Controladoria-Geral da União Ouvidoria-Geral da União PARECER

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1 Controladoria-Geral da União Ouvidoria-Geral da União PARECER Referência: /201- Assunto: Restrição de acesso: Ementa: Órgão ou entidade recorrido (a): Recurso contra acesso incompleto à informação. Não há restrição de Informações. Ato normativo Ausência de resposta. Informação incompleta Informação concedida Não conhecimento Recomendações. Recurso sem identificação. Indicar prazo para recursos. Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT Recorrente: A.M. O. Senhor Ouvidor-Geral da União, 1. O presente parecer trata de solicitação de acesso à informação pública, com base na Lei nº /2011, conforme resumo descritivo abaixo apresentado: RELATÓRIO Data Teor Pedido 10/03/201 Cidadão, servidor público federal de Agência Reguladora, solicita informações quanto ao respaldo legal utilizado pelos Correios para restringir o prazo para informação/ reclamação para 90 dias. Cidadão enviou, em nome da empresa, 3 AR s ( ) que ainda estão pendentes de devolução. Que ao entrar em contato com a Central de Atendimento ao Consumidor dos Correios CAC -, foi informado que não poderia obter informações referentes aos AR s e nem registrar informações em 21

2 Resposta Inicial Recurso à Autoridade Superior Resposta do Recurso à Autoridade 10/03/201 09/0/201 1/0/201 função da perda de prazo (90 dias). Que tentou entrar em contato com a Ouvidoria da Empresa, mas não obteve sucesso uma vez que para a consecução do atendimento ele deveria possuir protocolo gerado a partir de reclamação feita na CAC, o que ele não possuía. Ainda, que a norma do inciso II, do artigo 26, do Código de Defesa do Consumidor, o qual afirma: Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em: II - noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos duráveis, não se aplica neste caso, uma vez que o serviço não foi prestado. A ECT informou ao requerente que o Serviço de Informações ao Cidadão (SIC) não trata de assuntos relacionados a objetos registrados, postados no Brasil ou no exterior, e sim do atendimento à solicitação de informações sobre a empresa; que para verificar a posição de encomendas registradas, o cidadão deve acessar o Sistema de Rastreamento de Objetos dos Correios na internet: ou pelos telefones (capitais e regiões metropolitanas) ou (demais localidades); e que reclamações sobre esse serviço devem ser registradas, com o preenchimento de um formulário, disponível na página dos Correios na internet tendo como outra opção entrar em contato com a Central de Atendimento dos Correios (CAC), pelo telefone , de segunda à sexta-feira, das 8h às 20h e, aos sábados, domingos e feriados, das 8h às 18h. Inconformado com a resposta, o cidadão afirma que formulou pedido de informação sobre a base legal utilizada pelos Correios para não aceitar pedidos de informação/reclamação após 90 dias; que empreendeu todas as formas de rastreamento e de contatos informados pela Empresa pública, sem obter sucesso; que as atividades da Agência Reguladora em que trabalha estão prejudicadas, uma vez que os Ar s não foram devolvidos e que não há informações sobre o paradeiro deles; e reitera o argumento de que o inciso II, artigo 26, do Código de Defesa do Consumidor não se aplica ao seu caso, pois o serviço contratado não foi prestado pela ECT. A ECT informou que ao definir o procedimento de abertura de Pedido de Informação para objeto registrado nacional, no prazo de 90 22

