Controladoria-Geral da União Ouvidoria-Geral da União PARECER. Recurso contra decisão denegatória ao pedido de acesso à informação. Sem restrição.

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1 Controladoria-Geral da União Ouvidoria-Geral da União PARECER Referência: / Assunto: Restrição de acesso: Providências adicionais Recurso contra decisão denegatória ao pedido de acesso à informação. Sem restrição. Encaminhar à CGCID Denúncia/Reclamação. Ementa: Informações diversas. Denúncia A regra é a publicidade, o sigilo exceção Secretaria de Direitos Humanos Informação já disponibilizada. Pedido fora do escopo. Análise CGU: Acata-se a argumentação do recorrido Não conhecimento - Recomendações: indicar a possibilidade de recurso, prazo correlato e autoridade para a qual é dirigido em todas as respostas apresentadas aos cidadãos, que a autoridade responsável por decidir o recurso de primeira instância seja diferente e hierarquicamente superior àquela que adotou a decisão inicial. Órgão ou entidade recorrido (a): Recorrente: Secretaria de Direitos Humanos - SDH A.A.S.T. Senhor Ouvidor-Geral da União, 1. O presente parecer trata de solicitação de acesso à informação supostamente pública, com base na Lei nº /2011, conforme resumo descritivo abaixo apresentado: RELATÓRIO Data Teor Pedido 14/08/2014 A cidadã submete o seguinte pedido de informação, no qual solicita: (...) a documentação de doação do veículo para nossa cidade, Mato Verde-MG (...) para que possamos acionar o Ministério Público a fim de solucionarmos esta situação. (...) somos do Conselho Tutelar de Mato Verde-MG e queremos pedir a ajuda de vocês para solucionar um problema de repasse do carro que fomos contemplados no KIT CONSELHO. A Prefeitura de nossa cidade recebeu o carro, porém não nos comunicou e trancou o mesmo no patio que fica nos fundos da mesma, sem nos dar nenhuma 21

2 Resposta Inicial Recurso à Autoridade Superior Resposta do Recurso à Autoridade Superior 18/09/ /09/ /09/2014 esperança da entrega do mesmo, motivo pelo qual desconhecemos. O problema é que estamos com muitas visitas pendentes e como Já encaminhamos Ofício ao Prefeito e este sequer respondeu Em resposta ao pedido apresentado, a SDH informa que: Conforme Sistema Monitoramento da Equipagem dos Conselhos Tutelares, o veículo destinado ao Conselho Tutelar de Mato Verde/ MG foi entregue à Prefeitura no início de agosto de A Secretaria de Direitos Humanos SDH buscou contato com a Prefeitura (...) que nos informou que ainda não foi feito o emplacamento do veículo doado pela SDH, o que impede a entrega do mesmo ao Conselho Tutelar. Afirmou também que as providências já foram tomadas e que a previsão de entrega do veículo é até a próxima semana. Com base na resposta oferecida, a cidadã interpõe recurso nos seguintes termos: (...) acreditamos que 2 meses e meio é tempo suficiente para emplacar e documentar um carro e que se não fosse como foi dito ele o fará em 1 semana? Nos desculpe mas essa questão deveria ser investigada e não resolvida através de telefone pois o carro foi recebido no dia 04 de Julho e não no começo de Agosto conforme resposta enviada. Tanto documento quanto emplacamento estão prontos, porém o Prefeito está querendo fazer passeata com o veículo e não o pode em período eleitoral então ele está aguardando o momento de fazer isso, mais um caso de descaso e desrespeito com o povo e no caso com as crianças que deveriam ter prioridade absoluta como manda o Estatuto da Criança e do Adolescente. A SDH encaminha o Termo de Doação celebrado entre a Secretaria de Direitos Humanos e a Prefeitura de Mato Verde e esclarece que: (..) o sistema Serviço de Informação ao Cidadão SIC é específico para demandas de informações abrangidas pela Lei de Acesso à Informação. Não obstante, no caso concreto, tomamos as providências pertinentes em relação a obtenção de informações adicionais sobre a situação do veículo doado junto à Prefeitura, para esclarecimentos acerca da denúncia apresentada. Recurso à Autoridade Máxima 29/09/2014 A cidadã apresenta novo recurso, reiterando sua solicitação: Sabemos da grande importância deste órgão e do grande trabalho desempenhado por este e por esta razão agradecemos pelo envio do termo de doação que já foi encaminhado para a Promotoria de Justiça que atende nossa cidade pra analisar as constantes no mesmo, porém acreditamos que vocês deveriam agir de forma mais persuasiva no sentido de fazer com que o carro seja entregue, pois o Prefeito deu entrevista na rádio local falando que o carro foi conseguido por ele, mas 22

