A CONSTITUIÇÃO DE 1988 E O ACESSO DA POPULAÇÃO RURAL BRASILEIRA À SEGURIDADE SOCIAL

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Transcrição:

CAPÍTULO 10 A CONSTITUIÇÃO DE 1988 E O ACESSO DA POPULAÇÃO RURAL BRASILEIRA À SEGURIDADE SOCIAL Kizô Iwkmi Beltrão D Escol Ncionl de Ciêncis e Esttístics do Instituto Brsileiro de Geogrfi e Esttístic (Ence/IBGE) Sonoe Sughr Pinheiro D Diretori de Estudos Mcroeconômicos do IPEA Fernnd Pes Leme Peyneu D Diretori de Estudos Mcroeconômicos do IPEA João Luís Oliveir Mendonç D Diretori de Estudos Mcroeconômicos do IPEA 1 INTRODUÇÃO A legislção concernente os direitos previdenciários d populção rurl teve um long e rrstd evolução, com mrchs e contrmrchs. Em dezembro de 1988 hvi cerc de 3 milhões de benefícios ruris em mnutenção e, em dezembro de 2002, esse número hvi crescido pr 5,4 milhões. A expnsão d cobertur previdenciári à populção rurl representou um vigoroso vnço em termos de universlizção do sistem, redução ds desigulddes e errdicção d pobrez bsolut no Brsil, e foi decorrente d mior generosidde ds condições de elegibilidde, ssim como d duplicção do vlor dos benefícios previdenciários e ssistenciis com Constituição de 1988. Prlelmente, resslt-se que o mercdo de trblho dess populção tmbém sofreu mudnçs notáveis, sobretudo no que diz respeito à formlizção ds relções trblhists e o umento d prticipção feminin. Este estudo se propõe fzer um nálise comprtiv d situção d populção rurl brsileir com respeito à previdênci socil e o mercdo de trblho durnte o período 1988-2002, ou sej, no momento nterior à implementção dos novos dispositivos constitucionis e qundo esses já estão plenmente implntdos. A intenção é contribuir pr o debte que envolve questões cerc d eqüidde entre os sexos e diminuição d pobrez, considerndo pr mbos o mercdo de trblho e o leque de benefícios previdenciários.

322 KAIZÔ IWAKAMI BELTRÃO SONOE SUGAHARA PINHEIRO FERNANDA PAES LEME PEYNEAU JOÃO LUÍS OLIVEIRA MENDONÇA O estudo encontr-se dividido em seis seções, sendo primeir referente est introdução, e cont com um nexo, onde são presentds qutro tbels reltivs à prticipção d rend do idoso n rend fmilir per cpit; à prticipção d rend de posentdori e/ou de pensão do idoso n rend fmilir per cpit; à rend fmilir per cpit em número de slários mínimos; e à mudnç n rend fmilir per cpit excluindo rend dos idosos, respectivmente. N Seção 2 é presentd um visão gerl d evolução d legislção previdenciári brsileir, com ênfse nos dispositivos cerc d cobertur d populção rurl. As Seções 3, 4 e 5 comprm, com diferentes recortes, situção d populção rurl com respeito trblho e benefícios previdenciários o longo do período 1988-2002. Finlmente, n Seção 6 são esboçdos lguns comentários finis. 2 EVOLUÇÃO DA LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA REFERENTE À CLIENTELA/ POPULAÇÃO RURAL Embor existisse um legislção previdenciári ind no século XIX, principlmente reltiv os servidores civis e militres d União, é Lei Eloy Chves, promulgd em 1923, depois de trmitr dez nos no Congresso, que é considerd o mrco legl do sistem previdenciário vigente no Brsil. A cobertur foi inicilmente restrit um prcel dos empregdos urbnos de certs empress, sendo pultinmente estendid outros grupos: empregdores, utônomos, empregdos domésticos, trblhdores ruris etc. A primeir medid no sentido d inclusão do trblhdor rurl entre os beneficiários d previdênci socil ocorreu em 1945, qundo Getulio Vrgs ssinou Lei Orgânic dos Serviços Sociis (Decreto-Lei 7.526, de 7 de mio de 1945), crindo o Instituto de Serviços Sociis do Brsil (ISSB), de dministrção únic e controle centrlizdo. Com isso, hveri unificção de tods s instituições previdenciáris então existentes e os benefícios do seguro socil serim estendidos tod populção tiv do pís. No entnto, pesr d fundmentl importânci d inicitiv que se constituí n primeir tenttiv de universlizção d previdênci socil no Brsil, o governo empossdo em 1946 tornou sem plicção o crédito orçmentário destindo à instlção do ISSB, que não chegou ser implementdo. Somente um décd pós ess tenttiv é que houve um novo esforço pr fzer com que proteção socil tingisse os trblhdores ruris: em 23 de setembro de 1955 foi crido, pel Lei 2.613, o Serviço Socil Rurl, órgão ser custedo bsicmente pels empress industriis urbns e destindo à prestção de ssistênci à populção rurl. Sus tividdes tiverm início oficilmente em 1957, ms somente prtir de 1961 é que pssrm ser desenvolvids em ritmo pre-

A CONSTITUIÇÃO DE 1988 E O ACESSO DA POPULAÇÃO RURAL BRASILEIRA À SEGURIDADE SOCIAL 323 ciável. Em 1962 (Lei Delegd 11, de 11 de outubro), o Serviço Socil Rurl pssou integrr Superintendênci de Polític Agrári (Supr). A inclusão efetiv do trblhdor rurl no cmpo d legislção previdenciári somente veio concretizr-se em 1963, com provção do Esttuto do Trblhdor Rurl (Lei 4.214, de 2 de mrço) que, entre outrs medids, criv o Fundo de Assistênci e Previdênci do Trblhdor Rurl (Funrurl). Pr o custeio do fundo, foi estbelecid um contribuição de 1% do vlor d primeir comercilizção do produto rurl, ser pg pelo próprio produtor ou, medinte cordo prévio, pelo dquirente. Um no pós o início d rrecdção ds contribuições, entregue o Instituto de Aposentdoris e Pensões dos Industriários (IAPI), começri prestção dos benefícios, que consistim em posentdori por invlidez, posentdori por idde, pensão por morte, ssistênci à mternidde, uxílio-doenç, uxílio-funerl e ssistênci médic. A responsbilidde pel prestção dos benefícios tmbém foi entregue o extinto IAPI. Embor o Esttuto do Trblhdor Rurl presentsse um elenco rzoável de benefícios, su plicção prátic no tocnte às prestções previdenciáris ficou bstnte limitd pel escssez de recursos finnceiros. O Esttuto do Trblhdor Rurl foi reformuldo pelo Decreto-Lei 276, de 28 de fevereiro de 1967, que tentou dequá-lo às sus reis possibiliddes. A rrecdção ds contribuições foi entregue o recém-crido Instituto Ncionl de Previdênci Socil (INPS) e o plno de prestções ficou limitdo às ssistêncis médic e socil, suprimindo-se os benefícios em dinheiro. Esse decreto-lei lterou tmbém sistemátic d contribuição, que continuv ser recolhid como percentul d primeir comercilizção do produto rurl, ms pssv ser obrigção do dquirente e não mis do produtor, menos que esse processsse trnsformção do próprio produto. Tl medid tinh por objetivo fcilitr fisclizção, um vez que se esperv que empres que industrilizsse o produto já estivesse vinculd o sistem previdenciário. Com o intuito de fzer com que os serviços previdenciários chegssem efetivmente os trblhdores ruris, foi crido, em 1969 (Decreto-Lei 564, de 10 de mio), o Plno Básico d Previdênci Socil. Destinv-se, inicilmente, mprr os trblhdores ruris d groindústri cnvieir e seu custeio seri coberto pels contribuições de empregdos e empregdores. O plno de benefícios er semelhnte o Esttuto do Trblhdor Rurl, com exceção ds ssistêncis médic e à mternidde e com inclusão do uxílio-reclusão. Em 14 de julho de 1969, pelo Decreto-Lei 704, o Plno Básico foi estendido outrs tividdes ruris. Todvi, seus objetivos não form tingidos de mneir stisftóri, levndo o governo buscr novs inicitivs no cmpo d previdênci socil rurl.