3 Superior (noventa) dias a contar da data provável de entrega ou, efetiva entrega, pautou-se no Artigo 26, inciso II e no 5º do mesmo dispositivo, da Lei 8078/90, Código de Defesa do Consumidor, que prevê: Art O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em: II- noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos duráveis. 1º - Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da entrega efetiva do produto ou do término da execução dos serviços. Expõe que, o serviço de Aviso de Recebimento AR - é um serviço adicional, que pode ou não, ser contratado com o principal. Que, neste caso, o escopo da reclamação se refere a 3 (três) objetos, que segundo o Sistema de Rastreamento de Objetos SRO, encontram-se com os seguintes status : -. Depreende-se que, para o primeiro objeto relacionado, o qual não houve evento finalizador no SRO, a contagem do prazo de 90 (noventa) dias deveria ser computada a partir da data prevista para entrega (término da execução dos serviços), registrada no Sistema Consulta de Prazos e Preços - SCPP. Como não ocorreu, constata-se vício na execução do serviço de fácil constatação. Que, quanto ao segundo e terceiro objetos, os mesmos foram entregues, respectivamente, em 09/09/2013 e 0/09/2013 devendo-se considerar o prazo de 90 (noventa) dias para registro de Pedido de Informação - PI, a partir de então. Uma vez que, não se efetivou a devolução dos Avisos de Recebimento AR ao remetente, se caracteriza como prestação de serviço parcial e, por conseguinte, revestida de vício. Que ante o exposto, é de clareza solar (sic) que se aplica o Artigo 26, inciso II do Código de Defesa do Consumidor à espécie se aplica o Artigo 26, inciso II do Código de Defesa do Consumidor à espécie. Que a ECT providenciará a 2ª via dos AR s pleiteados, e para isso serão necessárias informações adicionais, como o nome e o endereço do destinatário dos citados objetos. Por fim, considerando que a ANATEL é cliente de Contrato dos Correios, e por isso assistida por um profissional específico, solicita entrar em contato com o Assistente Comercial para as tratativas referentes à disponibilização da segunda via dos Avisos de Recebimento dos objetos de números 23

4 Recurso à Autoridade Máxima Resposta do Recurso à Autoridade Máxima Recurso à CGU É o relatório. Análise 2/0/201 29/0/201 06/05/201. Cidadão afirma que não há o que se falar em aplicação do Artigo 26, Inciso II, do Código de Defesa do Consumidor, pois estabelecer um prazo para efetuar reclamações de um serviço não prestado torna-se inócuo, vazio e irrelevante. Portanto, este sim é o entendimento que se faz necessário (...) reiteramos nosso pedido de informação quanto ao respaldo legal utilizado pelos Correios para restringir o prazo para informação/ reclamação quando o serviço não é prestado, pois para que o dispositivo legal supracitado possa ser aplicado, a única premissa verdadeiramente aceita seria a de que o serviço fora. A Presidência da ECT afirma que, conforme contatos telefônicos dos Correios com o solicitante, já foram disponibilizadas as 2ª vias solicitadas e que necessitam das informações do objeto (nome e endereço do remetente e destinatário e número do contrato) para providenciar a segunda via desse AR. Cidadão pede deferimento do pedido de informação para obter qual é o enquadramento legal dado pelos correios para cercear o direito de reclamação, com a restrição em 90 dias, nos casos do serviço não prestado a exemplo do AR de confirmação de entrega não devolvido ao cliente contratante do serviço. 2. Registre-se que o Recurso foi apresentado à CGU de forma tempestiva e recebido na esteira do disposto no caput e 1º do art. 16 da Lei nº /2012, bem como em respeito ao prazo de 10 (dez) dias previsto no art. 23 do Decreto nº 772/2012, in verbis: Lei nº /2012 2