3 Resposta do Recurso à Autoridade Máxima 06/10/2014 não fez a entrega do mesmo, indo contra a resposta do Secretário de Transportes que disse que o entregaria na semana seguinte, o que não aconteceu. Após o período eleitoral vão fazer passeata e mais uma vez usar o dinheiro público para fazer política. Em resposta, a SDH informa que: O pedido de acesso à informação protocolado sob o nº / foi devidamente atendido por meio da disponibilização eletrônica do Termo de Doação nº 3326/2014, concernente a [SIC] doação do veículo modelo CHEVROLET SPIN LT à Prefeitura de Mato Verde para uso exclusivo do Conselho Tutelar desse município. Recurso à CGU 13/10/2014 A cidadã submete recurso à CGU nos seguintes termos: Necessitamos urgentemente de veículo para que o nosso trabalho aconteça. Primeiro não nos informaram do recebimento, depois disseram que não entregaram por falta de documento. Em seguida era o emplacamento que já foi feito a meses, por último seria o período eleitoral que já se encerrou. Enfim, não há um porque claro da não entrega do veículo ao órgão destinado a não ser por picuinhas políticas uma vez que o mesmo tem autonomia de cobrar do poder público ações voltadas para garantir os direitos das crianças e adolescentes de nosso município. Já pedimos providências junto à Promotoria de Justiça de Monte Azul que nos atende desde setembro e nada foi feito! Não seria possível determinar a entrega do mesmo imediatamente? Instrução do Recurso 20/10/2014 Uma vez que o recurso à CGU veicula denúncia relativa a eventual irregularidade praticada, foi realizada consulta junto à Coordenação-Geral de Atendimento ao Cidadão, integrante da estrutura da Ouvidoria-Geral da União (CGCID/OGU/CGU- PR). Em resposta, a referida Coordenação-Geral informou que não há registro de denúncia com objeto idêntico, solicitando o encaminhamento do presente parecer à área, a fim de que possa avaliar a consistência dos elementos apresentados para possível apuração da irregularidade denunciada. É o relatório. 23

4 Análise 2. Registre-se que o Recurso foi apresentado perante a CGU de forma tempestiva e recebido na esteira do disposto no caput, inciso IV e 1º do art. 16 da Lei nº /2011, bem como em respeito ao prazo de 10 (dez) dias previsto no art. 23 do Decreto nº 7.724/2012, in verbis: Lei nº /2011: Art. 16. Negado o acesso a informação pelos órgãos ou entidades do Poder Executivo Federal, o requerente poderá recorrer à Controladoria-Geral da União, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias se: [...] IV estiverem sendo descumpridos prazos ou outros procedimentos previstos nesta Lei. 1o O recurso previsto neste artigo somente poderá ser dirigido à Controladoria Geral da União depois de submetido à apreciação de pelo menos uma autoridade hierarquicamente superior àquela que exarou a decisão impugnada, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias. Decreto nº 7724/2012: Art. 23. Desprovido o recurso de que trata o parágrafo único do art. 21 ou infrutífera a reclamação de que trata o art. 22, poderá o requerente apresentar recurso no prazo de dez dias, contado da ciência da decisão, à Controladoria-Geral da União, que deverá se manifestar no prazo de cinco dias, contado do recebimento do recurso. 3. Quanto ao cumprimento do art. 21 do Decreto n.º 7.724/2012, observa-se que, nas respostas oferecidas à cidadã, a Secretaria de Direitos Humanos apenas realiza a identificação da autoridade respondente no recurso de segunda instância, o que prejudica a análise quanto ao cumprimento da hierarquia na apreciação dos recursos. Ademais, a SDH não informa em todas as suas respostas a possibilidade de recurso, o prazo correlato e a autoridade competente para apreciá-lo, informações consideradas importantes para a correta orientação ao cidadão quanto ao processo de acesso à informação. Quanto a esses lapsos, cumpre alertar a Secretaria de Direitos Humanos que a não obediência às disposições da Lei nº , de 18 de novembro de 2011, pode ensejar responsabilização, nos termos de seus artigos 32, 33 e No tocante à análise do mérito, observa-se ser o pedido claro e preciso, consoante o requisito de especificidade contido no inciso III do artigo 12 do Decreto nº de 16 de maio de Nele, a cidadã solicita a disponibilização da documentação referente à doação de veículo pela Secretaria Direitos Humanos ao Conselho Tutelar de Mato Verde MG. 5. Em breve retrospecto do caso, constata-se que o pedido fora inicialmente direcionado ao Ministério da Justiça e, posteriormente encaminhado à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Verifica-se que, além do pedido de acesso, a solicitação veicula denúncia 24