324 KAIZÔ IWAKAMI BELTRÃO SONOE SUGAHARA PINHEIRO FERNANDA PAES LEME PEYNEAU JOÃO LUÍS OLIVEIRA MENDONÇA Em 25 de mio de 1971, Lei Complementr 11 extinguiu o Plno Básico e criou, em seu lugr, o Progrm de Assistênci o Trblhdor Rurl (Pró-Rurl), destindo à prestção de posentdori por idde, posentdori por invlidez, pensão por morte, uxílio-funerl, serviço socil e serviço de súde os trblhdores ruris e os seus dependentes. A responsbilidde pel execução do progrm coube o Funrurl, o qul foi tribuíd personlidde jurídic de nturez utárquic. Ficou equiprdo o trblhdor rurl, pel Lei Complementr 11, o produtor que trblh n tividde rurl sem nenhum empregdo. Posteriormente, pelos Decretos 71.498, de 5 de dezembro de 1972, e 75.208, de 10 de jneiro de 1975, os benefícios do Pró-Rurl form estendidos, respectivmente, os pescdores rtesnis e os grimpeiros. No no de 1974, o elenco de benefícios d previdênci socil rurl foi crescido de três novs espécies: os mpros previdenciários pr os miores de 70 nos e pr os inválidos definitivmente incpcitdos pr o trblho, que não tivessem outr fonte de rend (Lei 6.179, de 11 de dezembro) e o seguro de cidentes do trblho rurl (Lei 6.195, de 19 de dezembro). Cbe destcr que não estv previst pel legislção nenhum fonte de custeio pr os mpros previdenciários. Esses benefícios ssistenciis form mis trde incorpordos os correspondentes benefícios urbnos (rends mensis vitlícis por idde e por invlidez permnente). Com promulgção d Lei Orgânic d Assistênci Socil (Los) em 1996, tis benefícios ssistenciis inseridos no rol previdenciário form extintos. Os empregdores ruris, té então à mrgem do sistem que se implntv, form incluídos entre os beneficiários do Funrurl pel Lei 6.260, de 6 de novembro de 1975, pssndo ter direito os seguintes benefícios: posentdori por invlidez, posentdori por velhice, pensão, uxílio-funerl, serviços de súde, redptção profissionl e serviço socil. Até 1977, s clientels rurl e urbn erm ssistids, respectivmente, por dois órgãos distintos: o Funrurl e o INPS. Esss entiddes erm responsáveis pel prestção de benefícios, ssistênci médic, ssistênci socil e por tod estrutur dministrtiv e finnceir de seus respectivos progrms. Com crição do Sistem Ncionl de Previdênci e Assistênci Socil (Sinps), pel Lei 6.439, de 1º de setembro de 1977, s dus clientels form unificds e cd função pssou ser exercid por um órgão específico. Pr tnto, lgums entiddes form crids e outrs já existentes tiverm sus funções redefinids. Ao INPS foi tribuíd prte referente mnutenção e concessão de benefícios os segurdos do próprio INPS e os beneficiários do Funrurl, extinto pel mesm lei. A prestção de ssistênci médic, tnto os trblhdores urbnos

A CONSTITUIÇÃO DE 1988 E O ACESSO DA POPULAÇÃO RURAL BRASILEIRA À SEGURIDADE SOCIAL 325 qunto os trblhdores e empregdores ruris, ficou crgo de um utrqui crid especilmente pr esse fim: o Instituto Ncionl de Assistênci Médic d Previdênci Socil (Inmps). Outr utrqui, o Instituto de Administrção Finnceir d Previdênci Socil (Ips), foi crid com finlidde específic de promover gestão dministrtiv, finnceir e ptrimonil do sistem. A ssistênci socil às populções crentes ficou sob competênci d Fundção Legião Brsileir de Assistênci (LBA). Além desss entiddes, integrvm o Sinps Fundção Ncionl do Bem-Estr do Menor (Funbem), Empres de Processmento de Ddos d Previdênci Socil (Dtprev) e Centrl de Medicmentos (Ceme). Mesmo com mnutenção de plnos de benefícios distintos e extremmente díspres pr os trblhdores urbnos e ruris, o fto é que instituição de um sistem previdenciário único, com crição do Sinps, mrc o início de um nov etp: universlizção do seguro socil no Brsil. Até Constituição de 1988, elegibilidde pr obtenção do benefício rurl de posentdori por idde er definid os 65 nos (como tmbém pr o trblhdor urbno do sexo msculino), limitdo o cbeç do csl. Os vlores ds posentdoris erm de 1/2 slário mínimo, não ser o d posentdori por invlidez por cidente de trblho, que er de3/4 do slário mínimo. O benefício de pensão tinh um vlor ind inferior, dependendo do tmnho d fmíli. Pr o custeio, lém d líquot de 2,5% sobre o vlor d primeir comercilizção do produto rurl, foi crid de 2,4% sobre folh de slários urbn. Prlelmente os benefícios previdenciários, form tmbém cridos os ssistenciis: os mpros previdenciários por idde (elegibilidde os 70 nos) e por invlidez, com vlor tmbém de 1/2 slário mínimo, que cobrim prcel d populção rurl que não podi de lgum form comprovr tividde. A Constituição de 1988 instituiu novos prâmetros pr populção rurl: idde pr elegibilidde do benefício os 60 nos pr os homens e 55 nos pr s mulheres (cinco nos menos do que pr os trblhdores urbnos) 1 e um piso de benefício igul um slário mínimo (inclusive pr pensão), lém de n prátic universlizr o benefício pr tod populção rurl. Homens e mulheres tiverm iguldde de cesso. Foi, porém, com Lei 8.213, de 24 de julho de 1991, que esss modificções form totlmente regulmentds. A lei, que dispõe sobre os Plnos de Benefícios 1. Isso foi feito sob legção de que espernç de vid o nscer d populção rurl é mis bix do que d urbn. N verdde, em cd estdo d federção espernç de vid d populção urbn é igul ou mis bix que d populção rurl. Como, porém, o mior contingente de populção rurl está concentrdo nos estdos de mis bix espernç de vid, médi ncionl por situção de domicílio inverte o pdrão encontrdo loclmente.

326 KAIZÔ IWAKAMI BELTRÃO SONOE SUGAHARA PINHEIRO FERNANDA PAES LEME PEYNEAU JOÃO LUÍS OLIVEIRA MENDONÇA d Previdênci Socil e dá outrs providêncis, em seu rtigo 48 ssegur elegibilidde à posentdori por idde (...) reduzidos esses limites pr 60 e 55 nos de idde pr os trblhdores ruris, respectivmente homens e mulheres (...). O estbelecimento do vlor do benefício igul o do slário mínimo foi entendido como prescindindo de legislção específic e plicdo imeditmente, ind que Lei 8.213, em seu rtigo 33, reitersse esse direito. 3 EVOLUÇÃO DA POPULAÇÃO RURAL: ATIVOS E BENEFICIÁRIOS A populção brsileir er principlmente rurl n décd de 1940 (ver Gráfico 1), hoje é, em su miori, urbn. O gru de urbnizção seguiu um trjetóri logístic com vlores próximos 30% em 1940, chegndo cerc de 80% em 2000. A populção rurl, pesr d lt tx de emigrção pr s áres urbns, conseguiu mnter, té 1970, um tx de crescimento positiv; prtir dí, presentou queds em vlores bsolutos em torno de 0,84%.. Mesmo considerndo menor importânci reltiv do contingente rurl vis-à-vis o contingente urbno, cumpre lembrr que, dds s dimensões continentis do pís, estmos trtndo de um populção de 31,8 milhões de pessos (dentre os 170 milhões de brsileiros em setembro de 2000). O Instituto Brsileiro de Geogrfi e Esttístic (IBGE) consider que: de cordo com loclizção do domicílio, situção pode ser clssificd em urbn e rurl, segundo s leis municipis em vigor. N ctegori urbn são clssificds áres urbnizds e não-urbnizds correspondendo às ciddes, vils (distritos) ou áres urbns isolds. A ctegori rurl brnge tods s áres loclizds for desses limites, incluindo os glomerdos ruris de extensão urbn, os povodos e os núcleos. Ess definição superestim populção urbn e, conseqüentemente,

