das respostas e esclarecimentos prestados pelo MTur, portanto, pode-se presumir que o MTur não dispõe das informações mencionadas pelo cidadão no recurso à CGU. 10. Apesar de o MTur ter respondido alguns dos questionamentos realizados pelo cidadão, deve-se apontar a falta de clareza e de linguagem mais direta nas informações prestadas relativas os itens apontados no recurso, não somente nas respostas ao cidadão, como também nos esclarecimentos à CGU. A colaboração dos órgãos é essencial para o cumprimento dos objetivos inerentes à Lei de Acesso à Informação, aspecto contemplado no art. 23, 1º, do Decreto n o 7.724/ BRASIL. Controladoria-Geral da União. Parecer n o 4273 de 03/11/2014. Processo n o / Disponível em: < Acesso em: 05/05/

12 Conclusão 11. Diante do exposto, opina-se pelo não conhecimento do recurso, visto que a informação solicitada é presumidamente inexistente. 12. Por fim, observamos que o recorrido descumpriu procedimentos básicos da Lei de Acesso à Informação. Dessa forma, recomenda-se orientar a autoridade de monitoramento do MTur que reavalie os fluxos internos para assegurar o cumprimento das normas relativas ao acesso à informação, de forma eficiente e adequada aos objetivos da Lei de Acesso à Informação, em especial nas seguintes questões: a) Indicar a autoridade que tomou a decisão em instância recursal; b) Garantir que a autoridade responsável por julgar o recurso em primeira instância seja diferente e hierarquicamente superior àquela que adotou a decisão inicial; AUGUSTO CÉSAR FEITOSA PINTO FERREIRA Analista de Finanças e Controle D E C I S Ã O No exercício das atribuições a mim conferidas pela Portaria n da Controladoria-Geral da União, de 22 de agosto de 2013, adoto, como fundamento deste ato, o parecer acima, para decidir pelo não conhecimento do recurso interposto, nos termos do art. 23 do Decreto n o 7.724/2012, no âmbito do pedido de informação nº / , direcionado ao Ministério do Turismo (MTur). LUÍS HENRIQUE FANAN Ouvidor-Geral da União 12

13 PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA Controladoria-Geral da União Folha de Assinaturas Documento: PARECER nº 1659 de 08/06/2015 Referência: PROCESSO nº / Assunto: Recurso de Acesso à Informação Signatário(s): GILBERTO WALLER JUNIOR Ouvidor Assinado Digitalmente em 08/06/2015 Relação de Despachos: aprovo. GILBERTO WALLER JUNIOR Ouvidor Assinado Digitalmente em 08/06/2015 Este despacho foi expedido eletronicamente pelo SGI. O código para verificação da autenticidade deste documento é: 66f9b4f8_8d db15b7