CRIAÇÃO DO CONHECIMENTO NAS ORGANIZAÇÕES

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Transcrição:

CRIAÇÃO DO CONHECIMENTO NAS ORGANIZAÇÕES Criação do nas Organizações: 1) Os modos de conversão do conhecimento e sua vinculação com a criação do conhecimento organizacional; 2) As condições capacitadoras da criação do conhecimento organizacional; 3) As fases do processo de criação do conhecimento organizacional. 1

Modos de conversão do conhecimento: tácito explícito tácito Socialização Incorporação explícito Explicitação Combinação Dimensões para a criação do conhecimento: Dimensão Epistemológica Dimensão Gnosiológica Dimensão Ontológica 2

Dimensões para a criação do conhecimento: Dimensão Epistemológica Tácito Explícito Indivíduo Grupo Organização Inter-Organização Dimensão Ontológica Dimensões para a criação do conhecimento: Operacional Indivíduo Grupo Organização Inter-Organização Dimensão Ontológica Estratégico Tático Dimensão Gnosiológica 3

Dimensão Gnosiológica Socialização Explicitação Incorporação Combinação Dimensão Ontológica Dimensão Epistemológica Explicitação Dimensão Epistemológica Dimensão Ontológic a Combinação Socialização Incorporação Dimensão Ontológic a Dimensão Ontológica 4

Os fundamentos teóricos da criação do conhecimento nas organizações está baseado em três dimensões: 1)Dimensão epistemológica (saber): Nesta dimensão ocorre a conversão do conhecimento tácito em explícito, segundo QUATRO MODOS socialização, explicitação, combinação e incorporação, de forma interativa, gerando uma espiral virtuosa do conhecimento. 2) Dimensão gnosiológica: Nesta dimensão, a explicitação do conhecimento tácito (individual) à organizacional, permite o compartilhamento do conhecimento nível operacional à nível gerencial criando assim o conhecimento conceitual à sistêmico na organização, a partir das... CONDIÇÕES CAPACITADORAS intenção organizacional, autonomia, redundância de informações, variedade de requisitos, flutuação e caos criativo. 5

3) Dimensão ontológica: Nesta dimensão ocorre a transformação do conhecimento individual em conhecimento organizacional, num processo de cinco fases: FASES PROCESSO DE CRIAÇÃO DO CONHECIMENTO compartilhamento de conhecimento tácito, criação de conceitos, justificação de conceitos, construção de um arquétipo e difusão interativa do conhecimento, gerando uma espiral virtuosa do conhecimento; Os conhecimentos gerados: tácito explícito tácito explícito Socialização compartilhado Incorporação operacional Explicitação conceitual Combinação sistêmico 6

Condições capacitadoras da criação do conhecimento organizacional: Dimensão gnosiológica 1)Intenção organizacional: O critério mais importante para julgar a veracidade de um determinado conhecimento é a intenção organizacional, normalmente estabelecida pelas estratégias da organização; Sua clareza assegura o julgamento do valor da informação ou do conhecimento percebido ou criado; A intenção é necessariamente carregada de valor. 2)Autonomia: Em termos organizacionais, a promoção da espiral do conhecimento depende, de forma significativa, da autonomia dos indivíduos que, por sua vez, contempla a chance de introdução de oportunidades inesperadas; A postura organizacional que assegura a autonomia está mais propensa a manter maior flexibilidade ao adquirir, interpretar, estocar e compartilhar informações; A autonomia, também, aumenta a possibilidade de os indivíduos se automotivarem para criar novos conhecimentos. 7

3)Flutuação e caos criativo internos e externos: O estímulo à interação entre a organização e o ambiente externo é significativamente favorecido pela flutuação e o caos criativo; A introdução da flutuação numa organização se dá por meio de mudanças de rotinas, hábitos ou estruturas cognitivas (modelos mentais); Um processo contínuo de questionamento e reconsideração de premissas existentes estimula a criação do conhecimento; O enfrentamento de uma crise real gera naturalmente o caos como, por exemplo, a queda de desempenho em razão de mudanças nas necessidades de mercado ou pelo crescimento de concorrentes. 4)Redundância de informações: A redundância de informações acelera o processo de criação do conhecimento. São várias as formas de desenvolvimento de redundância numa organização: Um exemplo é a divisão das equipes de desenvolvimento de produto em grupos concorrentes a discussão das vantagens e desvantagens das diferentes propostas é extremamente rica; Desenvolver a redundância organizacional incentivando um rodízio estratégico de pessoal constitui-se numa outra forma de implementá-la entre áreas diferentes de tecnologia ou PD&I e marketing. 8