5 quanto a suposta retenção, por parte da Prefeitura de Mato Verde MG, de veículo doado ao Conselho Tutelar daquele município pela Secretaria de Direitos Humanos. 6. Em relação ao pedido de acesso, cumpre registrar que, na resposta ao recurso de primeira instância, a SDH disponibiliza, por meio do e-sic, a documentação solicitada, qual seja o Termo de Doação do veículo, o que caracteriza o atendimento da demanda da cidadã. Quanto à denúncia apresentada, a Secretaria de Direitos Humanos encaminha Ofício, em 26 de setembro de 2014, à Prefeitura de Mato Verde, solicitando esclarecimentos acerca da situação do veículo doado ao Conselho Tutelar daquele município. A SDH informa, ainda, à cidadã que: Em relação a [SIC] denúncia apresentada relativa a [SIC] não disponibilização do veículo pela Prefeitura, reiteramos que a demanda não é abrangida pela Lei de Acesso à Informação. Não obstante, no caso concreto, tomamos as providências pertinentes em relação a [SIC] obtenção de informações adicionais sobre a situação do veículo doado junto à Prefeitura (...) para esclarecimentos acerca da denúncia apresentada. 7. Em relação à análise do mérito, é indispensável delimitar desde já o âmbito de aplicação da Lei , de 18 de novembro de 2011, base do presente procedimento administrativo e que regulamenta essencialmente o inciso XXXIII do art. 5o da Constituição da República com o objetivo de garantir o acesso à informação. A própria Lei de Acesso à Informação fixa os limites de seu escopo, estabelecendo a definição de informação nos seguintes termos: dados, processados ou não, que podem ser utilizados para produção e transmissão de conhecimento, contidos em qualquer meio, suporte ou formato. Ademais, visando exemplificar o direito de acesso à informação legalmente protegido, o art. 7º da Lei de Acesso à Informação estabelece que: Art. 7º O acesso à informação de que trata esta Lei compreende, entre outros, os direitos de obter: I - orientação sobre os procedimentos para a consecução de acesso, bem como sobre o local onde poderá ser encontrada ou obtida a informação almejada; II - informação contida em registros ou documentos, produzidos ou acumulados por seus órgãos ou entidades, recolhidos ou não a arquivos públicos; III - informação produzida ou custodiada por pessoa física ou entidade privada decorrente de qualquer vínculo com seus órgãos ou entidades, mesmo que esse vínculo já tenha cessado; IV - informação primária, íntegra, autêntica e atualizada; V - informação sobre atividades exercidas pelos órgãos e entidades, inclusive as relativas à sua política, organização e serviços; VI - informação pertinente à administração do patrimônio público, utilização de recursos públicos, licitação, contratos administrativos; e VII - informação relativa: a) à implementação, acompanhamento e resultados dos programas, projetos e ações dos órgãos e entidades públicas, bem como metas e indicadores propostos; 25

6 b) ao resultado de inspeções, auditorias, prestações e tomadas de contas realizadas pelos órgãos de controle interno e externo, incluindo prestações de contas relativas a exercícios anteriores. Dessa forma, fica evidente que a Lei de Acesso à Informação não ampara, por exemplo, formulações de consultas, reclamações e denúncias, pedidos de providências para a Administração Pública Federal, devendo tal expediente ser utilizado tão somente para pleitear acesso a informações. 8. A Ouvidoria-Geral da União (OGU), órgão integrante da CGU, tem competência para receber, examinar e encaminhar reclamações, denúncias, sugestões e elogios referentes a procedimentos e ações de agentes, órgãos e entidades do Poder Executivo Federal. Uma vez que o pedido contem aspectos que se assemelham a suposta denúncia, sugiro encaminhar cópia deste parecer à Coordenação-Geral de Atendimento ao Cidadão, integrante da estrutura da OGU, a fim de que possa avaliar a consistência dos elementos apresentados para possível apuração da(s) irregularidade(s) denunciada (s). Informações sobre o andamento da denúncia podem ser solicitadas mediante apresentação de pedido de acesso à informação, no site Conclusão 9. De todo o exposto, opina-se pelo não conhecimento do recurso em questão, uma vez que a informação solicitada foi entregue ao requerente e que denúncias estão fora do escopo da Lei de Acesso à Informação. 10. Por fim, observamos que o recorrido descumpriu procedimentos básicos da legislação de acesso à informação. Nesse sentido, recomenda-se orientar a autoridade de monitoramento competente da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República para que reavalie os fluxos internos de modo a assegurar o cumprimento das normas de forma eficiente e adequada. Recomenda-se, em especial: a) Informar em suas respostas ao cidadão a autoridade que tomou a decisão, a possibilidade de recurso, o prazo para propor o recurso e a autoridade competente para apreciá-lo; e 26

7 b) Que a autoridade responsável por decidir o recurso de primeira instância seja diferente e hierarquicamente superior àquela que adotou a decisão inicial; KAIO SILVA DOS SANTOS Servidor Requisitado 27

8 D E C I S Ã O No exercício das atribuições a mim conferidas pela Portaria nº da Controladoria-Geral da União, de 22 de agosto de 2013, adoto, como fundamento deste ato, o parecer acima para decidir pelo não conhecimento do recurso interposto, nos termos do artigo 23 do Decreto nº 7.724/2012, no âmbito do pedido de informação nº / , direcionado à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República SDH. JOSÉ EDUARDO ROMÃO Ouvidor-Geral da União 28

9 PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA Controladoria-Geral da União Folha de Assinaturas Documento: PARECER nº 4087 de 20/10/2014 Referência: PROCESSO nº / Assunto: Recurso contra decisão denegatória ao pedido de acesso à informação. Signatário(s): JOSE EDUARDO ELIAS ROMAO Ouvidor Assinado Digitalmente em 20/10/2014 Este despacho foi expedido eletronicamente pelo SGI. O código para verificação da autenticidade deste documento é: 5ef1862a_8d1ba9ab54ad786