O Mercado. Universidade Federal de Santa Catarina. From the SelectedWorks of Sergio Da Silva. Sergio Da Silva, Federal University of Santa Catarina
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- Felipe Escobar Barata
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1 Universidade Federal de Santa Catarina From the SelectedWorks of Sergio Da Silva 2010 O Mercado Sergio Da Silva, Federal University of Santa Catarina Available at:
2 O Mercado Hal R. Varian Intermediate Microeconomics, 8th edition Capítulo 1 Modelos Modelos representam a realidade de forma simplificada. Um mapa de um local que fosse do mesmo tamanho do local seria inútil. Da mesma forma, um modelo econômico que descrevesse todos os aspectos da economia seria inútil. Um modelo precisa se concentrar nas características essenciais de um problema e eliminar detalhes considerados irrelevantes. A partir do modelo mais simples possível, outros detalhes poderão depois ser acrescentados. Para exemplificar a análise característica da economia, consideremos um modelo do mercado de apartamentos das imediações da universidade, composto de apartamentos próximos e distantes. Os estudantes vão preferir os apartamentos no anel do entorno da universidade na Figura 1, desde que possam pagar o aluguel. Interessa-nos, então, achar o preço dos apartamentos próximos, que seria a variável endógena. Supomos que o preço dos apartamentos distantes seja a variável exógena. Supomos também que todos os apartamentos sejam idênticos e que apenas a localização os diferencia. Otimização e equilíbrio Para modelar o comportamento dos estudantes, consideramos duas hipóteses básicas: otimização: cada um irá escolher o melhor apartamento que puder; equilíbrio: o preço conseguirá se ajustar até que a procura total fique igual à oferta. Demanda Digamos que conhecemos todos os estudantes locatários e, assim, podemos perguntar a eles qual seria a quantia máxima que estariam dispostos a pagar pelo aluguel. Suponha que eles não mintam. Este seria o preço de reserva de cada um (Figura 2).
3 Se os estudantes estiverem cientes do preço de mercado dos apartamentos próximos, a situação descrita na tabela a seguir poderia ocorrer. Se o preço de mercado for p * = 489, a quantidade demandada seria dois apartamentos: um do segundo estudante ao preço de $490 e outro do primeiro estudante ao preço de $500. O número de apartamento alugados a dado preço de mercado p * coincidirá com o número de estudantes que tiverem preço de reserva igual ou superior a p *. Se houver muitos estudantes, pode haver muitos preços de reserva: $500, $499, $498, e assim por diante. Na hipótese de redução do preço do aluguel, mais estudantes estariam dispostos a alugar mais apartamentos. Esta relação inversa é expressa na inclinação descendente da curva de demanda da Figura 3. Oferta Supomos inicialmente que o mercado seja competitivo, o que significa que existem muitos proprietários dispostos a alugar pelo preço mais alto que o mercado aceite. Se um proprietário resolver cobrar um preço mais alto p a do que o de mercado p *, um estudante bem informado irá procurar outro proprietário. Aquele proprietário iria então baixar o preço até p *. Com as duas partes defendendo seus próprios interesses, e conhecendo os preços cobrados, preços diferentes do de equilíbrio p * não poderiam persistir.
4 A cada momento existe uma quantidade disponível fixa de apartamentos. Assim, a quantidade para alugar também será fixa. Isto significa que a curva de oferta de curto prazo será vertical (Figura 4). Qualquer que seja o preço cobrado, a mesma quantidade para alugar s estará disponível. No longo prazo a oferta muda dependendo do lucro do aluguel, que depende do preço. Quanto mais alto for o preço, mais os proprietários desejarão oferecer novos apartamentos. A oferta de longo prazo seria, então, positivamente inclinada. Equilíbrio de mercado Os lados da demanda e da oferta podem ser reunidos em um único gráfico, combinando as Figuras 3 e 4, para que possamos representar o preço de equilíbrio * p (Figura 5).