A CONSTITUIÇÃO DE 1988 E O ACESSO DA POPULAÇÃO RURAL BRASILEIRA À SEGURIDADE SOCIAL 327 subestim populção rurl. Visndo superr esse inconveniente, utilizou-se qui, como definição de populção rurl, populção envolvid em tividdes grícols. Quer dizer, form considerds ruris tods s fmílis ns quis miori dos membros estivesse envolvid em tividdes grícols, ssim como tods s fmílis ns quis não fosse verificdo nenhum membro envolvido em tividdes grícols, ms que estivessem morndo em áres definids como ruris pelo IBGE. O Gráfico 2 present esses dois grupos: populção rurl e populção envolvid em tividdes grícols, ressltndo-se que est últim é sempre mior que primeir. Situção opost pode ser observd pr populção urbn (populção urbn e populção envolvid em tividdes não-grícols) no Gráfico 3. Prte do umento d distânci entre os dois grupos, observd nitidmente pelo Gráfico 2, pode ser tribuíd, prtir de 1992, à mudnç no conceito de populção tiv. A prtir desse no o conceito tornou-se muito mis brngente, incluindo n

328 KAIZÔ IWAKAMI BELTRÃO SONOE SUGAHARA PINHEIRO FERNANDA PAES LEME PEYNEAU JOÃO LUÍS OLIVEIRA MENDONÇA populção tiv os trblhdores que cultivm pr o utoconsumo e queles que trblhm em negócios fmilires sem um remunerção. Além disso, houve um diminuição do número de hors trblhds considerds como limite inferior pr definição de populção tiv. O Gráfico 4 mostr evolução dos contingentes d populção rurl totl, populção economicmente tiv (PEA) e de beneficiários (previdenciários e ssistenciis) pr o período 1970-2000. Apesr d grnde qued verificd no totl d populção rurl (9,2 milhões entre 1970 e 2000), PEA permneceu prticmente constnte (qued de 0,9 milhão no mesmo período um diminuição de 0,25%..), como conseqüênci de um perfil populcionl mis velho. Concomitntemente, evidenci-se um vigoroso crescimento inicil do contingente de intivos vis-à-vis forç de trblho tiv. Fic tmbém clro o slto no contingente de beneficiários d previdênci rurl, fruto d redução ds iddes de elegibilidde determind pel Constituição de 1988 (com um defsgem de qutro nos pr promulgção ds leis complementres). Os Gráficos 5 e 6 presentm s distribuições d populção rurl com mis de dez nos por idde, sexo e condição de benefício/tividde pr os nos de 1988 (no d promulgção d nov Constituição) e 2002 (no mis recente d PNAD 2 disponível), respectivmente. Optou-se por dividir populção em nove grupos: trblhdores formis; 3 trblhdores informis; indivíduos tivos sem 2. A PNAD é relizd nulmente pelo IBGE, exceto pr os nos censitários. Conforme já menciondo, o IBGE dot definição dministrtiv, feit em nível municipl, ds áres considerds urbns e ruris. Em princípio, tods s sedes de município, distritos e vils são considerdos. A PNAD não inclui áres ruris pr região Norte (exceto pr o Estdo de Tocntins). 3. No Brsil, pesr do cráter mndtório d previdênci socil, há um grnde prcel de trblhdores não-cobertos pelo sistem. Esses trblhdores não-cobertos form, neste estudo, considerdos como informis, ssim como os cobertos form considerdos formis.

A CONSTITUIÇÃO DE 1988 E O ACESSO DA POPULAÇÃO RURAL BRASILEIRA À SEGURIDADE SOCIAL 329 rend; desempregdos; posentdos ind em tividde; posentdos não trblhndo; pensionists; indivíduos cumulndo benefícios de pensão e de posentdori; e sem rend. 4 A primeir consttção, té certo ponto surpreendente, é lt incidênci d cumulção de benefícios de posentdori e trblho pelos homens ruris, mesmo em iddes vnçds, tnto em 1988 (Gráfico 5) qunto em 2002 (Gráfico 6). Por exemplo, em 1988, cerc de 43,6% dos homens n fix etári próxim os 70 nos continum em tividde, embor recebendo benefício. Apesr d melhori 4. Trblhdores tivos, quer estejm trblhndo no mercdo forml ou no informl, não recebem benefícios previdenciários; por outro ldo, definiu-se posentdos ind em tividde como queles que possuem remunerção mensl fruto de su tividde econômic e recebem tmbém benefícios previdenciários; o grupo de sem rend foi definido como o conjunto de indivíduos que não possuem rend de nenhum fonte e tmbém não trblhm.

330 KAIZÔ IWAKAMI BELTRÃO SONOE SUGAHARA PINHEIRO FERNANDA PAES LEME PEYNEAU JOÃO LUÍS OLIVEIRA MENDONÇA do vlor do benefício, que duplicou em termos de número de slários mínimos, 5 o mesmo pdrão se repete em 2002. Esse fto pode ser um constructo socil, ddo o vlor positivo locdo pessos idoss vigoross que, pesr d idde, declrm continur trblhndo. A distribuição etári d populção feminin de trblhdors ruris é bimodl, tnto pr s que trblhm informlmente qunto pr s que não são remunerds pelo seu trblho, pr os dois nos nlisdos (1988 e 2002), sendo est mis evidente em 2002. No último no esse pdrão foi tmbém verificdo pr o trblho forml. Esse fto é típico em socieddes onde s mulheres se fstm do emprego durnte o período reprodutivo e retornm qundo os filhos estão em idde escolr. A distribuição totl d forç de trblho feminin é bstnte similr à d forç de trblho msculin, só que em um escl menor. Nos dois nos considerdos, forç de trblho msculin presentou um curv unimodl e populção msculin no mercdo forml de trblho present um distribuição bimodl. Existe, no Brsil, um problem de mensurção d tividde feminin principlmente no cmpo, ms comum tmbém n cidde. Isso ocorre porque o trblho feminino não é vlordo d mesm form que o msculino, não sendo corretmente reportdo qundo d entrevist. Som-se isso o fto de que usulmente o trblho feminino está restrito o entorno d cs, incluindo o cultivo d terr pr subsistênci, que não é comumente ssocido à tividde econômic produtiv. Nos gráficos, principlmente no de 2002, tividde não-remunerd é muito mis concentrd entre s mulheres do que entre os homens. N seqüênci, pr mostrr evolução ds txs considerds neste estudo (txs de tividde, por exemplo) serão presentds informções sobre s médis do período (1988-2002) e tx de vrição médi nul pr o mesmo período. As médis fetm os níveis e estruturs ds txs considerds e s txs de vrição, dinâmic evolutiv. O Gráfico 7 present s txs médis de tividde por idde e sexo pr o período nlisdo. Resslt-se que pr esss txs de tividde form considerdos os trblhdores formis, os informis, os trblhdores que tmbém recebem benefícios e os trblhdores não-remunerdos. Como esperdo, s txs de tividdes dos homens superm s ds mulheres pr tods s iddes. As curvs são semelhntes: um considerável inclinção ns primeirs iddes, um pltô n mei-idde e um lento declínio pr s iddes mis vnçds, e ess qued ocorre mis cedo pr s 5. Reconhece-se que, pr efeitos de um nálise mis profundd, o referencil de mensurção, em termos de número de slários mínimos, é indequdo. Seri necessário estbelecer um escl que refletisse o poder de compr do benefício nos dois instntes de tempo considerdos, o que, entretnto, está for do escopo deste trblho. Como proxy utilizou-se o vlor rel, corrigido pelo INPC.