5)Variedade de requisitos: Os membros de uma organização podem enfrentar muitas situações se possuírem uma variedade de requisitos, que pode ser aprimorada por meio da combinação de informações de forma diferente, flexível e rápida, e do acesso às informações em todos os níveis da organização; A implantação de uma estrutura organizacional horizontal e flexível, na qual diferentes unidades são interligadas por meio de uma rede de informações, é uma forma de lidar com a complexidade do ambiente. Fases do processo de criação do conhecimento: Dimensão ontológica 1)Compartilhamento do conhecimento tácito: É a etapa mais crítica do processo; O conhecimento tácito não pode ser comunicado ou transmitido de maneira simples, pois é adquirido, sobretudo, por meio da experiência, não sendo facilmente transmitido por palavras; Há uma plena correspondência entre esta fase e a socialização no processo de criação do conhecimento organizacional. 9

Condições capacitadoras: 1) Intenção organizacional; 2) Autonomia das unidades organizacionais; 3) Caos criativo; 4) Diálogos pessoais; 5) Redundância de informações; 6) Variedade de requisitos dos membros da equipe; 7) Metas desafiadoras; 8) Interação com ambiente externo. 2)Criação de Conceitos: Uma segunda fase intensa na interação entre conhecimento tácito e explícito diz respeito à criação de conceitos; O uso de múltiplos métodos de raciocínio dedução, indução, comparação, suposição e outros facilitam o processo de conversão de conhecimento tácito em explícito; Metáforas e analogias são intensamente utilizadas nesta fase. 10

Condições capacitadoras: 1) Intenção organizacional; 2) Autonomia; 3) Flutuação e caos internos e externos; 4) Redundância de informações 5) Diálogo e reflexão coletiva; 6) Variedade de requisitos. 3)Prova de Conceitos: A condução do processo de prova deve ser explícita, de forma a possibilitar uma avaliação contínua quanto à integridade da intenção organizacional frente ao novo conceito, atendendo simultaneamente às necessidades da sociedade; Focalizando o negócio, os critérios normais de prova incluem custo, margem de lucro, contribuição de produtos para o crescimento da empresa, por exemplo; Uma das principais funções da alta gerência é formular os critérios de prova de conceitos de acordo com a intenção organizacional. 11

Condições capacitadoras: Intenção organizacional; Autonomia; Redundância de informações. 4)Construção de um arquétipo (protótipo): A prova de conceito é transformada em algo concreto ou tangível nesta fase um arquétipo (protótipo, mecanismo operacional, modelo); O arquétipo é construído por meio da combinação do conhecimento explícito recémcriado e o existente; A reunião de pessoas com habilidades técnicas diferentes, o desenvolvimento de especificações e a "fabricação" do primeiro modelo são etapas desta fase do processo. 12

Condições capacitadoras: 1) Intenção organizacional; 2) Diálogo e reflexão coletiva (cooperação dinâmica entre departamentos); 3) Variedade de requisitos; 4) Redundância de informações. 5)Difusão Interativa do : Os novos conceitos criados, provados e transformados em modelo, são submetidos a um novo ciclo de criação de conhecimento que é a disseminação interativa do conhecimento; Freqüentemente, ele se expande horizontal e verticalmente por toda a organização por meio de um novo ciclo de criação do conhecimento; A mobilização de empresas afiliadas, clientes, fornecedores, concorrentes e outras organizações externas à organização é resultado do conhecimento criado, tendo em vista a interação dinâmica desenvolvida. 13

Condições capacitadoras: 1) Intenção organizacional; 2) Autonomia de unidades organizacionais; 3) Flutuação interna; 4) Redundância de informações; 5) Variedade de requisitos. Disciplina Gestão do Empresarial Prof. Eduardo Giugliani Curso de Engenharia de Produção Faculdade de Engenharia, PUCRS REFERÊNCIA Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Universidade Federal de Santa Catarina, UFSC Professor: Neri dos Santos 14