5 Ao preço de equilíbrio p *: todo estudante disposto a pagar pelo menos p * pode encontrar apartamento para alugar, e todo proprietário capaz de cobrar p * vai encontrar inquilino. Se p < p *, a demanda ficará maior do que a oferta. Haverá fila (muitos locatários) e alguns proprietários vão aumentar p até igualá-lo a p *. Se p > p *, a demanda ficará menor do que a oferta. Haverá apartamento sem alugar (poucos locatários). Os proprietários destes irão reduzir p até igualá-lo a p *. No preço de equilíbrio p * as intenções de inquilino e locador coincidem. Portanto, que estudantes vão alugar os apartamentos próximos à universidade? Nosso modelo sugere que serão todos aqueles dispostos a pagar p * ou mais. Estática comparativa Podemos usar o modelo para saber o que vai acontecer com p * se, por exemplo, a oferta aumentar. Pelo gráfico da Figura 6, p*. E se alguns locadores resolverem vender seus apartamentos? A oferta de apartamentos para alugar vai diminuir, e a demanda pode também diminuir, se alguns locatários resolverem sair do mercado para comprar os apartamentos onde estão morando. Um resultado possível seria p * não se alterar, caso a redução da oferta seja exatamente igual à redução da demanda, como na Figura 7. E se o governo cobrar um imposto de $50 dos proprietários? Como p * já é o preço mais alto que podem cobrar, eles não conseguirão repassar o imposto aos locatários. A oferta não vai se alterar, nem o preço p *. Monopólio Se todos os apartamentos fossem de um único dono haveria monopólio. Conhecendo o preço de reserva de cada estudante, o monopolista poderia discriminar preço em vez de cobrar um
6 único p * para todos. Ele iria alugar o primeiro apartamento a quem pagasse mais: $500; o segundo seria alugado por $490, e assim por diante. Embora os locatários fossem os mesmos da situação competitiva, o aluguel que cada um iria pagar seria agora maior do que p *. Apenas o último estudante pagaria exatamente p *, que é o preço de equilíbrio competitivo. Se o monopolista não pudesse discriminar o preço do aluguel, ele ainda não iria cobrar p *. Ele cobraria o preço que levaria à maior receita (= preço quantidade = p q ), representada pela área do retângulo da Figura 8. Como esse preço seria maior do que o do mercado competitivo, pˆ > p *, menos apartamentos seriam alugados: ˆq< s. Se entrasse em vigor uma lei fixando o preço máximo do aluguel p max abaixo do competitivo p *, haveria excesso de demanda. O mesmo número de apartamentos seria alugado, porém a estudantes diferentes, talvez a alguns da periferia do anel.
7 Eficiência de Pareto Para os locadores, a melhor situação é a de monopolista discriminador e, a pior, é a do controle de preço dos alugueis. Para os locatários, a pior situação é a de monopólio discriminador. E alguns ficam em melhor situação no controle de preço dos alugueis, enquanto outros ficam em pior situação. Temos que nos perguntar que situação seria melhor para as duas partes ao mesmo tempo. Se houver uma maneira de melhorar a situação de uma parte sem piorar a da outra, então ocorrerá um melhoramento de Pareto. Se uma situação permitir um melhoramento de Pareto, ela será ineficiente. Se não permitir, será eficiente. Alocar aleatoriamente os estudantes nos apartamentos próximos e distantes seria ineficiente, já que os que valorizam mais os apartamentos próximos poderiam pagar aos que valorizam menos e acabariam morando nos apartamentos próximos. Esse tipo de troca voluntária ocorreria até os ganhos mútuos se esgotarem, chegando-se à alocação eficiente de Pareto. Depois de encerradas as trocas, os estudantes que acabariam ficando com os s apartamentos próximos seriam os s estudantes com os preços de reserva mais elevados. Isto coincide com a alocação do mercado competitivo. O mercado competitivo é, então, eficiente no sentido de Pareto. Porém, isto também coincide com a alocação do monopólio discriminador, que é também eficiente. Em termos da distribuição de renda resultante, contudo, o monopólio discriminador piora a situação dos estudantes e melhora a dos locadores. Já o monopólio que fixa um único preço não é eficiente, já que o locador poderia ter alugado a preços diferenciados (e menores) outros apartamentos que não foram alugados, o que melhoraria a situação de ambos, locador e locatário. O controle de alugueis também não é eficiente. Como os que podem acabar morando nos apartamentos próximos não necessariamente seriam aqueles de maior preço de reserva, trocas seriam possíveis para melhorar a situação de ambas as partes. Sergio Da Silva 2010 sergiodasilva.com
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