A CONSTITUIÇÃO DE 1988 E O ACESSO DA POPULAÇÃO RURAL BRASILEIRA À SEGURIDADE SOCIAL 331 mulheres. Contudo, o Gráfico 8 pont um mudnç que vem ocorrendo no mercdo de trblho rurl: s mulheres, pr tods s iddes ind que s miores txs ocorrm entre os 20 e 60 nos, presentm txs de vrição positivs durnte o período nlisdo, implicndo um umento ds txs de tividde desse grupo, enqunto os homens presentm qued ns txs de tividdes pr tods s iddes. Considerndo-se os benefícios, idde de recebimento dos mesmos é inferior pr s mulheres, como mostr o Gráfico 9 referente às txs médis de recebimento de benefícios pr o período. Esss txs começm crescer rpidmente como função d idde prtir dos 50 e 55 nos pr mulheres e homens, respectivmente. A inclinção ds curvs se mostr menor pr ds mulheres do que pr dos homens. Aos 65 nos s txs de cobertur dos homens e ds mulheres

332 KAIZÔ IWAKAMI BELTRÃO SONOE SUGAHARA PINHEIRO FERNANDA PAES LEME PEYNEAU JOÃO LUÍS OLIVEIRA MENDONÇA se cruzm e entre 65 e 80 nos os homens presentm miores txs de cobertur. A prtir dos 80 nos esss txs, pr mbos os sexos, se proximm dos 95%. O Gráfico 10 present s txs de crescimento d probbilidde de recebimento de benefícios, que é positiv pr tods s iddes no período considerdo. Contudo, tx de crescimento é mis lt pr iddes menores, presentndo máximos locis os 59 e os 61 nos pr mulheres e homens, respectivmente. Os picos estão relciondos à redução d idde de elegibilidde implementd em julho de 1991. Os vlores mis elevdos pr os dultos jovens decorrem, provvelmente, do umento d concessão de benefícios por invlidez entre populção rurl, o que sugere um melhor n cobertur desse grupo. Aind que sej difícil isolr os efeitos dos novos dispositivos constitucionis n previdênci rurl e n ssistênci, fim de comprovr que sejm eles únic cus pr esss mudnçs,

A CONSTITUIÇÃO DE 1988 E O ACESSO DA POPULAÇÃO RURAL BRASILEIRA À SEGURIDADE SOCIAL 333 é muito provável que esses novos dispositivos constitucionis sejm o ftor principl. Reduzindo idde de elegibilidde pr posentdori, tis dispositivos precem ter provocdo um crescimento n proporção dos beneficiários. A menor inclinção n curv ds mulheres no Gráfico 10, combind com o pico mis mplo em torno de 60 nos, sugere um distribuição etári mis difus e um mudnç mis drástic no pdrão de cesso os benefícios por prte ds mulheres. Pr estimr o hito entre os sexos no período, o Gráfico 11 present rzão de sexo ds txs de tividde. Observm-se rzões cd vez miores conforme idde. No intervlo de 27 51 nos, vri de dus vezes mis, lcnçndo vlores ind mis ltos ns iddes mis vnçds. Em outrs plvrs, como já menciondo, forç de trblho rurl é extremmente msculinizd. Observe-se, no entnto, que o mesmo não ocorre em relção os benefícios. O gráfico d rzão de sexo d probbilidde de recebimento de benefícios tem form de U: ns primeirs iddes (bixo dos 19 nos) incidênci é mior entre os homens, em decorrênci, tlvez, ds posentdoris por invlidez. A prtir desse ponto, incidênci feminin é cd vez mior (certmente pel concessão de pensões), té tingir diferenç máxim os 40 nos, qundo começ declinr. Desse ponto em dinte o hito entre os sexos ci continumente (devido à legislção nterior que restringi o recebimento de benefícios o chefe d fmíli), invertendo o sinl e lcnçndo um máximo reltivo os 70 nos, com rzão homem/mulher decrescendo ligeirmente prtir dess idde. Anlisndo s mudnçs ns rzões de sexo d tx de tividde e d probbilidde de recebimento de benefícios (Gráfico 12), fic evidente que primeir é

334 KAIZÔ IWAKAMI BELTRÃO SONOE SUGAHARA PINHEIRO FERNANDA PAES LEME PEYNEAU JOÃO LUÍS OLIVEIRA MENDONÇA negtiv e segund positiv pr s iddes compreendids entre 28 e 52 nos. A vrição negtiv d rzão de sexo d tx de tividde pr tods s iddes do estudo confirm o umento d prticipção feminin n forç de trblho. Os vlores negtivos pr s iddes cim de 51 nos pontm pr um umento reltivo de posentdoris/pensões de mulheres n populção rurl. Com o intuito de demonstrr s trnsformções ocorrids no mercdo de trblho, será feit um descrição d PEA, no que diz respeito à prticipção de seus componentes: trblhdores formis, informis, trblhdores recebendo benefícios, desempregdos, e trblhdores não-remunerdos. Os Gráficos 13 e 14 mostrm prticipção reltiv médi, no mercdo de trblho, dos homens e ds mulheres, respectivmente, no período. Depreende-se que: ) os homens presentm mior prticipção no mercdo informl; b) prticipção dos trblhdores

A CONSTITUIÇÃO DE 1988 E O ACESSO DA POPULAÇÃO RURAL BRASILEIRA À SEGURIDADE SOCIAL 335 homens não-remunerdos decresce com idde; e c) s mulheres presentm miores txs de prticipção tnto no grupo de trblhdores não-remunerdos qunto no grupo de trblhdores que tmbém recebem benefícios. O desemprego é reltivmente pequeno pr mbos os sexos. Os Gráficos 15 e 16 presentm, pr os mesmos componentes do mercdo de trblho, s txs de vrição ds probbiliddes de prticipção reltiv dos homens e ds mulheres, respectivmente. Entre os homens, observ-se que os trblhdores sem remunerção (entre 30 e 80 nos) e os que tmbém recebem benefícios (entre 15 e 30 nos) presentm s miores txs (mior crescimento n prticipção) e os desempregdos, s menores (mior decréscimo n prticipção). Já s mulheres presentm txs positivs, tnto pr o grupo de trblhdors informis (tods s iddes) qunto pr o de trblhdors recebendo benefícios

336 KAIZÔ IWAKAMI BELTRÃO SONOE SUGAHARA PINHEIRO FERNANDA PAES LEME PEYNEAU JOÃO LUÍS OLIVEIRA MENDONÇA (bixo dos 30 e cim dos 55 nos), indicndo umento reltivo desses dois grupos. O crescimento ns txs de tividde de mbos os sexos é devido, em lrg medid, o umento do número de trblhdores não-remunerdos e de trblhdores recebendo benefícios. Esse fenômeno pode ser prcilmente explicdo pel mudnç no conceito de PEA utilizdo pel PNAD. O hito entre os sexos pode ser observdo pelo Gráfico 17, que present s rzões de sexo d prticipção reltiv n PEA. A rzão de sexo é superior 2 pr s principis ctegoris remunerds (trblhdores formis e informis) em prticmente tods s iddes, o que confirm predominânci msculin no mercdo de trblho rurl. Anlisndo s txs de crescimento d rzão de sexo, observm-se txs positivs pens pr tividdes não-remunerds e pr trblhdores mis velhos no mercdo forml. Novmente, confirm-se um umento d prticipção feminin no mercdo de trblho, sobretudo ns tividdes sem remunerção monetári.

A CONSTITUIÇÃO DE 1988 E O ACESSO DA POPULAÇÃO RURAL BRASILEIRA À SEGURIDADE SOCIAL 337 Em outrs plvrs, rzão de sexo d forç de trblho e d populção de beneficiários permneceu prticmente inlterd durnte o período estuddo, como demonstrdo no Gráfico 18, referente à tx de vrição d rzão de sexo ds txs de tividde e de recebimento de benefícios. Assim, pr qulquer dos csos, conclusão permnece mesm: pesr d pequen prticipção (declrd) n forç de trblho, s mulheres têm elevd prticipção no recebimento de benefícios d previdênci socil. Esss consttções levm lgums conclusões interessntes sobre interrelção entre o trblho e o sistem de previdênci rurl no Brsil. Observe-se que, princípio, poder-se-i supor que distribuição dos benefícios entre homens e mulheres espelhsse d PEA. Como foi demonstrdo, isso não ocorre: há um enorme predominânci msculin no mercdo de trblho, enqunto, do ldo dos benefícios, há um prticipção muito mior ds mulheres. Isso signific que s mulheres ruris, embor não se declrem trblhdors (qundo em iddes tivs), conseguem, de lgum form, obter os benefícios previdenciários. 4 PARTICIPAÇÃO DOS IDOSOS 6 E DE SUA RENDA 7 NAS FAMÍLIAS ORDENADAS POR RENDA FAMILIAR PER CAPITA 8 O Gráfico 19 present prticipção médi dos idosos e de su rend ns fmílis envolvids em tividdes grícols ordends por vintis de rend fmilir per cpit 6. Idosos form definidos como miores de 55 nos, já que elegibilidde pr posentdori rurl é de 55 nos pr s mulheres. Embor nem todos os beneficiários d previdênci e ssistênci socil sejm idosos, os Gráficos 5 e 6 evidencim que esses se constituem em miori bsolut. Dess form, será utilizd proxy de idosos como proximção do conceito de beneficiário. 7. Por rend dos idosos entende-se rend de benefícios exclusivmente. 8. Confrontr com os cpítulos de Delgdo e Crdoso Jr. e de Sboi que vlim rend dos idosos prtir de pesquiss de cmpo.