5 Art. 16. Negado o acesso a informação pelos órgãos ou entidades do Poder Executivo Federal, o requerente poderá recorrer à Controladoria-Geral da União, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias se: (...) 1o O recurso previsto neste artigo somente poderá ser dirigido à Controladoria Geral da União depois de submetido à apreciação de pelo menos uma autoridade hierarquicamente superior àquela que exarou a decisão impugnada, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias. Decreto nº 772/2012 Art. 23. Desprovido o recurso de que trata o parágrafo único do art. 21 ou infrutífera a reclamação de que trata o art. 22, poderá o requerente apresentar recurso no prazo de dez dias, contado da ciência da decisão, à Controladoria-Geral da União, que deverá se manifestar no prazo de cinco dias, contado do recebimento do recurso. 3. Quanto ao cumprimento do art. 21 do Decreto n.º 7.72/2012, observa-se que não consta da resposta que a autoridade que proferiu a decisão, em primeira instância, era a hierarquicamente superior à que adotou a decisão. Da mesma forma, em nenhuma resposta emitida pela solicitada consta a possibilidade do solicitante impetrar recursos e, tampouco, os prazos legais exigidos.. Primeiramente, é importante frisar que a Lei de Acesso à Informação, Lei n /11, surgiu com o fito de assegurar o direito fundamental de acesso à informação. Pretende-se, por meio deste substrato legal, que as informações de natureza pública que não sejam classificadas ou protegidas por sigilo de ordem legal estejam acessíveis aos cidadãos, independente de suas motivações. É, portanto, instrumento basilar de transparência pública e de controle social do Estado pela sociedade brasileira. 5. No caso exposto, verifica-se que o cidadão realizou pedido de informação à Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, isto é, a base legal utilizada pela referida empresa para não aceitar pedidos de reclamação referentes a serviços prestados há mais de 90 dias. Em que pese a ECT não tenha dado a informação solicitada ao cidadão em sua resposta inicial, esta o fez na resposta ao recurso em primeira instância, proferido pela Vice-Presidente de Clientes e Operações da Empresa Estatal, ao informar que se pautou no artigo 26, inciso II, 1 da Lei n 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor). 6. Percebe-se, então, que além de fazer um pedido de acesso à informação específico, o solicitante faz diversas reclamações sobre a prestação do serviço pelos Correios. Por conseguinte, ele discorda e questiona o entendimento a respeito da base legal utilizada pela Empresa. Estas questões, claramente fogem ao escopo da Lei de Acesso à informação. Dessa maneira, esta lei não 25

6 possui como substrato tratar sobre reclamações a respeito da prestação de serviços públicos por parte do Estado Brasileiro. Da mesma forma, não serve ao assessoramento jurídico sobre casuísticas variadas. Observem-se os preceitos dos artigos 7, 15 e 16 da Lei n /11: Art. 7 o O acesso à informação de que trata esta Lei compreende, entre outros, os direitos de obter: I - orientação sobre os procedimentos para a consecução de acesso, bem como sobre o local onde poderá ser encontrada ou obtida a informação almejada; II - informação contida em registros ou documentos, produzidos ou acumulados por seus órgãos ou entidades, recolhidos ou não a arquivos públicos; III - informação produzida ou custodiada por pessoa física ou entidade privada decorrente de qualquer vínculo com seus órgãos ou entidades, mesmo que esse vínculo já tenha cessado; IV - informação primária, íntegra, autêntica e atualizada; V - informação sobre atividades exercidas pelos órgãos e entidades, inclusive as relativas à sua política, organização e serviços; VI - informação pertinente à administração do patrimônio público, utilização de recursos públicos, licitação, contratos administrativos; e VII - informação relativa: a) à implementação, acompanhamento e resultados dos programas, projetos e ações dos órgãos e entidades públicas, bem como metas e indicadores propostos; b) ao resultado de inspeções, auditorias, prestações e tomadas de contas realizadas pelos órgãos de controle interno e externo, incluindo prestações de contas relativas a exercícios anteriores. Art. 15. No caso de indeferimento de acesso a informações ou às razões da negativa do acesso, poderá o interessado interpor recurso contra a decisão no prazo de 10 (dez) dias a contar da sua ciência. Art. 16. Negado o acesso a informação pelos órgãos ou entidades do Poder Executivo Federal, o requerente poderá recorrer à Controladoria-Geral da União, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias se: I - o acesso à informação não classificada como sigilosa for negado; II - a decisão de negativa de acesso à informação total ou parcialmente classificada como sigilosa não indicar a autoridade classificadora ou a hierarquicamente superior a quem possa ser dirigido pedido de acesso ou desclassificação; III - os procedimentos de classificação de informação sigilosa estabelecidos nesta Lei não tiverem sido observados; e IV - estiverem sendo descumpridos prazos ou outros procedimentos previstos nesta Lei. 7. O cidadão, caso queira prestar queixas e fazer reclamações sobre a prestação de serviços públicos e não encontre guarida aos seus anseios na Ouvidoria do órgão em questão, deve buscar outros mecanismos que não a Lei de Acesso à Informação. Destarte, por meio do sítio eletrônico desta Controladoria-Geral da União - podem-se fazer reclamações, elogios, sugestões ou tirar dúvidas referentes aos serviços públicos federais ou a procedimentos e ações de agentes, órgãos e entidades do Poder Executivo Federal. 8. É importante salientar, destarte, que não cabe aos representantes dos órgãos públicos, ao realizar interlocuções com os cidadãos, seja presencialmente seja por meios eletrônicos, utilizar 26