338 KAIZÔ IWAKAMI BELTRÃO SONOE SUGAHARA PINHEIRO FERNANDA PAES LEME PEYNEAU JOÃO LUÍS OLIVEIRA MENDONÇA pr o período 1988-2002. 9 Observm-se sempre menos idosos em 50% ds fmílis mis pobres do que n populção como um todo, evidencindo que é, preferencilmente, ns fmílis mis fluentes que se encontr o idoso. Isso pode revelr que os idosos possuem os recursos ou que s fmílis mis rics mntêm os idosos junto si, já que mior prticipção dos idosos é verificd nos percentis mis ltos. 10 A Tbel A.1 do Anexo mostr prticipção dos idosos ns fmílis ordends por percentis de rend fmilir per cpit pr os nos considerdos e médi pr o período, ssim como médi pr cd no (últim colun). A prticipção médi dos idosos ns fmílis cresceu de 9,8% em 1988 pr 14,2% em 2002, em conseqüênci do envelhecimento populcionl no período. Ess informção desgregd por rend fmilir per cpit mostr um mudnç considerável. Ns fmílis de bix rend (té o 20 o percentil d rend per cpit) verific-se que prticipção médi dos idosos ciu de 4,0% em 1988 pr 3,4% em 2002. Já pr s fmílis com rends mis lts ( prtir do 80 o percentil de rend per cpit), observ-se um crescimento de 14,8% pr 28,3% d prticipção dos idosos no mesmo período. A Tbel A.2 do Anexo present os ddos reltivos à prticipção d rend de posentdoris e pensões dos idosos n rend fmilir per cpit, tmbém ordend por percentis de rend pr os nos considerdos. A médi pr cd um dos percentis de rend fmilir per cpit pr o período prece do ldo direito d 9. É bom lembrr que populção rurl brsileir não é totlmente monetizd e o utoconsumo corresponde um prcel significtiv do consumo ds fmílis, o que é de difícil mensurção. 10. Ver Brros, Mendonç e Sntos (1999) que tecem comentários similres pr o Brsil como um todo.

A CONSTITUIÇÃO DE 1988 E O ACESSO DA POPULAÇÃO RURAL BRASILEIRA À SEGURIDADE SOCIAL 339 tbel e prticipção médi dos idosos ns fmílis pr cd no encontr-se no finl d tbel. No Gráfico 20 pode-se observr tx de vrição d prticipção do idoso, tnto em termos d presenç físic, qunto em termos de prticipção n rend fmilir pr o período 1988-2002. O umento d prticipção dos idosos prtir do 45 o percentil, ssim como o oposto pr s fmílis bixo desse ponto, é notável. Resslte-se que os dois primeiros percentis não form esttisticmente significtivos nem consistentes com tendênci gerl. Assim como umentou presenç dos idosos no período, houve tmbém mior prticipção d rend do idoso n rend fmilir, de 5,6% em 1988 pr 21,4% em 2002. Esse umento pode ser dividido em dois componentes: ) umento d populção de idosos (posentdos e pensionists) no pís como um todo e ns fmílis ruris em prticulr; e b) umento d rend médi dos idosos. O crescimento do segundo componente é resultnte do umento no vlor dos benefícios, como mostr o Gráfico 20. Esse gráfico present txs de vrição positivs pr todos os grupos de rend fmilir per cpit, com exceção dos dois grupos inferiores (que, embor não-esttisticmente significtivos, são consistentes com tendênci gerl), que mostrm um diminuição d prticipção d rend dos idosos n rend fmilir. Em outrs plvrs, mesmo desconsiderndo o componente de envelhecimento populcionl, o créscimo d prticipção dos idosos n rend fmilir rurl brsileir pode ser creditdo à Constituição de 1988, que dobrou o vlor do benefício em slários mínimos e mpliou populção elegível. Sintetizndo, observ-se que os idosos ruris se concentrm cd vez mis ns fmílis de rends mis elevds. Verific-se que, embor tenh crescido

340 KAIZÔ IWAKAMI BELTRÃO SONOE SUGAHARA PINHEIRO FERNANDA PAES LEME PEYNEAU JOÃO LUÍS OLIVEIRA MENDONÇA prticipção médi dos idosos ns fmílis ruris (envolvids em tividdes grícols) no período 1988-2002, esse crescimento foi bstnte desigul, qundo considerds s fixs de rend per cpit, corroborndo que eles form os responsáveis pel melhori ds fmílis às quis pertencim. A tx de vrição d prticipção dos idosos ns fmílis é mior pr quels com mis lts rends e negtiv pr os grupos de menor rend per cpit fmilir. Em termos de prticipção econômic, ssim como foi verificdo em termos de presenç físic, tx de vrição ument de cordo com rend fmilir per cpit, diminuindo nos grupos extremos: há um contribuição menor d rend do idoso pr rend fmilir nos percentis extremos (ns fmílis mis pobres e ns mis rics). Ns fmílis mis pobres (percentis de rend per cpit bixo de 20%) verificse que contribuição médi dos idosos n rend fmilir er de cerc de 5,1% d rend totl no período considerdo (em 1988 ess médi er de 5,8% e descreve um trjetóri côncv, chegndo 5,9% em 2002). Já pr s fmílis mis rics (percentis de rend prtir de 80%) verific-se um prticipção médi pr o período em torno de 15,3% (em 1988 ess médi er de 4,8% e umentou pr 21,7% em 2002). Esse crescimento é considerável e ocorre em quse todos os percentis, como mostr Tbel A.2 do Anexo. Resumindo, presenç de idosos n fmíli está ssocid um melhor finnceir, ind que prticipção médi d rend do idoso n rend fmilir não se dê sempre n mesm proporção que d rend dos outros membros d fmíli nos grupos mis bondos. N verdde, rend fmilir per cpit (como frção do slário mínimo vigente no mês d pesquis gosto de cd no) dos indivíduos envolvidos em tividdes grícols no período é quse estável. Um qued n rend ocorre pr os outros membros d fmíli, ms não pr os idosos que contr-rrestrm perd ocorrid. Destque-se que diminuição d rend fmilir rurl per cpit em termos de números de slários mínimos ocorre prlelmente o umento do vlor rel do slário mínimo desde 1992 (Gráfico 21).

A CONSTITUIÇÃO DE 1988 E O ACESSO DA POPULAÇÃO RURAL BRASILEIRA À SEGURIDADE SOCIAL 341 5 EFEITO DA RENDA DOS IDOSOS NA RENDA FAMILIAR PER CAPITA Os Gráficos 22 24 combinm s informções já nlisds n últim seção. O foco de nálise dess seção é considerr os idosos, simultnemente, como membros prticipntes ns despess ds fmílis e como contribuintes pr o orçmento fmilir (provedor). O exercício qui relizdo consiste em excluir os idosos d fmíli e nlisr rend per cpit ntes e depois d exclusão. O Gráfico 22 present mudnç n rend fmilir com e sem os idosos pr cd vintil de rend e mudnç médi d populção como um todo, mbos pr o período 1988-2002. Observ-se que nesse período os grupos bixo do percentil 75 (exceto pr o primeiro percentil de 5%) terim um redução médi de cerc de 3% em su rend per cpit com exclusão dos idosos. Pr s fmílis loclizds nos percentis cim de 75, exclusão dos idosos crretri um umento d rend fmilir.

342 KAIZÔ IWAKAMI BELTRÃO SONOE SUGAHARA PINHEIRO FERNANDA PAES LEME PEYNEAU JOÃO LUÍS OLIVEIRA MENDONÇA O Gráfico 23 mostr que o período de estudo pode ser desgregdo em três: um primeiro ntes d promulgção d lei em 1991, um segundo entre ess dt e o finl do século e um terceiro já neste século. Aind que os últimos nos do século pssdo já prenunciem s mudnçs, é pens neste século que els se tornm mis óbvis. Existe um clr descontinuidde d informção de 2001 com nterior, que é confirmd pelos ddos de 2002. O primeiro hito pode ser tribuído às mudnçs introduzids pel Lei 8.213. O segundo pode ser tribuído à pior d situção d PEA e d melhor reltiv dos beneficiários do sistem. A prtir de 1992 o impcto e o número de fmílis fetds negtivmente serim notáveis: tods s fmílis, com exceção ds situds bixo do 5 o percentil e cim do 80 o percentil, terim um redução d rend fmilir com exclusão dos idosos; em 1999 e em 2002, o percentil superior seri 85 (ver Gráfico 24 e Tbel A.4

A CONSTITUIÇÃO DE 1988 E O ACESSO DA POPULAÇÃO RURAL BRASILEIRA À SEGURIDADE SOCIAL 343 no Anexo). Ness tbel são presentds, por percentil de rend fmilir per cpit, s vrições n rend fmilir per cpit com exclusão d prticipção d rend dos idosos n rend ds fmílis ordends por percentil de rend pr os nos nlisdos e vrição médi pr cd percentil de rend (últim colun), ssim como prticipção médi dos idosos ns fmílis em cd no considerdo (últim linh). Mis um vez os ddos comprovm crescente importânci dos idosos ns áres ruris, fruto não só do processo de envelhecimento demográfico, ms tmbém ds condições mis geneross de elegibilidde e do umento no vlor dos benefícios. O Gráfico 25 present rend médi pr cd percentil de rend fmilir pr populção como um todo, fmílis sem os idosos e rend médi dos idosos pr o período 1988-2002 em relção o número de slários mínimos. Abixo do 75 o percentil, os idosos estrim melhores sozinhos (em termos de rend), com exceção dquele mis bixo (5 o ). A curv d rend médi dos idosos sozinhos é bem mis pln, mostrndo que os fluxos finnceiros cminhm em mbs s direções, dependendo do grupo de rend. Ns fmílis de bix rend os idosos judm no orçmento, enqunto se beneficim qundo estão em fmílis de lt rend. Obvimente existem vários outros ftores serem considerdos, dentre os quis os lços fmilires são os mis complexos. As diferentes gerções podem se judr reciprocmente de diverss mneirs, sendo monetári pens mis um. A jud e o cuiddo mútuo, ssim como o cuidr dos netos e dos incpcitdos, são outrs possibiliddes. Não obstnte, rend médi dos idosos pr todos os percentis e rend fmilir são muito próxims o benefício previdenciário dos trblhdores ruris, sugerindo que previdênci é mior fonte de rend dess populção.

344 KAIZÔ IWAKAMI BELTRÃO SONOE SUGAHARA PINHEIRO FERNANDA PAES LEME PEYNEAU JOÃO LUÍS OLIVEIRA MENDONÇA O Gráfico 26 mostr que situção se lterou drsticmente entre 1998 e 2002. Em tods s fmílis, especilmente ns 10% mis pobres, tx de vrição d rend dos idosos foi muito mior do que d rend fmilir com diferençs menores pr os grupos de rend mis lt. Apesr do crescimento n rend dos idosos nesse período, observ-se o inverso pr o restnte d fmíli, ou sej, um diminuição d rend dos demis membros. Poder-se-i, entretnto, rgumentr que esse fenômeno seri decorrente de um mudnç no perfil d fmíli rurl brsileir no que diz respeito à proporção de idosos. Esse rgumento, no entnto, não é verddeiro, como pode ser observdo no Gráfico 27, que mostr distribuição cumultiv ds fmílis por tmnho: s fmílis diminuírm em tmnho, pssndo de 6,23 pr 5,22 membros em médi,

A CONSTITUIÇÃO DE 1988 E O ACESSO DA POPULAÇÃO RURAL BRASILEIRA À SEGURIDADE SOCIAL 345 ou sej, um diminuição de 16% no período. A diminuição no vlor medino foi mis ou menos mesm, de 6 pr 5. Adicionlmente, o Gráfico 28, referente à proporção dos idosos n fmíli por tmnho de fmíli, pont pr um crescimento do número de idosos vivendo sozinhos. Prlelmente isso, verific-se um crescimento d proporção de membros idosos em fmílis grndes. Esse ddo corrobor impressão de que o umento n rend dos idosos induz que os filhos permneçm em cs pr usufruírem dess rend. A economi rurl brsileir não é totlmente monetizd, sendo pouco comum o trblho não-remunerdo, que dirá o rendimento superior um slário mínimo. Prte do pgmento é feit em produtos e miori dos pequenos fzendeiros é, n verdde, constituíd de meeiros/prceiros. Os idosos, com seus benefícios de um slário mínimo, detêm mior prte d rend monetári nesss regiões. Existem evidêncis de que em lgums ciddes do Nordeste (e mesmo no Sudeste e no Sul) rend uferid por benefícios sobrepss em muito o Fundo de Prticipção de Municípios. 11 Pode-se rejeitr hipótese de que mior importânci econômic dos idosos ns fmílis ruris sej cusd por um mudnç demográfic, e não pelos novos dispositivos constitucionis. O Gráfico 29 present o índice de Gini pr populção rurl brsileir no período estuddo. Verific-se que distribuição é melhor, embor com oscilções no período. 11. Ver o cpítulo de Delgdo e Crdoso Jr.

346 KAIZÔ IWAKAMI BELTRÃO SONOE SUGAHARA PINHEIRO FERNANDA PAES LEME PEYNEAU JOÃO LUÍS OLIVEIRA MENDONÇA 6 COMENTÁRIOS FINAIS E CONCLUSÕES Considerndo-se rend médi e su tx de vrição no período estuddo, observ-se que pens os grupos compreendidos entre os percentis 15 e 75 tiverm su rend fmilir per cpit médi mntid entre 1988 e 2002. Resslt-se que os créscimos form miores pr s fmílis de rend mis lt. Como são justmente nesss fmílis que, progressivmente, se concentrm os idosos e, ind, é nels que mis cresce prticipção do idoso n rend fmilir, fic bstnte clro que s mudnçs constitucionis form determinntes desse fenômeno. Além disso, é evidente nos ddos o umento d cobertur previdenciári à populção rurl, principlmente entre s mulheres. Mostrou-se que o período de estudo pode ser desgregdo em três: um primeiro, ntes d promulgção d lei em julho de 1991, um segundo entre ess dt e o finl do século e um terceiro já neste século. Aind que os últimos nos do século pssdo já prenunciem s mudnçs, é pens neste século que els se tornm mis óbvis. Existe um clr descontinuidde d informção de 2001 com nterior, descontinuidde est confirmd pelos ddos de 2002. O primeiro hito pode ser tribuído às mudnçs introduzids pel Lei 8.213. O segundo pode ser tribuído à pior d situção d PEA e d melhor reltiv dos beneficiários do sistem. Aind que benefícios previdenciários tenhm função específic de servir como seguro contr perd de cpcidde lbortiv, é inegável o ppel socil que previdênci rurl tem desempenhdo n elevção d rend no cmpo e, nesse sentido, colbordo pr errdicção d pobrez. A Constituição de 1988 e s leis complementres que se seguirm form fundmentis pr deliner ess nov relidde.