7 maneiras pouco condizentes com o princípio de urbanidade, o qual deve pautar as relações entre Estado e Sociedade. Portanto, a utilização de ironias ou expressões sarcásticas que diminuam a petição do solicitante deve ser evitada, mesmo aquelas que façam alusão aos astros. 9. Conclui-se, dessa forma, que a informação foi efetivamente prestada, apesar do cidadão, em manifestações posteriores, afirmar sua contrariedade em relação à interpretação jurídica que a Empresa Estatal faz da mesma norma. Conclusão 10. De todo o exposto, opina-se pelo não conhecimento do recurso, uma vez que a informação solicitada pelo cidadão foi prestada pela solicitada em primeira instância recursal. 11. Por fim, observamos que o recorrido descumpriu procedimentos básicos da Lei de Acesso à Informação. Nesse sentido, recomenda-se orientar a autoridade de monitoramento competente que reavalie os fluxos internos para assegurar o cumprimento das normas relativas ao acesso à informação, de forma eficiente e adequada aos objetivos legais, em especial recomenda-se: a) Informar em suas respostas ao cidadão a autoridade que tomou a decisão, a possibilidade de recurso, o prazo para propor o recurso e a autoridade competente para apreciar o recurso; b) Que a Autoridade responsável por decidir o recurso de primeira instância seja hierarquicamente superior àquele que adotou a decisão inicial; c) Que em casos semelhantes, o Serviço de Atendimento ao Cidadão dos Correios procure utilizar linguagem mais urbana no trato com o cidadão. JORGE ANDRÉ FERREIRA FONTELLES DE LIMA Analista de Finanças e Controle. D E C I S Ã O 27

8 No exercício das atribuições a mim conferidas pela Portaria n da Controladoria-Geral da União, de 22 de agosto de 2013, adoto, como fundamento deste ato, o parecer acima, para decidir pelo não conhecimento do recurso interposto, nos termos do art. 23 do referido Decreto, no âmbito do pedido de informação nº /201-, direcionado à Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT. JOSÉ EDUARDO ROMÃO Ouvidor-Geral da União 28

9 PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA Controladoria-Geral da União Folha de Assinaturas Documento: PARECER nº 1655 de 12/05/201 Referência: PROCESSO nº /201- Assunto: Recurso contra acesso incompleto à informação. Signatário(s): JOSE EDUARDO ELIAS ROMAO Ouvidor Assinado Digitalmente em 12/05/201 Relação de Despachos: Para aprovação superior, conforme sugestão apresentada. JORGE ANDRE FERREIRA FONTELLES DE LIMA ANALISTA DE FINANCAS E CONTROLE Assinado Digitalmente em 12/05/201 Relação de Despachos: De acordo. RAFAEL ANTONIO DAL ROSSO ANALISTA DE FINANCAS E CONTROLE Assinado Digitalmente em 12/05/201 Este despacho foi expedido eletronicamente pelo SGI. O código para verificação da autenticidade deste documento é: ada723_8d13c27829e2a8