A CONSTITUIÇÃO DE 1988 E O ACESSO DA POPULAÇÃO RURAL BRASILEIRA À SEGURIDADE SOCIAL 347 ANEXO TABELA A.1 BRASIL RURAL: PARTICIPAÇÃO DOS IDOSOS NA FAMÍLIA POR VINTIS DE RENDA FAMILIAR PER CAPITA EM NÚMEROS 1988-2002 [em %] Vintis 1988 1989 1990 1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 Médi 5 2,9 2,6 2,9 4,5 2,9 2,7 4,1 3,0 3,9 3,1 3,5 3,3 3,3 10 3,6 3,2 3,7 4,1 2,8 2,9 3,5 3,3 3,5 3,2 3,2 3,1 3,3 15 4,5 3,9 4,5 4,0 3,2 3,1 3,6 3,8 3,5 3,4 3,4 3,2 3,7 20 5,0 4,6 5,3 4,5 3,9 3,8 4,4 4,6 4,2 4,0 3,8 3,7 4,3 25 5,8 5,3 6,1 4,9 4,8 4,4 5,4 5,5 5,4 4,8 4,5 4,8 5,1 30 6,5 6,0 7,2 5,5 5,3 5,5 6,7 6,0 5,8 5,5 4,9 5,8 5,9 35 7,5 6,8 7,9 6,3 6,2 6,4 7,2 7,7 7,2 7,0 6,1 7,1 7,0 40 7,7 8,1 8,2 7,0 7,5 7,7 8,0 8,5 7,6 8,1 7,7 7,7 7,8 45 8,4 9,2 8,6 7,8 8,0 8,6 8,3 9,6 9,7 9,2 8,8 8,6 8,7 50 9,0 10,0 9,5 9,3 9,1 10,8 10,9 11,5 11,9 11,9 9,5 9,6 10,2 55 10,5 10,2 10,6 10,5 9,7 12,2 11,7 13,0 12,7 12,6 12,1 13,0 11,6 60 11,2 10,3 11,4 12,2 12,5 13,3 13,9 14,6 13,4 15,0 13,5 15,0 13,0 65 12,4 11,2 12,2 14,0 13,7 14,5 14,0 14,3 14,9 14,4 17,0 18,1 14,2 70 12,8 12,2 13,5 15,3 16,3 15,8 15,7 15,0 17,0 17,0 17,3 18,8 15,6 75 13,5 13,8 14,0 17,0 16,8 19,5 19,0 20,3 18,1 17,3 20,1 20,4 17,5 80 13,8 14,1 14,5 17,6 21,0 21,2 20,6 22,1 22,9 24,0 25,5 25,6 20,2 85 14,6 14,3 14,2 21,1 21,5 23,4 22,4 24,5 25,0 26,5 28,4 28,0 22,0 90 14,7 14,3 15,3 22,7 22,9 23,1 21,4 22,1 27,6 28,9 30,8 30,7 22,9 95 15,5 15,2 16,6 23,8 21,9 23,7 22,3 22,6 25,2 25,8 29,0 28,3 22,5 100 16,7 16,4 18,2 23,7 22,1 23,6 22,9 22,8 24,8 23,7 28,8 27,4 22,6 Totl 9,8 9,6 10,2 11,7 11,7 12,3 12,3 12,7 13,3 13,4 13,9 14,2 12,1 Fonte: IBGE/PNADs de 1988 2002.

348 KAIZÔ IWAKAMI BELTRÃO SONOE SUGAHARA PINHEIRO FERNANDA PAES LEME PEYNEAU JOÃO LUÍS OLIVEIRA MENDONÇA TABELA A.2 PARTICIPAÇÃO DA RENDA DE APOSENTADORIA E PENSÃO NA RENDA FAMILIAR POR VINTIL DE RENDA FAMILIAR PER CAPITA 1988-2002 [em %] Vintis 1988 1989 1990 1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 Médi 5 3,7 2,3 4,1 0,2 0,3 0,4 1,9 0,9 1,9 2,4 1,2 0,3 1,6 10 5,6 4,4 5,2 1,6 1,9 3,7 6,2 4,6 5,4 5,5 3,5 3,3 4,2 15 6,2 5,0 5,8 3,3 4,6 6,6 8,6 8,0 7,5 7,7 6,2 6,5 6,3 20 6,0 5,9 6,4 5,2 8,1 8,7 10,3 10,5 9,1 9,0 9,1 9,2 8,1 25 6,5 6,7 6,6 7,9 11,4 9,6 12,2 11,5 10,9 11,1 12,0 11,7 9,8 30 7,5 6,4 7,0 10,5 13,2 10,8 15,5 13,4 12,4 13,5 13,2 13,9 11,4 35 8,4 6,7 7,4 11,0 13,8 12,5 16,0 16,4 14,2 14,7 13,9 15,4 12,5 40 7,9 7,6 7,2 11,5 15,0 13,1 14,8 18,0 15,8 16,5 17,5 17,2 13,5 45 6,6 7,9 7,0 13,2 15,6 14,2 15,2 16,9 16,6 17,6 20,3 18,8 14,2 50 6,7 7,4 7,2 16,2 14,8 16,8 16,7 18,2 20,6 19,7 20,3 19,7 15,4 55 7,5 7,1 7,6 17,5 15,3 17,8 18,2 20,6 21,7 21,6 22,4 22,1 16,6 60 7,9 7,0 7,3 16,4 17,9 18,0 18,9 19,7 18,7 20,5 23,9 24,8 16,7 65 8,2 6,5 6,7 18,1 19,0 18,6 18,9 18,5 20,0 19,6 23,6 25,6 16,9 70 7,6 6,6 6,6 19,9 18,9 19,3 17,3 17,8 22,0 20,1 25,6 26,0 17,3 75 6,4 6,8 6,4 18,6 19,0 20,9 18,3 20,7 19,8 20,6 25,4 25,4 17,4 80 5,8 5,7 5,8 17,6 19,5 21,5 19,8 23,5 21,7 23,2 27,7 27,7 18,3 85 5,6 4,5 5,3 18,1 19,9 19,3 17,3 20,8 24,0 25,2 30,1 30,0 18,3 90 4,8 4,0 4,8 17,8 17,3 16,8 15,2 17,3 20,5 21,8 25,7 26,5 16,0 95 4,6 3,8 4,9 14,2 11,9 14,2 13,1 13,9 16,8 17,0 20,2 20,5 12,9 100 4,6 3,7 5,1 11,3 7,9 12,4 11,2 11,3 14,2 13,9 16,1 16,0 10,6 Totl 5,6 4,8 5,7 14,9 14,0 15,5 14,7 15,9 17,9 18,3 21,3 21,4 14,2 Fonte: IBGE/PNADs de 1988 2002.

A CONSTITUIÇÃO DE 1988 E O ACESSO DA POPULAÇÃO RURAL BRASILEIRA À SEGURIDADE SOCIAL 349 TABELA A.3 RENDA FAMILIAR PER CAPITA EM NÚMERO DE SALÁRIOS MÍNIMOS POR VINTIL DE RENDA FAMILIAR PER CAPITA 1988-2002 Vintis 1988 1989 1990 1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 Médi 5 0,05 0,06 0,06 0,01 0,02 0,04 0,02 0,03 0,03 0,04 0,03 0,04 0,04 10 0,10 0,12 0,14 0,05 0,07 0,11 0,10 0,11 0,11 0,11 0,09 0,11 0,10 15 0,14 0,16 0,18 0,09 0,11 0,16 0,15 0,15 0,15 0,16 0,13 0,15 0,14 20 0,17 0,20 0,22 0,12 0,14 0,20 0,19 0,19 0,19 0,19 0,17 0,19 0,18 25 0,20 0,24 0,26 0,14 0,17 0,24 0,23 0,22 0,22 0,23 0,20 0,22 0,21 30 0,23 0,27 0,30 0,17 0,20 0,28 0,27 0,26 0,25 0,26 0,24 0,25 0,25 35 0,27 0,32 0,33 0,20 0,24 0,32 0,31 0,30 0,29 0,31 0,27 0,29 0,29 40 0,30 0,36 0,38 0,24 0,27 0,36 0,36 0,34 0,33 0,35 0,30 0,32 0,33 45 0,33 0,40 0,42 0,27 0,32 0,41 0,40 0,39 0,38 0,39 0,34 0,36 0,37 50 0,38 0,45 0,47 0,31 0,36 0,46 0,46 0,44 0,42 0,44 0,39 0,41 0,42 55 0,42 0,51 0,53 0,35 0,41 0,51 0,52 0,50 0,48 0,49 0,44 0,46 0,47 60 0,47 0,58 0,60 0,40 0,47 0,58 0,59 0,55 0,54 0,55 0,50 0,51 0,53 65 0,53 0,66 0,67 0,47 0,52 0,66 0,67 0,64 0,62 0,63 0,56 0,58 0,60 70 0,60 0,74 0,76 0,53 0,61 0,76 0,76 0,72 0,70 0,71 0,64 0,66 0,68 75 0,69 0,86 0,88 0,61 0,70 0,86 0,88 0,82 0,79 0,81 0,73 0,75 0,78 80 0,81 1,02 1,03 0,71 0,82 0,99 1,01 0,96 0,92 0,93 0,86 0,88 0,91 85 0,98 1,24 1,24 0,85 0,99 1,17 1,20 1,13 1,06 1,07 1,01 1,03 1,08 90 1,25 1,58 1,57 1,04 1,23 1,47 1,49 1,43 1,36 1,35 1,24 1,26 1,35 95 1,80 2,32 2,26 1,41 1,74 2,04 2,07 2,03 1,88 1,88 1,69 1,73 1,90 100 5,68 8,02 7,40 4,05 5,13 6,20 6,20 6,00 5,58 5,31 4,96 4,93 5,79 Totl 0,77 1,01 0,99 0,60 0,73 0,89 0,89 0,86 0,82 0,81 0,74 0,76 0,82 Fonte: IBGE/PNADs de 1988 2002.

350 KAIZÔ IWAKAMI BELTRÃO SONOE SUGAHARA PINHEIRO FERNANDA PAES LEME PEYNEAU JOÃO LUÍS OLIVEIRA MENDONÇA TABELA A.4 VARIAÇÃO NA RENDA FAMILIAR PER CAPITA COM A EXCLUSÃO DOS IDOSOS POR VINTIL DE RENDA FAMILIAR PER CAPITA 1988-2002 [em %] Vintis 1988 1989 1990 1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 Médi 5 0,6 1,7 0,7 4,7 3,5 3,0 4,8 2,6 4,1 1,9 2,3 3,1 2,6 10 1,9 1,1 1,4 2,4 0,3 1,3 3,1 2,0 2,3 2,7 0,6 0,9 1,2 15 1,8 1,1 1,6 0,4 1,5 3,6 5,4 4,7 4,3 4,4 3,2 3,3 2,9 20 0,9 1,6 0,9 0,5 4,8 5,0 5,8 5,4 5,0 5,0 5,4 5,7 3,8 25 1,1 1,1 0,7 3,8 6,7 5,5 7,8 7,1 6,2 7,4 8,1 7,4 5,2 30 0,7 0,6 0,2 4,6 8,4 5,9 9,3 7,7 6,5 7,7 7,9 8,3 5,6 35 1,3 0,1 0,8 5,3 7,9 6,2 8,5 9,7 8,5 8,9 9,4 9,3 6,2 40 0,6 0,7 1,0 4,8 8,7 5,9 8,4 9,7 7,6 8,9 10,5 10,1 6,0 45 1,3 1,5 1,9 6,1 7,2 6,7 6,8 8,2 9,0 8,9 12,2 11,2 6,0 50 2,7 3,0 2,3 7,7 7,1 6,2 7,5 8,7 9,8 10,1 12,0 11,0 6,0 55 3,2 3,2 3,6 7,0 5,9 6,5 6,4 7,3 8,8 8,5 12,8 11,3 5,4 60 3,8 4,0 4,6 5,4 6,9 5,4 6,6 6,6 7,5 7,8 10,1 10,4 4,5 65 4,8 5,0 6,4 5,3 5,0 4,9 4,9 4,6 6,3 5,2 10,2 9,9 3,4 70 6,3 6,4 7,8 4,0 4,4 4,0 2,1 3,3 4,9 4,8 8,4 8,3 2,0 75 8,0 8,4 9,1 2,7 1,4 2,3 0,2 2,2 2,5 2,9 6,9 6,2 0,2 80 9,2 9,8 10,0 0,4 0,5 0,8 2,8 0,6 0,1 0,9 4,9 4,5 2,0 85 10,7 11,3 10,5 3,2 3,6 4,7 5,9 3,9 4,1 4,1 0,8 0,2 5,2 90 11,7 11,9 12,4 7,3 7,2 8,6 7,9 6,8 8,7 9,5 6,2 5,2 8,6 95 12,8 13,4 13,9 12,8 13,4 12,4 12,3 11,6 11,7 12,1 13,1 11,8 12,6 100 14,7 15,5 16,2 13,3 18,5 12,7 14,3 13,3 15,3 12,3 18,6 16,1 15,1 Totl 4,6 5,3 5,1 3,5 2,7 3,7 2,7 3,6 5,3 5,7 8,5 8,3 2,4 Fonte: IBGE/PNADs de 1988 2002.

A CONSTITUIÇÃO DE 1988 E O ACESSO DA POPULAÇÃO RURAL BRASILEIRA À SEGURIDADE SOCIAL 351 BIBLIOGRAFIA BARROS, R. P. de, MENDONÇA, R. S. P. de. Determinntes d desiguldde no Brsil. Rio de Jneiro: IPEA, 1995 (Texto pr Discussão, 377). BARROS, R. P. de, MENDONÇA, R. S. P. de, SANTOS, D. Incidênci e nturez d pobrez entre idosos no Brsil. In: CAMARANO, A. A. (org.). Muito lém dos 60: os novos idosos brsileiros. Rio de Jneiro: IPEA, 1999. 382p. BRASIL. Constituição d Repúblic Federtiv do Brsil 1988. Acessível em: <http://wwwt.sendo.gov.br/legbrs/defultnotfound.htm>.. Decreto-Lei 7.526, de 7 de mio de 1945. Lei Orgânic dos Serviços Sociis do Brsil. Acessível em: <http://wwwt.sendo.gov.br>.. Lei 2.613, de 23 de setembro de 1955. Autoriz União crir fundção denomind Serviço Socil Rurl. Acessível em: <http://wwwt.sendo.gov.br>.. Lei 4.214, de 2 de mrço de 1963. Dispõe sobre o esttuto do trblhdor rurl. Acessível em: <http://wwwt.sendo.gov.br>.. Decreto-Lei 276, de 28 de fevereiro de 1967. Alter dispositivos d Lei 4.214, de 2 de mrço de 1963, e dá outrs providêncis. Acessível em: <http://wwwt.sendo.gov.br>.. Decreto-Lei 564, de 1 de mio de 1969. Estende previdênci socil empregdos não brngidos pelo sistem gerl d Lei 3.807, de 26 de gosto de 1960, e dá outrs providêncis. Acessível em: <http://wwwt.sendo.gov.br>.. Lei Complementr 11, de 25 de mio de 1971. Institui o Progrm de Assistênci o Trblhdor Rurl e dá outrs providêncis. Acessível em: <http://wwwt.sendo.gov.br>.. Lei 6.179, de 11 de dezembro de 1974. Institui mpro previdenciário pr miores de 70 nos de idde e pr inválidos, e dá outrs providêncis. Acessível em: <http:// wwwt.sendo.gov.br>.. Lei 6.195, de 19 de dezembro de 1974. Atribui o Funrurl concessão de prestções por cidente de trblho. Acessível em: <http://wwwt.sendo.gov.br>.. Lei 6.260, de 6 de novembro de 1975. Institui benefícios de previdênci e ssistênci socil em fvor dos empregdores ruris e seus dependentes e dá outrs providêncis. Acessível em: <http://wwwt.sendo.gov.br>.. Lei 8.213, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre os plnos de benefícios d previdênci socil e dá outrs providêncis. Acessível em: <http://wwwt.sendo.gov.br>. IBGE. Pesquis Ncionl por Amostr de Domicílios (PNAD). Rio de Jneiro, 1988 2002. OLIVEIRA. F. E. B. de, BELTRÃO, K. I., MEDICI. A. C. The socil security reform in Brzil: pst, present nd future. Rio de Jneiro, 1993 (Report for OIT). OLIVEIRA. F. E. B. de, BEVILAQUA. A. S. A dignosis of rurl socil security nd ssistnce. Rio de Jneiro: IPEA, 1984.